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ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

Prof. Ms. Antonio Roberto da Costa


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Í N D I C E

Apresentação 3

Introdução à Análise das Demonstrações Financeiras 5

Análise por Índices


- Liquidez 8
- Endividamento 9
- Atividade 9
- Rentabilidade 10

Exercícios 12

Análise Horizontal 14

Análise Vertical 14

Relatório de Análise e Exercícios 17

Bibliografia 27

Existem três tipos de pessoas: as que deixam acontecer, as que fazem acontecer e as que
perguntam o que aconteceu. (John M. Richardson Jr.)
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APRESENTAÇÃO

O trabalho do Analista Financeiro começa onde termina o trabalho do Contador.

Para executar corretamente suas atividades, o analista financeiro tem que ter conhecimento
dos princípios e das convenções contábeis, saber escriturar os fatos administrativos
responsáveis pela gestão do patrimônio da empresa, conhecer os mecanismos de apuração do
resultado do exercício, saber elaborar as demonstrações contábeis e conhecer profundamente
a estrutura de cada uma delas.

Quanto maiores forem os seus conhecimentos de contabilidade, maior será sua facilidade
para analisar, interpretar e emitir opiniões sobre essas peças.

A análise de balanços inicia-se a partir das demonstrações financeiras, nas quais o analista
coleta dados, adequando-os para os cálculos de quocientes, índices ou coeficientes, que serão
depois interpretados.

O analista trabalha com dados concretos, aplicando fórmulas de acordo com a sua
experiência contábil e, a partir disso, é capaz de avaliar o presente com base no passado e
projetar o futuro, fundamentando-se sempre no desempenho dos últimos períodos
analisados.

A análise de balanços pode ser realizada em sete etapas:


a) exame e padronização das demonstrações financeiras;
b) coleta de dados;
c) cálculo dos indicadores: quocientes, coeficientes e números índices, mediante aplicação
de fórmulas amplamente aceitas;
d) interpretação dos coeficientes;
e) análise vertical e horizontal;
f) comparação com padrões;
g) elaboração de relatórios inteligíveis por leigos;
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O processo de análise encerra-se com a elaboração do relatório, documento no qual o
analista apresenta ao usuário da análise as conclusões obtidas.

Por exigir de quem executa, habilidade e conhecimento em contabilidade, a análise de


balanços pode ser conceituada como um instrumento por meio do qual são analisadas e
interpretadas as principais demonstrações financeiras de uma instituição, visando fornecer
informações acerca do estado do seu patrimônio.

A análise de balanços pode ser interna ou externa:

a) A interna é efetuada dentro da empresa por seus próprios funcionários, e visa munir de
informações administradores e diretores, auxiliando-os nas tomadas de decisão. Por
trabalharem na própria empresa, os analistas não encontram dificuldades na coleta de dados
para executarem suas tarefas.

b) A Externa é executada fora da empresa objeto de análise, e seu objetivo é informar aos
interessados acerca da situação econômica ou da estabilidade da empresa para concretização
de negócios, concessões de créditos e financiamentos. É executada por profissional externo e
nesse caso o analista tem em mãos somente as demonstrações financeiras publicadas pela
empresa, além de alguns esclarecimentos adicionais, constantes dos relatórios ou das notas
explicativas que acompanham as demonstrações.

A finalidade da análise financeira é transformar os dados extraídos das demonstrações


financeiras em informações úteis para a tomada de decisões por parte das pessoas
interessadas, que pode ser:

Bancos: Para conceder crédito, os Bancos precisam conhecer a capacidade econômico e


financeira das empresas que são suas clientes. Pela análise dos direitos e obrigações podem
verificar o grau de endividamento e a capacidade de essas empresas cumprirem seus
compromissos a curto e longo prazo.

Fornecedores: Necessitam conhecer a capacidade de pagamento e o grau de liquidez de


seus clientes, que, por sua vez, devem também analisar a situação econômica e financeira de
seus fornecedores, para estarem seguros de que eles terão condições de cumprir os contratos
firmados.

Administradores: São os principais interessados em conhecer a situação econômica e


financeira das empresas que administram. Conhecendo bem o desempenho de suas
empresas, os administradores sabem antecipadamente o que fornecedores e bancos poderão
concluir em relação a sua liquidez e rentabilidade, e isso lhes permite adiantar-se a tomar
providências para melhorar a imagem da empresa. A análise meticulosa do desempenho
presente, o diagnóstico do passado e o prognóstico do futuro poderão levar as
administradores a tomarem providências para melhorar sua liquidez e rentabilidade ou a
decidirem sobre a necessidade, ou não, de efetuar novos investimentos.

Público investidor: as pessoas físicas e jurídicas que investem em ações, antes de optarem
por uma empresa ou outra, devem efetuar, elas mesmas ou por intermédio de corretoras de
valores, análise dos balanços das empresas nas quais pretendem investir. O maior interesse
dos investidores é conhecer a rentabilidade das ações.
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Sindicatos de classe: para salvaguardar os interesses das empresas filiadas, os sindicatos


analisam os balanços da empresas de determinados setores, a fim de estabelecer padrões que
possam servir de guia para a tomada de decisões.

Governo: para o governo, a análise de balanços apresenta inúmeras vantagens. Nas


concorrências públicas, quando estiver diante de duas empresas que tenham atendido
satisfatoriamente às exigências dos editais, decidirá sempre pela que possuir melhor situação
financeira. É por meio da análise dos balanços que o governo acompanha o desempenho da
economia do país, comparando as empresas de acordo com as categorias econômicas.
Também, é importante saber como anda a rentabilidade das empresas públicas, pois são de
interesse as coletividade.

INTRODUÇÃO À ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

O processo de análise de balanços começa onde termina o processo contábil.

O Departamento de Contabilidade elabora:


Balanço Patrimonial(BP);
Demonstração do Resultado do Exercício(DRE);
Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido(DMPL);
Demonstração do Fluxo de Caixa(DFC).

Cabe ao Departamento de Análises de Balanços:


Exame e Padronização;
Coleta de Dados;
Cálculo dos Indicadores;
Interpretação dos Quocientes;
Análise Vertical e Horizontal;
Comparação com Padrões;
Relatórios;

1ª etapa – Exame e padronização das demonstrações financeiras: Balanço Patrimonial,


Demonstração do Resultado do Exercício, Demonstração de Lucros ou Prejuízos
Acumulados, Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido e Demonstração das
Origens e Aplicações de Recursos.

2ª etapa – Coleta de dados: extração de valores das demonstrações financeiras, como total
do ativo circulante, total do ativo permanente, total do patrimônio líquido, valor das vendas
líquidas etc.

3ª etapa – Cálculos dos indicadores: quocientes, coeficientes e números índices.

4ª etapa – Interpretação dos quocientes: interpretação isolada e conjunta.

5ª etapa – Análise vertical / horizontal: interpretação isolada e conjunta de coeficientes e


números índices.
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6ª etapa – Comparação com padrões: cálculos e comparações com quocientes padrão.


7ª etapa – Relatórios: apresentação das conclusões da análise em forma de relatórios
inteligíveis por leigos.

Processos de Análises são técnicas utilizadas pelos analistas de balanços para obtenção de
conclusões acerca da situação econômica e financeira da entidade ou de outros aspectos
relacionados com o patrimônio, de acordo com os interesses dos usuários.
Através de estudos e interpretação de dados extraídos das demonstrações financeiras, a
Análise de Balanços tem por finalidade prestar informações sobre a situação econômico e
financeira da entidade, para que as pessoas interessadas possam tomar decisões.
Os principais processos de análises, também conhecidos por técnicas de análise, são:

1) Análise propriamente dita – Consiste em exame detalhado, abrangendo cada uma da


contas que compõe a demonstração financeira objeto de análise.

2) Análises por quocientes – É um estudo comparativo entre os grupos de elementos


das demonstrações financeiras por meio de índices, objetivando o conhecimento da
relação entre cada um dos grupos do conjunto.

3) Análise vertical – Consiste na determinação da porcentagem de cada conta ou grupo


de contas em relação ao seu conjunto. Este processo é também conhecido por Análise
por Coeficientes.

4) Análise horizontal – Comparação feita entre componentes do conjunto de vários


exercícios, por meio de números índices, objetivando a avaliação ou o desempenho de
cada conta ou grupo de contas ao longo dos períodos analisados.

5) Comparação com padrões – Comparação entre quocientes, coeficientes e números


índices correspondentes às demonstrações financeiras de uma entidade com os
padrões obtidos através do comportamento de um grupo de entidades do mesmo
segmento.
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ANÁLISE POR ÍNDICES

Este é o processo de análise mais utilizado pelos analistas de Balanços, porque oferece
visão global da situação econômica e financeira da entidade.

Os índices são extraídos das demonstrações financeiras através de confrontos entre contas
ou grupos de contas.

Com base nos dados do Balanço Patrimonial e Demonstração do Resultado a seguir vamos
calcular alguns índices:

BALANÇO PATRIMONIAL–EMPRESA ABC LTDA-DE ACÔRDO COM A LEI 11638/07


ATIVO 30/06/X1 30/06/X0 PASSIVO . 30/06/X1 30/06/X0
CIRCULANTE CIRCULANTE
Caixa 32.450 16.810 Fornecedores 154.850 137.120
Contas a Receber 187.550 120.570 I.R. a Pagar 25.420 12.480
Estoques 110.440 162.450 Empréstimos a Pagar 48.700 55.430
330.440 299.830 228.970 205.030
ATIVO NÃO PASSIVO NÃO
CIRCULANTE CIRCULANTE
REALIZ. L. PRAZO 70.820 95.480 EXÍG. A L. PRAZO 242.370 236.980

PATR. LÍQUIDO
Investimentos 42.000 48.250 Capital Social 485.320 485.320
Imobilizado 777.850 718.340 Reservas de Capital 115.280 165.130
Intangível(Patentes) 22.210 20.410 Reservas de Lucros 171.380 89.850
842.060 787.000 771.980 740.300

Total 1.243.320 1.182.310 Total 1.243.320 1.182.310

Demonstração de Resultados do Exercício(DRE)

20X1 20X0
Receita Líquida 8.254.850 7.454.930
( - ) CMV (3.247.720) (3.128.470)
= Lucro Bruto 5.007.130 4.326.460
( - ) Despesas Operacionais (4.513.450) (3.973.950)
= Lucro Operacional 493.680 352.510
+ Receitas Financeiras 24.500 25.200
( - ) Despesas Financeiras (447.623) (321.353)
= Lucro Antes do I.R. 70.557 56.357
( - ) Provisão para I.R. (21.167) (16.907)
= Lucro Líquido 49.390 39.450
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ANÁLISE DO PERÍODO DE X1:

ÍNDICES DE LIQUIDEZ

São utilizados para avaliar a capacidade de pagamento da empresa, isto é, constituem


uma apreciação sobre se a empresa tem capacidade para saldar seus compromissos.

1º) Índice de liquidez corrente


Mostra a capacidade de pagamento da empresa a Curto Prazo, por meio da fórmula:

AC 330.440
------ ---------- = 1,44
PC 228.970

Para cada $ 1,00 de dívida há $ 1,44 de dinheiro e valores que se transformarão em


dinheiro (AC)

2º) Índice de liquidez seca


Se a empresa sofresse uma total paralisação das suas vendas, ou se o seu Estoque
fosse obsoleto, quais seriam as chances de pagar as suas dívidas.

AC - E 330.440 – 110.400
----------- ----------------------- = 0,96
PC 228.970

Com este índice observamos que, se a empresa parasse de vender, conseguiria pagar $
0,96 de cada $ 1,00 de suas dívidas.

3º) Índice de Liquidez Geral


Mostra a capacidade de pagamento da empresa a Longo Prazo, considerando tudo o
que a empresa converterá em dinheiro (a Curto e Longo Prazo), e relacionando com
tudo o que a empresa já assumiu como dívida (a Curto e Longo Prazo).

AC + RLP 330.440 + 70.820


--------------- --------------------- = 0,85
PC + ELP 228.970 + 242.370

Para cada $1,00 de dívidas a empresa possui apenas $ 0,85 de valores a receber.
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ÍNDICES DE ENDIVIDAMENTO

Estes índices medem proporções entre capitais próprios e de terceiros.

1º) Grau de Endividamento:


PC + ELP 228.970 + 242.370
--------------- ----------------------- = 0,38 x 100 = 38%
Passivo Total 1.243.320

Este índice sugere que a participação de terceiros é de 38% dos recursos totais
investidos na empresa.

2º) Garantia do Capital Próprio ao Capital de Terceiros:


PL 771.980
--------------------------- = ------------ = 1,64
Passivo Circ+Exigível 471.340

Para cada $ 1,00 de Capital de Terceiros, há $ 1,64 de Capital Próprio como garantia.

ÍNDICES DE ATIVIDADE:

Estes índices revelam a eficiência ou ineficiência operacional da empresa.

2º) Período Médio de Recebimentos(PMR)


Este índice revela qual o prazo médio de recebimento das vendas.

Contas a receber 187.550


----------------------- = --------------------- = 8,17
Receita Líquida (8.254.850)/360

Revela que o prazo médio de recebimento das vendas é de 8,17 dias.

3º) Período Médio de Pagamentos(PMP)


Este índice revela qual o prazo médio de pagamento das compras.

Fornecedores 154.850
---------------------- = --------------------- = 17,16
CMV (3.247.720)/360

Revela que o prazo médio de pagamento aos fornecedores é de 17,16 dias.


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4º) Giro do Ativo
Este índice mostra a eficiência com que a gerência usa seus investimentos na geração
de receitas.
Receita 8.254.850
----------- = --------------- = 6,64
Ativo 1.243.320

A empresa conseguiu transformar o valor do seu ativo 6 vezes em vendas.

ÍNDICES DE RENTABILIDADE E LUCRATIVIDADE


Estes índices examinam as margens de lucro da empresa.

1º) Margem Bruta

Lucro Bruto 5.007.130


------------------ --------------- = 0,61 x 100 = 61%
Receitas 8.254.850

Este índice revela que a margem de lucro bruta é de 61%.

2º) Margem da Atividade (operacional ou Ebitda)

Lucro da Atividade 493.680


--------------------------- ------------- = 0,060 x 100 = 6%
Receitas 8.254.850

Este índice revela que a margem de lucro da atividade (ou operacional) é de 6%.

3º) Margem Líquida


LL 49.390
----------------- ------------- = 0,006 x 100 = 0,6%
Receitas 8.254.850

Este índice revela que a margem de lucro líquida é de 0,6%.

Para cada $ 1,00 de vendas resultaram $ 0,006 de lucro líquido.

4º) Retorno Sobre o Ativo Total


O Ativo representa o total dos investimentos da empresa, assim este índice indica a
eficiência global do emprego de tais recursos.
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LL 49.390
----------------- ------------- = 0,04 x 100 = 4%
Ativo Total 1.243.320

Revela que o retorno sobre o ativo foi de 4%.

5º) Retorno Sobre o Patrimônio Líquido


Este é certamente um dos mais importante índice, pois mostra a rentabilidade que a
empresa oferece aos seus proprietários.

LL 49.390
-------- ------------- = 0,064 x 100 = 6,4%
PL 771.980

Revela que o retorno sobre o Patrimônio Líquido foi de 6,4%

Principais Indicadores

Índices Fórmulas
Composição do Endividamento
Grau de Endividamento PC+ELP / AT
Garantia do Capital Próprio ao Capital de Terceiros PL / ET
Partic. do Capital de Terc. em Relação ao Cap. Próprio ET / PL
Composição do Endividamento PC / ET
Imobilização do Patrimônio Líquido AP / PL
Imobilização dos Recursos não Correntes AP/PL + ELP
Liquidez
Liquidez Geral AC+RLP / PC+ELP
Liquidez Corrente AC / PC
Liquidez Seca AC-E / PC
Liquidez Imediata D / PC
Rentabilidade
Margem Bruta LB / V
Margem Operacional LO / V
Margem Líquida LL / V
Rentabilidade do Ativo LL / AT
Rentabilidade do Patrimônio Líquido LL / PL
Atividades
Giro dos Estoques Estoque / CMV
Prazo Médio de Recebimentos CR / Receita Líquida
Prazo Médio de Pagamentos Fornecedores/ CMV
Giro do Ativo V / AT
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Legendas
AT – Ativo Total
ET – Exigível Total
V – Vendas
EM – Estoque Médio
CR – Contas a Receber
CMV- Custo das Mercadorias Vendidas
AC = Ativo Circulante
LB = Lucro Bruto
LL = Lucro Líquido
PC = Passivo Circulante
ELP = Exigível a Longo Prazo
LO = Lucro Operacional
D = Disponibilidades
RLP = Realizável a Longo Prazo
E = Estoques

EXERCÍCIOS:
1. Aproximando-se o fim do ano de 2000, avaliações feitas Pela Cia Petrópolis S/ª
indicavam um Lucro Líquido de cerca de $ 49.000, enquanto o Balanço era o seguinte:

Ativo Circulante 330.000 Passivo Circulante 320.000

Ativo Imobilizado 650.000 Patrimônio Líquido 660.000

Total 980.000 Total 980.000

Pede-se: Com base nas informações dadas, compute os seguintes índices e porcentagens
antes e depois das transações ocorridas.

a) Índice de Liquidez Corrente (AC/PC).

b) Retorno sobre o Ativo Total. (LL/AT)

c) Retorno sobre o Patrimônio Líquido. (LL/PL)

d) Retorno sobre Ativo Imobilizado. (AP/PL)


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6. A Empresa Comercial Sigma apresenta o seguinte Balanço Patrimonial:

ATIVO PASSIVO
Circulante Circulante
Caixa 200 Fornecedores 100
Duplicatas a Receber 300 Impostos a Recolher 1.000
Estoques 500 Outras Obrigações 100
1.000 1.200
ATIVO NÃO CIRCULANTE PASSIVO NÃO CIRCULANTE
Realizável a Longo Prazo Exigível a Longo Prazo
Títulos a Receber 100 Financiamentos 1.400

Patrimônio Líquido
Investimentos 1.000 Capital 400
Imobilizado 500 Lucros Acumulados 100
Marcas e Patentes 500 500
2.000

Total 3.100 Total 3.100

Com base no Balanço da Empresa Comercial Sigma, faça uma análise e responda às
seguintes questões:

1. Qual é o Capital Circulante Líquido da empresa? (capital de giro).

2. Qual o valor do Capital de Terceiros?

3. Qual o valor do Capital Próprio?

4. Quais os índices de endividamento em relação ao Capital Próprio e aos investimentos


totais?

5. Calcule os índices de Liquidez (seca, corrente e geral).

6. Qual o Capital Total à disposição da empresa?


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ANÁLISE HORIZONTAL

A análise horizontal tem por finalidade demonstrar a evolução dos itens das demonstrações
financeiras ao longo dos anos.

“CIA ALFA LTDA”


(Evolução em $ milhões)

20x6 20x7 20x8 20x9 20xx


Vendas 300 321 343 367 393
( - ) CMV 200 216 233 252 272
Lucro Bruto 100 105 110 115 121

Um observador menos atento certamente ficaria satisfeito com a evolução crescente dos lucros.
Entretanto, uma análise horizontal e mais cuidadosa revelaria os seguintes crescimentos compostos
para Receitas e Custos:
As receitas crescem 7% cumulativamente, a cada ano. As despesas crescem 8% e o lucro apenas
5%.

Por outro lado, o reflexo da evolução dos itens em seu sentido horizontal também condiciona a
análise vertical. De fato, o lucro representa 33,3% das vendas em 20x6, 32,7% em 20x7, 32,1 em
20x8, 31,3 em 20x9 e 30,8 em 20xx. Um decréscimo lento, mas “seguro”, portanto.

ANÁLISE VERTICAL

A análise vertical é aquela através da qual se compara cada um dos elementos do conjunto em
relação ao total do conjunto. Ela evidencia a porcentagem de participação de cada elemento do
conjunto
A “Cia Beta S/A”, assim apresentava a evolução dos grupos do Ativo em relação ao Ativo Total

20x6 % 20x7 % 20x8 % 20x9 %


Disponibilidades 20 6 15 3,5 10 2 8 1,5
Recebíveis a CP 90 27 85 20 20 5 22 4
Estoques 60 18 80 19 110 25 130 24
Recebíveis a LP 10 3 20 5 25 6 30 6
Imobilizado 150 44 200 48 250 57 300 56
Investimentos 5 1 15 3,5 15 3 30 6
Outros 3 1 5 1 10 2 12 2,5
Total 338 100 420 100 440 100 532 100
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Observe-se que o ativo total teve acréscimos de 24% entre 20x6 e 20x7. De 5% de 20x7 a 20x8.
De 21% de 20x8 a 20x9.

Dentre os grandes itens, nota-se diminuição da participação do Disponível Sobre o Ativo Total.

Os estoques sofrem acréscimo de 18% para 19%, e para 25% em 20x8, decrescendo ligeiramente
sua participação em 20x9, ao nível de 24%, porém acima do nível inicial. Seria preciso investigar
o porquê disso e com quais fundos foi aumentada a participação do estoque. Em parte, talvez, isso
tenha sido possível pela melhor administração do Disponível.

Vejamos o que ocorre com os Recebíveis a Curto Prazo: diminuem bastante de 20x6 a 20x7,
passando de 27% para 20%. Sofrem decréscimo brutal em 20x8, qual deverá ser investigado
quanto às verdadeiras causas. Mantêm-se baixos em 20x9. Estes dois últimos valores podem ser
indicativos de que a empresa praticamente não vendeu a prazo.

Em compensação, a empresa conseguiu transferir recursos maciços para investimento em


imobilizado. Este aumentou sua participação de 44%, em 20x6, para 48%, em 20x7, e 57%, em
20x8, mantendo-se praticamente estável em 20x9. A empresa está queimando" investimentos em
dinheiro e recebíveis para investir em estoques e imobilizado. Seria, por outro lado, necessário
analisar a composição das fontes de recursos para se ter uma idéia melhor do que ocorreu.

“EMPRESA GAMA S/A”


Demonstrativos de Resultado

20X8 20X9

Vendas 385 100% 520 100%


(-) CMV 193 50% 244 47%
= LB 192 50% 276 53%
(-) D.OPER.
Salários 80 65% 115 65%
Depreciações 10 8% 15 8%
Impostos 8 6% 12 7%
Outras 25 21% 123 32% 36 20 178 34%
= L.OPER. 69 18% 98 19%
(-) D.FIN. 10 3% 36 7%
= LAIR 59 15% 62 12%
(-) I.R 9 2% 12 2
L.L. 50 13% 50 10%

A análise vertical é extremamente reveladora, neste caso. Verifica-se que até o item "Lucro
Operacional" a empresa manteve e até melhorou o desempenho, em relação a 20x8. De fato, o
custo das vendas que representava 50% das mesmas diminuiu para 47%, aumentando, portanto, a
participação do lucro em vendas. Entretanto, verifica-se acréscimo percentual das Despesas
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Operacionais, as quais passam de 32% para 34%. Interessante notar que, dentro do grupo Despesas
Operacionais, seus componentes mantêm as participações com relação ao total. Por algum motivo,
a empresa não conseguiu controlar as despesas operacionais globais ao mesmo nível percentual de
20x8. Isto foi quase o suficiente para anular a vantagem obtida no custo das vendas.

No item Despesas Financeiras verifica-se o fator primordial que fará o desempenho da empresa
empobrecer, pelo menos no que se refere ao DR. Passaram de 3%, porcentagem razoável, para 7%
das vendas, bastante alta, embora não alarmante. Quais os motivos desta mudança? É preciso
investigar em profundidade, tentando alterar o comportamento. Em conseqüência da piora no item
Despesas Financeiras, todos os demais relacionamentos se deterioram. De um lucro líquido de
13% sobre as vendas passamos para 10%, embora em valores absolutos permaneçam iguais.

EXEMPLO:

Com base nos dados do Balanço Patrimonial e Demonstração do Resultado da


Cia “Planalto S.A” , responda as questões propostas.

ATIVO 30/06/X1 30/06/X0 PASSIVO . 30/06/X1 30/06/X0


CIRCULANTE CIRCULANTE
Caixa 32.450 16.810 Fornecedores 154.850 137.120
Contas a Receber 187.550 120.570 Imposto de Renda 25.420 12.480
Estoques 110.440 162.450 Empréstimos 48.700 55.430
330.440 299.830 228.970 205.030

REALIZ. L. PRAZO 70.820 95.480 EXÍG. L. PRAZO 242.370 236.980

PERMANENTE PATR. LÍQUIDO

Investimentos 42.000 48.250 Capital Social 485.320 485.320


Imobilizado 777.850 718.340 Reservas 115.280 165.130
Diferido 22.210 20.410 Lucros Acumulados 171.380 89.850
842.060 787.000 771.980 740.300

Total 1.243.320 1.182.310 Total 1.243.320 1.182.310

Demonstração de Resultados

20X1 20X0 Variação


%

Receita Líquida 8.254.850 7.454.930 10,7

( - ) CMV (3.247.720) (3.128.470) 3,8

= Lucro Bruto 5.007.130 4.326.460 15,7


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( - ) Despesas Operacionais (4.513.450) (3.973.950) 13,6

= Lucro da Atividade 493.680 352.510 40,0

+ Receitas Financeiras 24.500 25.200 - 2,8

( - ) Despesas Financeiras (447.623) (321.353) 39,3

= Lucro Antes do I.R. 70.557 56.357 25,2

( - ) Provisão para I.R. (21.167) (16.907) 25,2

= Resultado Líquido 49.390 39.450 25,2

RELATÓRIO DE ANÁLISE:
Uma primeira avaliação da empresa é baseada no DRE, em particular com a ajuda da
coluna variação, que foi acrescentada para favorecer a análise. Assim, o faturamento
aumentou em 10,7%, o Lucro Bruto em 15,7%, o Lucro da Atividade em 40% e o
Resultado Líquido cresceu 25,2%, enquanto o CMV e os custos operacionais aumentaram
mais lentamente. O aspecto negativo parece localizado nos custos financeiros, que
aumentaram 39,3%. Por outro lado, o crescimento do Ativo no mesmo período foi de
somente 5,2%, sugerindo que a empresa tenha melhorado a eficiência com que usa seus
ativos.

RELATÓRIO DE ANÁLISE

CONCEITO
Relatório de Análise é um documento, elaborado pelo analista de balanços, que contém as
conclusões resultantes do desenvolvimento do processo de análise.

COMO ELABORAR UM RELATÓRIO DE ANÁLISE


O Relatório de Análise deve ser elaborado em linguagem inteligível para leigos, ainda que alguns
usuários possuam conhecimento de contabilidade.
Ao elaborar um Relatório de Análise, o analista deve procurar relatar suas conclusões visando
auxiliar o usuário em suas tomadas de decisão.

Os Relatórios de Análise de Balanços poderão conter muitas ou poucas informações, conforma a


necessidade do usuário.
Em geral, o Relatório de Análise deve apresentar informações sobre a situação econômico-
financeira da empresa e sobre seu desempenho ao longo dos períodos analisados, bem como as
tendências para o futuro. Devem ser esclarecidas, ainda, as causas que proporcionaram o grau de
endividamento, liquidez e rentabilidade encontrados, sejam eles positivos ou negativos.

Para que o Relatório de Análise de Balanços seja inteligível por leigos, não devem apresentar
dados como quocientes, coeficientes ou números-índices, os quais devem ser traduzidos em
informações. Suponhamos os seguintes indicadores:
QUOCIENTES QUOCIENTES-
INDICADORES QUOCIENTES MULTIPLICADORES PADRÃO
POR 100
Liquidez Geral 1,42 142% 1,20
18
Liquidez Corrente 1,70 170% 1,35
Liquidez Seca 1,54 154% 1,25
Veja como esses dados não devem ser relatados:

Situação de Liquidez – O Quocientes de Liquidez Geral foi de 1,42 ou 142%, indicando que a
empresa possui recursos, no seu Ativo Circulante mais Realizável a Longo Prazo, no valor de R$
142 para cada R$ 100 de Passivo Circulante mais Exigível a Longo Prazo, estando acima do
Quociente-padrão de seus concorrentes, que é de 1,20; o Quociente de Liquidez Corrente é de 1,70
ou de 170%, indicando que a empresa possui, no Ativo Circulante, recursos no valor de R$ 170
para cada R$ 100 de dívidas a curto prazo, evidenciando a existência de Capital Circulante Líquido
e operando acima do Quociente-padrão alcançado por seus concorrentes, que é de 1,35; o
Quociente de Liquidez Seca é de 1,54 ou 154%, mostrando que a empresa possui disponibilidades
mais direitos de conversibilidade garantida de R$ 154 para cada R$ 100 de dívidas a curto prazo,
estando também operando acima do padrão de seus concorrentes, que é de 1,25.

Veja, agora, a maneira mais adequada de se relatar estes dados:

Situação de Liquidez – A empresa encontra-se bem estruturada sob o ponto de vista de solvência,
possuindo solidez financeira suficiente para cobrir seus compromissos de curto e de longo prazo,
uma vez que opera com todos os Quocientes de Liquidez acima do padrão de seus concorrentes.
O analista deve anexar ao Relatório de análise de Balanços os documentos que comprovam os
resultados da análise. Esses documentos poderão variar em quantidade e espécie, de acordo com a
profundidade dos exames efetuados. Normalmente, a um relatório breve, devem ser anexados o
Balanço Patrimonial, a Demonstração do Resultado do Exercício e um mapa contendo os
indicadores utilizados (Quocientes de Estrutura de Capitais, Liquidez, Rentabilidade e de
Atividade) além dos quocientes-padrão.

MODELO DE UM RELATÓRIO DE ANÁLISE

Tabela de indicadores:

INDICADORES EXERCÍCIO EXERCÍCIO PADRÃO


x1 X2
QUOCIENTES FINANCEIROS
Estrutura de Capitais
Participação de Capitais de Terceiros 3,40 1,60 0,85
Composição do Endividamento 1,00 0,61 0,50
Imobilização do Patrimônio Líquido 1,60 1,10 0,60
Imobilização dos Recursos Não-Correntes 1,60 0,67 0,48
Liquidez
Liquidez Geral 0,82 0,93 2,00
Liquidez Corrente 0,64 1,35 1,30
Liquidez Seca 0,29 0,89 1,10
Liquidez Imediata 0,12 0,39 0,55
QUOCIENTES ECONÔMICOS
Rentabilidade
Giro do Ativo 2,18 2,13 2,10
Margem Líquida 0,09 0,17 0,13
Rentabilidade do Ativo 0,19 0,36 0,20
Rentabilidade do Patrimônio Líquido 0,86 0,95 0,25
19

RELATÓRIO

Após a análise e a interpretação das demonstrações financeiras da empresa Polinésia S.A. relativas
aos exercícios de x1 e x2, apresentamos as seguintes informações:

Situação Financeira
a) Endividamento – A empresa apresenta alto grau de endividamento, uma vez que os
Quocientes de Estrutura de Capitais se encontram acima dos quocientes alcançados por Empresas
que exercem o mesmo ramo de atividade.
No período abrangido pela análise, a empresa não apresentou Capital Circulante Próprio,
trabalhando com Capitais de Terceiros em proporções maiores que os Capitais Próprios,
insuficientes para financiar o Ativo Permanente, revelando que a empresa encontra-se em
mãos de terceiros. Houve considerável melhora no grau de endividamento no exercício de
x2 em relação ao de x1, revelando tendências de breve recuperação.

b) Liquidez – Sob o ponto de vista de solvência, a empresa encontra-se também em


situação desfavorável, pois não apresenta solidez financeira que garanta o cumprimento dos
compromissos de curto e de longo prazo. A exceção é o exercício de x2, no qual o Quociente de
Liquidez Corrente encontra-se ligeiramente acima do Quociente-padrão de seus concorrentes.

Situação Econômica
Rentabilidade – A situação econômica no exercício de x2 foi melhor que no exercício de x1. Em
x2, os Quocientes de Rentabilidade encontram-se acima dos Quocientes –padrão Medianos de
seus concorrentes. A boa rentabilidade alcançada no exercício de x2 decorre o esforço efetuado
pela empresa no sentido de reverter o alto grau de endividamento apresentado no exercício
de x1.

Situação Econômica e Financeira


Embora apresente, no exercício de x1, alto grau de endividamento e baixo grau de Solvência, a
Cia Polinésia S.A. revela tendências de melhora em função da boa política de renegociação de
dívidas . Essa política permitiu reduzir compromissos de curto prazo em troca de empréstimos de
longo prazo. Além disso, houve uma boa iniciativa de contenção de despesas e incentivo ao
aumento do volume de vendas, que foi possível através da tomada de medidas adequadas.
O alto grau de rentabilidade alcançado no exercício de x2, que coloca a empresa acima do patamar
de seus concorrentes, não foi suficiente para reverter, naquele ano, o quadro desfavorável verificado
no exercício de x1. Não há, entretanto, evidências para falências.
A Cia Polinésia S.A. consegue retorno de seu Ativo em apenas 2,77 anos, possibilitando o
retorno do Capital investido pelos proprietários em apenas 1,05 ano.
Mantendo a atual política de renegociação de dívidas, de contenção de despesas e aumento da
rentabilidade, conseguirá, em pouco tempo, apresentar graus de endividamento e liquidez
satisfatórios, estruturando-se adequadamente sob o ponto de vista econômico e financeiro.

Ass.:_______________________________
Analista
20

QUADRO C
R E L A T Ó R I O
Introdução:

Situação Financeira
Endividamento:

Liquidez:

Situação Econômica
Rentabilidade:

Conclusão
21

BIBLIOGRAFIA

BRIGHAM, E.F. Fundamentos da Moderna Administração Financeira. Ed. Campus, 2000.

CREPALDI, S. A. Contabilidade Gerencial. Ed. Atlas. São Paulo, 2002.

HERRMAN JR. F. Análise de Balanços para a Administração Financeira. Ed. Atlas, 2004.

IUDÍCIBUS, S. Contabilidade Gerencial. Ed. Atlas. São Paulo, 1998.

MARION, J.C. Análise das Demonstrações Contábeis, Ed. Atlas, 2002.

MARION, J.C. Contabilidade Empresarial, Ed. Atlas, 2002.

MATARAZZO. D. C. Análise Financeira de Balanços. Ed. Atlas. 2003

NÉLIO, D.P. Introdução à Contabilidade Gerencial. Ed. Makron Books. São Paulo, 2002.

OLIVEIRA, Luís Martins de. Controladoria. Ed. Futura, São Paulo, 1998.

Parabéns! Mais uma etapa vencida.

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