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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) MAGISTRADO(A) DO JUIZADO ESPECIAL

CÍVEL DA COMARCA DE BELÉM/PA – TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO


PARÁ.

CLÁUDIA DO SOCORRO LUNA, brasileira, solteira, merendeira, portador da


cédula de identidade civil nº 137376 – SSP/PA, inscrita no CPF/MF sob o nº 319.375.192-87,
residente e domiciliada à Travessa Vileta, nº 436, Pedreira, Belém/PA, CEP: 66087-421,
usuário do endereço eletrônico lorenaluna1316@gmail.com.br e telefone (91)98854-6221,
vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, por intermédio de sua advogada ao
final firmada, propor a presente AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS
E MORAIS CAUSADOS POR ACIDENTE EM ESTABELECIMENTO COMERCIAL,
com finco nos ditames das Leis nº 10.406/2002, 8.078/1990, 8.137/1990 bem como às
disposições Constitucionais aplicáveis à espécie, em desfavor de LIDER COMERCIO E
INDUSTRIA LTDA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ/MF sob o nº
05.054.671/0027-98, localizada à Av. Pedro Miranda, nº 689, Pedreira, Belém/PA, CEP:
66.085-005, usuária do endereço eletrônico amelia@lidernet.com.br , telefone (91)4008-1436
e sítio eletrônico http://www.grupolideronline.com.br, por intermédio de seu Representante
Legal, pelos fatos e fundamentos a seguir aduzidos.

I. DOS FATOS

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Na data de 23/09/2020, por volta das 15:00h, a Requerente se encontrava no interior do
estabelecimento da empresa Requerida para realização da compra de alguns mantimentos,
quando sofreu uma queda decorrente de um tropeço em folhas de compensado posicionadas no
chão do corredor, utilizadas como tapumes horizontais para cobertura de uma obra que estava
em andamento, sem qualquer sinalização.

De cor semelhante ao piso, a Requerente não percebeu que a fina tapagem encobria um
buraco do qual as lajotas foram retiradas e o concreto perfurado, resultando em um buraco
ocultado, sem qualquer proteção que impedisse o passeio pelos transeuntes, o que lhe causou
uma violenta queda e graves escoriações.

Machucada e com muitas dores na cabeça, pescoço, costas e antebraço, permaneceu


imóvel aguardando socorro por paramédicos acionados por terceiros, sem qualquer auxílio por
parte dos prepostos da Requerida. Após quase 2 (duas) horas de espera, foi socorrida e
imobilizada, transportada de ambulância para o Pronto Socorro Municipal, conforme atesta a
Declaração de Atendimento emitida pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – SAMU
aqui acostado (Doc.04).

Já no hospital, recebeu o atendimento padrão para os protocolos médicos de


traumatologia, com a constatação de traumatismo na cabeça e contusões no couro cabeludo,
tórax e fratura da diáfise do rádio direito, lhe sendo atribuído o diagnóstico previsto no CID
S52.3, conforme se depreende do Laudo Médico em anexo (Doc. 05). Imobilizada e aleitada,
recebeu medicação e foi encaminhada tratamento ortopédico, lhe sendo informado de que
ficaria sem capacidade laboral, e que a retomada de seus movimentos somente seria possível
mediante tratamento fisioterápico.

Na mesma data, 23/09/2020, lhe foi outorgado receituário médico para aquisição de
medicamentos para consumo imediato após a alta hospitalar (Doc. 06), os quais a Requerente
não possuía condições financeiras de adquirir. Em meio ao desespero que a situação infligia,
com o braço direito imobilizado, ainda convalescente e sofrendo de dores excruciantes, se
direcionou à Requerida, a qual após muita insistência, e como forma de ameninar a
responsabilidade pelo ocorrido, aviou a receita em seu próprio estabelecimento, uma vez que no
interior do supermercado há uma farmácia comercial, identificada como FarmaLíder, sucursal
membro de seu conglomerado empresarial.

Em razão do ocorrido, o corpo hospitalar realizou na data de 24/09/2020 a Ocorrência


Policial de nº 0011/2020.104969 para requisição de perícia ao Instituto Médico Legal (Doc. 07),
sendo, contudo, lhe solicitado que retornasse ao Pronto Socorro Municipal para consulta

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médica, a fim de que lhe fosse dispensado tratamento regular após o protocolo de trauma que
recebera em modalidade de urgência.

Assim, na data de 25/09/2020, após consulta com o médico responsável pelo tratamento
ortopédico da fratura em seu braço, lhe foram outorgados outros 2 (dois) receituários, para
aquisição de medicação diversa (Docs. 08 e 09). Entretanto, a Requerida se negou a lhe fornecer
essa segunda leva de medicamentos, lhe prejudicando o tratamento e lhe sujeitando à situação
de lastimável penúria, face a necessidade de socorrer à caridade de parentes, amigos e vizinhos,
lhe ensejando um constrangimento inimaginável, enquanto permanecia com seus movimentos
limitados e sentido dores terríveis.

Na mesma ocasião em que se negara a fornecer esses novos medicamentos, a


Requerida, por intermédio de sua Gerente, lhe afirmou taxativamente que a empresa não teria
como lhe propiciar uma reabilitação fisioterapêutica, e que a mesma deveria se valer do serviço
público, que mesmo com morosidade e grande fila de espera, lhe seria eficaz.

Desolada, a Requerente teve que se afastar de seu trabalho, de caráter eventual e


declinar qualquer chamada que recebesse para nova empreitada, que, na qualidade de
Merendeira Escolar, estava tolhida de empreender em razão do engessamento em seu braço
direito, o que em razão de ser destra, lhe prejudicou em demasia nas tarefas mais simples e
primitivas, como asseio próprio, tendo que se valer de familiares para manutenção de sua
higiene e alimentação.

Em meio ao mais absoluto pesar, inerente à situação que ora experimentava, na data de
06/10/2020 teve que comparecer ao Instituto Médico Legal para realização de perícia agendada,
no que foi emitido em 14/10/2020 o Laudo nº 2020.01.009754-TRA (Doc. 10), o qual atesta a
ofensa à integridade corporal por ação contundente com ensejo de incapacidade para as
ocupações habituais por mais de trinta dias, capitulada no Art. 129, §1º do Código Penal.

Em ato contínuo, retornou em 17/10/2020 ao pronto Socorro Municipal, quando


recebera o Atestado Médico anexo (Doc. 11), após reavaliação médica dos gravames
experimentados pela queda, sendo constatado taxativamente trauma na região do dorso lombar e
antebraço direito com asseveração de dor localizada e limitação de movimentos, sendo então
encaminhada para acompanhamento ambulatorial de ortopedia e neurologia bem como de
fisioterapia até sua recuperação, ficando por tempo indeterminado afastada de suas atividades
laborais.

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Em razão das restrições de atendimento médico-clínico por conta da pandemia do vírus
Sars-Covid/19, a Prefeitura de Belém havia restringido todos os atendimentos e agendamentos,
dificultando a evolução de seu tratamento, no que a Requerente buscou auxílio junto à Caritas
Brasileira, grupo assistencial empreendido por voluntários no Santuário de Nossa Senhora da
Conceição Aparecida, localizada na Av. Pedro Miranda, nº 1566, Pedreira, Belém/PA, CEP:
66.085-023, local onde até o presente tem se valido de acompanhamento e auxílio mediante o
recebimento de cesta básica.

II. DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS

II.I. DA IRREGULARIDADE DA OBRA

Em verdade, se tratava de uma obra irregular, sem a observância de documentos e


procedimentos estabelecidos de Anotação de Responsabilidade Técnica emitidos pelo Conselho
de Engenharia – CREA/PA por imposição da Lei nº 6.496/1977, bem como não havia um
profissional responsável pela execução, culminando com a ausência de mecanismos e
equipamentos apropriados para sinalização e impedimento de acesso pelos populares
transeuntes, sem quaisquer medidas de segurança, o que desrespeita as imposições da
Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT por meio da norma NBR 16.280:2015, a
qual estabelece as etapas de obras de reformas e lista os requisitos técnicos de qualidade e
segurança para antes, durante e depois de quaisquer reformas, o que não fora observado.

Ora Excelência, prescreve a Lei Municipal nº 7.400/1988 que:

“Art. 1º. Toda e qualquer construção, demolição, reforma e ampliação de edificações


efetuadas por particulares ou entidades públicas em zona urbana e de expansão
urbana, a qualquer título, é regulada pela presente lei, obedecidas as normas federais
e estaduais relativas à matéria.”

“Art. 2º. Esta lei tem como objetivos:

...

II - assegurar a observância de padrões mínimos de segurança, higiene, salubridade


e conforto das edificações de interesse da coletividade;”

...

“Art. 34. As obras de construção, ampliação, reforma ou demolição que ameacem a


segurança dos transeuntes, não poderão ser executadas sem a colocação de tapume
vertical em toda sua testada e situado no alinhamento.”

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“Art. 35. A instalação de tapume depende da concessão de licença e não poderá ter
altura inferior a 2,00m (dois metros).”

...

“Art. 67. Para efeitos desta lei, somente profissionais habilitados e devidamente
cadastrados na Prefeitura poderão assinar, como responsáveis técnicos, autores ou
co-autores, qualquer documento, projeto ou especificação a ser submetido à
Prefeitura.”

Outrossim, a Lei Municipal nº 7.055/1977 preconiza que:

“Art. 11. Quando se tratar de construção nova, reforma ou ampliação de imóvel


destinado a atividades industrial, comercial ou de prestação de serviço, a licença de
localização e funcionamento somente será concedida após a expedição do "habite-se"
ou aceitação da obra.”

II.I. DA RELAÇÃO CONSUMERISTA

É evidente que a Requerida não cumpriu com o dever de zelar pela segurança e
integridade daqueles que se encontrassem no interior do seu estabelecimento, sendo omissa no
dever de sinalizar o estorvilho, no dever de impedir o acesso à grota, coibindo casos como o
ocorrido.

A empresa Requerida se constitui em um grande conglomerado empresarial, com


diversos estabelecimentos espalhados pela cidade e em outros municípios, e oferece serviço
essencial à população, o que resulta no acesso de grande número de pessoas, crianças, idosos e
portadores de necessidades especiais e deveria, portanto, cuidar da acessibilidade e segurança
nas suas instalações.

Ao descuidar da obra de reforma, ou não tomar as devidas providencias necessárias


para alertar ao público a impossibilidade de trânsito no local, praticou ato de irresponsabilidade
e deu causa direta ao acidente, o qual prejudicou em demasia a Requerente, pois à Requerida
cabia a obrigação da aposição de obstáculos para que não ocorressem sinistros no local, sendo
omissa não somente na precaução como também nas providências a serem tomadas para sanar o
dano.

A Constituição Federal garante em seu Art. 170, V que a ordem econômica, fundada
na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos

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existência digna, conforme os ditames da justiça social, observado, entre outros, o princípio
da defesa do consumidor.

Outrossim, a Requerente deve ser considerado Consumidora em razão da Teoria


Finalista adotada pelo Art. 2º do CDC, haja vista que o Requerente se enquadra como
destinatário fático e econômico do serviço ofertado e se encontra em situação de
vulnerabilidade técnica, jurídica e econômica em relação ao fornecedor.

Esse é o entendimento majoritário da jurisprudência:

“TEORIA FINALISTA APROFUNDADA OU MITIGADA. AMPLIAÇÃO DO


CONCEITO DE CONSUMIDOR. VULNERABILIDADE EM FACE DO
FORNECEDOR. Decorre da mitigação dos rigores da teoria finalista para autorizar a
incidência do CDC nas hipóteses em que a parte, pessoa física ou jurídica, embora não
seja tecnicamente a destinatária final do produto ou serviço, se apresenta em situação
de vulnerabilidade. (...). Comprovada a existência de vício no produto ou serviço
adquirido pelo consumidor, não tendo, para tanto, concorrido qualquer utilização
indevida, deve o conserto ser coberto pela garantia. Acórdão n.1188548,
07104893320178070020, Relator: MARIA DE LOURDES ABREU, 3ª Turma Cível,
Data de Julgamento: 25/07/2019, Publicado no DJE: 02/08/2019. “

Ademais, a hipossuficiência não se confunde com a vulnerabilidade, já que a segunda


é uma situação intrínseca ao consumidor, ou seja, todo consumidor é considerado vulnerável
nas relações de consumo. No entanto, a primeira está relacionada com a condição de
disparidade, onde o consumidor é inferior no sentido técnico.

Note-se Excelência, que a Requerida é fornecedora de serviços e a Requerente é


consumidora final destes, de forma que nos termos da legislação de Proteção ao Consumidor,
pode-se identificar a existência da figura da relação consumerista entre as partes, aplicando
inclusive inversão do ônus da prova em decorrência da responsabilidade objetiva da mesma,
em conformidade com o que preceitua o Art. 3º do Código de Defesa do Consumidor.

O mesmo diploma legal, em seu Art. 4º, inciso I, ao determinar que a Política
Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos
consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses
econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das
relações de consumo, atendidos – dentre outros - o princípio do reconhecimento da
vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo.

Ademais, a Lei nº 8.078/1990 estabelece que:

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“Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa,
pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação
dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição
e riscos.

§ 1° O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele


pode esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:

...

II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;”

...

“Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas
do evento."

II.II - DO NEXO DE CAUSALIDADE

Para aplicação da responsabilidade objetiva da Requerida deve ser apurada a teoria do


risco, a partir da presença de culpa in vigilando, caracterizada no episódio relatado pela
negligência do agente culposo, que acabou ensejando grave dano, competindo ao consumidor
provar o nexo de causalidade entre o fato danoso, decorrente de vício ou defeito apresentado
pelo serviço ou produto e o constrangimento por ele experimentado, como efeito produzido
por aquele, o que é patente na exposição dos fatos, corroborada pelas provas apresentadas.

Estabelecido o vínculo da relação causal entre a omissão e abusividade da Requerida e


o dano suportado pela Requerente, deve o agente causador do dano ser coibido da prática de
tal conduta, sendo o nexo de causalidade é elemento indispensável em qualquer espécie de
responsabilidade civil, por demonstrar-se como o liame que une a conduta do agente ao dano
patrimonial ou moral.

Estando presente nos fatos mencionados o nexo de causalidade entre o ato ilícito e o
dano causado, é indiscutível o dever de indenizar, haja vista a responsabilidade da Requerida
perante seus clientes, devendo suportar as consequências jurídicas do ato ilícito.

II.III - DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA DA REQUERIDA

O CDC ao adotar a Teoria Objetiva dos fornecedores de produtos e serviços, os


impôs, unilateralmente a prova em contrário nas relações consumeristas. Assim, devem
contraprovar os fatos alegados pelo consumidor na chamada inversão do ônus da prova,
conforme imposição feita pelo Art. 6º, VIII, que reserva ao consumidor a facilitação da defesa

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de seus direitos, inclusive com a obrigação probatória invertida à Requerida em seu favor, no
processo civil, quando, a critério do juiz for verossímil a alegação ou quando for ele
hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiência.

Cumpre enaltecer que a lei impõe a reparação de um dano cometido mesmo que sem
culpa. Quando a responsabilidade é legal ou “objetiva”, prescinde da culpa e se satisfaz
apenas com o dano e o nexo de causalidade, não se exigindo prova de culpa do agente danoso
para que seja obrigado a reparar o dano. Em alguns, ela é presumida pela lei. Em outros, é de
todo prescindível, porque a responsabilidade se funda no risco e no proveito tirado da relação.

O princípio da responsabilidade civil objetiva, calcado na teoria do risco da atividade,


como postulado fundamental da responsabilidade civil, enseja a indenização dos danos
causados ao consumidor. Assim, não havendo verificação da conduta do agente, está presente
o elemento discriminador do dever de indenizar, já que a conduta dolosa ou culposa do
fornecedor é absolutamente irrelevante para a configuração da responsabilidade pelos danos
causados ao consumidor, deverá este, independentemente de culpa, pelo simples fato de ter
colocado no mercado produto ou serviço que lesou efetivamente a Requerente enquanto
consumidor, indenizá-lo, conforme previsão do art. 6º, VI do CDC.

II.IV – DA TEORIA DO RISCO

Para teoria do risco a responsabilidade deixa de resultar da culpabilidade, para derivar


exclusivamente da causalidade material, de forma que responsável é aquele que causou o
dano. São os casos em que se prescinde totalmente da prova da culpa, como é o caso da
responsabilidade do fornecedor de serviços e produtos, que para vítima basta apenas
demonstrar relação de causalidade entre a ação e o dano.

Neste ínterim, fica desde já demonstrado o nexo de causalidade, a causa e o efeito da


responsabilidade objetiva da Requerida, ou seja, a causa imediata e direta verificada nos
relatos deste petitório e o efeito verificado no dano injusto suportado pela Requerente,
conforme exaustivamente comprovado.

Esta teoria de risco justifica a responsabilidade objetiva uma vez que não pode o
consumidor ter pra si as consequências do risco da atividade, e desloca-se da noção de culpa
para ideia de risco, ora encarada como “risco-proveito”, que se funda no princípio segundo o
qual é reparável o dano causado a outrem em consequência de uma atividade realizada em

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benefício do responsável; ora mais genericamente como “risco criado”, a que se subordina
todo aquele que, sem indagação de culpa, expuser alguém a suportá-lo.

II.V – DA BOA-FÉ DA REQUERENTE

O constituinte de 1988 fez inserir no texto da Carta Magna, no capítulo reservado aos
direitos fundamentais do Homem, em seu art. 5º, XXXII, o dever do Estado de promover a
defesa do consumidor. Regulamentando esse dispositivo, de ordem pública e interesse social,
pela Lei complementar de nº 8.078/1990, que adotou pela primeira vez o Princípio da Boa-Fé
Objetiva, então recepcionado pelo Código Civil, que inovou ainda mais com os Princípios da
Função Social do Contrato, que tem por escopo, entre outros, equilibrar as relações jurídicas
civis e de consumo, corrigindo as cláusulas abusivas, a fim de que prevaleça a tão proclamada
justiça contratual e bem estar social, objetivo fundamental para o Estado Democrático de
Direito.

A Requerente acreditou que a Requerida agiria da maneira correta e lhe auxiliaria na


aquisição de medicamentos e obtenção de tratamento, em conformidade com os princípios de
idoneidade que possui como cidadã, mas lamentavelmente, em razão do descaso com que a
mesma agiu, passou portanto, a figurar como vítima.

O princípio da boa-fé se traduz no interesse social da segurança das relações jurídicas


onde as partes devem agir com lealdade e confiança recíprocas. A Requerente, durante todo o
episódio demonstrou boa-fé no sentido amplo, por ter tentado resolver o problema decorrente
ao qual fora submetida, simplesmente solicitando um auxilio que lhe veementemente negado.

Cabal é a necessidade de ressaltar que a presente controvérsia, à luz do Direito, é


absolutamente inequívoca. A partir da clara violação dos direitos básicos que o consumidor
possui, no tocante à segurança na prestação do serviço.

II.VI – DOS CRIMES CONTRA AS RELAÇÕES DE CONSUMO

Considerando que a prática veemente aqui explicitada e devidamente comprovada, é


na verdade um relato de descaso e injustiça, certamente são inúmeros os demais clientes que
tem, tiveram e ainda hão de ter o dissabor experimentado pela Requerente.

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Neste escopo, a prática ilícita alcança milhares de consumidores hipossuficientes
lesados pelo mesmo infortúnio, o que perfaz ato ilícito preconizado no Art. 7º, VII da Lei nº
8.137/1990.

Mostra-se como urgente a necessidade de que o Poder Judiciário coíba tal pratica,
utilizando os recursos disponíveis para que a Requerida não mais se prevaleça da boa-fé de
seus consumidores, ainda que ludibriados como “Associados” e permaneça a gerar tantos
transtornos como os experimentados pela Requerente.

II. VII – DA REPARAÇÃO CIVIL

Restando cabalmente comprovada a responsabilidade dos danos suportados pela


Requerente, há de se assegurar o adimplemento das obrigações decorrentes.

O dano moral é um reflexo de lesão sofrida na esfera extrapatrimonial com objetivo de


uma satisfação compensatória pelo dano sofrido atenuando, em parte, as consequências da
lesão, incluindo aqui o abalo psicológico. Diante das circunstâncias evidenciadas, e é
perfeitamente cabível no caso em tela, Posto que, tendo a medicação e o tratamento necessário
papeis cruciais e elementares para reabilitação à vida normal por parte da Requerente, que se
viu impedida de exercer suas atividades rotineiras, há o dano efetivamente causado.

Saltam aos olhos, Excelência, os danos sofridos pela Requerente da presente demanda,
sejam de ordem moral - físicos inclusive - sejam de ordem material. Objetivamente, o elenco
dos prejuízos sofridos pela mesma é entristecedor.

Na esfera não-patrimonial, o dano foi patente. Com efeito, o vexame e a humilhação da


queda sofrida pela Requerente em meio a um supermercado repleto de consumidores, ainda
mais da forma trágica em se deu, causaram-lhe profunda dor moral, posto que o enorme
constrangimento gerado por situações como a ora vergastada, não podem ser olvidados por
qualquer ser humano com a mínima experiência no convívio social e certamente exigem uma
reparação proporcional a sua gravidade.

Ainda na seara imaterial, resta indiscutível a severidade da lesão ocasionada no braço


direito, o qual, num corolário lógico, resultou na lancinante dor física suportada e limitação de
sua própria higiene, além dos inúmeros transtornos pelos quais passou Frise-se, por fim, mas
não por ser menos importante, o abalo psicologioco que sofreara ao ser retirada do chão,
imóvel, com dores lacinetes para em seguida ser inserida em uma abulancia, desamconhada,
tendo ainda passado por todo o acolhimento hospitaklr em situação desnorteada e amedrontada,

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acreditando que poderia ao menos contar com o mínimo apoio por parte da Requerida, o que
não ocorreu.

No que toca ao prejuízo material este se circunscreve não somente ao gasto com
tratamento médico e deslocamento, mas também na perda do único meio de seu sustento, haja
vista que até o presente momento permanece com seus movimentos limitados e, portanto,
impossibilidade de exercer atividade laboral, que de natureza braçal, é o único meio de
manutenção própria, se valendo da caridade de terceiros por não gozar de auxílios
governamentais.

Salientes são, igualmente, os demais requisitos para a responsabilização da empresa


Requerida no ressarcimento de tais danos. De fato, presentes estão, indubitavelmente, o ato
ilícito e o nexo de causalidade entre aquele dano e a conduta omissiva e desidiosa da
demandada configurada no fato de não alertar os seus clientes, inclusive a Requerente, do
iminente risco que corriam ao transitar por suas dependências.

A conduta da Requerida foi absolutamente negligente, tendo seus prepostos assumido o


risco de produzir o acidente que, infelizmente, acabou por vitimar a ora peticionante. Deveriam
os mesmos sinalizar claramente o perigo de queda, mas, ao contrário, não tomaram nenhuma
precaução e simplesmente não sinalizaram de forma alguma aos transeuntes.

Destarte, cabe ao Estado-Juiz, no exercício de suas funções de pacificação social e de


aplicação do direito ao caso concreto que ora lhe é posto à apreciação, condenar pelos danos
morais e pelos prejuízos materiais experimentados, naquele caso mitigando-lhe os efeitos. No
tangente ao dano moral, acrescente-se, o valor da indenização, além de prestar-se à
compensação do abalo psicológico sofrido, deve ser significativo o bastante para coibir atitudes
semelhantes por parte da Requerida.

A moral do ser humano é reconhecida como bem jurídico, recebendo dos mais diversos
diplomas legais a devida proteção, estando amparada, inclusive, pelo Art. 5º, inciso V da
Constituição Federal de 1988:

"Art. 5º (omissis):

...

V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização


por dano material, moral ou à imagem;"

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Aliás, a lei nº 10.406/2002 assim determina:

"Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência,
violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato
ilícito."

"Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica
obrigado a repará-lo."

Ocorre que o dano moral, como sabido, deriva de uma dor íntima, uma comoção
interna, um constrangimento gerado naquele que o sofreu e que repercutiria de igual forma em
uma outra pessoa nas mesmas circunstâncias. Esse é o caso em tela, onde, conforme foi exposto
alhures, a negligência da Promovida gerou a ocorrência do incidente relatado e a humilhação,
vexame e constrangimento profundos dele decorrentes. Vejamos o que ensina o mestre Sílvio de
Salvo Venosa em sua obra sobre responsabilidade civil:

"Os danos projetados nos consumidores, decorrentes da atividade do fornecedor de


produtos e serviços, devem ser cabalmente indenizados. No nosso sistema foi adotada a
responsabilidade objetiva no campo do consumidor, sem que haja limites para a
indenização. Ao contrário do que ocorre em outros setores, no campo da indenização
aos consumidores não existe limitação tarifada." (Direito Civil. Responsabilidade
Civil, São Paulo, Ed. Atlas, 2014, p. 206).

Sendo assim, é de se ressaltar a angústia e a situação de estresse prolongado a que o


autor foi submetido em razão da atitude desidiosa e irresponsável da Requerida.

Segue abaixo um apanhado jurisprudencial de lides semelhantes à vertente:

“CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL. DANOS MORAIS.


ACIDENTE SOFRIDO EM SUPERMERCADO. POÇA D´ÁGUA EM UM DOS
CORREDORES. QUEDA DA CONSUMIDORA. FRATURA DA PATELA. SUBMISSÃO
DA VÍTIMA À CIRURGIA DE JOELHO. DANOS MORAIS E ESTÉTICOS
PRESENTES. PRESSUPOSTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA
PRESENTES. AUSÊNCIA DE PROVA DE FATO MODIFICATIVO, IMPEDITIVO OU
EXTINTIVO DO DIREITO DO AUTOR (CPC, ART. 333, II). DEVER DE INDENIZAR
CARACTERIZADO. PEDIDO DE LUCROS CESSANTES. CONDENAÇÃO EM
DANOS MATERIAIS POSSÍVEL. JULGAMENTO EXTRA PETITA NÃO
CARACTERIZADO. DANOS MORAIS E ESTÉTICO. POSSIBILIDADE DE
CUMULAÇÃO. PENSÃO MENSAL DEVIDA ATÉ A RECUPERAÇÃO DA
CAPACIDADE DE TRABALHO DA ACIDENTADA. O estabelecimento comercial é
responsável, objetivamente, pela integridade física de seus fregueses, a teor do
insculpido no artigo 14 do Código de Defesa do Consumidor. É evidente o dano moral
sofrido por consumidor que, em razão da negligência do estabelecimento comercial,

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escorrega em poça d´água e sofre fratura de patela. A presença de marcas indeléveis
ou de cicatrizes resultantes de cirurgia necessária à recuperação da saúde da vítima dá
causa à exigência de indenização por danos estéticos. Desde que as naturezas dos
danos não se confundam, ainda que a origem dos fatos possa ser a mesma, os danos
morais puros são cumuláveis, numa mesma ação, com os estéticos. A pensão mensal
devida em razão de ato ilícito tem seu dies a quo na data do fato danoso e seu termo
final na data em que a vítima esteja completamente recuperada para suas atividades
laborais. Acórdão: Apelação cível 2004.009171-0, Relator: Des. Luiz Carlos
Freyesleben. Data da Decisão: 30/11/2006.”

"SENTENÇA. Cuida-se de ação indenizatória ajuizada por ELEDI MENEZES


SOMBINI em face de SUPERMERCADOS PÃO DE AÇÚCAR, na qual pretende a
autora obter a reparação de danos morais e materiais sofridos em virtude de ter
escorregado no piso molhado de um dos supermercados da ré, fato este que lhe
provocou lesões em seu pé direito e acarretou a sua inatividade por cerca de vinte dias.
Deste modo, não procede a argumentação da ré no sentido de inexistência de prova de
nexo de causalidade na hipótese. Com efeito, ainda que o piso de seu estabelecimento
não estivesse molhado como afirma a autora, a própria demandada confirma que sua
queda não se deu de forma espontânea, mas sim em razão de seu tropeço em uma de
suas funcionárias, pela qual é responsável, por força do disposto no art. 932, III, do
Código Civil. Vale dizer que o ato ilícito mostra-se evidente no caso em exame. Este,
entendido como o ato contrário à lei, é representado na hipótese pela negligência da
demandada em bem alertar e afastar os consumidores do local onde se realizava a
limpeza, o que aliás é causa freqüente de acidentes semelhantes. Como alegado na
peça defensiva, o local no qual ocorreu a queda da autora é um supermercado no qual
é necessário, ao longo do dia, perfazer limpeza para manutenção de sua higiene. Este
procedimento, todavia, deve ser cercado de cautela, posto que, conforme afirmado na
contestação, a loja tem grande fluxo de clientela. Neste momento, faz-se necessário
ressaltar a existência de relação de consumo na hipótese, eis que a autora encontrava-
se nas dependências da demandada adquirindo produtos desta no momento do fato em
questão, estando as partes configuradas exatamente como o disposto nos arts. 2o e 3o
do CDC. Deste modo, aplica-se à espécie o art. 14 do mesmo diploma legal, o qual
consagra a teoria do risco do empreendimento, imputando responsabilidade objetiva
ao fornecedor pelo defeito do serviço e o correspondente dever de indenizar. ESTADO
DO RIO DE JANEIRO PODER JUDICIÁRIO - COMARCA DA CAPITAL - 42ª VARA
CÍVEL - Processo n.º 2003.001.123810-5.”

No que concerne ao quantum indenizatório, cristaliza-se o entendimento


jurisprudencial, mormente em sede de dano moral, no sentido de que a indenização pecuniária
não tem apenas o fito da reparação do prejuízo, possuindo também um caráter punitivo,
pedagógico, preventivo e repressor. Neste diapasão, a indenização não apenas repara o dano
moral, mitigando-o, mas também atua de forma educativa ou pedagógica para o ofensor e a
sociedade, inibindo novas práticas semelhantes. Na abalizada opinião de Sílvio Venosa,
encontramos respaldo a esse entendimento:

"Do ponto de vista estrito, o dano imaterial, isto é, não patrimonial, é irreparável,
insusceptível de avaliação pecuniária porque é incomensurável. A condenação em
dinheiro é mero lenitivo para a dor, sendo mais uma satisfação do que uma
reparação (Cavalieri Filho, 2000:75). Existe também cunho punitivo marcante nessa

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modalidade de indenização, mas que não constitui ainda, entre nós, o aspecto mais
importante da indenização, embora seja altamente relevante. Nesse sentido, o Projeto
de Lei nº 6.960/2002 acrescenta o art. 944 do presente código que "a reparação do
dano moral deve constituir-se em compensação ao lesado e adequado desestímulo ao
lesante". Como afirmamos, se o julgador estiver aferrolhado a um limite
indenizatório, a reparação poderá não cumprir essa finalidade reconhecida pelo
próprio legislador." (Sílvio Salvo Venosa, Direito Civil. Responsabilidade Civil, São
Paulo, Ed. Atlas, 2014, p. 41).”

Daí, o valor da condenação deve ter por finalidade, também, dissuadir o réu infrator de
reincidir em sua conduta, consoante tem decidido a jurisprudência pátria:

“CIVIL. CDC. DANOS MORAIS COMPROVADOS. RESPONSABILIDADE


OBJETIVA DA PRESTADORA DE SERVIÇOS DE TELECOMUNICAÇÕES.
INDENIZAÇÃO DEVIDA. VALOR FIXADO DENTRO DOS PARÂMETROS
DETERMINADOS PELA DOUTRINA E JURISPRUDÊNCIA, A SABER:
COMPENSAÇÃO E PREVENÇÃO. I - RESTANDO PATENTES OS DANOS MORAIS
SOFRIDOS E O NEXO CAUSAL ENTRE A LESÃO E A CONDUTA NEGLIGENTE
DA INSTITUIÇÃO PRESTADORA DE SERVIÇOS, ESTA TEM
RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA NA REPARAÇÃO DOS MESMOS,
CONFORME DETERMINA A LEI N.º 8.078/90 (CDC).II - CORRETA É A FIXAÇÃO
DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS QUE LEVA EM CONTA OS
PARÂMETROS ASSENTADOS PELA DOUTRINA E PELA JURISPRUDÊNCIA,
MORMENTE OS QUE DIZEM RESPEITO À COMPENSAÇÃO PELA DOR
SOFRIDA E À PREVENÇÃO, ESTE COM CARÁTER EDUCATIVO A FIM DE QUE
EVITAR A REPETIÇÃO DO EVENTO DANOSO. III – RECURSO CONHECIDO E
IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA. Decisão: NEGAR PROVIMENTO.
UNÂNIME.(g.n.). (Classe do Processo : APELAÇÃO CÍVEL NO JUIZADO
ESPECIAL 20020110581572ACJ DF Registro do Acordão Número : 191685 Data de
Julgamento : 12/08/2003 Órgão Julgador : Primeira Turma Recursal dos Juizados
Especiais Cíveis e Criminais do D.F. Relator : SOUZA E AVILA Publicação no DJU:
24/05/2004 Pág. : 53 - até 31/12/1993 na Seção 2, a partir de 01/01/1994 na Seção
3)”

“CIVIL. CONSUMIDOR. DANOS MORAIS. INCLUSÃO INDEVIDA DO NOME NO


SERASA. QUANTUM ARBITRADO CORRETAMENTE. SENTENÇA MANTIDA. 1-
PARA A FIXAÇÃO DO DANO MORAL DEVE-SE LEVAR EM CONSIDERAÇÃO OS
SEGUINTES FATORES: A RESPONSABILIDADE DO OFENSOR, A SITUAÇÃO
PATRIMONIAL DAS PARTES, A INTENSIDADE DA CULPA DO RÉU, A
GRAVIDADE E REPERCUSSÃO DA OFENSA; ALÉM DE ATENDER AO CARÁTER
PEDAGÓGICO PREVENTIVO E EDUCATIVO DA INDENIZAÇÃO, NÃO
GERANDO ASSIM ENRIQUECIMENTO ILÍCITO. 2- NÃO HÁ DE SE FALAR EM
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS QUANDO NÃO EXISTE ADVOGADO EM
DEFESA DA PARTE EX ADVERSA. 3- SENTENÇA MANTIDA. RECURSO
IMPROVIDO. UNÂNIME. Decisão: CONHECER E NEGAR PROVIMENTO AO
RECURSO, SENTENÇA MANTIDA, POR UNANIMIDADE.(g.n.). (Classe do
Processo : APELAÇÃO CÍVEL NO JUIZADO ESPECIAL 20040110053689ACJ DF

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Registro do Acordão Número : 197708 Data de Julgamento : 18/08/2004 Órgão
Julgador : Segunda Turma Recursal dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais do
D.F. Relator : ALFEU MACHADO Publicação no DJU: 30/08/2004 Pág. : 41 - até
31/12/1993 na Seção 2, a partir de 01/01/1994 na Seção 3).”

Por tudo o que foi anteriormente relatado, é evidente que o Requerente sofreu prejuízo
de ordem material. No presente caso, prima-se pela reparação dos danos emergentes, ou seja,
tudo aquilo que se perdeu. A fim de tratar a matéria o legislador editou o seguinte dispositivo do
Código Civil:

"Art. 402. Salvo as disposições expressamente previstas em lei, as perdas e danos


devidos ao credor abrangem, além do que efetivamente perdeu, o que razoavelmente
deixou de lucrar."

Nesse sentido, manifesta-se a jurisprudência:

“INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS. ACIDENTE EM


ESTABELECIMENTO COMERCIAL. Controvérsia quanto à causa da queda. Ônus da
ré, fornecedora de serviços, de demonstrar sua versão dos fatos (art. 6º, VIII, CDC).
Alegações da autora que não foram infirmadas por qualquer elemento de prova. Queda
em decorrência de choque com a porta automática de acesso à loja que apresentou
defeito, vindo a autora a fraturar o pulso. Defeito do serviço. Responsabilidade
objetiva, nos termos do art. 14 do CDC. Situação vivenciada que gera dano moral
indenizável. Quantum bem fixado e em consonância com precedentes desta C. Câmara
para casos análogos. Danos materiais. Nexo de causalidade satisfeito. Despesas
médicas para tratamento ortopédico e fisioterápico devidas. Lucros cessantes em razão
do afastamento do ofício de cabeleireira igualmente devidos, a serem apurados em
liquidação de sentença. Recurso da ré desprovido, provido em parte o da autora.
Apelação cível nº 0024005-17.2013.8.26.0007. Comarca: São Paulo. Juiz prolator da
sentença: Antônio Marcelo Cunzolo Rimola.”

“APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO - ACIDENTE EM


SUPERMERCADO - CARRINHO COM DEFEITO - RESPONSABILIDADE
OBJETIVA - DEVER DE REPARAR - CONFIGURADO. - São requisitos para a
ocorrência do dever de reparar: - a configuração de um ato ilícito, a comprovação do
dano e o nexo causal entre o ato ilícito e o dano causado - Tendo sido preenchidos os
requisitos acima citados, resta caracterizada a responsabilidade civil e, por
conseguinte, o dever de indenizar - O quantum fixado em sentença deve ser mantido
quando fixado em valor condizente com o dano causado e em observância aos
princípios da razoabilidade e proporcionalidade. (TJ-MG - AC: 10000190366898001
MG, Relator: Pedro Aleixo, Data de Julgamento: 05/06/2019, Data de Publicação:
06/06/2019).”

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“AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. ACIDENTE EM SUPERMERCADO. QUEDA DE CAIXA
DE VERDURAS, ATINGINDO REGIÃO LOMBAR DE CLIENTE QUE ALI ESTÁ
REALIZANDO COMPRAS. PRETENSÃO DA RÉ EM ATRIBUIR A
RESPONSABILIDADE À CONSUMIDORA. Se no interior de estabelecimento
comercial supermercado são transportadas caixas contendo mercadorias, em horário
de movimento de consumidores, devem ser adotadas providências para que não
ocorram acidentes. Não se pode pretender dizer que a culpa por queda de uma caixa de
verduras, transportada por funcionário no horário de funcionamento do mercado, em
seu interior, seja de consumidor que, desatendo, dá um ou dois passos atrás, ficando no
caminho do deslocamento das caixas. É natural que as pessoas que estejam nos
mercados, entre as gôndolas, circulem, de um lado para outro, andem para frente, ou
de costas, por curto espaço, sem que isso possa, nem de longe, consistir em conduta
culposa de consumidor. Sentença de procedência da demanda confirmada por seus
próprios fundamentos. (Recurso Cível Nº 71001504166, Segunda Turma Recursal
Cível, Turmas Recursais, Relator: Clovis Moacyr Mattana Ramos, Julgado em
05/12/2007). (TJ-RS - Recurso Cível: 71001504166 RS, Relator: Clovis Moacyr
Mattana Ramos, Data de Julgamento: 05/12/2007, Segunda Turma Recursal Cível,
Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 13/12/2007).”

Devido aos fatos, o resultado da ação não deve ser outro, senão além da condenação
ao dano material e lucros cessantes, bem como seja ressarcido o Requerente pelo abalo
psíquico que sofreu, presumido pelo fato da prática de ato ilícito, a título de danos morais
emergentes da situação vivenciada.

III. DOS PEDIDOS

Por todo o exposto, REQUER:

III.I - A citação da Requerida na pessoa de seu Representante Legal, para


querendo, apresentar contestação, sob pena de revelia e confissão bem como sua
intimação para comparecer à audiência de conciliação a ser designada;

III.II - A procedência da presente ação, mediante a aplicação dos princípios de


defesa do consumidor, com a condenação da Requerida ao pagamento de uma
indenização suficiente a compensar os danos materiais e morais suportados pela
Requerida;

III.III - Que seja intimado o órgão do Ministério Público para o


acompanhamento do feito em defesa dos interesses da sociedade, uma vez que se
praticado perante a Requerente, diversos outros consumidores podem se
encontrar em situação idêntica;

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III.IV – A condenação da Requerida ao pagamento das custas processuais e
honorários advocatícios em caso de recurso;

III.V - O direito de provar o alegado por todas as provas em direito admitidas,


notadamente pelo depoimento pessoal do Representante Legal da Requerida,
eventual produção de prova documental mediante a juntada de novos documentos
na fase probatória, oitiva de testemunhas cujo rol será apresentado
oportunamente, realização de perícia e inspeção judicial se necessário, e demais
provas que, no curso do processo se mostrem pertinentes para elucidar os fatos
narrados e provas as alegações contidas na exordial sem qualquer exceção ou
renúncia, em homenagem ao princípio da ampla defesa;

III.VI – Por oportuno, requer a juntada posterior de instrumento de mandato,


nos moldes do Art. 5º da Lei nº 8.906/1994.

Dá-se à causa o valor de R$ 40.000,00 (Quarenta mil Reais), para os fins de direito.

São esses os termos esses em que pede e aguarda deferimento.

Belém/PA, 01 de Agosto de 2021.

YVIANE JORGE RODRIGUES

OAB/PA nº 11.841-B

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