Você está na página 1de 43

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 2
2. DO QUADRO NEGRO ÀS FERRAMENTAS TECNOLÓGICAS ................. 3
2.1. Evolução da Pedagogia .................................................................................... 8
2.1.1. Metodologia ead, ensino híbrido e aulas remotas ........................... 23
2.2. Contexto Histórico Do Estágio Remoto ........................................................... 25
2.3. Organização Curricular Pedagógica do ensino fundamental .......................... 25
2.3.1. Plano de ação da escola ................................................................. 29
3. CARACTERIZAÇÃO DA INSTITUIÇÃO .................................................... 31
3.1. PPP – Projeto Político da Escola .................................................................... 32
4. DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NO ESTÁGIO REMOTO
33
4.1. Observação e Participação ............................................................................. 33
4.2. Regência ......................................................................................................... 36
5. ANÁLISE DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ...................................... 37
6. PROJETO DE INTERVENÇÃO ................................................................. 38
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES ............................................ 38
REFERÊNCIAS ..................................................................................... 39
APÊNDICES .......................................................................................... 42
ANEXOS ................................................................................................ 43
2

1. INTRODUÇÃO
O estágio é um momento de experimentar a realidade do futuro ambiente de
trabalho do acadêmico. Através desse contato direto, o aluno do curso de Pedagogia
conhecerá o ambiente de atuação, apoiado por meio de orientação do professor(a)
supervisor(a) qualificado(a), permitindo a construção de novos conceitos, na sua
formulação do conhecimento. Assim, através do estágio, construímos nossa formação
acadêmica e desenvolvemos o profissional que almejamos ser. Apesar do pouco
tempo de estágio, podemos ver a realidade vivenciada pelo profissional de pedagogia
dentro do contexto escolar.

Realizar o estágio dá ao acadêmico a oportunidade, não só de conhecer a


realidade de sua profissão, mas também, permite analisar a relação que fazemos
entre teoria e prática, e realizar um comparativo com base nos teóricos e materiais
estudados durante o processo de formação. As observações e interações durante o
estágio nos levam a refletir o quanto devemos nos aprofundar no desenvolvimento de
competências indispensáveis para um melhor resultado para nossa profissão.

Neste relatório serão apresentados os resultados e documentação referente às


atividades desenvolvidas no estágio curricular obrigatório de Educação Fundamental
l, realizado no curso de Pedagogia (licenciatura). A escola onde foi desenvolvida as
atividades do referente estágio, foi a Escola Municipal de Educação Fundamental Flor
do Piquiá. As atividades desenvolvidas, no decorrer do estágio (observação e
participação), possibilitaram para os seus participantes, um treinamento para prática
em Educação Fundamental l de modo Remoto, profissão a qual estarão habilitados
com a conclusão do curso de graduação.

Este relatório tem como principal finalidade o registro das experiências


vivenciadas e resultados obtidos durante o processo de estágio. Ele é desenvolvido
com base nos seguintes autores: ALVES (2020), BACICH (2015), CARVALHO (2013),
CASTANHA (2013), FRIZON (2015), PALÚ (2020), PONCE (2001), ROSA (2020),
SAVIANI e GALVÃO (2021) e SOUZA (2021), além de todos os Documentos Oficiais
3

que asseguram e legalizam o Sistema Educacional Brasileiro. Com base nesse


instrumental fora produzido esse Relatório De Estágio Na Educação Fundamental l.

2. DO QUADRO NEGRO ÀS FERRAMENTAS TECNOLÓGICAS


Há muito tempo sabemos que a Educação é algo inerente do ser humano, o
ato de “educar” é tão antigo quanto a própria história da humanidade. Conforme os
humanos se organizaram em grupos e deixaram de ser nômades, a necessidade de
atribuição de tarefas especificas para garantir a sobrevivência do grupo aumentava.
Sendo assim, os integrantes que fossem resultados da procriação, ou mesmo, grupos
menores que desejassem unir-se ao grupo maior deveriam “aprender” a fazer parte
daquele grupo.
Assim, a educação surge como algo que traz importância e pertencimento ao
grupo. Conforme esses grupos cresciam, mais atividades eram necessárias e os mais
velhos iam sendo incumbidos de ensinar os mais novos. Desse modo, é possível
perceber, que lecionar era algo tão fundamental como qualquer outra função. É claro
que não parece algo tão significativo, se visto dessa forma, mas no decorrer da história
a educação demonstrou ser a ferramenta mais forte de uma sociedade.
Apesar de muitos anos a educação ter demonstrado estar estagnada e até
mesmo congelada no tempo, principalmente na escola pública, onde quadros negros
e giz com carteiras de madeira e muita dificuldade, sofreriam uma mudança radical,
onde quem leciona e quem aprende seriam transformados por algo tão pequeno, mas
que mudou tudo como conhecíamos.
Em meados de março de 2020, nosso país foi assolado com a Pandemia do
COVID-19, em poucos dias estávamos todos com medo, e aquilo que parecia
temporário, tomou proporções de permanência. Assim, em meio ao desespero, ações
de proteção e contenção da disseminação do vírus foram tomadas pelo Poder Público,
em atitude radical; o fechamento de todo e qualquer local que houvesse presença de
pessoas. Desse modo, foram fechados comércios, igrejas, bares e boates, órgãos
públicos e as Escolas.
4

Palú et al. (2020, p.22), diz que:

Este evento, expôs severamente as insuficiências da educação no país.


Podemos afirmar que algumas dessas insuficiências são a falta de formação
específica para professores e o entendimento por parte da sociedade e o
precário acesso da comunidade escolar a recursos tecnológicos, como
computadores e internet de qualidade.

Porém, o processo educacional não poderia seguir mais tempo parado.


Ademais, alunos e professores estavam sendo prejudicados com essa ação, sendo
assim, fora elaborado pelos órgãos de educação do Estado e Município um decreto
para regularização de um novo modelo de ensino; O Ensino Remoto. Desse modo, o
DECRETO N° 25.049, de 14 de maio de 2020. Que traz em seu texto o seguinte:

Art. 4°As atividades educacionais presenciais na rede estadual, municipal e


rede privada, ficam suspensas até o dia 30 (trinta) de junho do ano corrente,
aplicando-se em todos os municípios, ressalvada a existência de estudos
apontando a viabilidade de retomada em prazo anterior.
§ 1°As instituições de ensino poderão fazer o uso de meios e tecnologias de
informação e comunicação para a oferta de aulas não presenciais, por
intermédio de plataformas digitais, radiodifusão ou outro meio admitido na
legislação pertinente vigente.

Decreto esse que foi acatado por todos os sistemas de educação, apesar da
dificuldade em desenvolver suas atividades, equipes de coordenação pedagógica de
diversas instituições de ensino tiveram que reorganizar seus calendários e suas
estratégias de ensino. A dificuldade era a falta de capacitação adequada para o uso
das tecnologias e suas ferramentas, muitos docentes se sentiram despreparados e
sem opções favoráveis às suas dificuldades. Outra problemática que veio à tona, foi
a disparidade social para o acesso a esse novo modelo de educação. Este novo
modelo de ensino, está diretamente ligado às tecnologias e ao acesso à internet de
qualidade. Assim, Saviani e Galvão (2021, p.38) diz que: “[...]o ‘ensino’ remoto é posto
como um substituto excepcionalmente adotado neste período de pandemia, em que a
educação presencial se encontra interditada”.
Porém, a tecnologia não é algo novo na vida e cotidiano da população
brasileira. Embora saibamos que muitas pessoas não têm acesso a esses recursos,
os usos das tecnologias já se faziam necessárias no meio educacional a muito tempo.
5

De acordo com o PROJETO DE LEI N.º 9.165, DE 2017 (Do Poder Executivo), afirma
que:

Art. 1º Fica instituída a Política de Inovação Educação Conectada, em


consonância com a estratégia 7.15 do Plano Nacional de Educação, aprovado
pela Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014, com o objetivo de apoiar a
universalização do acesso à internet em alta velocidade e fomentar o uso
pedagógico de tecnologias digitais na educação básica.

Art. 2º A Política de Inovação Educação Conectada visa a conjugar esforços


entre órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos
Municípios, escolas, setor empresarial e sociedade civil para assegurar as
condições necessárias para a inserção da tecnologia como ferramenta
pedagógica de uso cotidiano nas escolas públicas de educação básica.

Parágrafo único. A Política de Inovação Educação Conectada será executada


em articulação com outros programas apoiados técnica ou financeiramente
pelo Governo federal destinados à inovação e à tecnologia na educação.

Art. 3º São princípios da Política de Inovação Educação Conectada:


I - equidade das condições entre as escolas públicas da educação básica para
uso pedagógico da tecnologia;
II - promoção do acesso à inovação e à tecnologia em escolas situadas em
regiões de maior vulnerabilidade socioeconômica e baixo desempenho em
indicadores educacionais;
III - colaboração entre os entes federativos;
IV - autonomia dos professores quanto à adoção da tecnologia para a
educação;
V - estímulo ao protagonismo do aluno;
VI - acesso à internet com qualidade e velocidade compatíveis com as
necessidades de uso pedagógico dos professores e dos alunos;
VII - amplo acesso aos recursos educacionais digitais de qualidade; e
VIII - incentivo à formação dos professores e gestores em práticas
pedagógicas com tecnologia e para uso de tecnologia.

Art. 4º A Política de Inovação Educação Conectada contará com as seguintes


ações, nos termos a serem definidos em regulamento:
I - apoio técnico às escolas e às redes de educação básica para a elaboração
de diagnósticos e planos locais para a inclusão da inovação e da tecnologia na
prática pedagógica das escolas;
II - apoio técnico, financeiro ou ambos às escolas e às redes de educação
básica para:
a) contratação de serviço de acesso à internet;
b) implantação de infraestrutura para distribuição do sinal da internet nas
escolas;
c) aquisição ou contratação de dispositivos eletrônicos; e
d) aquisição de recursos educacionais digitais ou suas licenças;
III - oferta de cursos de formação de professores para o uso da tecnologia em
sala de aula;
IV - oferta de cursos de formação de articuladores para apoiar a
implementação da Política;
6

Ainda que esse projeto tenha sido aprovado e implementado pelo PNE,
sabemos como participantes e comunidades dos meios escolares que a realidade é
bem diferente. Muitos professores, não conheciam sequer, as ferramentas básicas
dos sistemas operacionais de computadores, outros ainda, são considerados
“analfabetos digitais”. Assim, Alves (2020, p.355) diz que; “[...]o corpo docente não se
sente preparado para assumir as atividades escolares com a mediação das
plataformas digitais, seja por conta do nível de letramento digital, ou, por limitações
tecnológicas para acesso a estes artefatos”. Mesmo cientes desses fatos os
professores foram desbravando esse novo campo de atuação.

Repentinamente, devido à pandemia do Covid-19, professores, tiveram que


adaptar seus planos de aula, focar seus saberes em novas estratégias,
montaram todo um sistema de educação obrigatória à distância para efetivar
sua atividade fim que é a docência, adaptando os espaços da sala de suas
residências, tornando-os uma sala de aula.(ROSA, 2020, p.02)

Mesmo diante desse esforço por parte dos profissionais e até de muitos alunos,
não há o que comemorar, deveríamos estar cientes de que essa solução não visa o
aprendizado, muito menos, é uma solução apropriada para o contexto
socioeconômico vivido pelos brasileiros. Saviani e Galvão (2021, p.39), afirma que:

O quadro que se anuncia para o período pós-pandemia trará consigo pressões


para generalização da educação a distância, como se fosse equivalente ao
ensino presencial, em função dos interesses econômicos privados envolvidos,
mas também como resultado da falta de uma verdadeira responsabilidade com
a educação pública de qualidade e, ainda, pela apatia de entidades de classe,
organizações populares e movimentos sociais ditos progressistas que se
renderam ao canto de sereia do ensino virtual.

Isso tem se refletido, principalmente, na saúde dos profissionais de educação,


“O professor precisa dominar inúmeras variáveis que representam o complexo de uma
sala de aula, incluindo conteúdo, materiais e recursos didáticos. Essa busca da
constante melhoria da formação docente, assim como a atualização permanente dos
mesmos, tem sido um desafio das instituições [...]”(ROSA, 2020, p.02). O que tem
gerado grandes cargas de estresse, insônia, depressão, ou mesmo, a contaminação
pelo vírus COVID19 devido à baixa imunidade.
Os professores também apontam as condições psíquicas as quais estão
sujeitos, tendo que utilizar múltiplos chapéus, para além da sua expertise na
7

área a que se propõem a ensinar, precisam dar conta de questões que não
são da sua atribuição, como por exemplo, serem responsáveis pelo pagamento
das suas conexões durante as aulas remotas, ministradas por meio das
plataformas digitais, já que não estão no espaço escolar. (ALVES, 2020, p.356)

Fica claro que, a maioria dessas implicações é revelada diante da deficiência


na formação dos professores. Sendo assim, é possível perceber o quão longe essa
problemática pode chegar, entendendo que a raiz dela começa, de fato, pelo começo.
Apesar de compreendermos que essa não seja a única fonte do problema em questão,
existe a necessidade de percebermos como essa formação ainda acontece de forma
defasada. Dessa forma, Frizon et al (2015, p.10193) afirma que;

Essas possibilidades nos remetem a questões relacionadas à formação de


professores para o uso das tecnologias digitais, de modo a contribuir nos
processos de produção do conhecimento e no desenvolvimento intelectual e
cultural dos alunos. Entendemos que o movimento da formação inicial voltado
para o uso das tecnologias digitais deve ter prosseguimento com a formação
continuada, uma vez que as tecnologias estão em constante avanço. Deste
modo, investir na formação inicial e continuada do professor, representa o
fortalecimento para a educação, permitindo ao professor maior autonomia no
uso das tecnologias digitais, implementado, dessa forma, suas práticas
pedagógicas.

O que revela o espantoso desrespeito aos docentes formados, quando, na


verdade, essa falha se dá, em maior parte, na instituição de ensino superior onde os
mesmos foram capacitados. Pois de acordo com a RESOLUÇÃO CNE/CP 1, DE 18
DE FEVEREIRO DE 2002, que trata de Instituir Diretrizes Curriculares Nacionais para
a Formação de Professores da Educação Básica, em nível superior, curso de
licenciatura, de graduação plena. Defendendo que;
Art. 1º As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores
da Educação Básica, em nível superior, em curso de licenciatura, de
graduação plena, constituem-se de um conjunto de princípios, fundamentos
e procedimentos a serem observados na organização institucional e curricular
de cada estabelecimento de ensino e aplicam-se a todas as etapas e
modalidades da educação básica.
Art. 2º A organização curricular de cada instituição observará, além do
disposto nos artigos 12 e 13 da Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996, outras
formas de orientação inerentes à formação para a atividade docente, entre as
quais o preparo para:
I - o ensino visando à aprendizagem do aluno;
II - o acolhimento e o trato da diversidade;
III - o exercício de atividades de enriquecimento cultural;
IV - o aprimoramento em práticas investigativas;
8

V - a elaboração e a execução de projetos de desenvolvimento dos conteúdos


curriculares;
VI - o uso de tecnologias da informação e da comunicação e de metodologias,
estratégias e materiais de apoio inovadores;

O que deveria, de acordo com a Resolução, assegurar que os docentes


tivessem em sua formação, o uso de tecnologias voltadas para a educação e a sua
atuação como docente. Apesar de termos a consciência de que muitos profissionais
foram formados antes dessa resolução, a maioria que está em exercício no momento,
foram formados no período já validado desta resolução. Mesmo assim, essa
necessidade deveria ser sanada com outros métodos. Sendo assim, Frizon et al.
(2015, p.10197) diz assim:

[...]apontamos que na perspectiva da articulação entre educação e tecnologias


digitais aposta-se na formação continuada dos professores, uma vez que os
professores são os interlocutores que promovem possibilidades para a
apropriação e a produção do conhecimento. Neste sentido, o professor será o
parceiro na formação do aluno. Para tanto, o seu projeto pedagógico precisa
estar centrado no desenvolvimento da criticidade, do diálogo e da reflexão,
para atender os novos paradigmas educacionais. Por certo, são paradigmas
que devem superar a fragmentação e o reducionismo, com vistas a uma
formação ampla, contextualizada e consciente dos alunos.

Apesar das dificuldades que docentes e discente enfrentam, seja sozinho ou


acompanhado dos familiares, a educação não parou. Desse modo, é possível
observar que a história da educação sempre lutou contra os empecilhos e chegou até
os dias de hoje. Sendo assim, o presente relatório irá discorrer sobre a história da
Educação, desde os mais longínquos até os dias atuais. Assim, é possível perceber
que a educação resiste ao tempo, a luta e é através dela que contamos a história da
humanidade.

2.1. Evolução da Pedagogia


Durante um grande período da humanidade a Educação e a forma como a
conhecemos sofreu diversas mudanças e adaptações até chegarmos aos modelos
atuais. Porém, Ponce traz consigo em sua narrativa um modelo menos romantizado
de como a Educação perdeu-se do intuito de libertadora para uma arma do Estado de
dominação das classes menos favorecidas. Ao publicar sua visão sobre como a
Educação e as questões sócio-políticas, culturais e econômicas estão extremamente
interligadas, suas publicações foram duramente criticadas e até rejeitadas,
9

principalmente, no território nacional do Brasil. Ponce (2001), procurou demonstrar


como cada cultura, região ou povo tinha um modelo de Educação, mas que ao final
elas eram mais parecidas do que as pessoas podiam perceber.
A educação é uma das práticas mais antigas da humanidade, embora não fosse
algo registrado e documentado, essa prática é tão comum quanto a consciência de
sobrevivência. Apesar de não parecer, as ações de ensino e aprendizagem sempre
acompanharam a humanidade, mesmo os povos primitivos já desenvolviam a prática
de "lecionar".
Embora não seja possível ter muitas informações dessa época longínqua,
historiadores e antropólogos encontraram em povos nativos e de regiões afastadas,
consistentes informações para detalhar seu padrão de relacionamento com a
educação, desde as suas práticas educativas até a sua relação com a importância da
educação para o meio social que estão inseridos.
Através de observações do estilo de vida dos povos nativos da América do
Norte é possível encontrar um modelo educacional muito peculiar. Nas comunidades
dos nativos não havia distinção de classes, nem um modelo de governo. Tudo era
para todos, homens, mulheres e crianças tinham uma mesma função social; garantir
a sobrevivência do coletivo através de seus esforços. Não existia uma liderança, ou
mesmo uma hierarquia de domínio e dominados, cada um realizava uma função
distinta, mas o objetivo era sempre em prol do coletivo.
Nesse modelo de cultura, as crianças eram responsabilidade de todos,
ninguém tinha a função específica de educá-la ou moldá-la de acordo com a
sociedade. Os pequenos se desenvolviam a partir da observação e de orientações
dadas por todos, não eram punidas ou castigadas, nem vistas como seres inferiores
ou de menor valor. A partir dos sete anos, começavam a contribuir em suas funções
de acordo com suas capacidades, e se alguém fosse impaciente com os pequenos,
quem era repreendido era o que tinha impaciência e não a criança.
Apesar de entregues ao próprio desenvolvimento, cresciam e se tornavam
adultos semelhantes aos demais, apenas por serem completamente influenciadas
pelos meios de vida da comunidade. Eram mimadas e fortalecidas com o afeto de
10

todos e de alguma forma cresciam conscientes do seu papel na sua comunidade


respeitando tudo que essa comunidade acreditava, realizava e representava. Para
Ponce (2001, p.19):

Este fato parece-me suficientemente importante para justificar um momento


de reflexão. Se os pais deixavam os filhos em completa liberdade, como é
que os adultos iriam assemelhar-se tanto, uns aos outros, mais tarde? Se não
existia nenhum mecanismo educativo especial, nenhuma "escola" que
imprimisse às crianças uma mentalidade social uniforme, em virtude de que
a anarquia da infância se transformava na disciplina da maturidade? Estamos
tão acostumados a identificar a Escola com a Educação, e está com a noção
individualista de um educador e um educando, que nos custa um pouco
reconhecer que na comunidade primitiva era uma função espontânea da
sociedade em conjunto, da mesma forma que a linguagem e a moral.

Esse modelo educacional começa a se perder quando o princípio de divisão de


classes surge. Durante as mudanças e a evolução da humanidade, surgem o direito
à propriedade, a agricultura, a criação de rebanhos, as separações e as distinções
familiares e principalmente as crenças e diferenciações culturais. Agora, o desejo não
é mais a sobrevivência ou a subsistência, o desejo de domínio e acúmulo, o desejo
pelo que o outro é capaz de realizar que lhe é diferente, o desejo da conquista começa
a desenvolver o que conhecemos como sociedade. Com isso surge, então, o Estado
e com ele o desejo de domínio do homem pelo homem.
Com o crescimento das posses, só uma única pessoa não consegue
administrar ou produzir, passando assim, a dominar e escravizar outras pessoas para
ajudar a manter e conquistar ainda mais coisas. Com a criação do Estado o homem
passa a dominar e para não perder seu domínio cria para si a imagem de
endeusamento ou de força extrema. E para que ele não perca sua posição, a
educação passa a ser um forte aliada. Onde os herdeiros do dominador têm que
aprender como manter seus dominados sob controle. Surgindo as primeiras
separações de classes, a perda dos direitos de igualdade feminina, o casamento, os
deveres domésticos, a inferiorização da criança, o exército e o trabalho servil. Essas
condições irão ser apresentadas nos povos Egípcios, Sumérios, Mesopotâmicos e na
maior parte da Ásia.
11

Em Esparta a Educação baseia-se na força bruta, habilidade de sobrevivência


e capacidade de domínio e subjugação dos inimigos. A mulher também tem que
dominar habilidades de luta e ter capacidades domésticas impecáveis, apesar de
algumas mulheres e a maioria dos nobres serem letrados (alfabetizados), intelecto
não é a prioridade do espartano. Força bruta e domínio eram mais valorizados e a
disciplina militar era o principal intuito da Educação Espartana. Ponce (2001, p. 36)
faz o seguinte comparativo:

Para ser eficaz, toda educação imposta pelas classes proprietárias deve
cumprir as três finalidades essenciais seguintes: 1º destruir os vestígios de
qualquer tradição inimiga, 2º consolidar e ampliar a sua própria situação de
classe dominante, e 3º prevenir uma possível rebelião das classes
dominadas. No plano da educação, a classe dominante opera, assim, em três
frentes distintas, e ainda que cada uma dessas frentes exija uma atenção
desigual segundo as épocas, a classe dominante não as esquece nunca.

Já os Gregos desejavam ir além, o desenvolvimento do “homem pleno” exigia


força e intelecto e a Educação era uma prioridade, claro que, uma prioridade da
nobreza. Nesse contexto, a educação era para assegurar a posição das classes
dominantes e a sua permanência nessa posição. Deste modo, Ponce (2001, p.47) diz:
“Formar o homem das classes dirigentes, eis o ideal da educação grega[...]’’.
Assegurando que as classes dominadas se contenham e aceitem sua posição como
algo que lhes é imposto pela própria natureza ou ainda pelas próprias divindades.
Nesse período, surge o paidos ou o cuidador de crianças, sábios da época
responsáveis por ensinar e orientar os seus alunos nas mais refinadas artes e
conhecimentos da época, como; a geografia, história natural, gramática, matemática,
retórica, filosofia, música e ginástica.
No contexto Romano, a Educação para os ricos começou a perder força, os
pais passaram a se interessar mais pela educação do filho, claro que, não de uma
forma positiva, a questão do desenvolvimento do homem romano estava voltada para
ganância, agricultura e lutas. Era desejo do pai que seu herdeiro dessa sequência as
suas posses e o ajudasse a conquistar cada vez mais. Claramente esse modelo
fracassou, assim como a maioria dos povos em que as riquezas ditam o poder, os
romanos se depararam com o despreparo intelectual, além do total desprezo pelo
12

trabalho dos seus instrutores, que geralmente, eram escravos letrados que se
responsabilizavam pela educação do jovem nobre. Desse modo, Ponce (2001, p.62)
descreve a educação romana da seguinte forma:

Os filhos do proprietário recebiam a sua educação ao lado do pai,


acompanhando-o nos seus trabalhos, escutando as suas observações,
ajudando-o nas suas tarefas mais simples. Uma vez que toda a riqueza
provinha da terra, era natural que as coisas agrícolas assumissem para os
jovens uma importância fundamental. A influência política exercida por uma
família era função direta da extensão das terras que possuía.

Mas, como já dissemos, a partir do século IV a.C., os membros das novas


classes começaram a ter opiniões diversas e passaram a achar insuficiente o modelo
de educação apresentado na época. Então, apareceu em Roma, da mesma forma que
anteriormente havia acontecido com a Grécia, uma turba de professores: os
ludimagister, para a primária, os gramáticos, para a média, e os retores, para a
superior.
Diante de muitas revoltas de populares e invasões de povos inimigos. Um poder
em questão passou a ganhar força dentro de Roma; a Igreja Romana Cristã. A
Educação agora ganha um aspecto religioso e melancólico, falando de votos de
pobreza e destituição de bens. Apesar de existirem reis e monarcas poderosos a igreja
tinha um poder maior. Pois, afirmava que essa era a vontade de Deus. Através desses
movimentos Roma perdeu força, mas a Igreja Romana prosperou e dominou diversos
povos.
Como já mencionado, a Igreja Romana Cristã ganhou forças por todo o império,
enquanto membros da nobreza preocupavam-se em exibir e ostentar suas riquezas,
a Igreja começou a tomar força sendo uma das maiores instituições financeiras e a
mais organizada. Propiciando e financiando empréstimos altíssimos, se apossando
de terras e servos. Além, do fato de que muitos na história já conhecem, o voto de
celibato imposto aos clérigos, era a forma mais eficaz de manter a segurança da Igreja
em manter suas posses.
Muito ardilosa em suas decisões, a Igreja permitia que todos, tanto nobres
quanto servos, fossem igualmente livres e considerados importantes por Deus. Assim,
a Igreja tomou para si os direitos da Educação. Aquilo que antes era só para nobres
13

e poderosos, agora estava ao alcance de todos. Mas como a influência cultural dos
monastérios terem sido, propositadamente, muito exagerada, tornemos claro que as
escolas monásticas eram de duas categorias: umas, destinadas à instrução dos
futuros monges, chamadas "escolas para oblatas", em que se ministrava a instrução
religiosa necessária para a época, categoria essa que, no momento, não nos
interessa, e outras, destinadas a "instrução" da plebe, que eram as verdadeiras
"escolas monásticas".
O intuito dessa instituição de “Escola Pública” não era, de fato, ensinar ou letrar
os camponeses, eram apenas instruções religiosas para que os mesmos se
mantivessem dóceis e servis. Já a Educação dada aos monges também tinha caráter
religioso, mas eles aprendiam a ler, escrever, transcrever, oratória, filosofia,
matemática e ainda a linguagem criada e utilizada pela igreja; o latim. Isso fazia com
que os monges e camponeses suportassem duras cargas de trabalho e uma vida
miserável de forma aceitável, levando em consideração que os mesmos acreditavam
estar servindo a Deus através de seus esforços, e que no céu receberiam suas tão
merecidas recompensas. Assim, Ponce (2001, p.89) descreve que:

Apressemo-nos a esclarecer que nessas escolas - as únicas que podiam ser


frequentadas pelas massas - não se ensinava a ler, nem a escrever. A
finalidade dessas escolas não era instruir a plebe, mas familiarizar as massas
campesinas com as doutrinas cristãs e, ao mesmo tempo, mantê-las dóceis
e conformadas. Herdeiras das escolas catequistas dos primeiros tempos do
cristianismo, estas escolas não se incomodavam com a instrução, mas sim
com a pregação.

Para os nobres a Educação já não tinha mais tanta importância, assim que os
filhos aprendiam a ler, eram tirados das escolas e colocados para aprender coisas
mais “relevantes”, como; arco e flecha, equitação, lutas, caça, manejo de armas e
combates corpo a corpo. A leitura passou a ser vista como algo feminino e pouco
valorizado, voltando às raízes espartanas, mas agora com povos diferentes.
Nesse sistema, existiam muitas classes e essas divisões foram ganhando
proporções insustentáveis. Cuja hierarquia crescia descabidamente e o surgimento
de títulos e variações de poder eram crescentes. Dentro desse contexto, o servo era
considerado livre, mas relutava contra sua liberdade, aprisionando-se as terras de
14

algum nobre. Pois o mesmo, não poderia sobreviver, já que, nada tinha e que nada
era seu de fato, até sua liberdade era ilusória, uma vez que cercado de tantos
poderosos seu lugar era o mais baixo e impossível de ser mudado.
Com a crescente queda no sistema feudal, nas grandes invasões bárbaras e
no início de grandes revoltas de servos contra senhores feudais. A Educação começa
a tomar novo rumo no contexto histórico e econômico das sociedades. Isso se deve
às constantes revoltas e as mudanças políticas no período da Burguesia. Assim,
também, temos o início da Reforma Protestante, que liderada por Martinho Lutero se
levanta contra a autoridade e domínio da igreja católica sobre as massas
populacionais. Diante desse contexto, Ponce (2001, p.118) diz que:

Mas, se o protestantismo se preocupava com a educação "popular" (1524),


no sentido de difundir as primeiras letras, que não eram sequer levadas em
conta pelas escolas monásticas católicas, ele o fazia, como dissemos, na
medida em que a difusão da leitura permitia o manuseio da Bíblia e orientava
o povo na direção da Igreja Reformada.

Ainda que com base nesses fatos tenham surgido novas vertentes religiosas e
educacionais, a escola ainda tem um caráter religioso muito forte. E as escolas que
erguiam suas bandeiras em prol da lógica, razão e humanismo eram consideradas
pagãs. Mas, essas escolas surgem pelo simples fato de que os próprios monges que
eram educados nos domínios dos mosteiros começam a se rebelar contra esse tipo
de educação. Assim, a educação, ainda que destinada apenas para os nobres,
começa a exigir conhecimentos mais úteis ao contexto histórico-social.
Durante esse período algumas disciplinas são incluídas nas respectivas grades
curriculares da época, como geografia, história, economia, direitos e geometria. Mas,
a intenção do protestantismo não era que apenas os nobres tivessem acesso à
educação, parte do protestantismo defendia a igualdade de classes. Nessa época
algumas figuras importantes começam a surgir, a igreja católica, em contrapartida,
cria a Companhia de Jesus, ou Jesuítas que agora são responsáveis por catequizar e
educar os infiéis e rebeldes.
Surge também, Jean-Jacques Rousseau, também conhecido como J.J.
Rousseau ou simplesmente Rousseau, foi um importante filósofo, teórico político,
15

escritor e compositor autodidata genebrino. É considerado um dos principais filósofos


do iluminismo e um precursor do romantismo. Através de Rousseau e seus escritos a
pedagogia vai tomar a maior parte do formato que conhecemos hoje.
Logo após a Revolução Francesa, o Homem Burguês tinha em mente, um novo
modelo educacional, um modelo que atendesse às suas necessidades que se
permitisse sua permanência no poder de classe dominante. Sobre isso, Ponce (2001,
p.133) nos relata o seguinte:

Quase vinte anos depois desta carta de Voltaire (1694-1778), Diderot (1713-
1784) se dirigia a outra majestade, a Imperatriz Catarina da Rússia, e a
aconselhava a respeito do Plano de uma Universidade, destinada a ministrar
instrução para todos. "É bom que todos saibam ler, escrever e contar - dizia
ele -, desde o Primeiro-Ministro ao mais humilde dos camponeses." E pouco
mais adiante, depois de indagar por que a nobreza se havia oposto à
instrução dos camponeses, respondia nestes termos: "Porque é mais difícil
explorar um camponês que sabe ler do que um analfabeto."

Nesse contexto socioeconômico surge a grande escola. Que dividia seus e


métodos e modelos de ensino de acordo com as classes sociais de cada aluno, os
filhos dos burgueses, por sua vez, iniciavam seus anos escolares cada vez mais
jovens e estudavam mais, principalmente fatos, cultura, direitos, filosofia, artes e
diversas disciplinas para um intelecto avançado e pleno. Já os alunos vindos das
classes sociais mais baixas, dividiam seu tempo de estudo com atividades manuais
ou capacitações para o trabalho, assim que aprendiam a ler, escrever e contar,
passavam a aprender ofícios de serviços manuais.
Nesse modelo escolar, acreditava-se que os alunos mais pobres deveriam
aprender apenas o suficiente para executar bem os seus ofícios, eles não tinham
necessidade de compreender nada muito além do que se era necessário para o
desenvolvimento do trabalho, comércio e economia de subsistência. Mas esse modelo
de educação nunca pretendeu nada além de fazer com que os pobres aceitassem
bem a sua pobreza.
Por volta de 1880, tem-se início o movimento que posteriormente ficaria
conhecido como a Escola Nova. Esse novo modelo de educação ganhou forças com
a queda da burguesia francesa após a Revolução Francesa. Nesse período pleiteava-
16

se o direito a uma educação justa, igualitária e laica, arrancando da mão da Igreja o


poder absoluto sobre as Escolas e o ensino oferecido às pessoas. Ponce (2001,
p.153) diz a seguinte afirmação:

Mas, na realidade, o advento da escola laica não foi uma vitória, foi apenas
uma transação. Depois da Revolução Francesa, a restauração monárquica
foi acompanhada em todas as partes por uma feroz reação nas escolas. Uma
reação tão feroz que provocou por sua vez, da parte da burguesia liberal, um
ódio à Igreja, perfeitamente comparável ao dos primeiros dias da Revolução.

Porém, esse discurso perdeu suas forças no que tange a erradicação do poder
religioso dentro da escola, o que ocorreu foi, na verdade, uma reorganização desse
ensino religioso e a agregação de alguns outros conhecimentos distintos, para que a
população não percebesse que o ensino ainda era uma forma de subjugar e fazê-los
aceitar a suas míseras condições. Desse modo, ainda existia uma distinção de ensino
para os ricos e o ensino para os pobres.
Durante esse período surgem duas novas correntes pedagógicas: a
"metodológica" e a "doutrinária". Nessas correntes, ambas defendem a liberdade da
criança e a sua autonomia, porém, a corrente doutrinária defendia a educação para a
liberdade, prosperidade e plenitude do ser, de forma individual e indissociável.
Enquanto a corrente metodológica trabalha no desenvolvimento para a coletividade e
contribuição da sociedade como um todo.
Deste modo, é possível analisar um vislumbre resumido da trajetória da
educação e o seu contexto histórico. Agora que fora explicitado esses fatos devemos
elencar como essa trajetória histórica se desencadeou no Brasil e que influência essas
ações colaboraram para a formação do modelo educacional em nosso território.
A Educação no Brasil tem seu início em 1549, com a chegada do Jesuítas da
Companhia de Jesus, por intermédio da coroa Portuguesa para catequizar, educar e
levantar-se firmemente contra a Reforma Protestante, auxiliando no ato de dominação
e subjugação dos nativos indígenas situados no território brasileiro. Com seus
modelos de ensino fundamentados em princípios religiosos e dogmáticos, visava
tornar o processo de colonização o mais manso possível, retirando dos nativos
17

indígenas o mais dóceis, para que os mesmos colaborassem de forma pacífica com
esse processo.
Porém, essa realidade fora se distanciando à medida que esse modelo
educacional se tornou parte do modelo de ascensão social e os únicos contemplados
com educação, de fato, fossem os descendentes dos nobres. Enquanto as populações
indígenas e os povos posteriormente escravizados e trazidos ao território brasileiro de
países africanos eram apenas catequizados e doutrinados para obedecerem aos seus
senhores.
Entretanto, em 1759, Sebastião José de Carvalho, o marquês de Pombal,
primeiro-ministro de Portugal, tratou de expulsar todos os Jesuítas das províncias
portuguesas, trazendo a responsabilidade da educação para o Estado e declarando
que a Educação Jesuítica era uma forma de rebeldia contra o domínio Português.
Com isso, houve uma ruptura nos modelos de Educação Básica, e um declínio na
qualidade da educação. Embora essa mudança fosse algo extraordinário, suas
mudanças eram apenas simbólicas, uma vez que, o novo corpo docente era composto
de membros educados pelos Jesuítas e que ainda conservavam suas práticas e
metodologias de ensino.
Após esse período, com a chegada da Família Real, em 1808, o Brasil tem a
sua entrada no período Imperial. Apesar de se tratar de um contexto de proclamação
de independência e automação do poder, o Brasil continuava com suas principais
características intactas. Era ainda considerado um império elitista, escravocrata e
suas riquezas continuavam centralizadas nas cidades polos; Rio de Janeiro, Salvador,
Pernambuco, Minas Gerais e Pará. A dominância e o prevalecimento da desigualdade
social, além do total desprezo pelas colônias, povoados e cidadelas ou lugarejos.
Tudo que era produzido em território nacional ainda era escoado através dos portos
para Portugal, Espanha e Inglaterra. De modo que a independência era apenas
ficcional.
Assim, o debate pela importância de um sistema de educação era apenas para
a caracterização de um império independente, mas os métodos educacionais eram
apenas para caracterizar a retirada do "espírito primitivo e selvagem da população”.
18

Mas a verdade oculta por trás dessas medidas eram a formação de nobres sem a
necessidade de enviá-los para o exterior. Ou seja, a Educação era uma mera
formalidade para a consolidação do Império e emancipação do jugo da Metrópole
Portuguesa.
A primeira Constituição Brasileira, outorgada em 1824, garantia apenas, em
seu Art. 179, “a instrução primária e gratuita a todos os cidadãos”. No ano de 1827,
uma lei determinou a criação de escolas de primeiras letras em todos os lugares e
vilas, além de escolas para meninas, nunca concretizadas anteriormente.
O ato adicional de 1834 e a Constituição de 1891 descentralizaram o ensino,
mas não ofereceram condições às províncias de criar uma rede organizada de
escolas, o que acabou contribuindo para o descaso com o ensino público e para que
ele ficasse nas mãos da iniciativa privada, acentuando ainda mais o caráter classista
e acadêmico, gerando assim um sistema dual de ensino: de um lado, uma educação
voltada para a formação das elites, com os cursos secundários e superiores; de outro,
o ensino primário e profissional, de forma bastante precária, para as classes
populares.
A ESCOLA DAS PRIMEIRAS LETRAS, OU ENSINO ELEMENTAR OU
ALFABETIZAÇÃO: era pública, para cidadão livres, meninos e meninas em classes
ou escolas separadas. Sem limite de duração, podendo variar de 2 anos há 4 anos de
instrução. Eram apenas para o aprendizado básico, leitura, escrita, cálculos, belas
artes e catecismo. Muitos encerravam sua instrução para vida apenas nessa
modalidade.
A ESCOLA SECUNDÁRIA E TECNICISTA: era pública, para cidadãos livres,
moças e rapazes, em escolas separadas. Aprendendo gramática, história, religião,
aritmética e funções ou habilidades manuais para os rapazes. As moças aprendiam
costumes e tarefas femininas para ser uma boa esposa. Também era oferecido a
formação como Professora. Ao fim de sua formação secundária a moça estava apta
a dar aulas.
19

O ENSINO SUPERIOR, OU CURSOS SUPERIORES: Somente a elite e a


nobreza tinham acesso, os cursos mais valorizados eram os de juristas, ou Direito e
Engenharia.
As Escolas das Primeiras Letras, ou Ensino Elementar se tratava de alfabetizar
os educandos, ensinar o uso da lógica, dos cálculos básicos, da retórica, das ciências
sociais, da gramática básica já na linguagem do Português do Brasil e não mais o
Português de Portugal, história básica e geografia básica e ensino religioso. Esse
ensino também era oferecido aos adultos e crianças da época. Como não era muito
bem regulamentado, seu período de duração iria de acordo com a capacidade do
aluno.
Já no Ensino Secundário era o aprofundamento desses conteúdos, porém,
desenvolvendo habilidade manuais como parte do currículo, esse ensino variava de
acordo com o sexo e posição social dos alunos e também não tinha um período
determinado de início e conclusão, tudo variava de acordo com o aprendizado do
aluno e a oferta de ensino de cada colégio.
Como não havia uma regulamentação e uniformização desses aprendizados,
os alunos não precisavam, necessariamente ou obrigatoriamente, cursar uma
modalidade de ensino para cursar o outro e vice-versa, mesmo para o Ensino Superior
não havia regras que pré-estabelecessem a conclusão de um módulo para iniciar
outro. Tudo se dava através de provas de capacidade e poder aquisitivo do aluno.
Com a ruptura do Brasil Imperial e o surgimento da Primeira República em
1889, houveram diversas tentativas de reformas educacionais, através de nomes
conhecidos como Benjamin Constant, a Lei Orgânica Rivadávia Corrêa, a Carlos
Maximiliano. Entretanto, elas não buscavam a reforma definitiva, apenas formas de
mudar as estruturas, mas a base educacional prevalecia da mesma forma dos moldes
antigos, beneficiando apenas a elite, mantendo o padrão de desigualdade social dos
primeiros modelos educacionais.
A principal característica desse novo modelo era a descentralização do poder,
e a atribuição dessa responsabilidade aos municípios, o que declinou a educação de
forma significativa. Pois, apenas os municípios com maior poder aquisitivo possuíam
20

capacidade de oferecer essa educação de forma satisfatória. Assim, o ensino básico


caiu em rendimento, enquanto as cidades onde a população tinha o poder aquisitivo
investia no ensino secundário e ensino superior. Dessa forma, oferecendo as
melhores oportunidades aos ricos e poderosos da época.
Já em 1964 a 1985 surge um novo modelo governamental, o Regime Militar no
Brasil, através de investidas violentas e cercado de massacres, esse modelo
governamental criou o modelo de educação básica para a capacitação de mão de
obra qualificada. Porém, não era o intuito desse modelo educacional o favorecimento
das classes pobres e desfavorecidas. Apesar de demonstrar preocupação com a
quantidade de analfabetos no Brasil, esse regime privatizou o sistema escolar e
regrediu a Lei de 1961, desobrigando os Estados e a União sobre um valor mínimo
para o investimento em educação.
O que culminou em escolas precarizadas e falta de profissionais qualificados
no campo da educação. Essas escolas tinham grande número de matriculados,
porém, poucos concluíram a primeira etapa de ensino, o que desencadeou um número
grande de evasão escolar. Os que, com muito esforço, alcançaram níveis mais
elevados, eram encerrados no ensino Tecnicista, que consistia na formação para o
trabalho em fábricas e empresas.
Mas, aqueles cujo poder aquisitivo era superior, eram frequentadores das
escolas particulares e tinham chances maiores de alcançar a formação no ensino
Superior e as vagas nas Universidades Federais. Apesar de controlar todos os
sistemas de Ensino, o objetivo desses modelos era apenas capacitar e promover a
elevação econômica do país.
Ainda nesse período conturbado da história política-educacional no Brasil,
surge O Manifesto Dos Pioneiros da Educação Nova. Que significava um levante
contra esse sistema opressor, visando a libertação popular através de uma educação
de qualidade, laica, igualitária e libertadora. Sua principal característica era a
obrigatoriedade do Estado em oferecer uma educação gratuita e de qualidade a todos
os indivíduos, de forma justa e suficiente para acompanhar as demandas e a
modernização da Revolução Industrial.
21

Através das ações desse seleto grupo de intelectuais, fora elaborado e


promulgados os documentos norteadores da educação no Brasil, a LDB (Lei de
Diretrizes e Bases da Educação). Desse modo, criando uma legislação específica
para o sistema de educação e tornando a Educação como principal base para o
desenvolvimento socioeconômico do país.
Também nesse período, uma modalidade de Educação começa a ganhar força,
a modalidade de Educação a Distância (EaD). Embora no contexto histórico, ela já
existe desde 1920 no Brasil, é no período entre a metade do regime militar e a
recuperação da democracia política que a educação a distância se desenvolve, tendo
o amparo e a legalização, assim como a regulamentação desse ensino. De acordo
com Carvalho (2013, p.13):

Apesar das barreiras e em meio às diversas dificuldades, nos dias atuais, a


EAD passou a ser considerada pela sociedade uma das mais importantes
ferramentas de propagação do conhecimento e de democratização da
informação, propiciando aos alunos uma diversidade de recursos humanos e
tecnológicos, colaborando assim de maneira bastante eficiente na formação
continuada e na preparação de profissionais para atuar no mercado de
trabalho.

A Educação a Distância, possibilitou o acesso a educação, de certa forma,


igualitária e flexível para aqueles que, de algum modo, desejavam alcançar os níveis
de educação necessários para o seu desenvolvimento socioeconômico. Apesar de
receber duras críticas, como qualquer outro método de educação, seu modelo é, de
certa forma, prática e de baixo custo para os seus adeptos.
Diante desses novos modelos de educação, surge também o Ensino Híbrido.
O termo híbrido quer dizer; misturado, mesclado ou associado. Esse novo modelo de
ensino propõe a “mistura” do ensino tradicional (o que acontece apenas na sala de
aula) com o Ensino a Distância. Para definir de forma mais eficiente, esse sistema
visa oferecer parte da educação utilizando os recursos tecnológicos para expandir o
ensino para além da sala de aula. De acordo com MORAN (2015, p.56):

O que a tecnologia traz hoje é integração de todos os espaços e tempos. O


ensinar e o aprender acontecem em uma interligação simbiótica, profunda e
22

constante entre os chamados mundo físico e digital. Não são dois mundos ou
espaços, mas um espaço estendido, uma sala de aula ampliada, que se
mescla, hibridiza constantemente. Por isso, a educação formal é cada vez
mais blended, misturada, híbrida, porque não acontece só no espaço físico
da sala de aula, mas nos múltiplos espaços do cotidiano, que incluem os
digitais. O professor precisa seguir comunicando-se face a face com os
alunos, mas também deve fazê-lo digitalmente, com as tecnologias móveis,
equilibrando a interação com todos e com cada um.

Assim, o Ensino Híbrido visa desenvolver todas as potencialidades e espaços


educacionais possíveis, otimizando o uso do espaço físico da escola para um
momento de experiências mais interativo. Desse modo, apresentando muitas
possibilidades de um mesmo conhecimento, produzindo mais conhecimento e menos
informação. Em que está no centro do conhecimento é o aluno e o seu aprendizado.
O Ensino Híbrido já é uma realidade em meio a educação, embora tenha
poucos adeptos, a educação vem modernizando cada vez mais para acompanhar o
ritmo das novas gerações. É claro que exista ainda uma certa resistência por parte
dos educadores e gestores. Porém, o momento atual apresentou o que é necessário
repensar as metodologias defasadas da educação tradicional e abandonar os
modelos antigos de ensino.
Essas questões se tornaram mais claras e evidentes diante do cenário atual de
educação diante de uma pandemia os modelos de educação no Brasil, que
demonstraram ser ineficiente para esse momento de crise generalizada. Deste modo,
a alternativa emergencial adotada para o sistema de educação brasileiro, foi implantar
o Ensino Remoto.
O Ensino Remoto ganhou destaque na metade do ano de 2020, sendo
apresentado como uma solução, paliativa, a necessidade de oferta de educação
durante o período em que as escolas se encontram fechadas para evitar a propagação
do vírus COVID-19. Embora ineficaz, essa solução fora adotada para atender ao
sistema mercadológico, onde a educação é entendida como mercadoria, e não pode
esperar que outras situações interfiram no seu acontecimento.
As ações desencadeadas pelo novo sistema adotado, demonstraram que as
desigualdades sociais (antes velada pelos sistemas governamentais) fossem
escancaradas. Nesse modelo de ensino, faz-se necessário o uso explícito de
23

tecnologias que grande parte da população não tem acesso, como, por exemplo,
internet de qualidade, aparelhos tecnológicos. Demonstrando que a educação não
está ao acesso de todos. Assim, Saviani e Galvão (2021, p.39) defendem que:

Mesmo considerando todos esses limites, redes de ensino estaduais e


municipais, assim como diversas instituições públicas de ensino superior,
lançaram mão do “ensino” remoto para cumprir o calendário. escolar e o que
se observou de maneira geral foi que as condições mínimas não foram
preenchidas para a grande maioria dos alunos e também para uma parcela
significativa dos professores, que, no mais das vezes, acabaram arcando com
os custos e prejuízos de saúde física e mental decorrentes da intensificação
e precarização do trabalho.

Ainda não se calculam os prejuízos causados por esse sistema de ensino. Mas,
é importante salientar que, o sistema governamental cogita em torná-lo parte da
Educação no Brasil, pois, economicamente, esse modelo tem tornado-se muito
lucrativo aos cofres públicos, que preferem enxergar esse modelo emergencial como
algo que pode ser a solução econômica para a crise educacional.
Dessa forma, o discorrer deste texto é baseado nos novos modelos de
educação no Brasil, dando ênfase ao Ensino Remoto e como objeto de estudo para a
formulação deste Relatório de Estágio. Baseando-se nos conhecimentos abordados
durante esse semestre e culminando na escrita deste documento.

2.1.1. Metodologia ead, ensino híbrido e aulas remotas


Como já mencionado, a Educação está em constante transformação. Seus
modelos e metodologias vão de acordo com a necessidade e a proposta de cada
instituição ou de acordo com o público atendido por elas. Desta forma, faz-se
necessário apresentar como a Educação a Distância, o Ensino Híbrido e as Aulas
Remotas apresentam suas metodologias e dinâmicas para o ensino-aprendizagem.
As metodologias aplicadas ao Ensino a Distância na atualidade, consistem em
basear seus modelos na praticidade de acesso e disponibilidade de horário para
aqueles que utilizam essa modalidade de ensino. Nessa modalidade, é necessária
uma internet de qualidade, um bom computador, autodisciplina, concentração e ter
uma boa autonomia para os estudos.
24

Dentre as muitas metodologias adotadas por essa modalidade de ensino,


existem os Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA) que são softwares via internet
que intermediam a comunicação entre o professor ou tutor e os alunos, eles
disponibilizam materiais e recursos pedagógicos. Além de limitarem o acesso e
estipular prazos e/ou as formas de avaliação.
No que diz respeito ao sistema de avaliação este é moldado de acordo com a
proposta pedagógica de cada instituição, levando em consideração os modelos
tradicionais, como por exemplo; provas, testes, atividades, quantidade de acessos,
etc.
Já o Ensino Híbrido se caracteriza pela disponibilização de até 20% da carga
horária de forma online. Esse modelo traz consigo a mistura de métodos de ensino,
uma das principais metodologias utilizadas são as Metodologias Ativas e a Sala de
Aula Invertida. Nesse modelo de Ensino, o principal intuito é estender a sala de aula
a todos os espaços e colocar o aluno no centro do processo de ensino/aprendizagem.
Seus métodos avaliativos visam a qualidade e não a quantidade, onde o aluno
tem também, o papel de avaliador e o poder de autoavaliação. Dessa forma, buscando
ajustar os pontos onde se faz necessário aplicar novas possibilidades e realizar as
mudanças cabíveis.
O Ensino Remoto é uma alternativa emergencial criada pelo atual Sistema de
Educação do Brasil, para suprir a necessidade de dar continuidade ao ano letivo diante
da situação pandêmica em nosso país. Essa alternativa utiliza como metodologia as
tecnologias disponíveis para a transmissão de aulas ao vivo, ou ferramentas de
comunicação para disponibilizar os conteúdos das disciplinas ministradas.
Seus métodos de avaliação consistem em presenças nas videochamadas ou
salas virtuais, participação, entrega de atividades dentro dos prazos estipulados.
Existem movimentos para que esse modelo de ensino tenha plataformas virtuais
próprias, pois até esse momento, as ferramentas utilizadas são do Google Education
e as redes sociais disponíveis em nosso território.
25

2.2. Contexto Histórico Do Estágio Remoto


O Estágio Remoto foi uma alternativa para o desenvolvimento e conclusão da
disciplina de Estágio Obrigatório na Educação Infantil dos Acadêmicos de Pedagogia
da Faculdade Sapiens, sua validação e permissividade só foi possível através do
DECRETO N° 25.049, de 14 de maio de 2020. Que traz em seu texto o seguinte:

Art. 4°As atividades educacionais presenciais na rede estadual, municipal e


rede privada, ficam suspensas até o dia 30 (trinta) de junho do ano corrente,
aplicando-se em todos os municípios, ressalvada a existência de estudos
apontando a viabilidade de retomada em prazo anterior.

§ 1°As instituições de ensino poderão fazer o uso de meios e tecnologias de


informação e comunicação para a oferta de aulas não presenciais, por
intermédio de plataformas digitais, radiodifusão ou outro meio admitido na
legislação pertinente vigente.

Decreto esse que foi acatado por todos os sistemas de educação, apesar da
dificuldade em desenvolver suas atividades, equipes de coordenação pedagógica de
diversas instituições de ensino tiveram que reorganizar seus calendários e suas
estratégias de ensino. A dificuldade era a falta de capacitação adequada para o uso
das tecnologias e suas ferramentas, muitos docentes se sentiram despreparados e
sem opções favoráveis às suas dificuldades.
Outra problemática que veio à tona, foi a disparidade social para o acesso a
esse novo modelo de educação. Este novo modelo de ensino remoto ou ensino
híbrido, está diretamente ligado às tecnologias e ao acesso à internet de qualidade.
Em meio a essa pandemia, o Brasil revelou não estar preparado para as
situações de calamidade, o que tem sido um grande empecilho na hora de elaborar
seus métodos de combate ao vírus, suas soluções para a economia e os moldes da
educação. Mesmo assim, a educação ganhou um ponto a seu favor, finalmente se
pode perceber que a profissão de Pedagogos e Professores é essencial e
insubstituível.

2.3. Organização Curricular Pedagógica do ensino fundamental


A Organização Curricular Pedagógica do Ensino Fundamental é definida pelos
documentos norteadores, são eles; a BNCC (Base Nacional Comum Curricular) e as
26

DCNs (Diretrizes Curriculares Nacionais). Esses documentos definem as principais


competências e habilidades necessárias para cada ano cursado pelos alunos,
auxiliando as instituições de Educação do Brasil a definirem suas estratégias
pedagógicas para um fazer docente respeitando e adequando-se as etapas e
especificidades de cada faixa etária.
Desse modo, faz-se necessário que abordemos quais essas especificidades e
o que é esperado de cada disciplina. Nesse contexto, é necessário apresentar o que
é o Ensino Fundamental e o quê e como deve ser desenvolvido, as disciplinas e os
seus eixos norteadores. Assim, apropriando-se desses conhecimentos para uma
docência de qualidade.
A BNCC (2017, p.57), nos apresenta a seguinte definição de Ensino
Fundamental;
O Ensino Fundamental, com nove anos de duração, é a etapa mais longa da
Educação Básica, atendendo estudantes entre 6 e 14 anos. Há, portanto,
crianças e adolescentes que, ao longo desse período, passam por uma série
de mudanças relacionadas a aspectos físicos, cognitivos, afetivos, sociais,
emocionais, entre outros. Como já indicado nas Diretrizes Curriculares
Nacionais para o Ensino Fundamental de Nove Anos (Resolução CNE/CEB
nº 7/2010)28, essas mudanças impõem desafios à elaboração de currículos
para essa etapa de escolarização, de modo a superar as rupturas que
ocorrem na passagem não somente entre as etapas da Educação Básica,
mas também entre as duas fases do Ensino Fundamental: Anos Iniciais e
Anos Finais.

Sendo assim, a BNCC apresenta o Ensino Fundamental como o mais longo


processo educacional para as crianças e adolescente. Porém, o profissional de
pedagogia trabalha apenas nos anos iniciais. Desse modo, devemos nos concentrar
nessa fase e nas suas especificidades. Nesse sentido, a BNCC aborda a necessidade
do uso de ludicidade para trabalhar essas disciplinas e competências.
A Educação Fundamental l é uma fase de grandes transições, onde a criança
sai do espaço de Educação Infantil, que é cheio de brincadeiras e músicas, para um
ambiente que é mais sóbrio e contido, onde o mesmo irá desenvolver os
conhecimentos em escrita, leitura e cálculos. Por isso, esse processo deve ser bem
trabalhado, observando os conhecimentos prévios dos alunos, suas vivencias e
experiências, respeitando o ritmo que cada um usa para desenvolver-se.
27

Assim, a BNCC (2017) apresenta a sua primeira área; A ÁREA DE


LINGUAGENS. Nela, a BNCC (2017, p.63) aponta o seguinte;
Na BNCC, a área de Linguagens é composta pelos seguintes componentes
curriculares: Língua Portuguesa, Arte, Educação Física e, no Ensino
Fundamental – Anos Finais, Língua Inglesa. A finalidade é possibilitar aos
estudantes participar de práticas de linguagem diversificadas, que lhes
permitam ampliar suas capacidades expressivas em manifestações
artísticas, corporais e linguísticas, como também seus conhecimentos sobre
essas linguagens, em continuidade às experiências vividas na Educação
Infantil.

Nos anos iniciais, a área de linguagem aborda o componente curricular de


Língua Portuguesa, cujo os eixos norteadores são; O Eixo Leitura, O Eixo da Produção
de Textos, O Eixo da Oralidade, O Eixo da Análise Linguística/Semiótica. Dentro
desses eixos existem os campos de atuação, nos anos iniciais eles são; Campo da
vida cotidiana, Campo artístico-literário, Campo das práticas de estudo e pesquisa,
Campo da vida pública. Nesse contexto, o 1º ano do Ensino Fundamental, o foco é a
alfabetização, conforme o aluno vai desenvolvendo-se a língua portuguesa trabalha
com o elemento “texto” e suas muitas formas usando da cultura popular e
componentes do cotidiano como tirinhas, parlendas, folclore, literatura infantil
brasileira, crônicas, canções infantis, gibi, jornais, revistas, embalagens, etc.
Dentro da área de linguagem temos também o componente curricular de Artes,
cujo os eixos norteadores são; As Artes visuais, A Dança, A Música e O Teatro. Dentro
desses eixos existem as dimensões do conhecimento, nos anos iniciais eles são;
Criação, Crítica, Estesia, Expressão, Fruição e Reflexão. Desse modo, o ensino das
artes nos anos iniciais auxilia no desenvolvimento do aluno em diversas questões
como a sensibilidade, o desenvolvimento das suas habilidades motoras, a criatividade
e a interação com os outros.
Ainda na área de linguagem temos também o componente curricular de
Educação Física, cujo os eixos norteadores são; Brincadeiras e jogos, Esportes,
Ginásticas, Danças, Lutas e Práticas corporais de aventura. Dentro desses eixos
existem as dimensões do conhecimento, nos anos iniciais eles são; Experimentação,
Uso e apropriação, Fruição, Reflexão sobre a ação, Construção de valores, Análise,
Compreensão e o Protagonismo comunitário. Assim, o ensino de educação física
28

ensina o cuidado com o corpo, a importância do conhecimento histórico das origens


acerca dos jogos, exercícios e esportes, como também a importância da apropriação
desses conhecimentos para o desenvolvimento físico e mental dos indivíduos
envolvidos.
A BNCC apresenta a sua segunda área; A ÁREA DE MATEMÁTICA. Que é
definida da seguinte forma;
O conhecimento matemático é necessário para todos os alunos da Educação
Básica, seja por sua grande aplicação na sociedade contemporânea, seja
pelas suas potencialidades na formação de cidadãos críticos, cientes de suas
responsabilidades sociais. (BRASIL, 2017, p. 265)

Na área de matemática a BNCC (2017) utilizasse do conceito de letramento


matemático para expressar as necessidades a serem trabalhadas no contexto das
aulas, tendo como base ideias fundamentai para esse desenvolvimento. Essas ideias
fundamentais que produzem articulações entre eles: equivalência, ordem,
proporcionalidade, interdependência, representação, variação e aproximação. Desse
modo, as unidades temáticas a serem trabalhadas no contexto educacional dos anos
iniciais são; Números, Álgebra, Geometria, Grandezas e medidas, Probabilidade e
estatística. Desse modo, a matemática desenvolve o raciocínio logico, a resolução de
problemas e a constatação de resultados lógicos através dos cálculos e do
conhecimento das estruturas que são compostas pelas circunstancias matemáticas.
A ÁREA DE CIÊNCIAS DA NATUREZA é a terceira área que a BNCC (2017)
apresenta, essa área trabalha centralizada no letramento cientifico. Sendo assim;
Para debater e tomar posição sobre alimentos, medicamentos, combustíveis,
transportes, comunicações, contracepção, saneamento e manutenção da
vida na Terra, entre muitos outros temas, são imprescindíveis tanto
conhecimentos éticos, políticos e culturais quanto científicos. Isso por si só já
justifica, na educação formal, a presença da área de Ciências da Natureza, e
de seu compromisso com a formação integral dos alunos. (BRASIL, 2017,
p.321)

Dentro da área de ciências da natureza o componente curricular é Ciências,


através dela pretende-se que o aluno aprenda sobre si mesmo, o mundo material a
sua volta, seus diversos processos de transformação, a natureza e sua importância,
além de desenvolvimento da pesquisa, da busca por respostas e o processo
29

investigativo por traz dos resultados obtidos. Para isso, o componente curricular de
ciências utiliza como unidades temáticas; Matéria e energia, Vida e evolução, Terra e
Universo.
Como quarta, mas não menos importante, a ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS
visa contextualizar e desenvolver as noções de tempo, espaço e o movimento. Assim,
a BNCC (2017, p.353) aponta o seguinte;
A abordagem das relações espaciais e o consequente desenvolvimento do
raciocínio espaço-temporal no ensino de Ciências Humanas devem favorecer
a compreensão, pelos alunos, dos tempos sociais e da natureza e de suas
relações com os espaços. A exploração das noções de espaço e tempo deve
se dar por meio de diferentes linguagens, de forma a permitir que os alunos
se tornem produtores e leitores de mapas dos mais variados lugares vividos,
concebidos e percebidos.

Dentro da área de ciências humanas, temos o componente curricular de


Geografia. Assim, a geografia nos anos iniciais tem como objetivo de aprendizado que
os alunos se localizem dentro do espaço em que estão situados, apontando suas
moradias, seus bairros, cidades, familiares, estruturas e como ele se encaixa dentro
desse meio. Desse modo, as unidades temáticas que a geografia apresenta nos anos
iniciais são; O sujeito e seu lugar no mundo, Conexões e escalas, Mundo do trabalho,
Formas de representação e pensamento espacial e a Natureza, ambientes e
qualidade de vida.
O componente curricular de História faz parte da área de ciências humanas,
traz como aprendizado para os alunos o “Eu” e o “Outro”, dessa forma, os anos iniciais
do ensino fundamental devem abordar o ensino de história de forma espelhada para
realizar os comparativos, desenvolvendo o senso de importância do “Eu”, mas a
importância do “Outro” também. Desse modo, os eixos norteadores do ensino de
história são; os processos de identificação, comparação, contextualização,
interpretação e análise de um objeto ou alguém.

2.3.1. Plano de ação da escola


O Plano de Ação da Escola Flor do Piquiá é elaborado em parceria com
servidores e comunidade atendida pela escola. Através de reuniões, rodas de
conversas, emails e documentos de análise de desempenho dos educandos, é
30

destacado os pontos a serem contemplados pelo plano de ação com base na


concepção; “A escola que queremos”.

Essas necessidades terão total prioridade nas ações por parte da equipe
pedagógica e apoio da comunidade para o seu desenvolvimento e que a solução seja
o mais eficaz possível. Assim, apresentando resultados positivos e de longo prazo,
cabendo, ou não, reorganização das práticas docentes ou complementos por
profissionais de apoio educacional.

Dessa forma, destacamos aqui os principais pontos e ações adotados pela


Escola Flor do Piquiá e sua equipe docente.

AÇÕES OBJETIVOS METAS RECURSOS RESPONSÁVEL PERÍODO


DIDÁTICOS

Frequência Assiduidade Humano Equipe Ano 2020


Aumentar a
escolar; dos alunos. Pedagógica (fevereiro a
Reuniões com frequência Conselho Tutelar dezembro
pais; escolar Pais e
Estabelecer responsáveis
contato efetivo
e pedagógico;

Reuniões com Proporcionar Ter sempre o Humanos Família Ano 2020


pais de alunos atividades compromisso Professores (março a
com baixo diversificada com a efetiva dezembro
Gestor
rendimento s de ensino aprendizage
escolar; aprendizage m dos alunos; Secretaria de
m visando à Educação
-Buscar -Rever
recursos junto melhoria do práticas
aos órgãos desempenho pedagógicas
competentes educacional;
para a
realização das
propostas
apresentadas;
31

Já para o ano de 2021, o Plano de Ação continua focado no acompanhamento


dos alunos professores da instituição, não há nada especifico voltado para as aulas
remotas ou o uso de tecnologias. Ainda assim, a escola continua atuando em modelo
de ensino remoto e/ou entregando atividades impressas para aqueles que não tem
acesso ou apresentam alguma dificuldade.

3. CARACTERIZAÇÃO DA INSTITUIÇÃO
A Escola Municipal de Educação Infantil e Ensino Fundamental Flor do Piquiá,
está inserida no bairro Tiradentes, na zona leste da capital. Sua demanda são alunos
moradores do bairro e suas adjacências. O bairro possui comércios e alguns serviços
básicos, ruas asfaltadas e com calçamento, sinalizadas e com grande fluxo de
movimentação, mas sua população é formada, em sua maioria, por pessoas de baixa
renda e em situação de vulnerabilidade social. A escola está localizada em uma
localidade considerada como periferia de Porto Velho, onde existe um alto índice de
violência e criminalidade. A maioria dos alunos são filhos de pais separados, mães
solteiras ou até mesmo criados com avós.
Atualmente a escola atende crianças de 7 a 10 anos de idade, sendo estes
filhos de famílias carentes e de baixa renda. Muitos sobrevivem de programas sociais
do governo federal ou de trabalhos informais, em sua maioria são pedreiros, auxiliares
de serviços e empregadas domésticas. A escola atende a 515 alunos matriculados e
divididos entre os períodos matutino e vespertino.
Atuando na escola como docentes, são 15 profissionais formados em
pedagogia distribuídos em dois turnos e em 9 salas de aulas, com carteiras, armário,
etc. A equipe de apoio é formada por 8 profissionais, sendo eles; vigilantes,
merendeiras, secretaria e auxiliar, agentes de limpeza escolar, etc.
A estrutura física da escola é composta por; 9 salas de aula,1 sala de diretoria,
1 sala de secretaria, 1 depósito material limpeza,1 dispensa de merenda,1 refeitório,1
cozinha, 1 área de serviço,1 banheiro para os funcionários, 1 banheiro masculino para
os alunos, 1 banheiro feminino para alunas. Todos equipados, em bom estado de
conservação e agradáveis para o uso.
32

3.1. PPP – Projeto Político da Escola


A escola foi construída em meados de 2007, na gestão do Prefeito Roberto
Sobrinho e criada através da Lei complementar 255 de 28 de junho de 2006. A Escola
Municipal de Educação Infantil e Ensino Fundamental Flor do Piquiá situa-se na Av.
Raimundo Cantuária, n° 6727, bairro: Tiradentes – zona urbana de Porto Velho/RO.
Seu nome é uma homenagem, Flor do Piquiá veio homenageando a flora amazônica,
planta originária da Região Norte, denominada “pequizeiro” de suma importância para
as populações interioranas, que ainda preservam o hábito de cultivá-la. A escola
surgiu a partir das obras de compensação social por parte das empreiteiras
responsáveis pela construção das Usinas Hidroelétricas construídas em Porto Velho.
Inaugurada no dia 14 de abril de 2007 pela Secretaria Municipal de Educação
Epifânia Barbosa da Silva e o Prefeito Roberto Sobrinho com a presença dos
moradores do bairro no qual a escola está inserida. A escola iniciou suas atividades
pedagógicas no dia 16 de abril de 2007, tendo como diretora Vitória Régia Mustafá e
o vice-diretor Mayr Braga Passos. O cargo de diretor atualmente é ocupado pelo Sr.
Mayr Braga Passos, que assumiu o cargo em 2020.
A Escola está organizada com base nos princípios da Gestão Democrática,
para garantir a participação da comunidade escolar na gestão do ensino, no pluralismo
de ideias e de concepções pedagógicas, possibilitando maior grau de autonomia
pedagógica, administrativa e de gestão financeira, de forma a assegurar um padrão
de qualidade ao ensino.
A Gestão Democrática será efetivada por intermédio dos seguintes
mecanismos de participação:
I - Conselho Escolar;
II - Escolha de Diretor
III - Projeto Político Pedagógico – PPP.
A Escola conta com Conselho Escolar constituído pela Direção e
representantes dos segmentos da comunidade escolar, com estatuto próprio
aprovado. A investidura do cargo de Diretor e do Vice-Diretor, após o Decreto 14.354,
de dezembro de 2016, que suspende a realização de eleições diretas, será feita
33

mediante a nomeação por Ato do titular da Secretaria Municipal de Educação,


observando os critérios e normas específicas vigentes quanto à qualificação para o
exercício das funções, estabelecidos na legislação específica.
Os Programas financeiros recebidos pela Escola, através do Conselho Escolar
é integrado com a comunidade escolar, cujo objetivo é administrar esses recursos
seguindo os princípios básicos da administração pública que é o princípio da
Legalidade, o princípio da Moralidade e o princípio da Imparcialidade. Esses recursos
são aplicados de forma descentralizada, pois é a própria escola que administra tais
recursos, através de sua unidade executora. Os recursos atualmente recebidos são:
PNAE, PMAE, PDDE e PROAFEM. O Conselho Escolar também administra os
recursos obtidos com a Festa Junina, ETC....
As atividades desenvolvidas pela escola estão baseadas no Currículo Municipal
de Educação, o qual fora desenvolvido conforme as diretrizes da BNCC (2017), o
Projeto Político Pedagógico é elaborado e executado pela comunidade escolar,
conforme a Resolução Nº 05/CME-2011- Portaria nº 274/2014-GAB/SEMED. Porém,
adaptando o que for necessário as necessidades dos educandos e o contexto que
estão inseridos. Sendo assim, a Escola Municipal de Educação Infantil e Ensino
Fundamental Flor do Piquiá atua para o desenvolvimento pleno e cidadão dos alunos
da Educação Infantil e do Ensino Fundamental, mediando o desenvolvimento das
suas habilidades e respeitando os seus direitos como cidadãos.

4. DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NO ESTÁGIO REMOTO


4.1. Observação e Participação
O método de observação e participação fora através de um instrumental
denominado Rubrica Online, seu objetivo consistiu em observarmos pontos específico
e detalhados sobre a nova metodologia de ensino remoto. Como não há possibilidade
de estarmos em um espaço escolar físico, nossa participação como estagiários
ocorreu nas vias tecnológicas que a escola mencionada está utilizando para manter
as aulas. Sendo assim, os acadêmicos foram inseridos em grupos de WhatsApp
criados pelos docentes para seu contato com as respectivas turmas.
34

O presente relato é um apanhado das vivências do estágio remoto, que se


iniciou no dia 03 de maio de 2021 e fora encerrado no dia 14 de maio de 2021. Para
uma melhor compreensão, a avaliação das observações e participações estão
catalogadas em tópicos a posteriori:
a) Atmosfera da sala: a docente e os discentes se mostraram muito receptivos,
embora alguns alunos não se manifestaram no primeiro momento, no decorrer das
aulas foram se mostrando acolhedores e participativos. A docente está sempre se
mostrando disponível, atenciosa e solícita em qualquer relação às aulas e a dinâmica
do grupo da sala de aula.
b) Organização da sala: durante todo o acompanhamento a docente faz
questão de enviar áudios ou vídeos reforçando os combinados, as regras do grupo, o
desenvolvimento das atividades. A docente repete esse processo ao final de cada
aula, se despedindo e reforçando a necessidade da participação de todos no próximo
encontro virtual.
c) Uso de recursos: os recursos utilizados são, em sua maioria, audiovisuais
disponibilizados nos primeiros horários do dia, para que alunos e os seus
responsáveis tenham tempo suficiente para realizar as atividades. Alguns materiais
impressos são disponibilizados na sede da escola, nos períodos de início da semana
(segunda-feira), para a retirada pelos responsáveis, facilitando a realização das
atividades sugeridas.
d) Papel do professor-mediador: a docente se mostra sempre disponível para
auxiliar na retirada de dúvidas ou recepção das atividades concluídas, que são
entregues por meio de fotografias. Suas aulas são explicativas e sucintas, para que
não haja a perda de interesse por parte do aluno.
e) Atividades assíncronas: as atividades tinham prazos específicos, porém,
como os alunos necessitam de auxílio dos responsáveis para a realização das
atividades, os prazos de execução e entrega se tornaram flexíveis.
f) Atividades desenvolvidas na aula online: as atividades desenvolvidas pelos
educandos estão pautadas de acordo com as orientações da BNCC (2017), sempre
levando em consideração o momento vigente. Muitas atividades proporcionam uma
35

interação familiar como; construção de brinquedos, produções artísticas e


brincadeiras.
g) Interação na aula online: os momentos de aula remota são sempre
aconchegantes, a docente busca se comunicar com os alunos através de áudios e
vídeo-aula sempre com saudações amáveis, músicas do repertório infantil popular,
uso de figurinhas (produtos oferecidos pelo aplicativo WhatsApp) e mensagens
cativantes, os alunos e seus responsáveis têm oportunidade de participação e
interação. A docente estende os horários de atendimento e recebimento das
atividades, buscando levar em consideração as jornadas de trabalho dos
responsáveis.
h) Tempo de aula: o tempo de aula são 4h corridas, porém, a docente busca
disponibilizar as atividades ainda nos primeiros horários do dia para que os educandos
tenham tempo hábil para realização das atividades. O tempo de aula não está limitado
ao período em que os mesmos se encontram matriculados, a docente é flexível em
relação ao tempo de conclusão e entrega das atividades.
i) Necessidade de conhecimento prévio: a docente busca desenvolver as
atividades de acordo com os conhecimentos prévios dos alunos, levando em
consideração a atual situação que ambos enfrentam em meio a pandemia. Sua
dificuldade é em relação aos responsáveis que auxiliam os alunos, muitos deles não
têm grau de escolaridade satisfatório e as atividades lhe parecem indecifráveis,
porém, a docente disponibiliza informações complementares sempre que necessário.
j) Autonomia do aluno: os alunos estão desenvolvendo aos poucos as questões
de autonomia, pois, devido à idade em que os mesmos se encontram, não é viável o
desenvolvimento de atividades que estimule essa autonomia. Mesmo que seja
necessário para o desenvolvimento, sem a mediação pedagógica se torna difícil
desenvolver tais habilidades.
k) Avaliação de aprendizagem: a avaliação é feita através do envio de
fotografias e vídeos solicitados para o momento da entrega e conclusão das
atividades, ajustando-os quando necessário.
36

4.2. Regência
O momento da regência foi elaborado em conjunto com a docente responsável,
através de um grupo de WhatsApp. Assim, nos foi sugerido algumas atividades
relacionadas aos conteúdos que a docente já possuía no planejamento de aulas. Por
se tratar de um estágio remoto as atividades propostas deveriam ser por meio de
vídeo-aulas bem detalhadas e claras para o bom desenvolvimento e entendimento por
parte dos alunos.
A Unidade Temática contemplado nessa atividade foi; “Números”, e seus
objetos de conhecimento descrito na BNCC (2017, p.286) como; “Problemas
envolvendo diferentes significados da multiplicação e da divisão: adição de parcelas
iguais, configuração retangular, repartição em partes iguais e medida”.
O objetivo de aprendizagem e desenvolvimento contemplado encontra-se na
BNCC (2017, p.287) que é descrito da seguinte forma: (EF03MA07) “Resolver e
elaborar problemas de multiplicação (por 2, 3, 4, 5 e 10) com os significados de adição
de parcelas iguais e elementos apresentados em disposição retangular, utilizando
diferentes estratégias de cálculo e registros”. Dessa forma, a atividade sugerida foi a
de: Problemas envolvendo diferentes significados da multiplicação e da divisão:
adição de parcelas iguais, configuração retangular, repartição em partes iguais e
medidas.
A atividade consistiu em uma vídeo-aula explicativa sobre como realizar as
multiplicações de forma simples, utilizando como recursos vídeos do Youtube, vídeo
explicativo gravado com o meu celular, de forma bem detalhada demonstrando passo-
a-passo das melhores maneiras de realizar a multiplicação. Houve, também, um
momento de interação com os alunos através do Meet com desafios de multiplicação
e esclarecimento de possíveis dúvidas. Essa atividade foi enviada no dia 14 de maio
de 2021, ainda no período da manhã para que pais e alunos tivessem tempo para
realizar as atividades.
A apresentação e avaliação das atividades ocorreu por meio de fotografias e
vídeos dos alunos realizando as multiplicações nas atividades do livro didático, cada
um ao seu modo, as atividades propostas já realizadas e enviando as mesmas no
37

grupo de WhatsApp da sala de aula no dia 16 de maio de 2021 no período da manhã


(horário em que os discentes estão matriculados).

5. ANÁLISE DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS


Diante das análises e observação das metodologias trabalhadas pela docente,
é possível concluir que a mesma está, incessantemente, em busca de novos métodos
educacionais para desenvolver suas atividades de acordo com as exigências da
BNCC e as necessidades momentâneas que estão sendo enfrentadas. Sua acolhida,
seus momentos de demonstração de disponibilidade são, visivelmente, uma
característica afetiva em relação aos alunos.
Porém, mesmo que ainda os resultados não sejam satisfatórios, por conta das
situações sociais em que os alunos estão inseridos, as tentativas em desenvolver as
competências necessárias para o ano em que os mesmos estão matriculados, têm
demonstrado o quanto os profissionais estão lutando para trabalhar com esse modelo
de educação atual.
Porém, vale salientar, que em meio a situação de ensino remoto, um novo fator
tem alcançado êxito, que é a participação ativa dos familiares no processo escolar dos
alunos. Dessa forma, os alunos que ainda estão diretamente conectados afetivamente
com os seus responsáveis, têm demonstrado profundo interesse na realização das
atividades, o que acaba fortalecendo os vínculos afetivos e a aprendizagem.
Através da vivência desse estágio é possível perceber o quão fundamental é a
Educação para o desenvolvimento pleno da criança como cidadão e, principalmente,
como ser social. Suas expressividades buscam desenvolver todas as competências
necessárias para uma vida de participação e interação social, embora muitos
critiquem e percebam a Escola apenas como um espaço para “depositar” as crianças,
as intervenções realizadas são planejadas para que o aluno aprenda de forma
satisfatória e atenda as propostas de ensino.
38

6. PROJETO DE INTERVENÇÃO
O projeto de intervenção intitulado “A mamãe merece o melhor” fora elaborado
pela própria docente titular da turma em que estagiamos em parceria com as
acadêmicas de pedagogia lotadas em sua classe. Esse projeto teve por objetivo
proporcionar um momento diferenciado para as mães dos alunos matriculados no 3º
ano, buscando proporcionar um Dia das Mães mesmo em meio ao atual cenário de
pandemia que estamos enfrentando.
Desta forma, o projeto foi dividido em três etapas para o seu desenvolvimento
e conclusão. Na primeira etapa, buscou-se arrecadar o valor dos materiais para a
confecção das lembrancinhas. Na segunda etapa, foi o momento da produção das
lembrancinhas e a montagem. Na terceira e última etapa, fora o momento de
distribuição das lembrancinhas, onde a docente se encarregou de realizar a entrega
para as mães dos alunos.
O desenvolvimento do Projeto “A mamãe merece o melhor” teve seu início no
dia 06 de maio e sua finalização no dia 10 de maio. Todo desenvolvimento do projeto
culminou em um resultado positivo e satisfatório, a entrega foi realizada junto com a
entrega do kit alimentar, obedecendo as normas de segurança sanitárias vigentes e
oportunizando um momento de interação com os familiares.

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES


Como já mencionado, a Educação Fundamental l é a principal modalidade de
ensino de todo o processo educacional, é através dela que o aluno desenvolve a sua
identidade como ser social e passa a se perceber como um sujeito histórico,
aprendendo e desenvolvendo suas habilidades para um convívio social participativo e
interacionista. Ao desenvolver um fazer docente eficaz durante esse período, os
vínculos escolares irão se consolidar de maneira satisfatória.
O docente que atua na Educação Fundamental l deve estar capacitado e
munido das ferramentas metodológicas para o desenvolvimento das atividades. É
necessário que em meio a sua formação, o docente conheça as ferramentas
tecnologias básicas, uma boa alternativa são os cursos onlines disponíveis da
39

plataforma do AVA MEC, ou ainda, na página do SerProf e todos esses disponibilizam


certificação gratuita. Existem também, muitos tutoriais no YouTube para aqueles que
tem pressa.
Desse modo, sua atuação é determinante no processo de desenvolvimento
educacional de maneira satisfatória e eficaz. Sempre levando em consideração as
fases de desenvolvimento do aluno e os processos de aprendizagem cognitivos das
crianças que lhe são submetidas aos seus cuidados, embora os alunos pareçam
pouco atentos, essa é a sua fase de maior aprendizado. Por isso, utilizar a tecnologia
como ferramenta pedagógica pode auxiliar em mantê-los interessados nas aulas.
O desenvolvimento cognitivo é acelerado nessa fase, onde descobertas e
interações são armazenadas e processadas, de modo que, boa parte das suas
vivências serão fundamentais para o decorrer da vida do indivíduo. Assim, seus feitos
e realizações sempre terão como base as habilidades desenvolvidas na Educação
Fundamental. Sendo assim, procurem utilizar jogos e aplicativos para realizar
atividades de fixação ou mesmo avaliações de aprendizado.
Apesar de nos encontrarmos em um momento fatídico, é impressionante ver
como os docentes não têm poupado esforços para desenvolverem atividades
direcionadas ao bom aproveitamento da educação, fundamentados nas normas
vigentes e atuando de forma afetuosa e acolhedora, ainda que seja a distância. Muitos
estão buscando aprender a lidar com esse momento e se capacitando para que a
Educação seja sempre um processo contínuo e existente na sociedade independente
das calamidades que a assolam.

REFERÊNCIAS
ALVES, Lynn.EDUCAÇÃO REMOTA: ENTRE A ILUSÃO E A REALIDADE.Interfaces
Científicas. Aracaju/SE. V.8, N.3, p. 348 - 365. 2020. Fluxo Contínuo.
BACICH, Lilian. NETO, Adolfo Tanzi. TREVISANI, Fernando de Mello. Ensino
híbrido: personalização e tecnologia na educação [recurso eletrônico] /
Organizadores, Lilian Bacich, Adolfo Tanzi Neto, Fernando de Mello Trevisani. – Porto
Alegre: Penso, 2015. e-PUB.
40

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Consulta Pública. Brasília,


MEC/CONSED/UNDIME, 2017.
BRASIL.PROJETO DE LEI N.º 9.165, DE 2017 (Do Poder Executivo). CAMARA
DOS DEPUTADOS, Brasília/DF. Disponível em:
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra;jsessionid=AC4D3E
73DECCF990455F75C5354A4E89.proposicoesWebExterno2?codteor=1675485&file
name=Avulso+-PL+9165/2017. Acesso em: 22/06/2021.
BRASIL. RESOLUÇÃO CNE/CP 1, DE 18 DE FEVEREIRO DE 2002. CNE.
Resolução CNE/CP 1/2002. Diário Oficial da União, Brasília, 9 de abril de 2002. Seção
1, p. 31. Republicada por ter saído com incorreção do original no D.O.U. de 4 de março
de 2002. Seção 1, p. 8. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CP012002.pdf. Acesso em: 24/06/2021.
CARVALHO, Adélia Honório de. A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA EDUCAÇÃO A
DISTÂNCIA NO BRASIL: AVANÇOS E RETROCESSOS. 2013. Ministério da
Educação. Universidade Tecnológica Federal do Paraná Diretoria de Pesquisa e Pós-
Graduação Especialização em Educação: Métodos e Técnicas de Ensino. Paraná.

CASTANHA, André Paulo. Edição crítica da legislação educacional primária do


Brasil imperial: a legislação geral e complementar referente à Corte entre 1827
e 1889. / André Paulo Castanha-Francisco Beltrão: Unioeste – Campus de
Francisco Beltrão; Campinas: Navegando Publicações, 2013.

FRIZON, Vanessa. LAZZARI, Marcia De Bona. SCHWABENLAND, Flavia Peruzzo.


TIBOLLA, Flavia Rosane Camillo. A FORMAÇÃO DE PROFESSORES E AS
TECNOLOGIAS DIGITAIS. EDUCERE, XII CONGRESSO NACIONAL DE
EDUCAÇÃO. PUC/PR.2015. Disponível em:
https://educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2015/22806_11114.pdf. Acesso em:
24/06/2021.
PALÚ, Janete. SCHÜTZ, Jenerton Arlan. MAYER, Leandro. Desafios da educação
em tempos de pandemia / organizadores: Janete Palú, Jenerton Arlan Schütz,
Leandro Mayer. - Cruz Alta: Ilustração, 2020.
PONCE, Aníbal, (1898-1938). Educação e luta de classes/Aníbal Ponce, tradução
de José Severo de Camargo Pereira.- 18. ed.- São Paulo: Cortez, 2001.

RONDÔNIA. Diário Oficial Estado de Rondônia. Porto Velho, 14 de maio de


2020.Edição 91. Disponível em: https://ppe.sistemas.ro.gov.br/Diof/Pdf/2081. Acesso
em: 12/10/2020.

ROSA, R. T. N. Das aulas presenciais às aulas remotas: as abruptas mudanças


impulsionadas na docência pela ação do Coronavírus-o COVID-19. Rev. Cient.
41

Schola Colégio Militar de Santa Maria Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil Volume
VI, Número 1, Julho 2020. ISSN 2594-7672. Disponível em:
http://avaliacao.se.df.gov.br/wp-content/uploads/2020/08/Rosa-2020-Das-aulas-
presenciais-as-aulas-remotas_-as-abruptas-mudancas-impulsionadas-na-docencia-
pela-acao-do-Coronavirus-o-COVID-19.pdf . Acesso em: 22/06/2021.

SAVIANI, Dermeval. GALVÃO, Ana Carolina. Educação na Pandemia: a falácia do


“ensino” remoto. Covid 19: Trabalho e saúde docente. ANDES-SN. 2021

SOUZA, José Clécio Silva e. Educação e História da Educação no Brasil. Revista


Eletrônicas; Educação Pública. Publicado em 27 de novembro de 2018. Disponível
em:https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/18/23/educao-e-histria-da-educao-
no-brasil. Acesso em: 02/03/2021.
42

APÊNDICES
43

ANEXOS

Você também pode gostar