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I – Introdução.
excedentes econômicos neste processo, estes devem ser reinvestidos nos meios para a
consecução dos fins estipulados.” (ALVES, 2001)
Rubem César Fernandes (1997), já citado acima, também traz uma síntese
sobre o Terceiro Setor, onde ressalta que um processo de mutação vem tentando
compatibilizar as divergências entre os elementos que o compõem.
“Em resumo, pelo que foi visto até aqui, pode-se dizer que o Terceiro Setor é
composto por organizações sem fins lucrativos, criadas e mantidas pela ênfase na
participação voluntária, num âmbito não-governamental, dando continuidade às
práticas tradicionais da caridade, da filantropia e do mecenato e expandindo o seu
sentido para outros domínios, graças, sobretudo, à incorporação do conceito de
cidadania e de suas múltiplas manifestações na sociedade civil (Fernandes, 1995 e
1996a).
Por sua vez, Rosa Maria Fischer (2002), pesquisadora e diretora do CEATS –
Centro de Empreendedorismo Social e de Administração do Terceiro Setor – da
FIA/FEA/USP, propõe um conceito amplo, fundamentado na linha de pensamento
americana preconizada por Lester Salamon, e que é capaz de envolver e retratar toda a
diversidade do Terceiro Setor.
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como objetivo apresentar um retrato mais completo das instituições privadas sem fins
lucrativos que atuam no Brasil.
b) Mapa do Terceiro Setor, que foi identificado pelo termo MAPA, realizado
pelo Centro de Estudos do Terceiro Setor – CETS – da Fundação Getúlio Vargas – FGV
-, com apoio da Fundação Salvador Arena e da Fundação Orsa e colaboração de
diversas organizações da sociedade civil, que tem como meta construir uma ampla base
de dados sobre o Terceiro Setor no Brasil, que sirva como referência nacional e
internacional de consulta, e promover o intercâmbio de experiências entre as
organizações sociais.
Assim, se a primeira etapa define o que as organizações sem fins lucrativos têm
em comum, a segunda etapa especifica de que forma, dentro do universo das entidades
“sem fins lucrativos”, elas se diferenciam uma das outras, levando em conta suas
finalidades ou atividades principais.
(ii) sem fins lucrativos, isto é, organizações que não distribuem eventuais
excedentes entre os proprietários ou diretores e que não possuem como razão primeira
de existência a geração de lucros – podem até gerá-los desde que aplicados nas
atividades fins;
Optou-se por esse estudo, na medida em que ele foi realizado a partir do
Cadastro Central de Empresa – CEMPRE - do IBGE, para o ano de 2002, que cobre o
universo das organização inscritas no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas – CNPJ,
do Ministério da Fazenda, que no ano de referência declararam, ao Ministério do
Trabalho e Emprego, exercer atividade econômica no Território Nacional. Observe-se,
também, que o Cadastro abrange tanto entidades empresarias como órgãos da
administração pública e instituições privadas sem fins lucrativos, que foram o foco do
estudo. Assim sendo, por partir do CEMPRE, acredita-se que esse estudo é mais
adequado à realidade brasileira, especialmente no tocante à natureza jurídica das
entidades sem fins lucrativos, nos termos em que são definidas em nosso sistema legal.
“No caso brasileiro, esses critérios correspondem a três figuras jurídicas dentro
do novo Código Civil: associações, fundações e organizações religiosas. As
associações, de acordo com o art. 53 do novo Código Civil regido pela Lei nº 10.406,
de 10 de janeiro de 2002, constituem-se pela união de pessoas que se organizam para
fins não-econômicos. As fundações são criadas por um instituidor, mediante escritura
pública ou testamento, a partir de uma dotação especial de bens livres, especificando o
fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la. E, também, as
organizações religiosas que foram recentemente consideradas como uma terceira
categoria. Com efeito, a Lei 10.825, de 22 de dezembro de 2003, estabeleceu como
pessoa jurídica de direito privado as organizações religiosas, que anteriormente se
enquadravam na figura de associação ...” (op. cit., p. 15)
Sobre o assunto acima tratado, oferta-se parecer que consta como anexo da Carta
Circular nº 01/2004 da ANAMEC – Associação Nacional de Mantenedoras de
Escolas Católicas do Brasil, de autoria de seu Consultor Jurídico Eduardo de
Rezende Bastos Pereira:
Outra valiosa contribuição da autora acima referida, inserta no mesmo artigo, diz
respeito a definição, levando em conta a finalidade, dos tipos jurídicos fundamentais sob
a ótica do Banco Mundial, quais sejam: organizações de Benefício Mútuo e de
Interesse Público. A distinção entre os dois tipos fundamentais é extremamente
relevante, uma vez que está relacionada com a própria identidade do terceiro setor –
quem é quem neste universo – e repercute na própria relação financeira entre as
organizações e o poder público, na medida em que dá parâmetros para uma graduação
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clara de benefícios e incentivos fiscais e acesso aos recursos público, isto é, maiores
benefícios, incentivos e acesso aos recursos públicos devem ser concedidos às entidades
de interesse público.
“No entanto, com freqüência, pessoas reúnem esforços ou recursos não com a
finalidade de obter resultados lucrativos ou financeiros para seus sócios, mas para
atingir outros fins: lazer, cultura, recreação, estudo ou difusão de idéias, benemerência
e tantos outros. Entidades dessa natureza podem ganhar reconhecimento jurídico ao
registrarem seus estatutos (e não um contrato) em um cartório de registro civil de
pessoas jurídicas. Essas entidades sem fins lucrativos constituem-se sob a forma de
associações ou fundações.
Outro aspecto destacado por José Eduardo Sabo Paes (2004), que está em
conformidade com o entendimento do Banco Mundial, é a opção dos países anglo-
saxões, cuja legislação é o resultado de séculos de experiência social e jurídica, em
distinguir em duas categorias as organizações do ventilado setor, tendo como parâmetro
as suas finalidades.
“ A palavra instituição não tem a ver com tipos específicos de entes jurídicos, à luz de
considerações estritamente formais. (...). Instituição é palavra destituída de conceito jurídico-
fiscal. Inútil procurá-lo aqui ou alhures, no direito de outros povos. (...). O que caracteriza é
exatamente a sua função e os fins que exercem e buscam, secundária a forma jurídica de sua
organização, que tanto pode ser fundação, associação, etc. O destaque deve ser para a função,
fins”. (grifei) (443).
campo da assistência social, que a própria Constituição define no seu art. 6º, que a
educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à
maternidade e à infância, a assistência aos desamparado são direitos sociais.
_______
“445 Ives Gandra Martins em “Comentários à Constituição do Brasil”, Ed. Saraiva, 6º v., tomo
1, 1990, p. 181/183, coloca em apoio da jurisprudência do Tribunal Federal de Recursos, hoje,
Superior Tribunal de Justiça, de que as instituições a que se refere o art. 150, são de assistência
social lato sensu, abrangendo previdência, saúde e assistência social propriamente dita.””.
(op. cit., p. 492)
Segundo o autor referido: “Atualmente, o novo Código Civil define e separa com
clareza as categorias de pessoas jurídicas de direito privado: associações são
constituídas pela união de pessoas para fins não-econômicos (artigo 53); fundação é
constituída por uma dotação especial de bens, realizada por um instituidor que
especificará o fim a que se destina e declarará, se quiser, a maneira de administrá-la; e
sociedades são constituídas por pessoas que, reciprocamente, se obrigam a contribuir
com bens ou serviços para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos
resultados (artigo 981).
(...)
...Outra distorção refere-se à associação do conceito de Terceiro Setor a
entidades privadas sem fins lucrativos, induzindo a uma interpretação equivocada de
que as entidades que compõem esse setor têm uma natural vocação pública.
“Do ponto de vista jurídico, o termo ONG não se aplica. Nossa legislação prevê
apenas 3 formatos institucionais para a constituição de uma organização sem fins
lucrativos (associação, fundação, organização religiosa). Portanto, toda ONG é uma
associação civil ou uma fundação privada.
• Serviço Social Autônomo (art. 240, e art. 62 dos Atos das Disposições
Constitucionais Transitórias).
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X – Conclusões.
específicas. Ressalta-se que as organizações religiosas são aquelas que têm como
finalidade cultivar crenças religiosas e administrar serviços religiosos e rituais.
(c) Pela atual legislação de nosso país, estariam incluídas no Terceiro Setor,
segundo o conceito proposto, as organizações constituídas sob a modalidade de
associações ou fundações.
AUTOR
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Barbosa e Carolina Felippe de Oliveira; Coordenação Luiz Carlos Merege. - 4. ed. rev.
atual. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2003, p. 13/14. ISBN 85-225-0353-2
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desenvolvimento social sustentado. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997, p. 27. ISBN 85-
219-0264-6
GOHN, Maria da Glória. Mídia, terceiro setor e MST: impacto sobre o futuro das
cidades e do campo. Petrópolis, Vozes, 2000. Citado in: CARVALHO, Denise Gomide,
op. cit., p. 44.
LANDIM, Leilah. “Chapter, 2 – The nonprofit sector in Brazil” In: Anheier, H. L and
Salamon L. M. “The nonprofit Sector in the development world: a comparative
analysis”. Manchester University Press: New York, 1998. Citado in: FISCHER, Rosa
Maria, op.cit., p. 46
MEREGE, Luiz Carlos. O papel do 3º setor na estrutura de uma nova sociedade. Artigo
publicado em material didático do curso Administração para Organizações Não
Lucrativas, GVpec, da EAESP-FGV. São Paulo, 2º semestre de 1999.
SALAMON, Lester & ANHEIR, Helmut K.” In Search of the Non-Profit Sector I: The
Question of Definitions”. Voluntas V. 3 Nº 2, Manchester: Manchester University
Press, 1992, p. 15. Citado in: FERNANDES, Rubem C. Privado porém Público. op. cit.,
19. Citado in: ALVES, Mario de Aquino, op. cit.