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“A Engenharia de Produção e as novas tecnologias produtivas: indústria 4.0, manufatura aditiva e outras abordagens
avançadas de produção”
avançadas de produção”
1. Introdução
Os consumidores estão cada vez mais exigentes em relação à sua expectativa no momento de
adquirir um determinado produto. Quando se fala em qualidade para a indústria de alimentos,
o aspecto segurança do produto é sempre um fator determinante, pois qualquer problema pode
comprometer a saúde do consumidor (FIGUEREDO, 2001).
Oferecer qualidade não é só obrigação, mas também estratégia de mercado na luta contra a
concorrência. É uma forma de manter o cliente fiel aos produtos e serviços, mantendo-o a
empresa, visando o crescimento empresarial e a sustentabilidade futura.
Uma das formas para o alcance de um alto padrão de qualidade nas indústrias alimentícias é a
implantação do Programa de Boas Práticas de Fabricação – BPF. Que é um termo originado
do Inglês Good Manufacturing Pratices (GMP), usado para designar um conjunto de ações e
critérios que objetiva, especialmente, assegurar a qualidade de produtos e serviços que lidam
diretamente com a manipulação de alimentos ou produtos farmacêuticos (ANVISA, 2016).
Diante do exposto, este trabalho tem como objetivo geral, analisar o processo de implantação
do programa de Boas Práticas de Fabricação – BPF em uma indústria de bebidas. Foram
definidos os seguintes objetivos específicos: apresentar o processo de fabricação de cerveja;
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2. Referencial Teórico
O malte é um produto rico em açúcar, obtido com a germinação parcial dos grãos de cereais.
A princípio, qualquer cereal pode ser maltado, tendo-se malte de milho, trigo, centeio, aveia e
cevada, a escolha, entretanto, leva-se em consideração, entre outros fatores, o poder diastásico
e o valor econômico de cada cereal (CERVESIA, 2016). O cereal mais usado para a
fabricação de cerveja é a cevada. Esta preferência deve-se a uma série de fatores, dentre eles
está o fato da cevada ser rica em amido, e possuir um alto teor de proteínas em quantidade
suficiente para fornecer os aminoácidos necessários para o crescimento da levedura e possuir
substâncias nitrogenadas que desenvolvem um papel importante na formação da espuma
(NAKANO, 2000).
Já os adjuntos como o antioxidante, tem como função evitar a ação do oxigênio, que é o
principal fator da deterioração das gorduras dos alimentos. Quando sofrem transformações,
essas gorduras acabam por alterar o sabor e odor dos alimentos, tornando-os impróprios para
o consumo (NAKANO, 2000). Os estabilizantes mantem as características físicas das
emulsões e suspensões, como a bebida alcoólica. São adicionados às cervejas com a
finalidade de aumentar sua viscosidade (REINOLD, 1997). Os acidulantes atuam como
adjunto de aroma e sabor é largamente encontrado na natureza, sendo disponíveis
comercialmente na forma de soluções aquosas que são incolores, inodoras, viscosas e não
voláteis (CERVESIA, 2016). São geralmente produzidos pela fermentação de sacarose
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altamente refinada. As leveduras são as mais utilizadas em cervejaria. São de duas espécies do
gênero Saccharomyces: Saccharomyces cereviasiae (alta fermentação) e Saccharomyces
uvarum (baixa fermentação) (EMBRAPA, 2016). Uma levedura de baixa fermentação é
considerada de boa qualidade para a produção de cerveja, se permanecer em suspensão
durante a fase ativa da fermentação e então flocular e sedimentar, favorecendo a separação
rápida da cerveja clarificada do sedimento (CERVESIA, 2016).
O lúpulo, que tem o nome científico de Humulus lupulus, que cresce favoravelmente em
regiões de clima temperado. Tem dois papéis importantes na cerveja, o primeiro é conferir
amargor, equilibrando o doce do malte. E o segundo papel é ser conservante natural.
Segundo Tribst e Faria (2010) mencionam que a malteação é a primeira etapa para produção
de uma boa cerveja. Tal etapa consiste em iniciar o processo de germinação dos grãos dos
cereais.
Em seguida é realizada a moagem do malte. A ideia da moagem é quebrar a casca, liberando
o endosperma do grão. O processo de transformação das matérias-primas cervejeiras (água,
malte, lúpulo e adjunto) em mosto denomina-se mosturação ou brassagem. A finalidade é
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Polígrafo (1998) relata que a filtração, passo seguinte do processo, tem como objetivo a
separação do bagaço de malte do mosto líquido, levando-se em conta os aspectos qualitativos
(mosto límpido, com baixa turgidez) e econômicos, ou seja, obtenção do máximo de extrato e
rapidez de operação. Na empresa objeto de estudo, nesta etapa é utilizada o método de Fundo
Falso (jogo de peneiras localizado pouco acima do fundo da panela, que faz a separação do
bagaço e do mosto). Nesta etapa também é realizada uma lavagem do mosto, que é circular
apenas água, extraindo mais açucares presos nos grãos.
Depois do mosto clarificado e sem cascas, ele é fervido. Caso ainda houver casca, a cerveja
terá um caráter adstringente. Durante a fervura ocorre a evaporação de substâncias que não
desejamos em nossa cerveja, como o diacetil. Também adicionamos o lúpulo e eliminamos
qualquer bactéria ou micro organismo que possa estar presente (MAGALHÃES et. al, 2010).
Segundo Jorge (2004), a maturação é uma importante etapa de produção da cerveja. Pois
nesta etapa ocorre a estabilização das moléculas instáveis dentro do mosto, assim os aromas
são consolidados, o sabor é suavizado e eventuais defeitos de fabricação são camuflados.
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1.4.1. Origem
No Brasil o histórico das Boas Práticas de Fabricação é recente e são exigidas por lei para
todas as indústrias de alimentos. São regidas pelas legislações citadas a seguir.
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1.4.2. Aplicação
A aplicação das BPF foi possível prover a melhora nas condições de trabalho
expostas aos manipuladores, melhorando assim o próprio bem-estar dos
mesmos, o que caracterizou, sob uma abordagem geral, melhoras
significativas no processo de trabalho na panificação. (GOMES e
RODRIGUES, 2006)
3. Metodologia
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O estudo foi baseado nos dados coletados numa cervejaria, na região metropolitana da cidade
do Recife. Produz cervejas, bebidas alcoólicas e não alcoólicas. A empresa objeto de estudo,
faz parte de um grupo que está presente em quase todo o território nacional,
Foi estipulado pelo corporativo da empresa objeto de estudo uma meta de 85% e durante a
auditoria foram evidenciados alguns pontos fortes e de melhoria, listados conforme quadro 1 a
seguir.
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Até este momento, a empresa ainda não possuía nenhum documento implantado. A
implantação do programa teve início com a auditoria diagnóstico, que seria o guia para as
melhorias necessárias, com o objetivo da adequação da empresa ao programa.
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Após a entrega do relatório, foram criados 4 grupos básicos de atuação no programa de BPF:
Comitê Gerencial, Comitê Operacional, Auditores Internos e Multiplicadores Internos,
com as seguintes atribuições, conforme quadro 2 a seguir.
Comitê Atribuições
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Após o treinamento, iniciou-se a atuação dos comitês e foi criado um plano de ação para todas
as Não Conformidades - NC evidenciadas na auditoria diagnóstico.
Para o primeiro ano de implantação do programa (período entre o segundo semestre de 2014 e
segundo semestre de 2015), foram priorizadas as ações referentes aos requisitos 2
(Higienização) e 6 (Documentação), que obtiveram os pesos mais negativos na auditoria.
A partir dos POP’s, foram criadas as Instruções de trabalho – IT’s, documentos elaborados
pela unidade de Itapissuma, a partir da divulgação do POP. As IT’s descrevem de forma
detalhada como, quando e onde as atividades são realizadas para atendimento das diretrizes
corporativas.
As revisões dos POP’s / IT’s ocorrem anualmente ou quando ocorrer modificação dos padrões
técnicos de processo ou assepsia.
Em julho de 2016, foi realizada pelo grupo de auditores internos a primeira auditoria interna.
A nota obtida nesta foi 81,5. Foi definido o plano de ação com base nas Não Conformidades
encontradas, que neste momento encontra-se com status “Em andamento”.
O gráfico 02, a seguir, ilustra os valores da infraestrutura, higienização, manipuladores,
operação, gestão, documentação e cumprimento de BPF obtidos nesta pesquisa.
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Depois da implantação das Boas Práticas de Fabricação na empresa estudada, pode-se notar
um resultado bastante satisfatório, propiciando produtos seguros para a saúde dos
consumidores. Com a elaboração e implantação dos procedimentos, pode-se constatar
também uma melhoria de qualidade e produtividade dentro da empresa obtendo-se uma
padronização dos produtos, pois tomou-se medidas eficazes que compreendem desde o
recebimento de matérias primas até o produto acabado, incluindo o transporte e
armazenamento do mesmo.
O gráfico 03 mostra a comparação dos resultados da auditoria diagnóstico realizada em
maio/2014 e a auditoria interna realizada em julho/2016.
Analisando o gráfico 03, foi possível observar que os únicos requisitos que tiveram nota
abaixo na auditoria interna (comparada a diagnóstico), foram os requisitos 1. Infraestrutura e
4. Operação. Para estes requisitos já estão sendo tratadas as NC, conforme plano de ação.
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4.1 Resultados
Apesar do processo de implantação das BPF não estar concluído, já é possível destacar
algumas melhorias como resultado:
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PLANO DE AÇÕES
Des crição Res pons ável S tatus Data
Ins talar pias para lavagem das
Comitê
mãos nos s etores de Proces s o e Janeiro/2017
Operacional
Envas e.
Implementar us o de toucas e
protetor de barba nas áreas Comitê Gerencial Fevereiro/ 2017
críticas .
Subs tituir todos os pallets de
Comitê
madeira por pallets de plás tico Janeiro / 2017
Operacional
nas áreas produtivas .
Realizar reciclagem de BPF para Analis ta de
Março / 2017
colaboradores . padronização
Subs tituir materiais de limpeza de
madeira (vas s ouras , pás , etc) por As s eps is ta Fevereiro / 2017
materiais de alumínio.
Implantar cronograma de limpeza Comitê Novembro /
nas áreas . Operacional 2016
Fazer informativo BPF para Analis ta de
Outubro / 2016
vis itantes . padronização
Treinar colaboradores da
Analis ta de
portaria quanto às regras BPF Outubro / 2016
padronização
para vis itantes .
Colocar telas em toda a área da
Comitê gerencial Junho / 2017
Adegas .
5. Conclusão
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Entretanto, muito ainda há de se realizar. O programa encontra-se em sua fase inicial. Estudos
complementares a estes devem ser realizados, de forma que se possa mensurar de forma mais
clara resultados sustentáveis com a implantação do programa de boas práticas de fabrico.
REFERÊNCIAS
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MADRID,A., et al. Manual de indústrias de alimentos. São Paulo. Varela 1996. 599p.
SANTOS, M. S.; Cervejas e refrigerantes / Mateus Sales dos Santos [e] Flávio de Miranda
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acesso em 10 de outubro de 2016.
SANTOS,.disponível..em:.WWW.GOOGLE.COM.BR/BEBIDAS?Q=FOTOS+DE+BEBIDA
S+NÃO+ALCILICAS&HL. Acesso 18/08/2016
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VENTURINI FILHO, W. G.; Biotecnologia na produção de alimentos, por U., Aquarone, E.,
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Industrial: 91-144. São Paulo: Edgar Blucher, 2001.
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ANEXO 1
Quadro 4 – Procedimentos e instruções de trabalhos
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