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FACULDADES INTEGRADAS APARÍCIO CARVALHO - FIMCA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO

NIKOLY C. M. PORTELA

SISTEMAS ESTRUTURAIS VI

Porto Velho/RO
2019
Resumo do artigo “A tecnologia no processo de concepção arquitetônica
contemporânea”.

Síntese
A produção arquitetônica de qualidade na atualidade é marcada por
uma considerável diversidade de conceitos e posições frente ao meio ambiente
natural e construído, sendo essa diversidade caracterizada como verdades
intrínsecas aos distintos movimentos da arquitetura presentes na produção
atual.
A produção de qualidade pode ser considerada como aquela em que
há comprometimento equilibrado e maduro, com o programa, com o lugar, com
a técnica e com o externo, gerando uma identidade arquitetônica formal, que se
manifesta por intermédio do caráter da edificação.
Para uma boa arquitetura seria necessário o equilíbrio entre os três
componentes da tríade vitruviana: solidez e adequação funcional, que estão na
esfera racional do conhecimento, bem como, a beleza, componente estético da
tríade, que, em tempos pré-modernos estavam relacionados a aplicação
proporcional das ordens clássicas ao exterior dos edifícios.
Segundo Mahfuz, pode-se tentar uma redefinição dos aspectos
essenciais da arquitetura por meio de um quaterno composto de três condições
internas ao problema, o programa, o lugar e a construção, e uma condição
externa, o repertório de estruturas formais que fornece os meios de sintetizar
na forma, o programa, o lugar e a construção.
O lugar deve ser considerado no projeto com base nas diversas
relações que o edifício pode estabelecer com o local de intervenção,
destacando diversos aspectos e levando em consideração o comprometimento
com o lugar. Segundo FIORI, as obras arquitetônicas não só se encontram em
lugares ou fazem parte de lugares, mas são elas próprias lugares ou conjunto
de lugares em si mesmos, podendo a arquitetura ser entendida como a
produção de lugares.
O conceito do programa vai muito além de ser uma lista de
compartimentos e áreas a serem projetadas, a partir desta análise, a definição
e organização dos planos verticais e horizontais, como a permeabilidade, a
estanqueidade, podem ser definidos.
A técnica tem um papel funcional vinculado à materialização e uso
da edificação, como também possui um cunho representativo, relacionado ao
reforço do caráter do edifício, à valorização da imagem de desenvolvimento
tecnológico, principalmente a partir da valorização de elementos de arquitetura
na composição, como a estrutura, com forma escultórica ou não, como os
elementos de proteção solar, como a forma da cobertura, entre outros
aspectos.
Durante a transição projetual de conceito para o todo construído,
uma complexa teia de aspectos vinculados à interação com o lugar, à
resolução programática e ao papel da tecnologia na proposta, são
consideradas e trabalhadas.
A definição do problema, é o ponto inicial para desenvolvimento de
um projeto, que a partir da análise das necessidades programáticas, a herança
cultural, as características climáticas, os recursos e materiais disponíveis,
levam a duas interpretações: os dados objetivos, e o conceito geral.
Outros autores complementam que, além do cumprimento das
necessidades, é necessário que a forma simbolize algo, tendo o projeto
conceitual a responsabilidade de diferenciar-se da arquitetura banal, através de
seu significado ou simbologia.
Para a decisão arquitetônica é necessário entender o processo de
concepção, que começa pelos dados objetivos caracterizados pelo programa,
que é modificado por meio de uma imagem, e posteriormente materializado
através de um partido.
Quanto a valorização dos aspectos tecnológicos, vinculam-se aos
diferentes tipos de consideração da dimensão tecnológica na projetualidade, ou
seja, as maiores ênfases dadas aos elementos construtivos na composição são
encontradas na dimensão representativa.
Elementos estes que integram o projeto arquitetônico, são
considerados fenômenos complexos compostos de elementos heterogêneos,
unificados por um princípio estruturante.
Assim, é observada a definição das relações estruturais que
organizam as partes de um todo, classificadas em funcionais e morfológicas,
sendo essas relações princípios estruturadores da concepção do edifício
construído, que diferencia a arquitetura banal daquela com significado.
Baseado no conhecimento das formas de organização das partes,
como também da necessidade da presença da conceituação de uma proposta
arquitetônica, enquanto aspectos vinculados às diferentes dimensões
presentes na projetualidade da arquitetura em geral como forma de
transformação do programa e posterior geração do partido, é possível conceber
um edifício.
Entretanto é importante destacar e frisar a importância de
caracterizar o momento da definição dos elementos da arquitetura, pois o grau
de definição dos elementos chave em um projeto de um determinado edifício,
vincula-se diretamente ao grau de valorização da dimensão tecnológica
presente no método de trabalho.
Análise
A Estação Armênia do Metrô (antiga estação Ponte Pequena), São
Paulo - SP, 1968, do arquiteto Marcello Fragelli, prova que projetos de
infraestrutura deste tipo, vão além de ser apenas uma atividade de engenharia
civil. A arquitetura implementa a tecnologia, mas deve transcendê-la e
demonstrar sua capacidade como poética, revelando à humanidade o sentido
de participar em uma totalidade física, política e cultural que sempre a
transborda.
Ao analisar a arquitetura da Estação Armênia, pode-se dizer que se
trata de uma construção do tipo homogênea. À primeira vista, essa estação é
como todas as outras da primeira fase do metropolitano. A intenção de se
conferir unidade à linha foi clara, mantendo-se o caráter específico de
transporte de massa. Assim como foi intencional a adoção do concreto e a não
utilização de forros para aliviar o clima opressivo dos subsolos, pois a ideia era
que a caixa envoltória expressasse o esforço que as paredes e lajes de
concreto estavam sendo submetidas, na contenção das enormes pressões da
terra do subsolo e da água dos lençóis freáticos.
Para a forma foi adotada a solução de imensos pilares de concreto,
contendo, na parte superior, três grandes peças estruturais transversais à linha.
Após a síntese, com toda a complexidade técnica resolvida, interiorizada, a
solução apresenta-se como simples.
Foi necessário o desenvolvimento de “braços” ou “galhos” nos
pilares para que vigas vencessem os grandes vãos. Não houve por trás disso
nenhuma pretensão extraordinária ao se vencer os grandes vãos; Vencer os 40
metros se deu pela necessidade relacionada ao lugar.
Segundo Comte-Sponville, “o simples é aquele que não simula, que
não presta atenção (em si, na sua imagem, na sua reputação), que não calcula,
que não tem artimanhas nem segredos, que não tem segundas intenções,
programa, projeto...”
A forma escolhida para os acessos se deu através da inquietação e
da obstinação, durante o processo projetual, porém não foi a mais fácil de
alcançar. Talvez a acepção que melhor ilustre essa solução seja que “a
simplicidade não é simploriedade. [...] Inteligência não é congestionamento,
complicação, esnobismo. Que o real é complexo, e de uma complexidade
infinita, por certo”.
Nesse sentido, a identidade da obra vai se compondo naturalmente
e aos poucos. O último elemento a ser destacado é a curva suave que molda
as plataformas. Todos esses elementos, sutis ou quase imperceptíveis, são
imprescindíveis para compor certa sofisticação de linguagem, ou qualquer
“identidade. Não se trata da criação de uma marca ou produto forte, como a
mídia espera dos arquitetos.
Insistindo no fato de que estação foi implantada sobre o rio,
exatamente onde uma inflexão na linha era necessária. O raio adotado para a
circunferência da curva foi o menor admissível para estações de metrô, mas foi
o suficiente para definir a singularidade da construção, delicada, por assim
dizer, nem pretensamente monumental, nem isolada, mas superfície
convergente e multiplicadora da cidade, pelo simples cuidado com o sítio de
implantação.

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