Você está na página 1de 76

AULA 3 – Reagentes: coletores

Profa Elenice Schons


COLETOR
 A maioria das espécies minerais é hidrofílica,
necessitando uma hidrofobizição de sua superfície.

 Os coletores são surfactantes que se caracterizam por


ter uma molécula heteropolar, ou seja, uma parte da
molécula é inorgânica e a outra é orgânica (apolar).
Características de uma molécula
heteropolar
COLETOR
 O coletor adsorvido na superfície mineral forma uma
película hidrofóbica que impede a hidratação da
superfície, possibilitando a adesão da partícula à bolha
de ar.

 Por sua vez, as partículas não hidrofobizadas, cobertas


por moléculas de água, permanecem na polpa até a
descarga.
Sistema trifásico de flotação com a
presença de partículas hidrofobizadas e hidrofílicas
COLETOR
 Adsorção na interface líquido-gás
 Devido à natureza heteropolar de sua molécula, 0
coletor, em solução aquosa (considerando 0 sistema
bifásico) tende a adsorver-se na interface líquido-gás.

 A presença de surfactantes provoca o abaixamento da


tensão superficial da interface e contribui para a
formação da espuma.
COLETOR
 Formação de micela
 A tensão superficial diminui com a concentração do
coletor até um determinado nível denominado
concentração micelar crítica (CMC).

A partir dessa concentração a tensão superficial


estabiliza e as moléculas residuais do surfactante passam
a formar micelas.
Tensão superficial da interface água-ar em função da
concentração do surfactante e formação de micelas a partir da
CMC
COLETOR
 A concentração micelar crítica de cada surfactante
diminui com:
 a) Tamanho da cadeia hidrocarbônica;

 b) Concentração de sais na solução;

 c) Acidez do meio.

 Aumenta com:
 a) Temperatura;
 b) Alcalinidade.
COLETOR
 Tamanho da cadeia hidrocarbônica
 O número de carbonos na cadeia orgânica dos reagentes
pode variar de 3 (xantatos) a 17 (oleato).

 A tenacidade da adesão à bolha de ar aumenta com 0


número de carbonos – os coletores com cadeias longas
proporcionam maiores recuperações.

 No entanto, à medida que aumenta o tamanho da cadeia


hidrocarbônica diminuem a solubilidade e a CMC – isso
limita o tamanho da cadeia orgânica para cada tipo de
coletor.
COLETOR
 Podem ser aniônicos ou catiônicos, conforme a carga
elétrica resultante da ionização da molécula:
 Coletores catiônicos: aminas e seus sais.

 Coletores aniônicos: sulfidrílicos ou oxidrílicos.


 Sulfidrílicos: mercaptantes, tiocarboxílicos, tiocarbônicos,
tiocarbâmicos e 0 tiofosfórico.

 Oxidrílicos: carboxílicos (ácidos graxos), aquil sulfatos,


sulfonatos orgânicos, hidroxamatos e succinamatos, entre
outros.
COLETOR
 Coletores catiônicos (aminas)
 As aminas são derivadas da amônia (NH3) pela
substituição de um ou mais de seus átomos de
hidrogênio por um número correspondente de cadeias
hidrocarbônicas.

 As aminas podem ser primárias, secundárias, terciárias


ou sais quaternários, conforme o número de radicais
hidrocarbônicos unidos ao átomo de nitrogênio.
COLETOR
 Coletores catiônicos (aminas)
 Dentre os surfactantes catiônicos com potencial para
uso como coletor, as aminas primárias têm sido as únicas
utilizadas na flotação.

 São reagentes que ionizam por protonação:

RNH2(aq) + H2O(l)  RNH3+(aq) + OH-(aq)


COLETOR
 Coletores catiônicos (aminas)
 Ao contrário das aminas quaternárias, que se ionizam
completamente, as aminas primárias, secundárias e
terciárias, por serem bases fracas, se ionizam em função
do pH. A espécie iônica funciona como coletor primário.

A constante de ionização é importante porque


determina a proporção da espécie iônica com relação à
espécie molecular presente no sistema.
COLETOR
 Coletores catiônicos (aminas)
 Quando uma amina é colocada em água, a quantidade
das espécies RNH3+ , RNH2(aq) e RNH2(s) depende do pH:
 Em meio ácido predomina a espécie RNH3+.

 Em pH em torno de 10 a quantidade da espécie RNH3+ cai


bruscamente.

 Em meio extremamente alcalino predominam as espécies


moleculares.
COLETOR
 Coletores catiônicos (aminas)
 As aminas são reagentes que possuem solubilidade
limitada. Devido a esse fato, frequentemente, são
utilizadas sob a forma de sais solúveis.

 O ácido acético (RCOOH) e 0 ácido clorídrico (HCl) são


os mais usados para neutralizar a base orgânica.

 Uma das razões da preferência é a atividade


praticamente nula dos ânions liberados, 0 que é
importante para o controle do processo.
COLETOR
 Coletores catiônicos (aminas)
 Neutralização com ácido clorídrico:

RNH2 + HCl  RNH3+ + Cl-

 A parte solidofílica da molécula da amina adsorve-se na


superfície do mineral por atração eletrostática:
adsorção física.
COLETOR
 Características da flotação com amina:
 1) A ação do coletor é pouco seletiva. A adsorção é
possível em qualquer superfície que apresente sítios
negativos;

 2) As moléculas do coletor concentram-se no plano


externo: Helmholtz e na camada de Gouy;

 3) O baixo calor de adsorção envolvido torna possível a


reversão do processo. Isso significa que a quebra do
equilíbrio eletroquímico do sistema pode provocar a
dessorção do coletor e a interrupção da flotação.
COLETOR
 Coletores catiônicos (aminas)
 O fato de ser possível a dessorção pode possibilitar a
recuperação e reutilização do reagente:
 Oliveira et alli (1996) realizaram uma lavagem do quartzo
hidrofobizado em pH 4 e conseguiram recuperar cerca de 60%
da amina adsorvida.

 Baltar et alli (2002) realizaram vários estágios de lavagem e


reutilização de uma eter-dodecilamina comercial,
conseguindo uma recuperação de 40% do quartzo no 6° ciclo
de reutilização. A dessorção aumenta com a acidez na
lavagem.
Concentração residual de coletor e recuperação de
quartzo obtida para cada ciclo de reutilização
COLETOR
 4) A densidade de adsorção da amina aumenta com 0
excesso de carga negativa da superfície mineral.
Portanto, a eficiência do processo é fortemente afetada
pela concentração de íons determinantes de potencial
(IDP).
COLETOR
 5) A partir de determinadas concentrações, outras
espécies catiônicas competem com a amina pelos sítios
negativos da superfície mineral. A competição reduz a
densidade de adsorção do coletor, diminuindo a
probabilidade de choque efetivo entre as bolhas e a
partícula mineral e, consequentemente, afetando
negativamente a cinética de flotação. Portanto, 0 tempo
de flotação deve ser ajustado em função da concentração
de espécies competidoras.
Influência da concentração de Al3+, na solução, na
flotação de feldspato com uma amina comercial
(Baltar e Cunha, 2002)
Recuperação do feldspato em função do tempo de
flotação e da concentração de íons cálcio (Baltar e
Cunha, 2002)
COLETOR
 6) Esse tipo de coletor não é indicado em caso de
minério com grande quantidade de finos. Tratando-se de
um coletor pouco seletivo, e considerando-se que as
partículas finas tem maior área superficial e maior
energia livre de superfície, a amina é consumida
preferencialmente pelos finos e, como consequência,
ocorre uma redução na recuperação.
Influência da presença de finos de minério oxidado de
zinco na eficiência do processo de flotação com um acetato de
amina (Baltar e Villas Boas, 1980)
COLETOR
 7) O condicionamento mineral-coletor é necessário
apenas para promover a homogeneização, já que a
adsorção eletrostática é instantânea. Baltar e Oliveira
(1998), observaram que, no momento da adsorção de
uma dodecilamina na superfície de uma sílica, o
potencial zeta das partículas passou de -50 mV para -0,6
mV. Essa considerável variação de potencial ocorreu em
apenas 8 segundos. Após a adição do surfactante, 0
potencial zeta manteve-se praticamente constante até 0
final do experimento.
COLETOR
 8) A partir de uma determinada concentração, as
aminas adsorvem-se na superfície mineral formando
hemi-micela, a qual expõe a parte polar da molécula do
coletor e, como consequência, devolve a
hidrofilicidade à superfície, impedindo a flotação.
 A concentração do coletor para a formação da hemi-micela
depende da quantidade de sítios disponíveis para a adsorção.
A formação de hemi-micela na superfície mineral ocorre em
concentração abaixo da CMC do reagente em sistema aquoso.
Formação de hemi-micela na superfície de
um mineral
COLETOR
 Em uma curva típica de flotação com amina, observa-se
que:
 A recuperação é praticamente nula em meio muito ácido – a
carga elétrica da superfície é desfavorável à adsorção da amina
(não há adsorção abaixo do ponto isoelétrico do mineral).

 Com o aumento do pH, cresce a possibilidade de adsorção e,


recuperação.

 A máxima flotabilidade ocorre em pH levemente alcalino,


com a superfície apresentando um excesso de carga negativa.
COLETOR
 Para valores elevados de pH, a amina assume a forma
molecular (RNH2).

 A coexistência das espécies iônica e molecular é favorável à


flotação: a espécie molecular atua como coletor auxiliar, de
modo a favorecer a hidrofobicidade da superfície.

 A flotabilidade passa a ser nula na ausência da espécie iônica


(RNH3+) – acontece em valores de pH bastante elevados.
Influência do pH na flotação de feldspato com
amina (Baltar e Cunha, 2002)
Uso de aminas graxas e seus derivados
COLETOR
 Coletores aniônicos
 Podem ser oxidrílicos ou sulfidrílicos conforme 0
carbono (ou fósforo) ligado à cadeia hidrocarbônica
esteja associado a um átomo de oxigênio ou enxofre,
respectivamente.
COLETOR
 Coletores aniônicos: oxidrílicos
 Ácidos graxos
 São encontrados em óleos e gorduras de origem vegetal ou
animal. Os de cadeia hidrocarbônica grande são conhecidos
como ácidos graxos.
R: representa uma cadeia hidrocarbônica
responsável pela hidrofobização da
superfície mineral.

O radical COOH tem propriedade


solidofílica.
COLETOR
 Coletores aniônicos: oxidrílicos
 Ácidos graxos
 São ácidos fracos, o que significa que a ionização depende do
pH.

 O grupo carbonila (CO) tem características hidrofílicas 0 que


implica na necessidade do uso de ácidos carboxílicos de cadeia
hidrocarbônica longa (ácidos graxos), para assegurar uma
eficiente hidrofobização superficial.

 Por isso, os coletores carboxílicos apresentam os problemas de


espumação excessiva e baixa solubilidade.
COLETOR
 Coletores aniônicos: oxidrílicos
 Ácidos graxos
 Amenização d0 problema da baixa solubilidade: utiliza-se esse
tipo de coletor na forma de sal (carboxilato).

 A saponificação do ácido carboxílico ocorre a partir da reação


com uma base (NaOH ou KOH).
COLETOR
 Coletores aniônicos: oxidrílicos
 Ácidos graxos
 O íon coletor pode adsorver-se fisicamente em qualquer
superfície com excesso de carga positiva. No entanto, a
adsorção física desse tipo de coletor é raramente observada já
que, em meio ácido, quando a maioria dos minerais está
abaixo do seu ponto isoelétrico, com excesso de carga
superficial positiva, a reação se desloca para a esquerda, o íon
carboxílico reage com o H+ e volta à forma molecular,
perdendo a capacidade de se adsorver por atração
eletrostática.
 A adsorção dos coletores carboxilatos ocorre
predominantemente por adsorção química.
Espécies presentes em função do pH
COLETOR
 Coletores aniônicos: oxidrílicos
 Ácidos graxos
 1) A adsorção dos coletores carboxílicos é
predominantemente de natureza química, com todas as
consequências decorrentes desse tipo de adsorção: (a)
adsorção no plano interno de Helmholtz; (b) formação de
composto superficial; (c) seletividade; (d) alta energia de
interação (o que implica na irreversibilidade da adsorção) e
(e) necessidade de um tempo mínimo de contato para a
formação do composto (0 tempo de condicionamento
necessário pode ser longo).
COLETOR
 Coletores aniônicos: oxidrílicos
 Ácidos graxos
 2) Sendo uma adsorção de natureza química, o fator
dominante para que a hidrofobização superficial possa
ocorrer é a existência de elementos químicos, na superfície,
que formem compostos insolúveis com o íon coletor.
 Os coletores carboxílicos tem grande afinidade pelos alcalinos
terrosos (Ca2+, Mg2+, Ba2+ e Sr2+) com os quais formam sais
praticamente insolúveis. Dessa forma, esses coletores são
bastante eficientes para: fluorita (CaF2); calcita (CaCO3);
magnesita (MgCO3), barita (BaSO4), celestita (SrSO4) etc.
COLETOR
 Coletores aniônicos: oxidrílicos
 Ácidos graxos
 3) Considerando-se que os ácidos carboxílicos tem grande
afinidade pelos alcalinos terrosos, não se deve usar esse tipo de
coletor em flotação cuja água tenha concentração alta desses
cátions (águas duras, por exemplo).

 4) O tempo de condicionamento é um parâmetro importante em


sistemas de flotação com coletores carboxílicos, já que a cinética
da formação do composto superficial pode ser lenta. Baltar e
Almeida (2002) observaram a necessidade de um tempo de
condicionamento mínimo de 5 minutos para a flotação de barita
com oleato de sódio.
Influência do tempo de condicionamento do coletor na
recuperação da barita
COLETOR
 Coletores aniônicos: oxidrílicos
 Ácidos graxos
 5) O forte poder de espumação dificulta 0 controle
operacional do processo. Para evitá-la deve-se usar desse tipo
de coletor em concentrações baixas, podendo-se
complementar a dosagem necessária com hidrocarbonetos
(coletores auxiliares). Em muitos casos, não há necessidade de
outro reagente com a função específica de espumante.
Solubilidade de ácidos graxos saturados em água a
diferentes temperaturas
COLETOR
 Coletores aniônicos: oxidrílicos
 Ácidos graxos
 Os ácidos graxos insaturados são mais utilizados como
reagente coletor, dentre eles 0 mais importante é 0 ácido
oleico (um grau de insaturação) e 17 carbonos na cadeia
hidrocarbônica.
COLETOR
 Coletores aniônicos: oxidrílicos
 Sulfatos e sulfonatos orgânicos
 Geralmente, tem 12 carbonos e apresentam a seguinte fórmula
geral:
COLETOR
 Coletores aniônicos: oxidrílicos
 Sulfatos e sulfonatos orgânicos
 Podem atuar como:
 Adsorção física (atração eletrostática): portanto
adsorvendo-se em superfícies abaixo do ponto de carga zero
(PCZ).

 Adsorção química: formando um sal hidrofóbico na


superfície mineral. Os sulfatos e sulfonatos orgânicos formam
sais insolúveis com os cátions: Ca2+, Mg2+, Ba2+, Fe3+, Al3+, Pb2+
e Sr2+.
COLETOR
 Coletores aniônicos: oxidrílicos
 Sulfosuccinamatos
 Costumam ser utilizados na forma de sulfosuccinamato de
sódio:
COLETOR
 Coletores aniônicos: oxidrílicos
 Sulfosuccinamatos
 Espécies como Ca2+, Fe2+ e Fe3+ presentes, em polpas pouco
ácidas ou alcalinas, formam precipitados insolúveis,
consumindo o coletor e prejudicando a flotação.

 Em meio muito ácido, no entanto, esses precipitados são


solúveis, possibilitando uma adsorção mais intensa do coletor
na superfície mineral.
COLETOR
 Coletores aniônicos: sulfidrílicos
 Se caracterizam pela presença do grupo sulfidrato (-
SH) e de uma cadeia hidrocarbônica (R). O átomo de
S está sempre ligado a um átomo de C ou P.

 Esses coletores são ácidos fracos, portanto a ionização


depende do pH.

 Compostos com o grupo sulfidrato recebem 0 prefixo


tio.
Nomenclatura e fórmula geral dos principais ácidos
sulfidrílicos
COLETOR
 Coletores aniônicos: sulfidrílicos
 Xantatos:
 Dentre esses reagentes destaca-se o ácido ditiocarbônico,
conhecido como ácido xântico, 0 qual é obtido a partir da reação
de um álcool com o disulfeto de carbono.
COLETOR
 Coletores aniônicos: sulfidrílicos
 Xantatos:
 Em flotação, costuma-se usar a forma de sal (xantato),
resultado da reação do ácido xântico com um hidróxido de
sódio ou de potássio.

Onde Me = Na ou K.
COLETOR
 Coletores aniônicos: sulfidrílicos
 Xantatos:
 O xantato de sódio (ou de potássio) é bastante solúvel em água.
Com a liberação do metal (Me), surge 0 íon xantato ou íon
coletor:
COLETOR
 Coletores aniônicos: sulfidrílicos
 Xantatos:
 A cadeia hidrocarbônica é responsável pela hidrofobização da
superfície mineral, enquanto a parte inorgânica da molécula
tem propriedade solidofílica, sendo a parte responsável pela
adsorção no sólido e, consequentemente, pela seletividade.

 O comprimento da cadeia orgânica R depende do álcool utilizado


para a obtenção do ácido xântico. Costuma-se utilizar xantatos
com 2 a 5 carbonos, podendo chegar a 6 carbonos.

 A solubilidade diminui com 0 aumento do tamanho da


cadeia alquil.
COLETOR
 Coletores aniônicos: sulfidrílicos
 Xantatos:
 Características da ação dos xantatos (pelo fato de ser um
coletor de cadeia curta e que se adsorve quimicamente ):
 Praticamente não apresentam ação espumante (0 que facilita 0
controle do processo);

 Apresentam elevada solubilidade em água;

 Não formam micelas em sistemas de flotação;

 É um coletor utilizado praticamente só para flotação de


sulfetos;
COLETOR
 A adsorção é de natureza predominantemente química. Isso
implica na necessidade de um tempo de condicionamento que
considere a cinética da formação do composto superficial.

 São coletores bastante seletivos, formam compostos solúveis com


os metais leves (K e Na) e alcalinos terrosos (Ca, Mg, Ba e Sr);
compostos moderadamente solúveis com metais intermediários
(Fe, Mn e Zn) e compostos praticamente insolúveis com os metais
pesados (Cu, Pb, Au, Ag, Hg etc.).
COLETOR
 Devem ser usados em meio levemente alcalino. Em meio ácido, o
xantato é hidrolisado retornando à forma de ácido xântico, que
sendo bastante instável, decompõe-se em álcool e disulfeto de
carbono. Em meio fortemente alcalino ocorre a estabilidade do
hidróxido metálico na superfície dificultando a adsorção química do
xantato.

 São fortemente redutores, oxidando-se com facilidade na presença


de agentes oxidantes. A facilidade de oxidação aumenta com 0
comprimento da cadeia orgânica, havendo uma relação
aproximadamente linear entre 0 potencial de oxidação e 0 número
de carbonos.
COLETOR
 A reação dá origem aos chamados dixantógenos:

 A oxidação do xantato pelo oxigênio dissolvido na água,


apesar de termodinamicamente favorável, tem cinética
bastante lenta e, por isso, praticamente, não ocorre nos
sistemas de flotação. A formação do dixantógeno ocorre com
facilidade na presença de agentes catalisadores como os íons
Cu2+ e Fe2+, por exemplo. O dixantógeno pode atuar na
flotação como coletor auxiliar.
COLETOR
 Como consequência da facilidade de hidratação e oxidação, os
xantatos se degradam com facilidade, devendo ser estocados
em ambiente seco, fresco e escuro, não sendo aconselhável a
formação de grandes estoques.
COLETOR
 Coletores aniônicos: sulfidrílicos
 Xantatos:
 Em solução aquosa, a estabilidade do xantato é
influenciada pelos seguintes fatores:
 a) Presença de impurezas: a velocidade de degradação do
xantato aumenta com 0 teor de impurezas do reagente;

 b) Concentração da solução: a estabilidade do xantato


diminui com a diluição. Por isso, 0 intervalo de tempo entre a
preparação da solução e 0 consumo deve ser 0 menor possível;
COLETOR
 c) Tamanho da cadeia hidrocarbônica: a estabilidade do
xantato aumenta com 0 número de carbonos na cadeia
orgânica;

 d) Temperatura da polpa: a velocidade de degradação


aumenta com a temperatura;

 e) pH da solução: a velocidade de decomposição do xantato


aumenta com a acidez do meio.
Influência da diluição e da temperatura na
degradação de um xantato etílico de sódio
COLETOR
 Coletores aniônicos: sulfidrílicos
 Xantatos:
 A adsorção pode ocorrer através de:
 a) Interações químicas;

 b) Interações eletroquímicas;

 c) Interações físicas.
COLETOR
 Coletores aniônicos: sulfidrílicos
 Xantatos:
 a) Interações químicas
 Resulta na formação de um composto químico, na superfície
mineral, a partir do cátion metálico da superfície (MZ+) e do
ânion coletor (X-).
COLETOR
 Coletores aniônicos: sulfidrílicos
 Xantatos:
 b) Mecanismo eletroquímico
 Responsável pela adsorção do xantato, resulta do fato de que a
superfície mineral dos sulfetos, em meio aquoso, comporta-se
como um semicondutor. Isso significa que os elétrons podem
movimentar-se na superfície, onde se desenvolve um potencial
(denominado potencial de repouso) que é característico para
cada espécie de sulfeto.

 O processo de hidrofobização passa pela reação nos sítios


anódicos que transfere elétrons do coletor para a superfície
mineral. A oxidação do coletor ocorre de acordo com uma
sequencia de eventos.
COLETOR
 Coletores aniônicos: sulfidrílicos
 Xantatos:
 b) Mecanismo eletroquímico
 i) Adsorção química do xantato (X-) na superfície do mineral:
X-  Xads + e-

 Formação do xantato metálico:


 MS + nX-  MXn + S0 + ne-

 Oxidação do xantato à dixantógeno (X2):


2X-  X2 + 2e-
COLETOR
 Coletores aniônicos: sulfidrílicos
 Xantatos:
 b) Mecanismo eletroquímico
 Essa reação anódica necessita ser balanceada por uma reação
de redução do oxigênio nos sítios catódicos da superfície.
Através da reação os elétrons cedidos pelo coletor retornam à
fase líquida:
O2 + 4H+ + 4e-  2H2O

 A reação geral é dada por:


MS + 2X-  MX2 + S0 + 2e-
COLETOR
 Coletores aniônicos: sulfidrílicos
 Xantatos:
 b) Mecanismo eletroquímico
 Nas superfícies onde 0 potencial de repouso (na presença de
xantato) é maior do que 0 potencial reversível para a formação
do dixantógeno, prevalece a adsorção por meio do
dixantógeno. Por sua vez, nas superfícies dos minerais em que
0 potencial de repouso é menor, a adsorção ocorre pela
formação de um composto superficial entre 0 cátion metálico
(M) da superfície e 0 coletor (X):

MS + 2X-  MX2 + S0 + 2e-


COLETOR
 Coletores aniônicos: sulfidrílicos
 Xantatos:
 b) Mecanismo eletroquímico
 Observa-se que, apesar de seguir rotas distintas para a
adsorção, 0 produto final da interação eletroquímica entre a
superfície e 0 coletor pode ser 0 mesmo da interação química.
Em ambos os casos a presença de oxigênio na superfície e
determinante para a adsorção do coletor.
COLETOR
 Coletores aniônicos: sulfidrílicos
 Xantatos:
 c) Interação física
 Entre os coletores sulfidrílicos e a superfície do sulfeto
pode ocorrer, principalmente, através de interações de
van der Waals e eletrostáticas. A primeira acontece na
adsorção de moléculas neutras do ácido xântico e na co-
adsorção do dixantógeno formado na fase aquosa.

 Enquanto a adsorção eletrostática é possível em pH


abaixo do ponto de carga zero das superfícies. Como na
maioria dos minerais, o PCZ é observado em pH baixo, a
adsorção por atração eletrostática é improvável já que,
em meio ácido, ocorre a hidrólise do xantato que retorna
à forma neutra do ácido xântico.
A figura mostra que a adsorção não é possível acima
de pH 6,6 com heptilxantato e acima de pH 7,4 com
octilxantato.
COLETOR
 Coletores aniônicos: outros sulfidrílicos
 Além do xantato é comum a utilização de outros
coletores sulfidrílicos como o ditiofosfato os
tiocarbamatos.
R e R’: cadeias orgânicas
 Ditiofosfato de sódio: hidrofóbicas (podem ser alquil
ou aril).

O grupo inorgânico, em
solução aquosa, libera 0 Na+,
dando origem a um ânion
heteropolar com ação coletora
sobre a partícula mineral.
COLETOR
 Coletores aniônicos: outros sulfidrílicos
 Os ditiofosfatos são mais resistentes à oxidação do que
os xantatos, apresentando as seguintes características:
 1) Formam sais insolúveis com metais pesados;

 2) São ácidos fortes;

 3) São instáveis na presença de umidade;

 4) Íons cúpricos podem catalisar a oxidação a ditiofosfatógeno.


COLETOR
 Coletores não iônicos
 Alguns reagentes não iônicos (hidrocarbonetos), podem
ser usados como coletor de minerais hidrofóbicos ou na
função de coletor auxiliar.

 Exemplo: querosene, óleo diesel etc.


 A adsorção desses coletores especiais ocorre no plano interno
de Helmholtz (PIH): adsorção específica de natureza física. As
moléculas são adsorvidas com pouca energia, formando um
filme na superfície que pode ser removido por uma agitação
intensa.

Você também pode gostar