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Universidade Federal de Pernambuco

Centro de Tecnologia e Geociências


Departamento de Oceanografia

Interação Oceano-Atmosfera
Aluna: Ana Cecília de Araújo
Profa. Dóris Regina Aires

Recife, agosto de 2021


Oscilação Multidecadal do Atlântico (AMO)

❖ A Oscilação Multidecadal do Atlântico (AMO) é um fenômeno de escala quase global de


variabilidade multidecadal que alterna entre fases quentes e frias;

❖ Foi identificada como um modo de variabilidade natural que ocorre no Oceano Atlântico
Norte com um período estimado de 60-80 anos;

❖ É baseada nas anomalias médias das temperaturas da superfície do mar (TSM) na bacia
do Atlântico Norte, normalmente acima de 0-80N.

From Nasa: Atlantic Multidecadal Oscillation (AMO) Index para o período de 1861-2015.
Série temporal AMO (1900-2005)

From Nasa Scientific


Visualization Studio
https://svs.gsfc.nasa.gov/4895
AMO Index
❖ O índice AMO moderno é definido
subtraindo as anomalias médias globais de
SST ( a ) das anomalias de SST do
Atlântico Norte ( b );

❖ Figura: ( a ) Anomalias globais anuais da


TSM do HadISST para o período de
1870–2008 ( b ) Anomalias médias anuais
da TSM do Atlântico Norte para o período
de 1870–2008 ( c ) índice de oscilação do
AMO para o período de 1870–2008.

Climate Data Guide from UCAR


Índice AMO do Atlântico Norte (0N-65N, 80W-0E), usando o conjunto de dados
HadISST (Rayner et al. 2003) para o período de 1870 -2015.
Climate Data Guide from UCAR
Índice AMO do Atlântico Norte (0N-65N, 80W-0E), usando o conjunto
de dados HadISST (Rayner et al. 2003) para o período de 1870 -2015.

AMO Index
O climate Data Guide da UCAR levanta
alguns pontos sobre a metodologia de estudo do
AMO com a SST:

Pontos fortes:

● O índice AMO baseado na SST fornece


uma maneira simples e concisa de Limitações
descrever a variabilidade climática
multidecadal; ● Dados de SST são curtos em comparação
com a escala de tempo multidecadal do AMO;
● Associado a impactos climáticos
importantes, como a variabilidade ● Quantificar a importância relativa da
multidecadal da atividade do furacão no circulação oceânica em grande escala
Atlântico, temperatura média da superfície (especialmente AMOC) vs. o forçamento
do hemisfério norte e anomalias do gelo radiativo externo como causa do AMO;
do mar Ártico;
Inputs do AMO
São questões científicas quais inputs contribuem para variabilidade do AMO:
➢ por meio da influência da variabilidade interna atmosférica;
➢ por meio de mudanças na circulação dos oceanos (AMOC);
➢ ou como uma resposta a forçantes antropogênicas;

Clement et al 2015 argumentou que o padrão de variabilidade AMO


pode ser produzido em um modelo que não inclui mudanças na
circulação do oceano, mas apenas os efeitos das mudanças nas
temperaturas do ar e ventos.
Já em Wills et al 2019, usando o método LFCA e análise acoplada
oceano-atmosfera, pôde-se identificar a impressão digital SST da variabilidade
AMO/AMOC de baixa frequência, o que mostra o acoplamento dinâmico entre
as circulações atmosférica e oceânica como fundamental para a dinâmica do
AMO.
Além disso, a natureza e a origem do
AMO são incertas e ainda são perguntas
em aberto se trata-se de um fenômeno
periódico persistente no sistema climático
ou apenas uma característica transitória.

Nesse sentido, um estudo de Knudsen,


Seidenkrantz e Jacobsen et al (2011)
percorreu os últimos 8.000 anos e apontou
que um quase persistente AMO de ~55 a 70
anos, ligado à variabilidade interna da
atmosfera do oceano, existiu durante grande
parte do Holoceno.
Knight, Folland e Scaife (2006)
levantaram uma série de regiões,
Impactos através de simulações feitas com o

climáticos do
modelo HadCM3, que são exemplos
do impacto do AMO:
AMO ➢ Chuvas no Nordeste do Brasil
(NEB);
Como a variabilidade do AMO
pode impactar regiões sob o seu ➢ Chuvas no Sahel, África;
domínio ➢ Furacões no Atlântico;
Impactos climáticos do AMO

Nordeste do Brasil e Sahel, África:

❖ Figuras (a - d) mostram a mudança da fase quente


para fria;

❖ Deslocamento da zona de convergência intertropical


(ZCIT) para o norte de sua posição climatológica e
redução na precipitação do NEB (fig. e);

❖ O deslocamento da ZCIT também ocasiona


anomalias na região do Sahel levando ao aumento
da precipitação (fig. i);
(a – d) temperatura anual, (e – h) precipitação de março a
maio (MAM), (i - l) precipitação de junho a agosto (JJA)
Impactos climáticos do AMO
Furacões no Atlântico:

❖ Variações multidecadais nas principais atividades de furacões


observadas no período de 1944 a 2000 foram associadas ao AMO;

❖ Mudanças na circulação atmosférica tropical que alteram o


cisalhamento vertical troposférico na região de desenvolvimento do
furacão principal (MDR);

Relação entre o AMO e o cisalhamento do vento


do Atlântico tropical. a) Diferença entre o
cisalhamento médio de agosto-outubro (b)
Correlação entre o índice decadal AMO simulado
e o cisalhamento tropical decadal do Atlântico. (c)
Séries temporais do cisalhamento decadal médio
simulado (preto) e índice AMO decadal.
AMO e um exemplo
de interação ecológica
❖ Estudo com populações de pequenos
peixes pelágicos como anchova,
sardinha, espadilha e arenque no leste
do Atlântico Norte e Central.
❖ Foram observadas flutuações
multidecadais de abundância e Alheit et al (2015).
distribuição de populações de peixes Componentes principais (PC1) com base no
que correspondem a fases AMO conjunto de dados de longo prazo de
alternadas. pequenos pelágicos disponíveis no Atlântico
Leste e no Mediterrâneo entre 1945 e 2010.
❖ Mudanças de regime nos A Oscilação Multidecadal do Atlântico
ecossistemas das populações de (AMO) é sobreposta.
peixes do Mediterrâneo estão
positivamente correlacionadas com o
índice AMO.
Referências
Alheit, J., Licandro, P., Coombs, S., Garcia, A., Giráldez, A., Santamaría, M. T. G., Slotte, A., & Tsikliras, A. C. (2014). Reprint of
“Atlantic Multidecadal Oscillation (AMO) modulates dynamics of small pelagic fishes and ecosystem regime shifts in the eastern North
and Central Atlantic.” Journal of Marine Systems, 133, 88–102. https://doi.org/10.1016/j.jmarsys.2014.02.005

Knudsen, M., Seidenkrantz, MS., Jacobsen, B. et al. Tracking the Atlantic Multidecadal Oscillation through the last 8,000 years. Nat Commun
2, 178 (2011). https://doi.org/10.1038/ncomms1186

Knight, J. R., Folland, C. K., and Scaife, A. A. (2006), Climate impacts of the Atlantic Multidecadal Oscillation, Geophys. Res. Lett., 33,
L17706, doi:10.1029/2006GL026242.

Trenberth, Kevin, Zhang, Rong & National Center for Atmospheric Research Staff (Eds). Last modified 05 Jun 2021. "The Climate Data
Guide: Atlantic Multi-decadal Oscillation (AMO)." Retrieved from https://climatedataguide.ucar.edu/climate-data
/atlantic-multi-decadal-oscillation-amo.

Wills, R. C. J., Armour, K. C., Battisti, D. S., & Hartmann, D. L. (2019). Ocean-atmosphere dynamical coupling fundamental to the atlantic
multidecadal oscillation. Journal of Climate, 32(1), 251–272. https://doi.org/10.1175/JCLI-D-18-0269.1

https://science.sciencemag.org/content/350/6258/320/tab-pdf

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