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FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

AUH0154 - História e Teorias da Arquitetura III

ALUNA: Melissa Aiko Basilio Myoshi N° USP: 11758931

Resenha 3

“A Arte Decorativa de Hoje”


Le Corbusier

Charles Edouard Jeanneret, mais conhecido pelo pseudônimo de Le Corbusier,


foi um arquiteto, urbanista, escultor e pintor suíço nascido em La Chaux-de-Fonds
em 1887 e naturalizado francês em 1930. Muitos consideram Le Corbusier o
arquiteto mais popular, influente no domínio da urbanização e um dos grandes
nomes da arquitectura moderna, tendo sido uma das figuras mais notáveis da época
durante o século XX.

Assim, ainda hoje, as suas obras são de grande importância, visto que
ultrapassam a obra de outros arquitectos de renome da época, principalmente em
relação ao desenvolvimento de um novo estilo e na adesão a conceitos teóricos
inovadores que se voltavam mais para a utilidade do que para a decoração. A
arquitetura, para ele, era mais do que apenas embelezar edifícios com monumentos
e características exteriores; ele estava interessado na linguagem que a estrutura
expressava, e a beleza tinha que ser subjugada à utilidade. Como resultado, a
maneira como construímos e pensamos sobre arquitetura mudou drasticamente.

A obra aqui analisada “A Arte Decorativa de Hoje”, um dos livros mais


conhecidos de Le Corbusier, foi publicado inicialmente em 1925 como um volume
que acompanhava "Por uma arquitetura" e "The city of To-morrow", dois dos ensaios
mais significativos de Le Corbusier sobre arquitetura e planejamento urbano. "A Arte
Decorativa de Hoje" foi inspirada e publicada em resposta à Exposição de Artes
Decorativas de Paris de 1925. Nela, Le Corbusier não mostrou interesse pelo que
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viu, ao contrário, demonstrou-se alerta para várias tendências que julgou nocivas ao
design de interiores, industrial e arquitetônico que vinham se expandindo.

Nesse sentido, o autor afirma que a decoração é enganosa, um ardil usado por
artesãos pobres para esconder a má qualidade de seu trabalho. Isso, em sua
opinião, era muito mais do que apenas uma questão de estilo; tratava-se da
profunda qualidade e bem-estar da sociedade.

Assim, no livro, Le Corbusier discute os "equipamentos da casa" - itens


diários e móveis - enfatizando o surgimento de ferramentas manufaturadas
industrialmente e móveis de tipo prático desprovidos de adornos. Para ele, esses
sim seriam itens necessários que atendem aos nossos desejos, buscando a “escala
humana” e a “função humana”, e não caem no guarda-chuva estético, uma vez que
se opunha abertamente aos movimentos e estilos historicistas da época, prevendo a
desastrosa entrada do Art Déco, que realmente começou com a Expo. Nesse
sentido, em sua obra o autor habilmente aborda as questões de criatividade
artística, industrialização e a divisão entre artes menores e maiores que evoluíram
no século XX.

No decorrer da obra os objetos e os móveis não são a única ênfase e a


própria arquitetura se torna tema básico das várias reflexões que fluem no texto,
exatamente porque a arte ornamental está fortemente ligada à arte de morar e viver.
Dessa forma, em parte para explicar melhor suas ideias, ele presta muita atenção à
estrutura composicional do livro, notadamente o layout do texto e da ilustração, que,
como em “Por uma arquitetura”, tende a exibir o livro como uma obra de arte
completa. As imagens são continuamente ressonantes, fazem referência e se
relacionam com as preocupações e críticas atuais, e frequentemente estão
relacionadas a tópicos relativos a artistas de vanguarda.

Em relação à questão da disposição iconográfica, nesta obra, as imagens


costumam ter precedência sobre o texto escrito, criando uma longa pausa visual na
narrativa principal. Fotografias e esboços de coisas, maquinários, interiores,
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arquitetura e obras de arte se alternam com peças de jornais e anúncios para criar
um documento inteligente e inesperado que é claramente um manifesto.

Enfim, este importante livro é um documento de grande utilidade para a


história atual, que continua a descobrir temas intermináveis ​e interessantes de
investigação e exploração na obra e nas palavras de Le Corbusier. O poder de seus
aforismos, pensamentos teóricos e montagem contribuem para que seja
surpreendente e de uma forma cativante relevante para o presente. Seu rico
repertório de ilustrações, formas e exemplos é muito valioso e importante para
designers e a produção industrial de ferramentas e objetos de decoração
atualmente.

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