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Eduardo Antonio Canda João

Direito Positivo X Natural - Definições, Fontes , relações , Criticas

Nesta postagem, complementaremos as considerações introdutórias sobre a dicotomia


Direito Positivo x Direito Natural trazendo definições para cada uma das categorias,
buscando as fontes do Direito Natural, abordando a questão das relações e dos conflitos
entre ambos e apresentando críticas positivistas ao direito natural.

Primeiramente, devemos considerar que as normas éticas podem surgir de três modos


distintos:

1. espontaneamente, derivando de costumes sociais;

2. por meio de revelações a grupos religiosos, derivando da vontade divina;

3. voluntariamente, por meio de decisões que as criam. No terceiro caso, a norma ética
será chamada de positiva. Uma norma positiva, portanto, é uma norma criada por
decisão de alguém.

O Direito Positivo pode ser considerado aquele conjunto de normas jurídicas criado por
meio de decisões voluntárias. O agente que, hoje, toma tais decisões é o Estado.

Se as normas jurídicas estatais são criadas por decisões voluntárias, basta que a vontade
do Estado se modifique para que novas normas jurídicas surjam e outras deixem de
existir. O Estado brasileiro, por exemplo, diariamente cria novas leis, modificando seu
direito positivo. Este, pois, torna-se mutável.

Como cada nação tende a possuir seu Estado, o direito positivo torna-se regional, pois
varia de território a território. O direito positivo brasileiro não é idêntico sequer ao da
Argentina, país vizinho.

Dadas essa mutabilidade e essa variabilidade, o direito positivo torna-se relativo, pois


não podemos afirmar que qualquer norma jurídica de um Estado nacional tenha valor
absoluto. No máximo, seu valor está limitado às fronteiras do território do país. Para
que consideremos uma norma jurídica positiva válida, devemos sempre ter em foco a
autoridade que a positivou.

Elemento nº7
Eduardo Antonio Canda João

O direito natural, por sua vez, pode ser definido como aquele conjunto de normas
jurídicas que derivam da natureza, como o nome indica. Podemos acrescentar que as
normas jurídicas naturais são vistas como dados, anteriores, portanto, ao Estado.

A crença na existência de um direito natural decorre, entre outras coisas, da insatisfação


filosófica do ser humano ante as características apontadas no direito positivo:
mutabilidade, regionalidade, relatividade. Haveria a ânsia por identificarmos um direito
que ultrapasse tais limitações.

O direito natural, assim, seria permanente, pois derivaria de valores que antecedem e


constituem o ser humano, não podendo ser modificado por força de atos voluntários. As
normas jurídicas naturais colocar-se-iam em um patamar acima da capacidade decisória
humana. Ninguém poderia modificar, por exemplo, o direito à liberdade, condição
essencial de nossa espécie.

O direito natural seria também universal, pois seus preceitos são idênticos a todos os
seres humanos, independentemente de suas condições culturais específicas. Uma norma
jurídica natural é a mesma para um brasileiro, um argentino ou um chinês. Nunca
poderia sofrer variações regionais.

Ainda, o direito natural seria absoluto, pois independe de qualquer autoridade local que
o positive e que lhe dê valor. Não precisamos, assim, relacioná-lo a nada além de si
mesmo para reconhecê-lo como obrigatório. Uma norma jurídica natural vale
simplesmente porque existe, pois é condição indispensável para nossa humanidade.

Elemento nº7

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