O documento introduz os conceitos fundamentais de ergonomia e análise ergonômica do trabalho, incluindo: (1) a ergonomia foca nos conhecimentos sobre o ser humano para projetar ferramentas e ambientes de trabalho; (2) a análise ergonômica envolve decompor o trabalho em aspectos e depois recompor para avaliar o desempenho geral; (3) as fases da análise ergonômica são analisar a demanda, tarefa e atividades para entender como o trabalho é realizado.
O documento introduz os conceitos fundamentais de ergonomia e análise ergonômica do trabalho, incluindo: (1) a ergonomia foca nos conhecimentos sobre o ser humano para projetar ferramentas e ambientes de trabalho; (2) a análise ergonômica envolve decompor o trabalho em aspectos e depois recompor para avaliar o desempenho geral; (3) as fases da análise ergonômica são analisar a demanda, tarefa e atividades para entender como o trabalho é realizado.
O documento introduz os conceitos fundamentais de ergonomia e análise ergonômica do trabalho, incluindo: (1) a ergonomia foca nos conhecimentos sobre o ser humano para projetar ferramentas e ambientes de trabalho; (2) a análise ergonômica envolve decompor o trabalho em aspectos e depois recompor para avaliar o desempenho geral; (3) as fases da análise ergonômica são analisar a demanda, tarefa e atividades para entender como o trabalho é realizado.
A ergonomia é definida "como o conjunto dos conhecimentos científicos relativos
ao homem e necessários para a concepção de ferramentas, máquinas e dispositivos que possam ser utilizados com o máximo de conforto, de segurança e de eficácia" (Alain Wisner, 1972).
Esta definição evidencia dois aspectos fundamentais na prática ergonômica: o
conjunto dos conhecimentos científicos sobre o homem e a aplicação destes conhecimentos na concepção de ferramentas, máquinas e dispositivos que o homem utiliza na atividade de trabalho. Entretanto, é certo que as situações de trabalho não são determinadas unicamente por critérios ergonômicos. A organização do trabalho, a concepção de ferramentas e máquinas, a implantação de sistemas de produção são, também, determinados por outros fatores, tanto técnicos como econômicos e sociais.
A prática da ergonomia consiste em emitir juízos de valor sobre o desempenho
global de determinados sistemas homem(s) - tarefa(s). Como tais sistemas normalmente são complexos, envolvendo expectativas relativamente numerosas, procura-se facilitar a avaliação sobre o desempenho global apoiando-se no princípio da análise/síntese. Este princípio baseia-se na decomposição do juízo global (apreciação sobre o desempenho global) em juízos parciais (apreciações parciais sobre desempenhos parciais) e sua conseqüente recomposição.
As duas etapas são explicitadas a seguir:
(1) análise: consiste em delimitar o objeto de estudo a um único aspecto, ou seja,
partindo de uma determinada realidade, procede-se a um movimento de abstração ordenando os dados. Segundo Kohlsdorf (1986, p: 07), "conduzir estes dados a abstração significa submetê-los à teoria, a explicações genéricas capazes de desvendar sua natureza".
É uma abordagem reducionista, à medida em que a metodologia restringe o campo
de estudo à um determinado aspecto, porém a emissão de juízos parciais se faz com maior segurança e menor risco de erro.
(2) síntese: consiste em uma abordagem globalizante, interrelacionando os
aspectos abordados na análise, ou seja, recompondo a situação. Ainda segundo Kohlsdorf (op. cit.) "(..) uma vez abstraído, o real torna-se conceito científico, capaz de explicar a realidade. A síntese constitui-se portanto nesta passagem do abstrato ao concreto, realizada pelo pensamento". Aqui se expressa uma realidade ordenadamente apresentada. Nesta recomposição corre-se o risco de perder "substância", se emitirmos um juízo global recomposto que represente uma parcela desta globalidade mais do que outras.
1.2 - A INTERVENÇÃO ERGONÔMICA
O ponto de partida de toda intervenção ergonômica é a delimitação do objeto de
estudo, definido a partir da formulação da demanda. A demanda, em ergonomia, é uma demanda social, expressa num quadro institucional, pelos diferentes atores sociais, cujos pontos de vista não são, necessariamente, coerentes. Ao contrário, às vezes, eles são até contraditórios. De fato, a demanda pode ser formulada diretamente, de forma explícita, por um dos atores sociais (individual ou coletivo) ou, ainda, indiretamente, de forma implícita, pelo confronto dos diferentes pontos de vista a respeito do objeto de estudo. Na realidade, atrás de toda demanda explícita, existe sempre uma demanda implícita, que deve ser devidamente analisada, para evidenciar todas as dimensões de um mesmo problema.
Assim, uma intervenção ergonômica pode resultar:
(1) seja de uma demanda direta, relativa às condições de trabalho; (2) seja de uma demanda indireta, ligada à segurança do trabalho (acidentes), à fabricação (má qualidade do produto), à dificuldade de recrutamento para um determinado posto (seleção), etc. (3) seja, ainda, de uma planificação de estudos sistemáticos, com vistas a implantação de um sistema de melhoria da qualidade e de aumento da produtividade.
Em todos os casos, o analista deve analisar a solicitação, procurando evidenciar
possíveis demandas implícitas, para que os problemas correspondentes ao campo da ergonomia sejam devidamente identificados e para indicar os métodos que será levado a utilizar. Entretanto, é preciso salientar, só existe possibilidade de uma intervenção ergonômica se houver uma demanda formulada. Neste estágio, o analista deve conhecer as possibilidades e os limites de sua intervenção.
O ergonomista deve, em seguida, estudar os aspectos técnicos, econômicos e
sociais da empresa. De fato, para não se afastar da realidade da situação de trabalho, é preciso conhecer a tecnologia que os homens operam e a linguagem correspondente que adotam. É necessário, igualmente, considerar os fatores econômicos que delimitarão, em parte, as soluções que serão propostas. Finalmente, deve-se levar em conta os dados sociais: a idade média da população de trabalhadores, o tempo de serviço na profissão, o grau de escolaridade. Estas informações serão importantes para situar os problemas formulados pela demanda dentro do contexto da situação de trabalho a ser analisada.
Quando destas fases preliminares o analista confronta os conhecimentos adquiridos
sobre a situação concreta de trabalho com aqueles que possui sobre o homem em atividade. Desta confrontação nascem um certo número de hipóteses: sobre a carga de trabalho e suas variações intra e inter-individuais e inter-grupos.
Estas hipóteses exprimem-se, sempre, sob a forma de uma relação entre as
condicionantes da situação de trabalho e as determinantes que cada indivíduo manifesta, em função das suas características fisiológicas e psicológicas.
As atividades desenvolvidas pelo homem para responder às condicionantes de
trabalho se traduzem em uma carga de trabalho que varia intra e inter- individualmente, em função da motivação, da competência, das capacidades física e cognitiva, do estado emocional, etc..
Neste sentido, as atividades do homem no trabalho podem ser analisadas com a
ajuda deste modelo antropocêntrico, como respostas mais ou menos adaptadas, do ponto de vista psicológico e fisiológico.
1.3 A DECOMPOSIÇÃO DAS PARTES E A RECOMPOSIÇÃO
A delimitação do campo de análise em diferentes aspectos é um processo delicado
em função do acima exposto. Procuramos garantir a representatividade das partes em relação ao todo, evitando a "perda de substância" por imprecisão conceitual dos diferentes aspectos. Partimos do pressuposto que, se a escolha dos aspectos for feita criteriosamente, é possível que estes coincidam com as expectativas. Estaríamos assim garantindo a relevância dos aspectos (partes) em relação as expectativas que serão avaliadas.
O princípio da globalidade aparece após a análise das inter-relações entre os
diferentes atributos das dimensões propostas. Este princípio é a base metodológica deste trabalho, pois: os métodos de análise utilizados baseiam-se em estudos parciais, referentes a diferentes aspectos do problema; após uma classificação em diferentes aspectos - dimensões - é preciso restituir todos os elementos no seu conjunto.
1.4- FASES DA ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO
A análise ergonômica do trabalho comporta três fases: análise da demanda,
análise da tarefa e análise das atividades, que devem ser cronologicamente abordadas de forma a garantir uma coerência metodológica e evitar percalços, que são comuns nas pesquisas empíricas de campo. De fato, só existe ergonomia se existir uma análise ergonômica do trabalho e só existe uma análise ergonômica se ela for realizada empiricamente numa situação real de trabalho. Todavia, na prática ergonômica, estas fases podem ocorrer de forma quase simultânea, sem contudo prejudicar a seqüência metodológica.
Análise da demanda é a definição do problema a ser analisado, a partir de uma
negociação com os diversos atores sociais envolvidos;
Análise da tarefa é o que o trabalhador deve realizar e as condições ambientais,
técnicas e organizacionais desta realização;
Análise das atividades é o que o trabalhador, efetivamente, realiza para executar a
tarefa. É a análise do comportamento do homem no trabalho.
Cada uma destas análises necessita por sua vez:
- uma descrição, a mais precisa possível; - observações e medidas sistemáticas de variáveis pertinentes com relação às hipóteses formuladas. Por exemplo, medida da freqüência de mudança da direção do olhar e rigidificação da postura, relacionadas com as condicionantes temporais. Nestes casos, o analista deverá utilizar técnicas específicas para análise dos modos operativos, das posturas, das atividades visuais, dos deslocamentos, etc.
A escolha das variáveis a serem levadas em conta para analisar o trabalho
dependerá, em grande parte, das hipóteses formuladas sobre as relações condicionantes / determinantes (cargas / solicitações). Em função dessas hipóteses, medidas serão realizadas, sejam sobre as pessoas que trabalham (medidas fisiológicas do esforço), sejam sobre as atividades desenvolvidas (variação dos modos e dos tempos operativos), sejam, ainda, sobre o meio ambiente (dimensões do espaço e do local de trabalho, níveis de iluminação, ruído, temperatura, vibração).
Os dados recolhidos devem ser confrontados, de um lado, com os conhecimentos
científicos, particularmente da psicologia e da fisiologia do trabalho e, de outro lado, com os resultados das pesquisas mais recentemente publicadas (revisão bibliográfica). A realização de tal metodologia exige que sejam satisfeitas certas condições, tanto ao nível do acesso à empresa, quanto ao nível do desenvolvimento da intervenção. Algumas precauções preliminares devem ser consideradas:
- discutir os objetivos do estudo com o conjunto das pessoas envolvidas (direção da
empresa, organizações sindicais, serviços funcionais, gerências, supervisores e trabalhadores); - obter a aceitação dos trabalhadores que ocupam o posto (ou postos) a ser estudado. A participação destes trabalhadores é, de fato, indispensável para realizar uma boa análise das atividades. Para julgar a pertinência das variáveis e ajudar na interpretação dos resultados; - esclarecer as respectivas responsabilidades, tanto do analista, como da direção da empresa, do sindicato e dos empregados, em relação ao desenvolvimento do estudo e da utilização dos resultados.
As conclusões de uma análise ergonômica, devem conduzir e orientar
modificações para melhorar as condições de trabalho sobre os pontos críticos que foram evidenciados, assim como melhorar a produtividade e a qualidade dos produtos ou serviços que serão produzidos ou realizados. Esta fase de elaboração de recomendações é a razão de ser da análise ergonômica do trabalho.