Você está na página 1de 19

74

PIGA, T. R.; MANSANO, S. R. V.; MOSTAGE, N. C.

ASCENSÃO E DECLÍNIO DA AGENDA 21: Uma Análise Política


RISE AND DECLINE OF AGENDA 21: A Political Analysis

Talita Ravagnã Piga (1)


Sonia Regina Vargas Mansano (2)
Universidade Estadual de Londrina/UEL, Londrina-PR
Nicole Cerci Mostage (3)
Universidade Estadual do Norte do Paraná/UENP, Londrina-PR
RESUMO
Desde a segunda metade do século XX, foram empreendidos diversos esforços no sentido de problematizar
o avanço da devastação da natureza. Uma dessas iniciativas foi a elaboração da denominada Agenda 21, no
ano de 1992, por ocasião da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento,
realizada na cidade do Rio de Janeiro. Tomando em consideração a relevância histórica do documento, o
presente artigo, teórico e documental, tem por objetivo analisar as relações de poder que atravessaram a
elaboração e a implementação da Agenda 21. Para tanto, a investigação foi dividida em três momentos: o
primeiro discorre sobre a ascensão e o declínio da Agenda 21; em seguida, analisam-se as implicações
subjetivas desse documento; e, por fim, o estudo aborda as dimensões políticas que atravessaram sua
elaboração e implementação. Ao final, evidencia-se que, sem construir uma implicação subjetiva e política
com a questão ecológica, qualquer iniciativa apresentará limites.
Palavras-chave: Sustentabilidade; relações de poder; subjetividade; política.

ABSTRACT
Since the second half of the twentieth century, various efforts have been undertaken several efforts to discuss
the advancement of the devastation of nature. One of these initiatives was the elaboration of Agenda 21, in
1992, on the occasion of the United Nations Conference on Environment and Development, in the city of Rio
de Janeiro. Taking into account the historical relevance of the document, this article, theoretical and
documentary, aims to analyze the power relations that went through the elaboration and implementation of
Agenda 21. Therefore, the research was divided into three moments: the first one deal with the rise and
decline of Agenda 21; then the subjective implications of this document are analyzed; and, finally, the study
addresses the political dimensions that went through its elaboration and implementation. At the end, it is
evident that, without constructing a subjective and political implication with the ecological question, any
initiative will present limits.
Keywords: Sustainability; power relations; subjectivity; politics.

notáveis em nosso tempo histórico e


INTRODUÇÃO ganham mais visibilidade, sobretudo, pela
Os esforços dirigidos para recorrência de estudos e estatísticas que
problematizar a devastação sistemática evidenciam os problemas ambientais
que incide sobre o meio ambiente são causados pelas atividades econômicas,

Revista Perspectivas Contemporâneas, v. 13, n. 3, p. 74-92, set./dez. 2018.


http://revista.grupointegrado.br/revista/index.php/perspectivascontemporaneas
75
ASCENSÃO E DECLÍNIO DA AGENDA 21: Uma Análise Política

afetando especialmente as mudanças geral que, por diferentes vias, abriu


climáticas (WORLDWATCH INSTITUTE, caminhos para conectar-se à questão
2010; SILVERWOOD-COPE et al., 2011; ecológica, acreditando na possibilidade de
IPCC, 2014). Os resultados efetivos de tais avançar não apenas nos debates, mas
esforços, entretanto, ainda guardam uma também em práticas efetivas de proteção
dimensão discreta diante dos desafios que ambiental. Passados 26 anos de sua
temos pela frente em relação ao que elaboração, entretanto, é notável que tal
Stengers (2014, p. 40) denomina como um documento sofreu um enfraquecimento
“tempo das catástrofes”. Ao analisar nossa sistemático, caindo no esquecimento e
relação com a natureza, valendo-se do deixando de ser uma referência. Estudos
mito de Gaia, a autora afirma: “Não realizados em diferentes áreas de
seremos mais autorizados a esquecê-la. conhecimento testemunham esse
Teremos de responder incessantemente movimento da Agenda 21 em direção ao
pelo que fazemos diante de um ser seu declínio (TEIXEIRA, 2008; MARTINS
implacável, surdo às nossas justificativas” et al, 2015; JACOBI, GÜNTHER, GIATTI,
(p. 41). Urgência semelhante já havia sido 2012). Outros estudos questionam sua
anunciada por Guattari (1997, p. 37), efetividade na implementação local
quando o mesmo alertava: “A conotação (FORSYTH, 2016; NAVARRO-ESPIGARES
da ecologia deveria deixar de ser et al., 2018). Cada um a seu modo. Os
vinculada à imagem de uma pequena estudos atestam a necessidade de analisar
minoria de amantes da natureza ou de criticamente esse tipo de documento global
especialistas diplomados. Ela põe em (dentre outros já elaborados como a Carta
causa o conjunto da subjetividade e das da Terra, os Objetivos de Desenvolvimento
formações de poder capitalísticos”. do Milênio (ODM) e, mais recentemente, o
Partindo de perspectivas diferentes, Acordo de Paris), verificando as limitações
Stengers (2014) e Guattari (1997) desse tipo de estratégia. Acreditamos ser
evidenciam que estamos mergulhados em precisamente esta a contribuição do
um campo problemático, complexo e de presente trabalho: identificar as barreiras
difícil trato. que dificultaram a efetivação da Agenda
Diante desse cenário, que requer 21, bem como alertar para o risco de que
atenção coletiva, o objetivo do presente outros documentos elaborados em nível
artigo consiste em problematizar a global sigam o mesmo caminho de
“Agenda 21”, elaborada durante a enfraquecimento.
Conferência das Nações Unidas sobre o Ao final desse percurso, será
Meio Ambiente e o Desenvolvimento possível demonstrar que, para além da
(CNUMAD), no ano de 1992, na cidade do elaboração de documentos em eventos de
Rio de Janeiro, analisando as relações de abrangência nacional e internacional, bem
poder que atravessaram sua como do comprometimento em colocá-los
operacionalização. A ampla disseminação em prática, que foi assumido pelas nações
desse documento na mídia contou com a signatárias, há uma dimensão política que
adesão de movimentos sociais, governos, transversaliza a questão ecológica e seus
intelectuais, ativistas e da população em desdobramentos sociais. Sem considerar a

Revista Perspectivas Contemporâneas, v. 13, n. 3, p. 74-92, set./dez. 2018.


http://revista.grupointegrado.br/revista/index.php/perspectivascontemporaneas
76
PIGA, T. R.; MANSANO, S. R. V.; MOSTAGE, N. C.

multiplicidade de forças atualizadas nesse 21, relatando seus principais pressupostos,


campo, que envolve também dimensões características e organização geral.
subjetivas de seus partícipes, qualquer Adotando uma perspectiva diagnóstica,
documento, por mais detalhado, também foi realizado nesta fase, um
consistente, divulgado e relevante que levantamento de documentos de domínio
possa ser, mostra-se inoperante e fadado público, como jornais e revistas de
ao fracasso. circulação nacional e internacional, que
relataram os movimentos ascensão e
Delineamento Metodológico da Pesquisa declínio desse documento pelo período de
A perspectiva teórico-conceitual, dez anos após sua elaboração, sendo
adotada neste estudo, tem na concepção de delimitados os anos de 1992 a 2002. Tal
“diagnosticar o presente” (2014, p. 49), de período foi definido tendo como base a
Michel Foucault, sua principal referência. incidência do tema na mídia.
Para o filósofo, cabe ao estudioso dedicado Em seguida, empreendeu-se um
ao estudo do social estar atento às forças debate crítico sobre as dificuldades de
que emergem em seu tempo histórico para colocar a Agenda 21 em prática no nosso
extrair delas alguma compreensão sobre o país, recorrendo a alguns teóricos da área
modo de vida que estamos ajudando a da Administração e da Sociologia que
construir para nós mesmos e para a descreveram seus limites, contradições e
coletividade. A dimensão política presente impedimentos. Nessa parte, foram
nessa elaboração diagnóstica é clara em descritas cinco críticas dirigidas ao
Foucault (2011, p. 174), quando o autor documento, demonstrando como, onde e
assinala: “toda forma de ação política não quais condições levaram ao seu declínio.
pode senão articular-se da maneira mais Por fim, foram colocadas em
restrita com uma reflexão teórica análise as relações sociais e políticas da
rigorosa”. atualidade, recorrendo ao que Sennett
Um aspecto relevante na produção (1998) e Lasch (1983) diagnosticaram como
diagnóstica está precisamente nos sendo um tempo histórico no qual o
documentos gerados em dado tempo exercício político enfraqueceu, sendo
histórico, que servem como referência para sobreposto pelas experiências da vida
compreender as questões nela presentes. privada e pelo individualismo defensivo.
Assim, pode-se considerar, juntamente Partindo da perspectiva de que a
com May (2004, p. 221), que “os Agenda 21 consolidou-se como um
documentos fornecem uma fonte de dados documento que serviu como referência
importante para entender os eventos, para governos, ONGs, empresas e
processos e transformações nas relações movimentos sociais, ao menos na época de
sociais”. Assim, definiu-se como unidade sua elaboração, o presente estudo justifica-
de análise a denominada Agenda 21. se por abordar como ocorreu seu
Partindo dessa definição, o enfraquecimento. Buscando elaborar um
presente estudo teórico e documental foi traçado diagnóstico sobre esse documento
dividido em três momentos: primeiro, foi e sobre seus efeitos sociais, questionam-se
realizada uma explanação histórica acerca quais forças (FOUCAULT, 1996)
da elaboração e implementação da Agenda facilitaram e quais impediram a
Revista Perspectivas Contemporâneas, v. 13, n. 3, p. 74-92, set./dez. 2018.
http://revista.grupointegrado.br/revista/index.php/perspectivascontemporaneas
77
ASCENSÃO E DECLÍNIO DA AGENDA 21: Uma Análise Política

consolidação das práticas ecológicas nele traduzidos em ações concretas, sobre meio
anunciadas. ambiente e desenvolvimento” (IPRI, 1993,
p. 39, citado por Mota, 2001). Nesse
DA ASCENSÃO AO DECLÍNIO: BREVE material, encontra-se ainda a divisão em
CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA capítulos nos quais são descritas algumas
DA AGENDA 21 áreas de concentração para programas
relativos a cada temática abordada. O
A Agenda 21 pode ser considerada programa fornece a base para ações em
um documento de amplitude global, fruto diversos âmbitos, ainda que de caráter
da CNUMAD, também conhecida como bastante abrangente. Em seguida, há os
Rio-92, que foi sediada na cidade do Rio de objetivos que reforçam a importância das
Janeiro, Brasil, entre os dias 3 e 14 de ações a serem implementadas,
junho, de 1992. Participaram do evento 178 descrevendo as atividades deles
países, movimentos ambientais militantes, decorrentes. Por último, cada capítulo
líderes religiosos, artistas de diversas fornece os chamados “meios de
modalidades, intelectuais e jornalistas, implementação” que apontam os recursos
tendo sido organizado por ONGs que serão necessários para viabilizar as
(Organizações Não-Governamentais) e ações e atividades descritas.
movimentos populares (OLIVEIRA, 2011). Existem quatro grandes seções na
Durante sua realização, foi elaborada uma Agenda 21. Na Seção I, o documento trata
série de declarações, dentre as quais se especificamente das dimensões social e
destaca a convenção sobre mudança econômica do desenvolvimento
climática e uma recomendação para que se sustentável, incluindo os efeitos dos
estabilizassem as emissões de dióxido de padrões de consumo nos países
carbono. Tais preocupações foram industrializados. A Seção II é dedicada à
propulsoras para a aprovação da Agenda gestão e à conservação dos recursos
21, enquanto um plano de ação composto naturais, incluindo o planejamento e a
de 2.500 recomendações divididas em 4 gestão integrada do solo, a proteção dos
seções e 40 capítulos. Nela, é notável o ecossistemas e o desenvolvimento rural.
investimento de parte das instituições Na Seção III, ocorrem discussões
públicas e da sociedade civil em busca da pertinentes ao fortalecimento do papel dos
preservação do meio ambiente. Cabe grupos sociais, abrangendo os temas
assinalar que a Agenda 21 possui uma relativos a gênero, juventude, crianças,
diversidade de conteúdos e de aspectos de indígenas, organizações não
cunho social e político, podendo ser governamentais, autoridades locais,
considerada um documento avançado trabalhadores e sindicatos, empresas,
quando comparada àqueles que a comunidade científico-tecnológica e
precederam. agricultores. E, por último, a Seção IV trata
Sua estrutura geral é formada por mais especificamente do aparato
objetivos e metas a serem alcançados: burocrático dos meios de implementação
“trata-se de um documento político com da Agenda 21, que inclui recursos e
compromissos assumidos pelos Estados, mecanismos financeiros, transferência,

Revista Perspectivas Contemporâneas, v. 13, n. 3, p. 74-92, set./dez. 2018.


http://revista.grupointegrado.br/revista/index.php/perspectivascontemporaneas
78
PIGA, T. R.; MANSANO, S. R. V.; MOSTAGE, N. C.

cooperação e capacitação tecnológica, para municípios, empresas e demais


arranjos institucionais e instrumentos e organizações).
mecanismos jurídicos internacionais A importância que tal documento
(MOTA, 2001). alcançou evidencia-se pela repercussão
Um ponto que chama a atenção midiática que a Rio-92 teve na época de
neste documento é o grau de sua realização. Pode-se encontrar em
responsabilidade atribuído aos governos diferentes obras que abordam a
no planejamento e execução de ações para problemática do meio ambiente
toda a gama de problemas apresentada (BARBIERI, 2008, 2009; FOLADORI, 2001;
acima. Em seu preâmbulo, lê-se: LENZI, 2006; MATTOS; MATTOS, 2004;
MOTA, 2001) recorrente menção à Rio-92
A Agenda 21 está voltada para os como sendo o maior evento pró-
problemas prementes de hoje e sustentabilidade já realizado pela ONU
tem o objetivo, ainda, de preparar
o mundo para os desafios do
(Organização das Nações Unidas). Junto à
próximo século. Reflete um Carta da Terra, cuja elaboração também foi
consenso mundial e um iniciada durante o referido evento, a
compromisso político no nível Agenda 21 foi reconhecida pelos
mais alto no que diz respeito a
desenvolvimento e cooperação estudiosos acima citados como um dos
ambiental. O êxito de sua documentos mais relevantes para pensar,
execução é responsabilidade, discutir criticamente e mudar os rumos da
antes de mais nada, dos Governos.
relação que temos com os recursos
Para concretizá-la, são cruciais as
estratégias, os planos, as políticas naturais.
e os processos nacionais. A No que se refere à sua divulgação,
cooperação internacional deverá a imprensa global enviou mais de 10.000
apoiar e complementar tais
jornalistas para esse evento. Nos meios de
esforços nacionais (AGENDA 21
GLOBAL, 1992, p. 5). comunicação nacionais, foi amplamente
salientada a presença de líderes mundiais,
Apesar de a Agenda 21 ter por como Dalai Lama e o secretário-geral da
principal objetivo “preparar o mundo para Rio-92, Maurice Strong, também
os desafios do próximo século”, tal missão presidente da conferência de Estocolmo (O
ficou, nos anos que sucederam sua GLOBO, 2012). Os jornais também
elaboração, restrita à responsabilidade dos enfatizaram a participação de líderes
governos. Às demais organizações políticos como o então presidente norte-
(cooperação internacional, organizações americano George Bush, o premier inglês
internacionais, regionais e sub-regionais, John Major, François Miterrand e Fidel
ONGs e outros grupos) caberia um papel Castro. O evento contou ainda com a
coadjuvante de cooperar, complementar e participação de intelectuais de diversas
contribuir com os governos em sua nacionalidades como Herbert de Souza,
empreitada política. Dessa forma, a presidente da ONG IBASE (Instituto
Agenda 21 se desdobrou em outras Brasileiro de Análises Sociais e
agendas: Agendas 21 nacionais, Agendas Econômicas) e o filósofo francês Jean
21 estaduais e Agendas 21 locais (dirigida Baudrillard.

Revista Perspectivas Contemporâneas, v. 13, n. 3, p. 74-92, set./dez. 2018.


http://revista.grupointegrado.br/revista/index.php/perspectivascontemporaneas
79
ASCENSÃO E DECLÍNIO DA AGENDA 21: Uma Análise Política

A mídia internacional também se porque esbarrou na inexistência


fez presente no evento. As grandes de uma cultura capaz de manter e
garantir os desdobramentos
emissoras de televisão do mundo, “como a gerados pelo processo (MARTINS,
americana CNN, a alemã ZDF, a japonesa CARVALHO, BARCELLOS e
NKD e a brasileira Rede Globo, montaram MOREIRA, p. 107).
um grande esquema para a transmissão do
evento, permitindo a veiculação de Desde 1992 até nossos dias,
notícias 24 horas por dia, durante os dez verificou-se a dificuldade de encontrar
dias do evento” (FERREIRA, 2008, p. 6). A notícias veiculadas à Agenda 21, sobretudo
Rio-92 serviu para alavancar o movimento nos principais portais de notícias
do jornalismo ambiental que já vinha se internacionais como CNN e BBC. Em
consolidando ao longo das outras âmbito nacional, notícias de jornais
conferências internacionais pró- localizados em cidades do interior
sustentabilidade. A revista internacional apontam para o declínio da Agenda 21
Times chegou a fazer uma publicação Local (O JOINVILLENSE, 2010; Fortes,
especial chamada de “A revisão do evento 2014). O site do PNUD (Programa das
pela ótica de um periódico da mídia Nações Unidas para o Desenvolvimento)
internacional”, onde buscou elucidar os destaca que houve uma queda, ao longo
principais pontos da Conferência: seus do tempo, no que se refere à adesão da
impactos para o mundo e o Agenda 21 pelos municípios, caindo de
posicionamento político-diplomático de 29,7% em 2002 para 19,9% em 2009
diversos países diante do maior evento (DESIDÉRIO, 2010). Apesar disso, para o
internacional já ocorrido até então. A autor, os números ainda são modestos.
publicação ainda teceu várias análises Quase 20 anos após a criação da Agenda
sobre os dois principais documentos 21 internacional, “os dados do IBGE dizem
gerados na Conferência: a Agenda 21 e a que, das iniciativas locais detectadas, 250
Carta da Terra (LIMA et. al, s/d). tinham consequências nas políticas
Após a ampla repercussão públicas municipais, ou seja, 22,6% do
midiática em torno da Rio-92, entretanto, total (ou ainda 4,5% de todos os
ocorreu uma espécie de descrédito com a municípios brasileiros)” (DESIDÉRIO,
proposta da Agenda 21 e seu decorrente 2010).
esquecimento, tal qual evidencia o estudo Uma matéria publicada pelo jornal
de Martins, Carvalho, Barcellos e Moreira local da cidade de Joinville/SC, em 2010,
(2015). Os autores assinalam: teve como manchete “Agenda 21
quando o setor governamental de esquecida”. De acordo com o jornal, em
meio ambiente apresenta fraqueza 1998 os noticiários anunciavam um grande
institucional, os demais setores feito: Joinville era o segundo município do
envolvidos com a questão
país a ter a sua Agenda 21 e, seis anos
ambiental também tendem a
enfraquecer. Desse modo, a depois, Santa Catarina tornava-se o
construção da Agenda 21, segundo estado brasileiro a ter Agenda 21.
considerada estratégica e A matéria destaca o relato de
inovadora, não avançou no
sentido da sua consolidação,
pesquisadores da Associação Brasileira de

Revista Perspectivas Contemporâneas, v. 13, n. 3, p. 74-92, set./dez. 2018.


http://revista.grupointegrado.br/revista/index.php/perspectivascontemporaneas
80
PIGA, T. R.; MANSANO, S. R. V.; MOSTAGE, N. C.

Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES), são três elementos indissociáveis que


pois, para eles, “quase dez anos depois da participam da produção política de
Rio 92, muito pouco tinha sido realizado quaisquer práticas. Se a Agenda 21,
para implementar a Agenda 21 no país. amplamente comemorada na ocasião de
Além de denunciar, ‘o mais completo seu lançamento, entrou em declínio em
silêncio em torno da questão’ por parte da menos de uma década, compreende-se que
mídia” (O JOINVILENSE, 2010). A matéria há aí um desconhecimento sobre sua
segue relatando que em 2010, consistência e uma dificuldade de
reconhecer a urgência de debater a
O quadro ainda é desolador. temática do meio ambiente por parte do
Segundo o presidente da coletivo. Se a questão que enfraquece a
Comissão Interinstitucional de
Educação Ambiental (CIEA) de
Agenda 21 está nas relações de poder que
Joinville, Giampaolo Marchesini, a atravessam, cabe identificar quais são as
há anos não se fala na Agenda 21 principais críticas a ela dirigidas. A
em Joinville. (...). Em 1997 foi identificação e análise de tais críticas são
criada e instalada, por decreto de
lei, uma comissão específica da necessárias para delinear tanto os
Agenda 21. “Há doze anos que obstáculos quanto os desafios colocados
não acontece reunião com esse para sua implementação.
grupo”, lamenta Marchesini (O
JOINVILENSE, 2010).
DIFICULDADES E DESAFIOS
Seguindo o mesmo movimento de ENFRENTADOS NA
enfraquecimento, outra iniciativa local foi IMPLEMENTAÇÃO DA AGENDA 21
destacada no portal de notícias
independente “O Estado” (FORTES, 2014) Ao considerar as repercussões
que apresentou uma matéria sobre a acima destacadas sobre a Agenda 21, cabe
Agenda 21 local da cidade de Fortaleza. agora evidenciar algumas das suas
Tratava-se de uma proposta criada por limitações, primeiramente, em nível geral e
Decreto Municipal em maio de 2005 e cuja conceitual, depois, em nível instrumental.
primeira reunião aconteceu em novembro Há uma literatura significativa que aponta
daquele ano, com 25 entidades nessa direção advinda de diferentes áreas
representadas. O objetivo principal da de conhecimento (ACSELRAD; LEROY,
reunião era produzir um plano de ação 1999; RODRIGUES, 2005; CENCI; GATTO,
para o alcance de um cenário futuro 2008; ULTRAMARI; REZENDE, 2006;
desejável para a capital do Ceará. Esse MALHEIROS, et al., 2008). Na presente
plano levaria em consideração a análise seção, destacaremos cinco críticas que
das vulnerabilidades e das potencialidades recaem sobre este documento.
de sua base econômica, social, cultural e Uma primeira crítica que
ambiental. destacamos em relação à Agenda 21 refere-
Tal como salientado na introdução se às restrições sobre o conceito de
deste artigo, temos em Foucault uma desenvolvimento sustentável e suas
referência para traçar um diagnóstico maneiras de efetivação. De certo modo, ela
acerca desse documento que é a Agenda reitera a concepção de desenvolvimento
21. Para o autor, desejo, poder e interesse sustentável produzida pela Comissão
Revista Perspectivas Contemporâneas, v. 13, n. 3, p. 74-92, set./dez. 2018.
http://revista.grupointegrado.br/revista/index.php/perspectivascontemporaneas
81
ASCENSÃO E DECLÍNIO DA AGENDA 21: Uma Análise Política

Mundial sobre Meio Ambiente e que um ajuste conceitual, que mantém o


Desenvolvimento da ONU, colocando modo de produção atual e atribui os
ênfase na economia como força motor do problemas aos desvios do modelo de cada
desenvolvimento sustentável e, assim, país e não ao modo de produção
confirmando a hegemonia do mercado. dominante (RODRIGUES, 2005). Nesse
Este último é nela considerado como “o sentido, o conceito de desenvolvimento
ambiente institucional mais favorável à sustentável utilizado pela Agenda 21 é um
consideração da natureza como capital” princípio discursivo que trata “dos
(ACSELRAD; LEROY, 1999, s.p). Assim, o problemas ambientais que ocultam a
documento propõe uma relação entre complexidade da problemática ambiental
produção, meio ambiente e […]. Desloca as formas de apropriação das
desenvolvimento econômico, riquezas territoriais, apropriadas
fundamentada em uma visão econômica privadamente, para a ‘natureza’, ‘a
dos sistemas biológicos, onde o biosfera’, o ‘meio ambiente’ como bem
crescimento econômico, acompanhado do comum” (RODRIGUES, 2005, p. 96). Além
progresso técnico, seriam capazes de disso, desloca algumas análises da
poupar os recursos materiais, sem alterar produção para o consumo, sendo que os
ou restringir a produção e acumulação problemas do meio ambiente seriam, sob
capitalista. esse ponto de vista, solucionados por meio
Nessa perspectiva, o do desenvolvimento de tecnologias.
desenvolvimento sustentável seria O’Connor (2002) assinala que
efetivado por meio de um ambientalismo recentemente a sustentabilidade pressupõe
de livre mercado. Sobre isso, Acselrad e uma transformação sem precedentes de
Leroy (1999) acentuam que por mais que o tecnologia. O problema, porém, mantém-
documento reconheça a responsabilidade se na forma de redefinir o papel do capital
das nações industrializadas na crise em relação à sustentabilidade,
ambiental e social, “o questionamento aos considerando os limites da utilização dos
valores que sustentam um certo padrão de recursos da biosfera. Então, apesar de ter
consumo parece retórico frente às metas como finalidade um novo tipo de
propostas: uma relativa redução de desenvolvimento, o sustentável, a Agenda
consumo de matéria e energia e não uma 21 aponta o modelo de desenvolvimento
mudança de produção, distribuição e tecnológico para um desenvolvimento
consumo” (s.p). sustentável que se apresenta insustentável
A noção de desenvolvimento (BASSANI; CARVALHO, 2004).
sustentável busca abarcar dimensões Uma segunda crítica encontrada na
ecológicas, sociais, políticas, econômicas e literatura refere-se ao cumprimento da
territoriais, o que, por si só, não seria um Agenda 21, em nível internacional.
problema. Para Rodrigues (2005), porém, Compreende-se que um dos pressupostos
essas dimensões acabam sendo para a sua ineficácia está relacionado à
contraditórias. A terminologia ausência de uma visão de mundo
“desenvolvimento sustentável”, globalizado, quando se trata da definição
apresentada na Agenda 21, não é mais do de diretrizes internacionais e jurisdições

Revista Perspectivas Contemporâneas, v. 13, n. 3, p. 74-92, set./dez. 2018.


http://revista.grupointegrado.br/revista/index.php/perspectivascontemporaneas
82
PIGA, T. R.; MANSANO, S. R. V.; MOSTAGE, N. C.

que transcendam os limites geopolíticos. O desenvolvimento socioeconômico e as


direito e o Estado possuem importância na transformações do meio ambiente, por
proteção de um ambiente globalizado, que década ignorada, entrou no discurso
depende das interações desde os níveis oficial da maioria dos governos do
locais até os globais. Cenci e Gatto mundo” (BRÜSEKE, 1996, p. 108).
assinalam que existem: Seguindo a Agenda 21 Global, governos e
sociedades iniciaram um conjunto de ações
[...] pretensões de mundialização para a construção de Agendas 21, tanto no
dos grandes temas de interesse âmbito nacional, regional quanto local
social, especialmente o meio
ambiente, em vistas de uma
(MALHEIROS, et al., 2008). Isso evidencia
sociedade mundial, conforme a emergência de uma série de dificuldades
pretende o sistema econômico, e em função da sobreposição de interesses
esta como categoria em formação, econômicos advindos das nações mais
e os limites da capacidade jurídica
e das normas de validade ricas.
internacional, na proteção ao meio Uma terceira crítica, agora dirigida
ambiente (CENSI; GATTO, 2008). ao contexto da Agenda 21 brasileira,
envolve a falta de “proposição nesse
Censi e Gatto (2008) afirmam, documento de indicadores que
portanto, de que o meio ambiente é uma componham um sistema de
questão que transpassa os limites dos monitoramento e avaliação”
territórios, sendo um bem supranacional, (MALHEIROS, et al., 2008, p. 9). Tratando-
de interesse coletivo. Para contornar essa se da Agenda 21 local, pesquisas
dificuldade, a Agenda 21 estabelece planos realizadas pelo Instituto Brasileiro de
de ações e planejamento participativos em Geografia e Estatística (IBGE), de 2002,
níveis global, nacionais e locais. No mostram que 6400 governos locais em 113
entanto, ainda há lacunas acerca do países estavam envolvidos em atividades
conhecimento e da informação sobre relacionadas à Agenda 21 local nos 10 anos
sustentabilidade no âmbito global, como anteriores. Contudo, “apesar desses
também, há diferenças quanto às esforços, o tema ainda é recente e
potencialidades dos países para construir demanda maior atenção por parte das
esse novo modelo de desenvolvimento instituições de pesquisa e aplicação prática
proposto pela Agenda. pelas instituições governamentais e não
Por representar um documento de governamentais com atuação em política e
comprometimento internacional, ela exige gestão da sustentabilidade”
um esforço conjunto dos governos de todo (MALHEIROS, et al., 2008, p. 9), em
o mundo para ações que envolvam especial na realidade brasileira. A
desenvolvimento e meio ambiente, sendo contribuição de Álvares (2009, p.1) elucida
um plano de ação estratégico em escala que a Agenda 21 possui “nas ações locais a
planetária. Com ela, busca-se um novo sua principal forma de atingir o
padrão de desenvolvimento, uma tentativa desenvolvimento sustentável”. Todavia, o
de conciliação da proteção ambiental, seu caráter supranacional traz ineficácia à
justiça social e eficiência econômica. Agenda, por definir a priorização do
Assim, “a interligação entre o crescimento econômico que destrói e
Revista Perspectivas Contemporâneas, v. 13, n. 3, p. 74-92, set./dez. 2018.
http://revista.grupointegrado.br/revista/index.php/perspectivascontemporaneas
83
ASCENSÃO E DECLÍNIO DA AGENDA 21: Uma Análise Política

degrada o meio ambiente em larga escala. local (como parcerias entre comunidade e
Isso a torna impraticável, pois alguns setor privado para o encaminhamento de
países e regiões vivem na miséria e soluções), a Agenda 21 atribui ao Estado o
pobreza precisando produzir bens papel fundamental de mediador,
fundamentais para tentar atender as regularizador e responsável pela maioria
necessidades básicas para a sobrevivência das metas apresentadas. Isso pode ser
humana (CENCI; GATTO, 2008). realizado seja pelo planejamento de novas
Acrescentam os autores: legislações, seja pela direção dos
Nesta dimensão o direito humano investimentos (ULTRAMARI; REZENDE,
ao ambiente sadio surgido nas 2006). No estudo apresentado por Jacobi,
solenes declarações internacionais,
absorvidas pela grande maioria Günther e Giatti (2012, p. 338) sobre a
dos países, não se traduzem em relação entre a Agenda 21 e a governança é
práticas internas de efetivação do possível verificar a diversidade de
direito ao ambiente sadio, e questões que permeiam os estudos
concomitantemente, não há uma
coerção suficientemente capaz de exploratórios com foco em diagnósticos
impor tal direito, tampouco, nos situacionais, com especial destaque para
parece tratar-se de um direito de aspectos “socioeconômicas, ambientais,
cidadania que deva ser garantido
políticas e de saúde” envolvidos.
pela dimensão internacional,
mediante imposição, porém, Outras dificuldades enfrentadas na
apresenta-se um tema altamente implementação da Agenda 21, que
complexo (CENCI; GATTO, 2008, circunscreve a quinta crítica aqui
s.p).
identificada, relacionam-se com o
Uma quarta crítica dirigida à desenvolvimento de um processo
Agenda 21, especificamente em sua participativo de países sem nenhuma
dimensão local, refere-se à dificuldade de tradição nesse tipo de participação, como
traduzir seus princípios em práticas também de elaboração de políticas
regionais de efetivação do direito à públicas (ULTRAMARI; REZENDE, 2006).
proteção do ambiente. Uma das lacunas na Caberia ao Estado nacional favorecer
implementação das agendas locais é a sua implementação da Agenda 21. Assim,
própria gestão, que envolve a elaboração “cada autoridade local deve iniciar um
de avaliação de resultados e impactos diálogo com seus cidadãos, organizações
desses processos no âmbito local, que locais e empresas privadas e aprovar uma
“orientem políticas e ações no sentido de Agenda 21 Local” (Conferência, 1992,
ampliar investimentos nesse componente e Capítulo 28, p. 212). Nesse sentido, a
melhorar aspectos ainda não satisfatórios, Agenda 21 Local propõe a participação
como, por exemplo, forma de engajamento comunitária e dos cidadãos: “as tarefas a
de atores, continuidade de ações após serem cumpridas pelos poderes locais são,
períodos de mudanças de gestão portanto, ampliadas, transformando seus
governamental” (MALHEIROS, et al., responsáveis em gestores ambientais
2008, p. 9). urbanos [...] por meio do provimento de
Ao mesmo tempo em que defende serviços e infraestrutura” (ULTRAMARI;
soluções alternativas ao Estado e ao poder REZENDE, 2006, p. 23). Nessa direção, o

Revista Perspectivas Contemporâneas, v. 13, n. 3, p. 74-92, set./dez. 2018.


http://revista.grupointegrado.br/revista/index.php/perspectivascontemporaneas
84
PIGA, T. R.; MANSANO, S. R. V.; MOSTAGE, N. C.

estudo desenvolvido por Martins, Nota-se que, em larga medida, a


Carvalho, Barcellos e Moreira (2015) deixa Agenda 21 não se consolidou em suas
clara a importância da governança premissas de preservação. Seus
ambiental, evidenciando que a mesma desdobramentos históricos colocaram em
implica a “possibilidade de participação evidência uma série de relações de poder
integral da sociedade nas decisões que dentre os quais a economia, as políticas de
envolvem o meio ambiente, seja através de Estado, os interesses de mercado, os
organizações civis, seja de entidades movimentos ecológicos e a própria
governamentais” (p. 99). A Agenda 21 população participa de diferentes
também trata amplamente em sua seção III maneiras e com graus de implicação,
do fortalecimento dos grupos. Dentre eles, alternando e intercambiando posições.
as ONG’s possuem papel central na Cada uma das críticas que recaem sobre a
implementação da sociedade participativa, Agenda 21 identificadas neste estudo
com o direito de opinar, propor, deliberar, evidencia forças díspares que geraram
executar, fiscalizar o governo e as estagnação ou mesmo impedimentos para
instâncias públicas internacionais. Porém, levar adiante a execução das ações
de acordo com Acselrad e Leroy, “às forças programadas. Tal cenário requer, portanto,
ocultas do mercado, podem se opor a uma análise sobre a dimensão política das
cidadania ativa como participante central relações de poder que atravessam o
de um outro projeto de desenvolvimento” processo e que demanda, sobretudo,
(ACSELRAD; LEROY, 1999, s.p). implicação coletiva.
No âmbito das críticas aqui
elencadas sobre Agenda 21, destaca-se a A DIMENSÃO POLÍTICA DOS
relação problemática e incômoda entre as EVENTOS E DOCUMENTOS
possibilidades de se construir um ASSINADOS
desenvolvimento sustentável e as
exigências sistematicamente colocadas De acordo com o percurso
pela organização socioeconômica realizado até o momento, nota-se que
capitalista para explorar a natureza. As desde sua elaboração, a Agenda 21 foi
relações de poder presentes nesse campo tanto comemorada quanto esquecida pelas
são notáveis. Diz Foucault: nações signatárias. Diante dessa história
Além disso, seria necessário saber conturbada, cabe analisar a dimensão
até onde se exerce o poder, através política que atravessa as tentativas
de que revezamentos e até que
empreendidas para alcançar sua
instâncias, frequentemente
ínfimas, de controle, de vigilância, efetivação. A história recente mostra que
de proibições, de coerções. Onde não basta a elaboração de um documento e
há poder, ele se exerce. Ninguém a adesão formal de governantes para
é, propriamente falando, seu
colocar em prática os pressupostos nele
titular; e, no entanto, ele sempre se
exerce em determinada direção, contidos. Adentramos, dessa maneira, na
com uns de um lado e outros do dimensão subjetiva que se torna um
outro; não se sabe ao certo quem o diferencial para colocar em prática seus
detém; mas se sabe quem não o
possui (FOUCAULT, 1996, p. 75). pressupostos, sendo impossível pensar em
sua efetuação sem que se tenha
Revista Perspectivas Contemporâneas, v. 13, n. 3, p. 74-92, set./dez. 2018.
http://revista.grupointegrado.br/revista/index.php/perspectivascontemporaneas
85
ASCENSÃO E DECLÍNIO DA AGENDA 21: Uma Análise Política

minimamente consolidada uma adesão, insustentabilidade se evidencia: o espaço


implicação e preocupação com o futuro da público está cada vez mais esvaziado no
natureza e da existência humana. que diz respeito ao contato com estranhos,
Resgatando a ideia de Guattari que, ao acaso dos encontros e mesmo à abertura
no início deste artigo, evidenciou o quanto para o livre debate e conversação sobre os
a questão ecológica não pode ficar restrita problemas que assolam a coletividade. Em
a um grupo específico de indivíduos, seja seu lugar, ganhou relevância a
por afinidade ao tema, seja por interesses manifestação da opinião íntima e pessoal,
acadêmicos, acreditamos que este tempo marcada pela valorização de traços de
histórico está diante de um obstáculo personalidade e de emoções privadas. Diz
difícil de ser contornado: a indiferença Sennett (1998, p. 16): “Como na época
social perante a problemática da relação romana, a participação na res publica é
predatória que historicamente mantemos hoje, na maioria das vezes, uma questão de
com a natureza. Cabe, então, dar estar de acordo; e os fóruns para essa vida
visibilidade a uma questão que vem se pública, como a cidade, estão em estado de
afirmando mais fortemente desde a decadência”. Reduzindo a avaliações
segunda metade do século XX, privadas aquilo que é da ordem da
especialmente no cenário que Guattari e coletividade e do bem comum, o sentido
Rolnik (1996) denominam como de participação política perde força
Capitalismo Mundial Integrado (CMI). aceleradamente, uma vez que “o mundo
Essa organização socioeconômica, uma vez exterior, impessoal, parece nos
tendo explorado as riquezas naturais, o decepcionar, parece rançoso e vazio”
tempo e o corpo dos trabalhadores, (SENNETT, 1998, p. 17). O mesmo autor
detectou, mais recentemente, que a alerta, entretanto, que o preço a ser pago
subjetividade pode ser considerada uma por esse esvaziamento público, em nome
nova fonte de riqueza a ser explorada. da intimidade, é elevado: o contato social
Resta compreender como essa exploração esvaziado e o debate coletivo
encontra ressonância nos modos de vida desqualificado levam a um fechamento da
que construímos, assumimos e população na esfera privada.
compartilhamos na contemporaneidade, Outro ponto destacado pelo autor
bem como as relações de poder que ela diz respeito à diversidade presente na vida
coloca em curso. Nessa mesma direção, pública que, aos poucos, foi sendo
Teixeira (2008, p. 33) assinala: “Para refletir associada, nesse cenário intimista, a perigo
sobre a possibilidade de uma sociedade ou risco pessoal. Evitando ao máximo o
ecológica e socialmente sustentável é contato com aquilo que é diferente (e,
necessário identificar as causas da consequentemente avaliado como
insustentabilidade que estão relacionadas perigoso), o refúgio nas instituições de
à forma como a produção material se intimidade, como a família e as relações
organiza política, social e culturalmente”. amorosas, acarretou em uma espécie de
Seguindo os argumentos de isolamento defensivo. Nele, “o silêncio em
Sennett (1998), encontramo-nos diante de público se tornou o único modo pelo qual
uma realidade social na qual essa se poderia experimentar a vida pública,

Revista Perspectivas Contemporâneas, v. 13, n. 3, p. 74-92, set./dez. 2018.


http://revista.grupointegrado.br/revista/index.php/perspectivascontemporaneas
86
PIGA, T. R.; MANSANO, S. R. V.; MOSTAGE, N. C.

especialmente a vida nas ruas, sem se profecia poética, dando substância


sentir esmagado” (SENNETT, 1998, p. 43). histórica concreta ao pesadelo, ou
desejo de morte, que os artistas
Daí a frequência com que se difundiu a vanguardistas foram os primeiros
ideia de que todo cidadão possuía, por a exprimir (LASCH, 1983, p. 23).
direito, uma espécie de “escudo invisível,
um direito de ser deixado em paz” Analisando a cultura e os hábitos
(IDEM). Ora, ser deixado em paz é um da sociedade americana, da qual somos
enunciado bastante recorrente em nossos herdeiros diretos, bem como prevendo um
dias, ainda mais quando fica evidente que cenário por vir, que em larga medida já é o
o debate público sobre quaisquer temáticas nosso, Lasch recorre ao conceito de
requer enfrentamentos, polêmica, narcisismo para compreender como
instabilidades e alianças parciais. Na chegamos a essa situação de
conclusão de seu estudo, o autor dá individualismo e recolhimento na vida
visibilidade ao fato de que o declínio do pessoal. Ele evidencia o quanto,
homem público, em nome das tiranias da conformados com a situação de catástrofe
intimidade, envolve uma “catástrofe iminente, buscamos saídas individuais e
política” (IDEM, p. 411). Tal catástrofe isoladas para sobreviver em meio às
poderia ser facilmente identificada em adversidades que se apresentam no
enunciados que são comuns no nosso cotidiano. Qualquer movimento no sentido
cotidiano, tais como “não me interesso por de evitá-las, problematizá-las ou resistir a
política”, “as coisas não vão mudar elas, exigiria uma abertura a algo que se
mesmo” ou “cada um deve fazer sua tornou uma tarefa árdua: o debate público
parte”. Sem cair na armadilha de um e o compromisso compartilhado de atuar,
saudosismo, porém, Sennett lembra que a tendo em vista o bem comum. Tal como
vida social nas cidades se encontra analisado nas primeiras partes deste
adormecida, mas não inutilizada. A estudo, a Agenda 21 requer a participação
dificuldade de implicação para com a coletiva em sua execução. Ao mesmo
Agenda 21 e seus desdobramentos em tempo, encontramo-nos em um terreno
ações concretas pode ser compreendida, bastante árico para conseguir tal
em parte, a partir desse esvaziamento do participação.
espaço público. Ocorre que, insistindo Lasch demonstra que a busca
nessa direção de isolamento, é a própria individual pela sobrevivência tornou-se
continuidade da existência natural e uma “paixão predominante” (p. 25) diante
humana que estão colocadas em risco. da qual o enfraquecimento coletivo
É nesse ponto que a análise consolida-se como seu maior efeito. Assim,
empreendida por Lasch (1983) ganha ansiosos, temerosos e defendidos,
relevância ao identificar a presença de tendemos ao recolhimento narcísico e
tempos sombrios que são assim descritos intimista que, supostamente, traria alguma
por ele: sensação de segurança e “paz psíquica” (p.
O holocausto nazista, a ameaça de 43). Como exemplo desse recolhimento,
aniquilamento nuclear, o podemos recorrer à análise do uso e
esgotamento de recursos naturais,
ocupação das praças públicas nas grandes
as predições bem fundamentadas
de desastre ecológico preenchem a cidades brasileiras. Avaliadas como locais
Revista Perspectivas Contemporâneas, v. 13, n. 3, p. 74-92, set./dez. 2018.
http://revista.grupointegrado.br/revista/index.php/perspectivascontemporaneas
87
ASCENSÃO E DECLÍNIO DA AGENDA 21: Uma Análise Política

perigosos e habitados por estranhos, as “Objetivos do Desenvolvimento


praças são frequentadas majoritariamente Sustentável” (ODS), aparece apenas como
nos períodos diurnos e apenas como vias uma nova roupagem simplificadora para
de ligação e passagem. A baixa um problema de difícil trato: conquistar a
permanência nesses espaços restringe-se a participação efetiva da população em
pessoas em situação de rua, sem moradia, práticas ecológicas.
marginalizados e aos raros movimentos Tomando em consideração os
sociais que insistem em chamar a atenção efeitos nocivos trazidos pelo avanço
do cidadão para alguma causa de suposto predatório do capitalismo sobre a
interesse coletivo. Diz Lasch: “A ética da natureza, Rifkin (2012) descreve o que
autopreservação e da sobrevivência denomina de “Terceira Revolução
psíquica está, então, radicada não Industrial”, defendendo a ideia de que
meramente nas condições objetivas da somente a análise da relação do humano
guerra econômica, nas elevadas taxas de com a natureza poderá caminhar na
crimes e no caos social, mas na experiência direção de uma mudança planetária. Alvo
subjetiva do vazio e do isolamento” (p. 77). de diversas críticas, a obra faz um esforço
Essa tendência psicossocial afirma-se a para resgatar a importância da intervenção
cada dia com mais força, fazendo da busca do humano sobre a organização social
pessoal pela sobrevivência um valor a ser vigente, demonstrando que as práticas
cegamente perseguido. sustentáveis ainda carecem de
Partindo das contribuições investimento, debate, implicação e estudo.
diagnósticas de Sennett e Lasch, cabe Em nosso entendimento, um
retornar ao ponto de partida deste artigo documento como a Agenda 21 também
que envolve as possibilidades de colocar carece de tal esforço e investimento. Em se
em prática o debate político de um projeto consolidando como um documento de
voltado para o bem comum, como é o caso referência para ser discutido e construído
da Agenda 21. Nota-se que o convite para em nível local, micropoliticamente
debates sobre quaisquer questões de localizado, ela não encontra no campo
cunho político é imediatamente social as condições subjetivas mínimas
desqualificado e “terceirizado” para para ser colocada em prática em nosso
alguns setores da sociedade que tempo histórico. Outros documentos
supostamente poderiam ocupar-se dessa anteriores e subsequentes, gerados em
tarefa. Mesmo em tais grupos, conferências internacionais, como é o caso
frequentemente protagonizados por do Protocolo de Kioto (1988), da Carta da
alguns governantes, ONGs e movimentos Terra (finalizada no ano de 2000) e do
ambientalistas, os impasses são diversos, recente Acordo de Paris (2015), poderão ter
atravessados por culpabilização e destino semelhante uma vez que não
responsabilização – o que está bem encontram respaldo no social para serem
distante de um debate político e implicado apreciados, debatidos e implementados.
com o tema. Diante dessa limitação, a As conclusões do estudo de Malheiros,
emergência de novas iniciativas como, por Philippi Jr. e Coutinho (2008) sobre a
exemplo, o documento denominado Agenda 21 e os indicadores de

Revista Perspectivas Contemporâneas, v. 13, n. 3, p. 74-92, set./dez. 2018.


http://revista.grupointegrado.br/revista/index.php/perspectivascontemporaneas
88
PIGA, T. R.; MANSANO, S. R. V.; MOSTAGE, N. C.

desenvolvimento sustentável no contexto Elencamos, ao final deste percurso, três


brasileiro demonstram precisamente essa pontos que cooperam para compreender o
dificuldade. Nas palavras dos autores: “A enfraquecimento sistemático desse
construção de Agendas 21 no âmbito local, documento de referência internacional.
escolas, bairros e municípios, em espaços Primeiro, é notável que a
regionais, bacias hidrográficas, consórcios população, neste tempo histórico, tende a
municipais, nos Estados e no âmbito assumir uma postura de espectadora em
nacional, pressupõe o estabelecimento de relação àquilo que se passa ao seu redor.
processo participativo, objetivos, Assim, é notável que a tarefa mais
compromissos, visão de futuro e trabalhosa, que consiste em sustentar o
indicadores de avaliação (p. 17). As debate presencial que atualiza diversas
dificuldades decorrentes de colocar em relações de poder, fica restrita a grupos
curso esse processo participativo fragiliza específicos, geralmente ligados a causas
a implementação de um programa ecológicas. Esses se revezam na ação
sustentável. coletiva a cada vez que se veem diante de
O risco, nesse caso, está em um problema social a ser enfrentado. Com
produzir um descrédito político que, em isso, audiências públicas, assembleias
nosso entendimento, precisa ser sindicais, reuniões comunitárias e
enfrentado a fim de evidenciar, ainda que movimentos sociais tendem a agregar as
minimamente, os obstáculos que se mesmas pessoas, que, por várias vias,
levantam para colocar em prática tais também expressam seu cansaço.
documentos. A implicação subjetiva dos O fetiche instaurado em torno da
governantes e da população consolida-se, “solução correta” e imediata para os
assim, como uma condição indispensável problemas consolida-se como uma
para levar adiante tal debate. Isso sublinha segunda barreira ao debate. Extremamente
um campo problemático de difícil idealizada, “a” solução, como nova
apreensão: como superar o individualismo mercadoria difundida pelo capitalismo, é
disseminado e construir uma implicação perseguida de maneira implacável, com a
coletiva com um problema que é urgente e promessa mágica de que ela supostamente
cujos efeitos reverberam em nível resolveria definitivamente os problemas
planetário? enfrentados no social exclusivamente pela
via econômica. Como não existe “a”
CONSIDERAÇÕES FINAIS solução definitiva nas problematizações
políticas e nas relações de poder, que para
O objetivo deste estudo consistiu Foucault (1996) são móveis e transitórias, o
em problematizar a Agenda 21, analisando debate é desqualificado como “perda de
as relações de poder que atravessaram sua tempo”, como algo reservado a alguns que
operacionalização. Metodologicamente, supostamente teriam predisposição para
adotamos a perspectiva foucaultiana de esse tipo de atividade avaliada como
diagnosticar o presente, evidenciando as repetitiva, exaustiva e inoperante. O que
relações de poder atualizada na vemos se instalar, nesse caso, é uma
problemática apreciada. Qual a espécie de colonização do debate,
contribuição trazida por essa investigação? mediante a difusão de discursos técnicos e
Revista Perspectivas Contemporâneas, v. 13, n. 3, p. 74-92, set./dez. 2018.
http://revista.grupointegrado.br/revista/index.php/perspectivascontemporaneas
89
ASCENSÃO E DECLÍNIO DA AGENDA 21: Uma Análise Política

prescritivos, incapazes de engendrar uma terceirização do exercício político, das


análise política das múltiplas forças relações de poder e do debate coletivo.
presentes na comunidade, no município, O caminho trilhado, no decorrer
no estado, na nação ou no planeta. desta pesquisa, portanto, deixa evidente
Associado à inoperância, o debate, quando que um documento elaborado para ser
ocorre, parece atualizar um universo implementado em dimensão global,
inacessível ao indivíduo espectador que nacional e local é inoperante quando se
almeja a prescrição, o controle e a solução mantém na mera condição de referência
definitiva. Decorrente da colonização abstrata ou modelo a ser seguido. Distante
técnica e prescritiva do debate há um de uma perspectiva política, que coloca em
enunciado contemporâneo que serve como ação uma multiplicidade de agentes
uma espécie de escudo que dificulta a sociais, esse tipo de material ganha
discussão em âmbito coletivo: “Faça sua contornos demasiado fixos que não
parte”. Nessa perspectiva, o social é desencadeiam ressonâncias no coletivo
concebido simplesmente como a somatória populacional, apesar dos esforços
de indivíduos que, uma vez conscientes de empreendidos no sentido de envolver a
sua responsabilidade, seriam capazes de, população local com seu debate e
em nível individual, suprimir os execução. Assim, o problema evidenciado
problemas. A mera conscientização, pela dificuldade de implementação da
somada ao individualismo, agrava o Agenda 21 configura-se como algo que vai
enfraquecimento da coletividade. além da técnica, das prescrições e das
Em terceiro lugar, vale salientar assinaturas.
que a noção de crise, tal qual pensada por Daí a importância de dar
Pelbart (2010), está ao mesmo tempo continuidade a esse tipo de estudo que
demasiado presente em nosso cotidiano, aborda os documentos gerados em
mas desqualificada. Compreendida no conferências nacionais e internacionais
senso comum como sinônimo de fracasso, sobre o meio ambiente. Tal
inoperância e problema, a crise é algo que empreendimento requer uma abordagem
evidencia o medo diante do desconhecido interdisciplinar, discutindo o tema em uma
que está por vir. Entendemos, todavia, que perspectiva não apenas acadêmica, mas
por diferentes vias ela coloca em xeque também política e gerencial. Isso traria
valores que já estão consolidados. A diferentes ângulos para analisar a
falência, ou ao menos o questionamento dificuldade de produzir práticas concretas
desses valores, é uma das condições para em relação à preservação da natureza.
ensaiar novas práticas sustentáveis. Tal Cabe dizer, ao final dessa trajetória de
falência pode paralisar indivíduos e pesquisa, que a análise teórica e
coletividades, que se dobram a angústia de documental aqui empreendida serviu
não poder contar com uma solução como um passo para dar visibilidade à
imediata que cesse “definitivamente” o demanda por um exercício político difícil
clima de insegurança. Nesses momentos, de ser consolidado entre as nações.
técnicos e experts são chamados a se
pronunciar, reforçando uma espécie de

Revista Perspectivas Contemporâneas, v. 13, n. 3, p. 74-92, set./dez. 2018.


http://revista.grupointegrado.br/revista/index.php/perspectivascontemporaneas
90
PIGA, T. R.; MANSANO, S. R. V.; MOSTAGE, N. C.

REFERÊNCIAS
ACSELRAD, H.; LEROY, J. P. Novas premissas da sustentabilidade democrática. Revista
Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais, 1, 1999.
AGENDA 21 GLOBAL. UNCED - Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e
Desenvolvimento. Agenda 21 (global). Ministério do Meio Ambiente – MMA, 1992. Retirado de:
<http://www.mma.gov.br/port/se/agen21/ag21global/>. Em 08 jun. 2016.
ÁLVARES, M. M. C. A agenda 21 local nos municípios portugueses. Dissertação (Mestrado em
Administração Pública) Universidade do Minho, Braga, 2009.
BARBIERI, J. C. Desenvolvimento e Meio Ambiente: as estratégias de mudanças da Agenda 21.
Petrópolis: Vozes, 2008.
BARBIERI, J. C. Gestão ambiental empresarial. São Paulo: Saraiva, 2009.
BASSANI, P.; CARVALHO, M. A. V. Pensando a sustentabilidade: um olhar sobre a Agenda 21.
Desenvolvimento e meio ambiente, Curitiba, 9, 6976, 2004.
BRÜSEKE, F. J. Desestruturação e desenvolvimento. In: VIOLA, E.; FERREIRA, L. C. (Orgs.).
Incertezas de sustentabilidade na globalização. Campinas: Unicamp, 1996.
CENCI, D. R.; GATTO, J. H. Vulnerabilidade da proteção jurídica ao meio ambiente no mundo
globalizado. Encontro Nacional da ANPPAS, 4, Brasília, 2008.
CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO.
Rio de Janeiro. Agenda 21. Brasília: Senado Federal, 1996.
DESIDÉRIO, M. Adesão à Agenda 21 recua para 20% no Brasil. PNUD, 2010.
FERREIRA, I. A. Os ecos da ECO na mídia: A ECO-92 nas páginas do jornal cearense O Povo.
2008. Retirado de:<http://www.ufrgs.br/alcar/encontros-nacionais-1/encontros-nacionais/6o-
encontro-2008-1/Os%20ecos%20da%20ECO%20na%20midia.pdf>. Em: 17 jun. 2016.
FOLADORI, G. Limites do desenvolvimento sustentável. Campinas, SP: Editora da Unicamp, São
Paulo: Imprensa Oficial, 2001.
FORSYTH, J. The illusion of inclusion: Agenda 21 and the commodification of Aboriginal culture
in the Vancouver 2010 Olympic Games. Public. 27 (53), June. p. 22-34, 2016.
FORTES, J. Agenda 21 – O caminho perdido dos Fóruns de discussão. 2014. Retirado de:
<http://www.oestadoce.com.br/cadernos/oev/agenda-21-o-caminho-perdido-dos-foruns-de-
discursao> Em: 20 jun. 2016.
FOUCAULT, M. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1996.
FOUCAULT, M. Ditos e Escritos VII: Arte, epistemologia, filosofia e história da medicina. Rio de
Janeiro: Forense Universitária, 2011.
FOUCAULT. M. Ditos e Escritos X: Filosofia, diagnóstico do presente e verdade. Rio de Janeiro:
Forense Universitária, 2014.
GUATTARI, F. As três ecologias. São Paulo: Papirus, 1997.
GUATTARI, F.; ROLNIK, S. Micropolítica: cartografias do desejo. Petrópolis: Vozes, 1996.
IBGE – Instituto brasileiro de geografia e estatística (2002). Indicadores de desenvolvimento
sustentável. Rio de Janeiro.

Revista Perspectivas Contemporâneas, v. 13, n. 3, p. 74-92, set./dez. 2018.


http://revista.grupointegrado.br/revista/index.php/perspectivascontemporaneas
91
ASCENSÃO E DECLÍNIO DA AGENDA 21: Uma Análise Política

JACOBI, P. R.; GÜNTHER, W. M. R.; GIATTI, L. L. Agenda 21 e governança. Estudos Avançados.


26 (74), p. 331 – 339, 2012.
IPCC. Climate Change 2014: Synthesis Report. Contribution of Working Groups I, II and III to the
Fifth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change. Geneva: Switzerland,
2014.
LASCH, C. A. Cultura do narcisismo: a vida americana numa era de esperanças em declínio. Rio
de Janeiro: Imago Editora, 1983.
LENZI, C. L. Sociologia Ambiental: risco e sustentabilidade na modernidade. Bauru, SP: Edusc,
2006.
LIMA, R. G.; CRUZ, G. A.; PIMENTEL, L. R. (s/d). A mídia nacional e internacional na
conferência das nações unidas sobre meio ambiente e desenvolvimento – Eco 92 ou Rio 92.
Retirado de: <http://unisul.br/wps/wcm/connect/f978ba35-3864-483c-b2a4-
97d2f24d0971/artigo_a-midia-nacional-e-internacional-na-conferencia_2-spi.pdf?MOD=AJPERES>
Em: 17 jun. 2016.
MALHEIROS, T. F.; PHLIPPI JR., A.; COUTINHO, S. M. V. Agenda 21 nacional e indicadores de
desenvolvimento sustentável: contexto brasileiro. Saúde e Sociedade, São Paulo, 17 (1), 720, 2008.
MARTINS, C. H. B.; CARVALHO, P. G. M.; BARCELLOS, F. C.; MOREIRA, G. G. Da Rio-92 à
Rio+20: avanços e retrocessos da Agenda 21 no Brasil. Indic. Econ. FEE. Porto Alegre, 42 (3), p. 97-
108, 2015.
MATTOS, K. M. C.; MATTOS, A. Valoração econômica do meio ambiente – uma abordagem
teórica e prática. São Carlos: Rima, Fapesp, 2004.
MOTA, J. A. O valor da natureza: Economia e Política dos recursos ambientais. Rio de Janeiro:
Garamond, 2001.
NAVARRO-ESPIGARES, J. L.; MARTÍN-SEGURA, J. A.; PÉREZ-LÓPEZ, C.; MARAVER-TARIFA,
G. Waste Management in the Spanish Municipalities: Is commitment to Local Agenda 21 more
than good intentions? Investigaciones Regionales. Journal of Regional Research, 40, p. 35 - 56,
2018.
O’CONNOR. J. Es posible el capitalismo sostenible? Papeles de Poblacion, 6 (24), 9-35, 2002.
O GLOBO. O que foi a Rio-92. 2012. Retirado de <https://oglobo.globo.com/economia/rio20/o-
que-foi-rio-92-4981033> Em 09 jun. 2016.
O JOINVILENSE. Agenda 21 esquecida. Joinville, 2010.
OLIVEIRA, L. D. A geopolítica do desenvolvimento sustentável: um estudo sobre a Conferência
do Rio de Janeiro (Rio-92). Campinas, 2011.
PELBART, P. P. Una crisis de sentido es la condición necesaria para que algo nuevo aparezca.
2010. Retirado de: <http://blogs.publico.es/fueradelugar/124/una-crisis-de-sentido-es-la-
condicion-necesaria> Em 01/06/2016.
RIFKIN, J. A terceira revolução industrial: Como o poder lateral está transformando a energia, a
economia e o mundo. São Paulo: M. Books, 2012.
RODRIGUES, A. M. Problemática ambiental e agenda política: espaço, território, classes sociais.
Boletim Paulista de Geografia. Perspectiva crítica, 83, 91-110, 2005.

Revista Perspectivas Contemporâneas, v. 13, n. 3, p. 74-92, set./dez. 2018.


http://revista.grupointegrado.br/revista/index.php/perspectivascontemporaneas
92
PIGA, T. R.; MANSANO, S. R. V.; MOSTAGE, N. C.

SENNETT, R. O Declínio do homem público: as tiranias da intimidade. São Paulo: Companhia


das Letras, 1998.
SILVERWOOD-COPE, K. O.; VILLARROEL, L. C. L.; SERKEIS, A. P. M.; KAMBER, A. Mudanças
climáticas. Brasília: MMA, 2011.
STENGERS, I. No tempo das catástrofes. São Paulo: Cosac Naify, 2014.
TEIXEIRA, C. Educação e desenvolvimento sustentável na Agenda 21 brasileira. Inter-Ação: Rev.
Fac. Educ. UFG, 33 (1), p. 31-48, jan-jun. 2008.
ULTRAMARI, C.; REZENDE, D. A. Mudanças e continuidades na gestão urbana brasileira.
Revista Paranaense de Desenvolvimento. Curitiba, 111, jul-dez. 2006.
WORLDWATCH INSTITUTE. Estado do mundo: transformando culturas. Do consumismo à
sustentabilidade. Salvador: UMA, 2010.

NOTA
Mestre em Administração pela Universidade Estadual de Londrina/UEL. Especialista em
(1)

Economia do Meio Ambiente: Valoração, Licenciamento, Auditoria e Educação Ambiental pela


Universidade Estadual de Londrina/UEL. Graduada em Administração pelo Centro Universitário
Eurípedes de Marília, Marília - SP. Professora na Universidade Estadual de Londrina/UEL,
Londrina, PR.
Doutora em Psicologia Clínica pela PUC/SP, São Paulo, SP. Graduada em Psicologia pela
(2)

Universidade Estadual de Londrina/UEL, Londrina / PR. Professora do curso de Graduação em


Psicologia, do Mestrado em Administração e do Mestrado em Psicologia da Universidade Estadual
de Londrina/UEL, Londrina /PR.
Mestre em Administração pela Universidade Estadual de Londrina/UEL. Graduada em
(3)

Administração Universidade Estadual de Londrina/UEL. Professora da Universidade Estadual do


Norte do Paraná/UENP, Londrina / PR.

Enviado: 08/05/2018
Aceito: 27/08/2018

Revista Perspectivas Contemporâneas, v. 13, n. 3, p. 74-92, set./dez. 2018.


http://revista.grupointegrado.br/revista/index.php/perspectivascontemporaneas

Você também pode gostar