Você está na página 1de 51

1

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................... 4

2 A EDUCAÇÃO ESCOLAR NO PERÍODO DO CORONAVÍRUS ....... 5

2.1 Consequências adversas do fechamento das escolas – UNESCO


(2020) 6

2.2 Planejamento educacional sensível a crises – Nota Informativa nº


2.4 UNESCO (2020) ....................................................................................... 9

3 ESTRATÉGIAS DE ENSINO A DISTÂNCIA EM RESPOSTA A


PANDEMIA DO COVID-19. .............................................................................. 15

3.1 Nota informativa n° 2.1: Estratégias de ensino a distância em


resposta ao fechamento das escolas devido à COVID-19 – UNESCO. ....... 15

3.2 Ensino a distância na educação básica frente à pandemia da


covid-19 22

4 PROTOCOLO DE VOLTA ÀS AULAS – MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO


(2020) 25

4.1 Protocolo de Biossegurança para retorno das atividades nas


Instituições Federais de Ensino – Ministério da Educação (2020)................ 25

5 REABERTURA DAS ESCOLAS – NOTA INFORMATIVA Nº 7.1 –


UNESCO 33

5.1 Ação imediata: avaliar e assegurar a prontidão do sistema


educacional................................................................................................... 34

5.2 Ações de curto e médio prazos: retomada da função escolar e


garantia da continuidade da aprendizagem. ................................................. 37

6 O RETORNO ÀS AULAS PRESENCIAIS NO CONTEXTO DA


PANDEMIA DA COVID-19. .............................................................................. 41

6.1 As escolas irão se deparar com desafios que só poderão ser


enfrentados com o apoio de outras áreas..................................................... 41

2
6.2 Não será uma retomada de onde paramos – o retorno exigirá um
plano de ações em diversas frentes e demandará intensa articulação e
contextualização local. .................................................................................. 44

6.3 As respostas ao momento atual podem dar impulso a mudanças


positivas e duradouras nos sistemas educacionais. ..................................... 47

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 50

3
1 INTRODUÇÃO

Prezado aluno!
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é
semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase
improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao
professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre
o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para
todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa.
Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo
de atendimento que serão respondidas em tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da
nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à
execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da
semana e a hora que lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.

Bons estudos!

4
2 A EDUCAÇÃO ESCOLAR NO PERÍODO DO CORONAVÍRUS

Fonte: e-konomista.pt

Certamente, a Pandemia da COVID-19 é, acima de tudo, uma questão de


Saúde Pública, e mitigar seu impacto dependerá muito da ação dos cientistas e
fabricantes farmacêuticos na descoberta de uma vacina ou outros fármacos para
prevenir ou tratar as infecções pela COVID-19, e de encontrar abordagens para
fornecer tais medicamentos em larga escala. (REIMERS E SCHLEICHER, 2020)
Desde que a pandemia do Covid 19 se instalou no mundo, cerca de 1.5
bilhões de estudantes ficaram fora da escola em mais de 160 países, segundo
relatório do Banco Mundial. Alguns países adotaram o fechamento total de
escolas, outros apenas em zonas consideradas de risco ou deixaram abertas
aquelas com crianças pequenas cujos pais trabalham em setores críticos para a
sociedade. (INSTITUTO AYRTON SENNA, 2020)
A maioria dos governos de todo o mundo fecharam temporariamente as
instituições educacionais na tentativa de conter a pandemia da COVID-19. Esses
fechamentos em todo o país estão provocando impacto em mais de 70% da
população estudantil do mundo. Vários outros países implementaram o
fechamento de escolas de forma localizada, impactando milhões de estudantes
a mais. (UNESCO, 2020)

5
As restrições causadas por intervenções não farmacológicas, como o
distanciamento social, também afetam a educação em todos os níveis inclusive
nas universidades. Como alunos e professores não podem se reunir na escola e
essa situação continuará por pelo menos alguns meses, essas limitações nas
capacidades de autodescoberta durante uma pandemia prolongada
provavelmente limitarão as oportunidades de aprendizagem dos alunos durante
o isolamento social. (REIMERS E SCHLEICHER, 2020)

2.1 Consequências adversas do fechamento das escolas – UNESCO


(2020)

O fechamento das escolas acarreta altos custos sociais e econômicos


para as pessoas nas diferentes comunidades. Seu impacto, porém, é
particularmente grave para os meninos e as meninas mais vulneráveis e
marginalizados, assim como para suas famílias. As perturbações resultantes daí
exacerbam as disparidades já existentes nos sistemas educacionais, mas
também em outros aspectos de suas vidas, incluindo:
 Aprendizagem interrompida: o ensino escolar fornece aprendizagem
essencial e, quando as escolas fecham, as crianças e os jovens ficam sem
oportunidades de crescimento e desenvolvimento. As desvantagens são
desproporcionais para os estudantes menos privilegiados, que tendem a
ter menos oportunidades educacionais além da escola.
 Má nutrição: muitas crianças e muitos jovens dependem das refeições
gratuitas ou com desconto que são fornecidas nas escolas para terem
alimentação e nutrição saudável. Quando as escolas fecham, a nutrição
deles fica comprometida.
 Confusão e estresse para professores: quando as escolas fecham,
especialmente de maneira inesperada e por períodos ignorados, em geral,
os professores não têm certeza de suas obrigações e de como manter
vínculos com os estudantes para apoiar sua aprendizagem. As transições
para plataformas de ensino a distância tendem a ser confusas e frustrantes,
mesmo nas melhores circunstâncias. Em muitos contextos, o fechamento
de uma escola acarreta licenças ou desligamentos de professores.

6
 Pais despreparados para a educação a distância em casa: quando as
escolas são fechadas, muitas vezes os pais são solicitados a ajudar na
aprendizagem das crianças em casa e, assim, podem ter dificuldades para
realizar tal tarefa. Isso se torna ainda mais difícil para pais com nível
educacional e recursos limitados.
 Desafios na criação, manutenção e melhoria do ensino a distância: a
demanda por ensino a distância dispara quando as escolas são fechadas
e, em geral, sobrecarrega os portais existentes para a educação remota. A
transferência da aprendizagem das salas de aula para as casas, em grande
escala e de forma apressada, apresenta enormes desafios, tanto humanos
quanto técnicos.
 Lacunas no cuidado às crianças: na falta de outras opções, com
frequência, os pais que trabalham deixam as crianças sozinhas quando as
escolas são fechadas, e isso pode levar a comportamentos de risco,
incluindo uma maior influência da pressão dos colegas e o uso de
substâncias entorpecentes.
 Altos custos econômicos: os pais que trabalham são mais propensos a
faltar ao trabalho para cuidar de seus filhos quando as escolas são
fechadas. Isso resulta em perdas salariais e tende a causar impactos
negativos na sua produtividade.
 Pressão não intencional nos sistemas de saúde: os profissionais de
saúde com filhos têm dificuldades em comparecer ao trabalho, por terem
de cuidar das crianças devido ao fechamento da escola. Isso significa que
muitos profissionais da área médica não estão nos hospitais e clínicas onde
são mais necessários durante uma crise de saúde.
 Maior pressão sobre as escolas e sobre os sistemas educacionais que
permanecem abertos: o fechamento localizado sobrecarrega as escolas,
à medida que os governos e os pais redirecionam as crianças para as
escolas que permaneceram abertas.
 Aumento das taxas de abandono escolar: é um desafio garantir que
crianças e jovens retornem e permaneçam na escola quando elas forem
reabertas. Isso se aplica especialmente aos fechamentos prolongados e

7
quando os impactos econômicos pressionam as crianças a trabalhar e
gerar renda para as famílias com problemas financeiros.
 Maior exposição à violência e à exploração: quando as escolas são
fechadas, aumenta a ocorrência de casamentos prematuros, mais crianças
são recrutadas por milicias, aumenta a exploração sexual de meninas e
mulheres jovens, a gravidez na adolescência se torna mais comum e o
trabalho infantil igualmente cresce.
 Isolamento social: as escolas são centros de atividade social e interação
humana. Quando elas são fechadas, muitas crianças e jovens perdem o
contato social que é essencial para a aprendizagem e para o
desenvolvimento.
 Desafios para mensurar e validar a aprendizagem: quando as escolas
são fechadas, as avaliações agendadas, principalmente os exames que
determinam a admissão em instituições de ensino ou o avanço para novos
níveis educacionais, são comprometidas. As estratégias para adiar, pular
ou aplicar exames durante o período de ensino a distância levantam sérias
preocupações sobre a justiça da avaliação, principalmente quando o
acesso ao ensino se torna variável. As interrupções das avaliações
resultam em estresse para os estudantes e para suas famílias e, da mesma
forma, podem desencadear o abandono dos estudos.

8
2.2 Planejamento educacional sensível a crises – Nota Informativa nº 2.4
UNESCO (2020)

Fonte: diariodorio.com

Dadas as profundas consequências da pandemia da COVID-19 sobre os


sistemas educacionais em todo o mundo, com 89% da população mundial de
estudantes afetada pelo fechamento de escolas devido à COVID-19 desde 1º de
abril de 2020, governos e organizações parceiras têm intensificado os esforços
para viabilizar a continuidade da aprendizagem.
É importante reconhecer que a crise atual terá consequências duradouras
para os sistemas de ensino em termos de acesso, qualidade, equidade e gestão,
que provavelmente irão perdurar após a pandemia. Além disso, os riscos de
desastres, conflitos e violência estão se tornando maiores, o que indica a
necessidade crescente de fortalecer as capacidades de redução de riscos nos
setores de educação, inclusive por meio de atividades de prevenção, preparação
e mitigação.
Enquanto muitos países atingidos pela crise da COVID-19 podem precisar
de apoio internacional para garantir a continuidade do ensino a todos os
estudantes e para proteger e manter o bem-estar dos profissionais da educação
durante a emergência atual, os governos, por intermédio de seus Ministérios da
Educação (MEC), continuam a ser os responsáveis pela oferta de ensino.
Programas de resposta rápida que visam a assegurar a continuidade dessa

9
oferta devem estar alinhados com as prioridades do Ministério da Educação e
com atividades de longo prazo. Apoiar os Ministérios da Educação na
institucionalização da redução e gestão de riscos de crise nos processos de
planejamento educacional pode ajudá-los a conduzir melhor o planejamento e a
oferta de ensino antes, durante e depois de uma crise, assim como na
preparação e mitigação de seus impactos. Essa abordagem é denominada
“planejamento sensível a crises”.

1) Lições de práticas do passado e a crise atual


ANÁLISE DOS RISCOS EXISTENTES E POTENCIAIS DA CRISE
Incluindo aqueles relacionados a outros setores-chave, como o da saúde, e a
compreensão da relação mútua entre esses riscos e a educação para desenvolver
estratégias adequadas de resposta. Por exemplo, no contexto da COVID-19, a falta
de familiaridade das crianças com técnicas apropriadas de higiene ou a resistência
ao cumprimento de regras de distanciamento social podem agravar a propagação do
vírus.
No entanto, o envio de mensagens comunitárias que salvam vidas, o uso da
educação como veículo de divulgação de informações sobre saúde pública e o
investimento na educação como forma de promover a inovação e as competências
que serão necessárias para enfrentar futuras crises podem se revelar úteis para
mitigar esses riscos.
Portanto, um planejamento sensível a crises contribui para minimizar os
impactos negativos dos riscos na oferta de serviços educacionais e para maximizar
os impactos positivos das políticas educacionais e dos programas de prevenção de
futuras crises, incluindo crises de saúde em âmbito global e pandemias.
ANALISAR AS CAPACIDADES E OS RECURSOS EXISTENTES PARA A
REDUÇÃO DE RISCOS E A RESPOSTA EMERGENCIAL NO SETOR DA
EDUCAÇÃO
No contexto da COVID-19, isso pode incluir uma revisão dos programas
existentes de ensino aberto e à distância e dos recursos disponíveis para ampliar a
oferta e a acessibilidade de tais programas. Também é importante compreender as
capacidades dos professores, dos gestores escolares e de outros profissionais da
educação, pois eles apoiam os estudantes a lidar com o mundo da educação à
distância e da aprendizagem remota, muitas vezes sem formação, suporte e recursos
suficientes.

10
IDENTIFICAÇÃO E A SUPERAÇÃO DE PADRÕES DE DESIGUALDADE E
EXCLUSÃO NA EDUCAÇÃO
Isso é particularmente importante no atual contexto de pandemia, pois o
confinamento e o fechamento de escolas podem ocasionar consequências de longo
prazo para as populações mais vulneráveis e marginalizadas, agravando as
disparidades já existentes no sistema de educação. O planejamento sensível a crises
no contexto da COVID-19 deve dar atenção especial à equidade, por exemplo,
combatendo a exclusão digital e assegurando que sejam implementadas soluções de
aprendizagem inclusivas e sensíveis ao gênero.
É fundamental refletir sobre os impactos específicos do fechamento de
escolas sobre meninas, pessoas deslocadas internamente (PDIs), refugiados,
estudantes em contextos afetados por crises e outros grupos vulneráveis, assim como
oferecer soluções adaptadas a cada caso. Sem alcançar primeiro os mais
desassistidos, os ganhos obtidos com a inclusão de grupos marginalizados e
vulneráveis nos sistemas nacionais de educação sofrerão um retrocesso.

Além disso, o planejamento educacional sensível a crises tem como


objetivo reunir todos os atores da educação, de ambas as perspectivas
(humanitária e de desenvolvimento), uma vez que eles trabalham para enfrentar
o conjunto particular e complexo de desafios impostos pela atual pandemia. Isso
inclui garantir complementaridades e evitar a duplicação para oferecer uma
resposta educacional efetiva e sustentável em múltiplos âmbitos, incluindo os
âmbitos regional, distrital, comunitário e escolar.

2) Orientações práticas para a elaboração de políticas e programas.


No curto prazo, garanta um planejamento coordenado entre setores,
governo e parceiros humanitários e de desenvolvimento para responder
efetivamente à crise.
 Os esforços iniciais para responder à COVID-19 devem ser liderados e
coordenados pelos governos, de forma alinhada com os planos nacionais de
resposta à COVID-19, inclusive por meio de abordagens intersetoriais,
especialmente entre os setores de educação, saúde e proteção às crianças.
A liderança do governo deve ser assegurada nos âmbitos nacional, regional
e distrital, com base nos mecanismos de coordenação existentes, onde for
possível.

11
 Qualquer medida adotada no setor da educação deve estar alinhada às
prioridades nacionais em ambos os níveis (centralizado e descentralizado),
a fim de aprimorar a sustentabilidade dos esforços. Mais especificamente,
qualquer solução de aprendizagem remota deve ser desenvolvida com base
nas capacidades existentes, e também deve ser aplicada em estreita
coordenação com as autoridades educacionais nacionais e subnacionais,
incluindo os gestores escolares e os próprios professores. Em alguns
contextos, as escolas estão mais bem posicionadas para determinar as
capacidades existentes e sugerir estratégias apropriadas de aprendizagem
remota. O planejamento no contexto da COVID-19 requer a coordenação e
o envolvimento de professores e comunidades para identificar estratégias
eficazes de aprendizagem remota e comunicação com todas as partes
interessadas envolvidas, para compartilhar ideias e oferecer motivação e
informações que salvam vidas. Isso também implica a identificação, em
contextos específicos, de potenciais barreiras a tais estratégias, baseadas
em gênero, língua, localização, habilidade e outros parâmetros, para garantir
que as respostas não reproduzam ou perpetuem desigualdades e práticas
discriminatórias. Tais esforços devem ajudar a estabelecer as bases de
longo prazo para sistemas nacionais de educação funcionais e resilientes.
 A atual crise global de saúde exige sólidas parcerias e colaborações para se
alcançar, na prática, a relação de desenvolvimento humanitário no setor da
educação, fazendo a ponte entre as intervenções humanitárias e as de
desenvolvimento. Isso implica uma melhor coordenação entre os parceiros,
para garantir que as necessidades primárias do sistema de educação não se
tornem preocupações secundárias devido à COVID-19. Países que já estão
lutando para garantir a oferta de educação precisam de apoio contínuo para
manter essa oferta, além dos esforços específicos dedicados à resposta à
COVID-19. Os parceiros devem responder às necessidades de curto prazo,
com programas de longo prazo que abordem as vulnerabilidades sistêmicas.
Os atores humanitários e de desenvolvimento devem colaborar e
desenvolver esforços conjuntos para atender às necessidades da educação,
tomando como base pontos fortes mútuos e vantagens comparativas. Por
exemplo, isso pode significar que os parceiros de desenvolvimento ofereçam
conhecimentos técnicos especializados (expertise) e aproveitem as
12
capacidades operacionais e logísticas dos atores humanitários,
especialmente para a educação à distância ou autoaprendizagem.
 Os esforços para responder à COVID-19 também devem incluir o
planejamento coordenado de campanhas e estratégias para o retorno às
aulas, incluindo programas de aprendizagem acelerada direcionados
especificamente a grupos vulneráveis, a fim de enfrentar as desigualdades
existentes e crescentes, por meio da prevenção ao abandono escolar.
No médio e no longo prazo, institucionalize a redução e a gestão do risco
de crises dentro do próprio setor educacional. Especificamente, os Ministérios
da Educação, nos âmbitos nacional e subnacional, podem prevenir, preparar-se
para e mitigar crises, inclusive pandemias, por meio de:
 Análise de impactos dos riscos de crises na educação: Inclusive para
populações deslocadas e marginalizadas, como parte das análises e
avaliações do setor educacional. Tais análises devem ser baseadas em
análises de gênero, considerando os papéis, os riscos, as
responsabilidades e as normas sociais de gênero.
Isso inclui garantir que as medidas de mitigação e de resposta enfrentem
as questões relacionadas à carga de trabalho doméstico de mulheres e
meninas, assim como os elevados riscos de violência baseada em gênero
e outros impactos adversos.

13
 Desenvolvimento de programas e políticas educacionais sensíveis a
crises: Visando a redução dos riscos, fortalecer as capacidades de resposta e de
prontidão dos governos e dos Ministérios da Educação nos âmbitos individual,
escolar, comunitário, nacional e subnacional, inclusive por intermédio de planos
de contingência com base em diferentes cenários sobre a duração do fechamento
das escolas e a data prevista para a sua reabertura:
1. Planos de contingência serão um elemento fundamental para preparar a
reabertura das escolas na atual crise da COVID- 19. Uma vez reabertas as escolas
e retomadas as aulas, deve ser implementada uma orientação detalhada
delineando como o setor educacional responderá, em todos os âmbitos, a uma
crise emergente ou prevista, antes de sua ocorrência. Isso pode incluir, por
exemplo, um padrão geral de procedimentos operacionais, protocolos e linhas de
tomada de decisão, e fluxogramas de comunicação, tanto dentro do Ministério da
Educação como entre o ministério e os parceiros.
2. Os processos de planejamento de contingência também devem incluir recursos
para se compreender melhor as implicações das emergências de saúde pública
ou surtos de doenças em diferentes grupos populacionais, para que os planos de
prontidão e resposta sejam capazes de mitigar os danos a mulheres, meninas e
outros grupos vulneráveis.

 Garanta que as unidades dedicadas à gestão de riscos no Ministério da Educação


estejam equipadas para orientar, planejar e coordenar de forma efetiva os esforços
de redução de riscos, incluindo iniciativas de resposta a emergências no setor da
educação, em colaboração com grupos educacionais ou grupos de trabalho de
educação em emergências (Education in Emergencies – EiE)
 Desenvolva e integre ferramentas de coleta e análise de dados sensíveis a crises
em sistemas de informação sobre educação existentes, para garantir dados
prontamente disponíveis e confiáveis sobre os efeitos da crise e as necessidades
resultantes das escolas, dos professores e dos estudantes, com o objetivo final de
fortalecer as capacidades de prevenção e mitigação do sistema de educação.
 Desenvolva estruturas de custeio e financiamento para planos educacionais
sensíveis a crises, de modo a possibilitar o financiamento mais previsível e
equitativo em situações de crise. Essas estruturas devem incluir financiamento
sustentável para os salários dos trabalhadores da área de educação.
 Garanta que a educação seja abordada nos planos nacionais de gestão de
desastres

14
3 ESTRATÉGIAS DE ENSINO A DISTÂNCIA EM RESPOSTA A PANDEMIA
DO COVID-19.

Fonte: novaescola.org.br

3.1 Nota informativa n° 2.1: Estratégias de ensino a distância em resposta


ao fechamento das escolas devido à COVID-19 – UNESCO.

Os sistemas educacionais ao redor do mundo estão enfrentando um


desafio sem precedentes, na sequência do fechamento obrigatório maciço de
escolas como parte dos esforços de saúde pública para conter a propagação da
COVID-19. Órgãos governamentais estão trabalhando com organizações
internacionais, com parceiros do setor privado e com a sociedade civil para
ofertar educação remotamente por meio de uma combinação de tecnologias, a
fim de garantir a continuidade do currículo e da aprendizagem para todos.
(UNESCO, 2020)
Estabelecer ou ampliar estratégias de ensino a distância é uma resposta
setorial à interrupção súbita dos processos educacionais como resultado do
fechamento inesperado das escolas por conta da pandemia da COVID-19. Essas
estratégias são orientadas pela preocupação com a equidade, com a inclusão e
com a necessidade de garantir que a concepção e a oferta do ensino a distância
não agravem as desigualdades educacionais e sociais já existentes. (UNESCO,
2020)

15
1. Definição do tema e principais questões
Ensino a distância: em um sentido amplo, esta expressão é
frequentemente utilizada como sinônimo de aprendizagem online, e-learning,
educação a distância, educação por correspondência, estudos externos,
aprendizagem flexível e cursos online abertos e massivos (massive open online
courses – MOOCs).
São características comuns a qualquer forma de ensino a distância: a
separação entre professor e estudante pelo espaço, pelo tempo ou por ambos,
e o uso de mídias e tecnologias para possibilitar a comunicação e o intercâmbio
durante o processo de aprendizagem, apesar dessa separação. Isso pode ser
alcançado por meio de materiais de aprendizagem impressos, ou pela
transmissão unidirecional em massa (programas de TV e de rádio), ou por meio
de intercâmbio via web, com a utilização de canais de mídia social ou
plataformas de aprendizagem. O ensino a distância tende a exigir um alto nível
de autodidatismo por parte dos estudantes, bem como habilidades de estudo,
que devem ser apoiadas por meio de novas estratégias de ensino, aprendizagem
e orientação.
Estratégias de ensino a distância: tais estratégias, em resposta ao
fechamento das escolas devido à COVID-19, são um conjunto de medidas
setoriais tomadas por órgãos do governo e parceiros para dar continuidade aos
estudos com base nos currículos dos estudantes e a outras atividades
educacionais regulares, quando escolas e outras instituições de ensino
presencial estão fechadas.
Para que isso tenha sucesso, as atividades de aprendizagem devem ser
revisadas, e soluções alternativas para fornecer remotamente programas de
ensino devem ser planejadas e ofertadas juntamente com o apoio aos
professores, à comunidade educacional e em colaboração com os estudantes e
suas famílias. Enquanto as estratégias nacionais de ensino a distância
consideram a complementaridade da educação formal e não formal, assim como
a gama de níveis de educação e formação para percursos de aprendizagem ao
longo da vida, esta nota informativa enfoca a educação escolar.
Prontidão para o ensino a distância: a eficácia das estratégias de ensino
a distância está condicionada por níveis de preparação a partir de várias
perspectivas:

16
PRONTIDÃO TECNOLÓGICA
Geralmente inclui níveis de prontidão tanto em capacidades
tecnológicas de plataformas de aprendizagem digital, quanto em sistemas de
transmissão de TV e rádio para ofertar remotamente cursos curriculares a
todos os estudantes, bem como o acesso doméstico a eletricidade, telefones,
televisores, aparelhos de rádio, dispositivos digitais, conectividade à internet e
dados.
PRONTIDÃO DE CONTEÚDO
Inclui acessibilidade a materiais de ensino e aprendizagem alinhados
com os currículos nacionais e que podem ser ofertados por meio de
plataformas online, programas de TV ou rádio, ou usados para a aprendizagem
em casa com base em materiais impressos. Continua a ser um desafio a
prontidão do conteúdo curricular que abranja todos os níveis de ensino e todas
as áreas de estudo, e que possa ser ofertado a todos os estudantes. Em
muitos países, existem lacunas em termos de recursos e conhecimentos locais
necessários para desenvolver rapidamente cursos com base nos currículos
nacionais prontamente acessíveis por meio de plataformas online ou
programas de TV e rádio
PRONTIDÃO DE APOIO PEDAGÓGICO E DE APRENDIZAGEM EM CASA
Inclui a preparação dos professores para elaborar e facilitar a
aprendizagem online, o ensino a distância com base em TV ou rádio, ou a
aprendizagem em casa com base em materiais impressos; e disponibilidade e
capacidade dos pais ou responsáveis para facilitar a aprendizagem a distância
efetiva em casa.
A maioria dos professores não está preparada de forma adequada para
a transição da oferta de educação escolar, e as famílias não estão preparadas
para facilitar e acompanhar a aprendizagem diária em casa, especialmente as
que têm várias crianças. É muito mais desafiador quando os pais não possuem
as habilidades linguísticas e de alfabetização, assim como o tempo necessário
para acompanhar os horários dos estudos e administrar os processos de
aprendizagem.
PRONTIDÃO DE MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO

17
Inclui capacidades para: monitorar os processos de ensino a distância,
acompanhar o acesso às aulas e o envolvimento nelas, avaliar os resultados
da aprendizagem, e obter respostas imediatas de ensino a distância para
atingir metas de longo prazo.
No contexto da aprendizagem online, é fundamental monitorar as
diferenças no nível de participação e envolvimento dos estudantes que, muitas
vezes, têm habilidades fracas de autorregulação e auto-organização. Quando
programas de TV ou de rádio, que são sistemas unidirecionais de transmissão
de conhecimento, são adotados como a solução principal, é ainda mais
desafiador mensurar até que ponto estudantes, professores e pais ou
responsáveis estão envolvidos com o ensino a distância.

2. Orientações e práticas para a elaboração de intervenções políticas


Ajuste os objetivos curriculares e priorize a assistência humanitária
social: pandemias causam traumas, estresse psicológico e reações emocionais
negativas. Antes de oferecer estudos acadêmicos, mobilize as ferramentas
disponíveis para assegurar a interação humana regular e reforçar as relações
humanas para enfrentar o sentimento de solidão, e ofereça assistência social
para enfrentar possíveis desafios psicossociais que os estudantes possam vir a
enfrentar quando estão isolados ou enlutados.
Organize debates com as partes interessadas para examinar a possível
duração do fechamento das escolas e decida se o programa de ensino a
distância deve se concentrar no ensino de novos conhecimentos ou melhorar os
conhecimentos dos estudantes sobre conteúdos anteriores. Defina os objetivos
dos programas de ensino a distância em torno de todos os aspectos-chave dos
currículos nacionais e dos objetivos educacionais mais amplos, para evitar que
seja dada uma ênfase desproporcional aos objetivos acadêmicos de
aprendizagem.

Examine a prontidão e escolha as soluções tecnológicas mais


relevantes e sensíveis ao contexto: decida sobre o uso de soluções de alta ou
baixa tecnologia com base na segurança do fornecimento local de eletricidade,
na conectividade à internet, e na posse de dispositivos e habilidades digitais por
parte de professores e estudantes. Tais tecnologias podem variar desde
18
plataformas de aprendizagem online, videoaulas, cursos online, até transmissão
maciça de programas de rádio ou TV e a distribuição de materiais impressos.
Escolha uma tecnologia convencional para ofertar cursos com base nos
currículos a estudantes de determinados níveis e evite pedir-lhes e aos
professores que naveguem por muitos sistemas ou canais; por exemplo,
plataformas de aprendizagem online como solução de ensino a distância para
escolas da educação secundária e educação secundária superior, e programas
de TV para escolas da educação primária, complementados por recursos online
e ferramentas comunicativas.

Aumente a preparação tecnológica e de conteúdo para garantir a


continuidade da educação e da aprendizagem: melhore a largura de banda e
as funcionalidades das plataformas de ensino a distância já existentes, ou
desenvolva novas plataformas para atender ao aumento significativo da
demanda por parte de professores e estudantes. Desenvolva, adapte e faça
curadoria dos cursos existentes com REA de alta qualidade, para preencher as
lacunas dos cursos com base nos currículos nacionais e dos materiais a serem
ofertados a professores e estudantes.
Planeje o cronograma de estudos em função do nível de ensino, das
necessidades dos estudantes e da disponibilidade de apoio ao estudante pelos
pais e pelas comunidades locais. Selecione e recomende aplicativos confiáveis
que sejam capazes de fornecer serviços de ensino e aprendizagem com base
em línguas locais, incluindo sistemas de gestão de aprendizagem, aplicativos de
videoconferência, aplicativos de mídias sociais e mensagens SMS por telefones
comuns. Quando um modelo de aprendizagem online for adotado, evite
sobrecarregar e confundir estudantes e pais, sem pedir que eles façam o
download e se cadastrem em muitos aplicativos ou plataformas.

Garanta a equidade e a inclusão: implemente medidas para assegurar


que todos os estudantes tenham acesso a programas de ensino a distância, bem
como para assegurar o acesso inclusivo a oportunidades de ensino a distância
para todos os estudantes sem causar impactos negativos sobre os grupos mais
vulneráveis.

19
Os cursos com base nos currículos devem ser acessíveis para estudantes
com deficiências e para aqueles cuja língua principal não é a língua de ensino
nas escolas. Tome medidas rápidas para garantir que todos os estudantes
tenham acesso a cursos ofertados remotamente, incluindo a descentralização
temporária de dispositivos digitais de laboratórios de informática ou o aluguel de
dispositivos digitais para estudantes de famílias de baixa renda, fornecendo
pacotes temporários gratuitos de dados de internet, ou concedendo um preço
reduzido de dados ou acesso gratuito para o acesso de conteúdo educacional.
Uma opção é negociar com o setor de telecomunicações para oferecer
acesso educacional com taxa zero para plataformas nacionais de aprendizagem
e sistemas de serviços de aprendizagem online, repositórios institucionais e
serviços de bibliotecas digitais
Proteja a privacidade dos estudantes e a segurança dos dados – garanta
que a gestão das plataformas nacionais e dos provedores privados de aplicativos
não violem a privacidade pessoal dos estudantes. Isso está relacionado à
segurança de dados ao se fazer o upload de dados ou recursos educacionais
confidenciais para espaços web, bem como ao compartilhá-los com outras
organizações ou indivíduos. Adote medidas concretas para garantir o uso ético,
não discriminatório e transparente dos dados dos estudantes.
Desenvolva regulamentos para a proteção de dados educacionais e
credencie apenas serviços de fornecedores que cumprirem tais regulamentos. O
Regulamento Geral da Proteção de Dados da União Europeia oferece um
exemplo de termos sobre o uso totalmente transparente de dados privados e o
“direito ao esquecimento”, o que permite que registros com base em dados
privados sejam removidos a qualquer momento.

Apoie professores para planejar e facilitar o ensino a distância, e


envolva pais e responsáveis: organize cursos rápidos de formação para
professores sobre o uso de ferramentas de ensino a distância, assim como sobre
a elaboração e a facilitação de atividades de ensino a distância, a fim de ajudá-
los na adaptação aos novos ambientes de aprendizagem.
Ajude os professores a preparar as instalações básicas necessárias para
o ensino a partir de suas próprias casas, e para facilitar e monitorar a
aprendizagem a distância. Apoie os supervisores educacionais locais, os

20
coordenadores pedagógicos e as escolas quanto ao envolvimento de pais ou
responsáveis para administrar a aprendizagem em casa.
Forneça-lhes materiais de orientação ou desenvolva regras, em conjunto
com pais e estudantes, sobre a administração das práticas diárias de
aprendizagem em casa. Crie comunidades de professores, pais e gestores
escolares para manter uma troca periódica de informações e discutir estratégias
para enfrentar os principais desafios. Para famílias que não têm pais ou
responsáveis disponíveis para cuidar dos estudantes, ofereça espaços seguros
de acolhimento ou apoio financeiro às famílias para que tenham acesso a
serviços particulares de cuidado infantil.

Combine metodologias de ensino, monitoramento e avaliação


centradas no estudante para garantir a eficácia do ensino a distância:
oriente os professores na elaboração de metodologias apropriadas para a oferta
de ensino online, ou para a organização e a facilitação da aprendizagem com
base em programas de TV ou rádio, ou em materiais impressos.
Planeje a duração das unidades de ensino a distância com base na
autorregulação e nas habilidades metacognitivas dos estudantes, especialmente
para a aprendizagem baseada em telas – de preferência, uma unidade para
estudantes dos anos iniciais do ensino fundamental não deve ter mais de 25
minutos, e não mais de 40 minutos para estudantes dos anos finais do ensino
fundamental e do ensino médio. Melhore o envolvimento dos estudantes por
meio de abordagens pedagógicas adequadas aos seus interesses e habilidades
cognitivas, incluindo possíveis discussões em grupo, assistência por pares e
avaliação por pares.
Elabore perguntas, testes ou exercícios formativos para acompanhar de
perto os processos de aprendizagem dos estudantes. Incentive o uso das
ferramentas disponíveis para apoiar o envio de respostas ou feedback dos
estudantes e evite sobrecarregar os pais, sem lhes solicitar que analisem e
enviem o feedback de seus filhos.

Planeje tendo em vista a sustentabilidade e os objetivos de longo


prazo: haverá um período de transição de volta para ambientes de
aprendizagem mais escolares, durante o qual alguns elementos e práticas do

21
ensino a distância vão rapidamente voltar para a oferta de ensino presencial.
Portanto, é aconselhável planejar estratégias que progridam da oferta de
respostas rápidas para um período de transição e, depois disso, para um objetivo
de longo prazo de melhoria dos sistemas de oferta de educação.
Considerando o futuro, ações que agora estão sendo tomadas para
garantir a eficácia do ensino a distância lançarão uma base sólida para
inovações pedagógicas tecnologicamente mais avançadas, ambientes de
aprendizagem mais abertos e flexíveis, e um sistema educacional mais
dinâmico. O objetivo de longo prazo deve ser integrar princípios-chave e
elementos constituintes essenciais para sistemas mais inclusivos, mais abertos
e mais resilientes, quando a educação se estabilizar em um “novo normal”.
Os elementos fundamentais do “novo normal” incluem a acessibilidade
aprimorada para os grupos mais vulneráveis, plataformas de aprendizagem
atualizadas, cursos a distância que cubram todos os níveis de ensino e todas as
disciplinas, e capacidades aprimoradas dos professores na elaboração e na
facilitação do ensino a distância.

3.2 Ensino a distância na educação básica frente à pandemia da covid-19

I. Frente ao atual momento, soluções de ensino remoto podem contribuir


e devem ser implementadas: Estratégias de ensino a distância deverão
cumprir papel importante para a redução dos efeitos negativos do
distanciamento temporário, mas as evidências indicam que lacunas de
diversas naturezas serão criadas. Com isso, normatizações sobre sua
equivalência para fins de cumprimento do ano letivo precisam ser objeto de
atenção dos órgãos reguladores e, desde já, redes de ensino precisam
começar a planejar um conjunto robusto de ações para o retorno às aulas.
(TODOS PELA EDUCAÇÃO, 2020)

II. Uma estratégia consistente para o ensino remoto é aquela que busca
mitigar as condições heterogêneas de acesso e os diferentes efeitos de
soluções a distância em função do desempenho prévio dos estudantes:
Para enfrentar o risco da ampliação de desigualdades, ao lançar mão de
estratégias de ensino a distância, é preciso entender que a disposição de

22
recursos tecnológicos é heterogênea entre os alunos e que aqueles que já
têm desempenho acadêmico melhor tendem a se beneficiar mais das
soluções tecnológicas. Uma das medidas cruciais para se pensar de maneira
consistente a introdução temporária de soluções de ensino a distância é a
avaliação dos recursos tecnológicos que já estão à disposição dos alunos ou
que podem ser rapidamente providos. E isso precisa ser feito levando em
conta as disparidades sociais no Brasil, que existem não só entre redes de
ensino, mas também entre alunos da mesma rede, escola ou, até mesmo,
sala de aula. (TODOS PELA EDUCAÇÃO, 2020)

III. Ensino remoto não é sinônimo de aula online. Há diferentes maneiras de


estimular a aprendizagem a distância e, se bem estruturadas, atividades
educacionais podem cumprir mais do que uma função puramente
acadêmica: O ensino remoto não deve se resumir a plataformas de aulas
online, apenas com vídeos, apresentações e materiais de leitura. É possível
(diversificar as experiências de aprendizagem, que podem, inclusive, apoiar
na criação de uma rotina positiva que oferece a crianças e jovens alguma
estabilidade frente ao cenário de muitas mudanças. Envolvimento das famílias
também é chave, já que poderão ser importantes aliados agora e no pós-crise.
O ensino remoto não deve se resumir a aulas online. Diversificar as
experiências de aprendizagem continua sendo relevante e necessário. O
envolvimento das famílias é fundamental e, desde que orientado por um olhar
realista e cuidadoso, deve ser ainda mais estimulado nesse momento.
(TODOS PELA EDUCAÇÃO, 2020)

23
IV. Mesmo a distância, atuação dos professores é central: Pesquisas
apontam que, quando o assunto é ensino a distância, o trabalho dos
professores tem papel significativo no sentido de assegurar uma boa
experiência, independentemente da solução utilizada. Diante do cenário atual,
em que são igualmente impactados pela pandemia, apoiá-los, pessoal e
profissionalmente, é medida absolutamente fundamental. Estratégias de
ensino remoto que prescindam da atuação dos professores provavelmente
terão maiores dificuldades de engajamento. (TODOS PELA EDUCAÇÃO,
2020)

24
4 PROTOCOLO DE VOLTA ÀS AULAS – MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
(2020)

Fonte: pp.org.br

O Ministério da Educação (2020) anunciou um Protocolo de


Biossegurança, que traz recomendações às instituições federais de ensino que
planejam o retorno presencial às aulas. O documento segue as orientações da
Organização Mundial da Saúde (OMS), Organização Pan-Americana da Saúde
(OPAS) e do Ministério da Saúde. Apesar de estar direcionado às instituições
federais de ensino, o protocolo pode ser aplicado também pelas redes estaduais
e municipais de ensino. (BRASIL, 2020)
O protocolo, que visa amenizar riscos e garantir a segurança de toda a
comunidade escolar, sugere, por exemplo, medidas protetivas individuais e
coletivas dentro da sala de aula e em áreas comuns. Define também o que será
feito de forma presencial e o que será complementado à distância; e traz critérios
para uso do transporte coletivo. (BRASIL, 2020)

4.1 Protocolo de Biossegurança para retorno das atividades nas


Instituições Federais de Ensino – Ministério da Educação (2020)

Em meio ao significativo risco à saúde pública que a Covid-19 representa


para o mundo, os órgãos governamentais e a Organização Mundial da Saúde
25
(OMS) têm se empenhado para coordenar respostas de prevenção e combate à
doença. No âmbito do Ministério da Educação (MEC), o fechamento temporário
das universidades e institutos e a substituição das aulas presenciais por aulas
em meios digitais estiveram respaldados em medidas globalmente adotadas.
Segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência
e a Cultura – Unesco (2020), o fechamento das Instituições de Ensino, em todo
o mundo, tem afetado mais de 70% da população estudantil. De acordo com o
monitoramento mundial das Instituições de Ensino realizado pela Organização,
até 10 de junho, a suspensão das aulas como resposta à Covid-19 já havia
impactado 1,1 bilhão de estudantes, em todo os níveis de ensino.
No Brasil, registra-se que, até 10 de junho, a suspensão das atividades
de ensino atingiu 78% da Rede Federal de Ensino, considerando as
Universidades Federais, os Institutos Federais, Centros Federais de Educação
Tecnológica e o Colégio Pedro II, ou seja, impactando diretamente 2,36 milhões
de pessoas, entre discentes, docentes e técnicos administrativos. (OPAS, 2020
apud MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2020)
Inicialmente, a recomendação é que atividades, reuniões, eventos, aulas
e atendimentos aconteçam de forma remota, se possível. As diretrizes e as
orientações de distanciamento social, proteção individual e higiene do Protocolo
de Biossegurança deverão ser aplicadas em diferentes fases, considerando a
avaliação de risco. A Organização Pan-Americana da Saúde e a Organização
Mundial de Saúde orientam que, quando possível, a flexibilização e o ajuste das
medidas sociais e de saúde pública devem ocorrer de modo controlado, lento e
faseado, por exemplo, em intervalos de duas semanas – período de incubação
– para que seja possível identificar efeitos adversos.
Recomenda-se que as Instituições de Ensino constituam comissão local
para definição e adoção de protocolos próprios, que considerem o regramento
do estado e município, com análise dos dados epidemiológicos da doença e
orientações das autoridades sanitárias competentes. Se possível, a comissão
local poderá ter representação dos segmentos da comunidade acadêmica,
familiares e convidados da comunidade externa.
Considera-se comunidade escolar todos os agentes envolvidos no
processo de funcionamento da Instituição: docentes, discentes, técnico-

26
administrativos, prestadores de serviços, colaboradores e fornecedores de
materiais e insumos.

I. Medidas de proteção e prevenção à Covid-19

Fonte: desafiosdaeducacao.grupoa.com.br

Medidas coletivas:
 Organizar as equipes para trabalharem de forma escalonada, com
medida de distanciamento social;
 Manter, sempre que possível, portas e janelas abertas para
ventilação do ambiente;
 Garantir adequada comunicação visual de proteção e prevenção de
risco à Covid-19;
 Organizar a rotina de limpeza do ambiente de trabalho e dos
equipamentos de uso individual;
 Considerar o trabalho remoto aos servidores e colaboradores do
grupo de risco;

27
 Priorizar o uso de Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs)
para a realização de reuniões e eventos à distância. Se necessário
o encontro presencial, optar por ambientes bem ventilados.

Medidas individuais:
 Utilizar máscaras, conforme orientação da autoridade sanitária, de
forma a cobrir a boca e o nariz;
 Seguir as regras de etiqueta respiratória para proteção em casos de
tosse e espirros;
 Lavar as mãos com água e sabão ou higienizar com álcool em gel
70%;
 Evitar cumprimentar com aperto de mãos, beijos e/ou abraços;
 Respeitar o distanciamento de pelo menos 1,5m (um metro e meio)
entre você e outra pessoa;
 Manter o cabelo preso e evitar usar acessórios pessoais, como
brincos, anéis e relógios;
 Não compartilhar objetos de uso pessoal, como copos e talheres,
materiais de escritórios, livros e afins.

II. Cenários (recomendações)


Para retomada das atividades com segurança, recomenda-se à
Instituição de Ensino garantir:
 A aferição da temperatura de servidores, estudantes e colaboradores
na entrada da Instituição e de salas e ambientes fechados;
 A disponibilização de termômetro e álcool 70% para cada unidade
(administrativa e de ensino);
 A limpeza periódica em locais utilizados com maior fluxo de pessoas;
 A limpeza intensiva de banheiros e salas de aula;
 No uso de bebedouros, deverá se evitar contato direto com a
superfície, devendo ser utilizado papel toalha com possibilidade de
descarte em coletor de resíduos com acionamento sem contato
manual e posteriormente, realizar a higienização das mãos; na

28
impossibilidade do cumprimento de tais orientações, recomenda-se a
interdição dos bebedouros.

Áreas comuns (estacionamentos, vias de acesso interno, praça de


alimentação, biblioteca, refeitório, residência estudantil, etc.):
 Utilizar máscaras;
 Disponibilizar frascos com álcool em gel 70%;
 Aferir a temperatura no acesso às áreas comuns;
 Garantir o distanciamento social, respeitando a distância mínima de
1,5m (um metro e meio);
 Manter os ambientes ventilados (janelas e portas abertas)
 Manter a limpeza de móveis, superfícies e utensílios;
 Escalonar o acesso de estudantes ao refeitório e praças de
alimentação.

Salas de aula e auditórios:


 Utilizar máscaras;
 Aferir a temperatura na entrada de salas e auditórios;
 Disponibilizar frascos com álcool em gel 70%;
 Garantir o distanciamento social, respeitando a distância mínima
de 1,5m (um metro e meio) entre mesas e cadeiras;
 Manter os ambientes ventilados (janelas e portas abertas);
 Manter a limpeza de salas e auditórios a cada troca de turma

Laboratórios:
 Utilizar, obrigatoriamente, máscara e touca descartável, cobrindo
todo cabelo e orelha, sem uso de adornos;
 Utilizar, obrigatoriamente, EPIs (jaleco, máscara e touca) antes de
entrar no laboratório;
 Não manusear celulares e bolsas dentro dos laboratórios;
 Manter os ambientes ventilados (janelas abertas);
 Manter o distanciamento social, respeitando a distância mínima de
1,5m (um metro e meio);

29
 Disponibilizar frascos com álcool em gel 70%;
 Manter tapete com hipoclorito na entrada, renovando conforme a
especificidade da atividade;
 Aferir a temperatura na entrada do laboratório; e
 Manter a limpeza e desinfecção do ambiente a cada 2 horas.

Cenários de prática (Saúde, Engenharia, Biologia, etc.):


 Assegurar condições adequadas de supervisão ou preceptoria;
 Verificar temperatura antes do início das atividades;
 Utilizar máscaras;
 Utilizar EPIs, obrigatoriamente, de acordo com a especificidade da
atividade;
 Manter-se em ambientes ventilados;
 Manter o distanciamento de 1,5m (um metro e meio);
 Disponibilizar frascos individuais com álcool em gel 70%;
 Evitar o compartilhamento de equipamentos e ferramentas; e
 Manter a limpeza e desinfecção de equipamentos e maquinários
coletivos após a utilização por usuário.

III. Critérios para retomada de atividades presenciais


Transporte Coletivo – Recomendações para os passageiros:
 Utilizar máscaras;
 Evitar tocar olhos, nariz e boca sem higienizar as mãos;
 Seguir as regras de etiqueta respiratória para proteção em casos de
tosse e espirros;
 Evitar o contato com as superfícies do veículo, como por exemplo,
pega-mãos, corrimãos, barras de apoio, catracas e leitores de
bilhetes/cartões;
 Durante o deslocamento, assegurar que ocorra uma boa ventilação
no interior do veículo, preferencialmente, com ventilação natural; e
 Se possível, utilizar o transporte público em horários com menor
fluxo de passageiros.

30
Gestão de pessoas (quem não poderá voltar em quaisquer dos
grupos dentro da comunidade)
 Recomenda-se atuação integrada com serviço de segurança e de
medicina do trabalho; e
 No caso de estudantes de grupo de risco, a Instituição deve
considerar a adoção de estratégias para reposição das atividades
após o fim da pandemia.

Considerar atividades laborais ou de ensino à distância para os


servidores, colaboradores e alunos que estiverem nas seguintes situações
 Acima de 60 anos de idade;
 Portadores doenças crônicas (hipertensão arterial e outras
doenças cardiovasculares, doenças pulmonares, diabetes,
deficiência imunológica e obesidade mórbida);
 Tratamento com imunossupressores ou oncológico;
 Gestantes e lactantes; e
 Responsáveis pelo cuidado de uma ou mais pessoas com suspeita
ou confirmação de diagnóstico de infecção por Covid-19, ou de
vulneráveis.

Cronograma (a questão legal de Decretos de Governos locais): O


cronograma de retorno das atividades da comunidade escolar deve ser orientado
pelo Governo local e pelas autoridades sanitárias.

IV. Capacitação das equipes e logística e insumos


É importante que, antes do retorno das atividades, a Instituição de Ensino
realize capacitações com os docentes, técnico-administrativos, prestadores de
serviços e colaboradores que estarão em atendimento aos alunos e ao público
em geral. Preferencialmente, as capacitações devem ser direcionadas à
atividade fim de cada equipe, com orientações sobre o manejo adequado das
situações.
Atenção especial deve ser voltada à equipe responsável pela limpeza,
além da capacitação e do fornecimento de EPIs, insumos e materiais de limpeza

31
contribuem para segurança dos colaboradores e para a higiene dos espaços.
Recomenda -se a formação de equipes de limpeza em todos os setores da
Instituição, com definição de escalas para aumentar a frequência de higienização
das superfícies e de locais como corrimões, maçanetas, bancadas, mesas,
cadeiras e equipamentos.

V. Monitoramento após retorno


O retorno das atividades não significa o relaxamento do risco de
adoecimento pela Covid-19, portanto se justifica a manutenção de vigilância e
monitoramento de risco, ao menos até dezembro de 2020; pois, enquanto durar
a Emergência em Saúde Pública de importância Nacional (ESPIN), há risco de
adoecimento e novos surtos;
Caso alguém apresente sintomas como tosse, febre, coriza, dor de
garganta, dificuldade para respirar, fadiga, tremores e calafrios, dor muscular,
dor de cabeça, perda recente do olfato ou paladar, a pessoa deve comunicar
imediatamente a Instituição; e
Recomenda-se a elaboração quinzenal de relatórios situacionais, como
instrumento de monitoramento e avaliação do retorno das atividades. Os
relatórios podem ser elaborados pelos coordenadores dos cursos que
retomaram atividades e direcionados aos dirigentes da Instituição (Pró-Reitores).
Situações de risco: A determinação da situação de risco deve ser
decretada pelas autoridades de saúde, cabendo à Comissão Local da Instituição,
as orientações gerais a serem adotadas pela comunidade escolar.

VI. Comunicação
 Elaborar peças de comunicação institucional voltadas à retomada das
atividades acadêmicas presenciais, ressaltando as principais medidas
e cuidados necessários;
 Possibilitar que a comunidade escolar tenha acesso à informação nos
sítios oficiais da Instituição; e
 Divulgar as orientações sobre o uso correto de máscaras e medidas
de prevenção ao contágio.

32
VII. Sugestões para adoção de estratégias digitais
 Disponibilizar os laboratórios de informática, respeitando o
distanciamento e com rigorosa higienização do ambiente, para
utilização dos estudantes que não possuam acesso à internet ou
computadores;
 Utilizar controle de acesso aos laboratórios, possibilitando cadastro de
solicitação dos estudantes;
 Disponibilizar aulas e materiais de apoio nos ambientes virtuais de
ensino da Instituição; e
 Disponibilizar outros meios para o acesso aos conteúdos educacionais.

5 REABERTURA DAS ESCOLAS – NOTA INFORMATIVA Nº 7.1 – UNESCO

Fonte: prensalatina.com.br

As principais questões relativas à reabertura das escolas dizem respeito


ao calendário, às condições e aos processos. O calendário dependerá da
situação e da evolução da pandemia e será determinado em cada país com base
em decisões políticas, com consultorias de especialistas em saúde e o
estabelecimento de mecanismos de monitoramento. A imprevisibilidade da
duração do período de confinamento coloca desafios específicos e exige um
planejamento flexível de cenários. A UNESCO tem acompanhado a situação em

33
âmbito mundial e constata que a maior parte dos Ministérios da Educação está
planejando: uma reabertura parcial (como, por exemplo, na China), uma
reabertura de dispersão (séries diferentes em dias diferentes) ou manter as
escolas fechadas até segunda ordem.
Os planos de contingência para a reabertura das escolas podem se
basear em fatores contextuais, uma vez que, em alguns países, o período de
fechamento coincide, por exemplo, com o início do ano letivo e, em outros, com
o final deste, com o período de exames ou de férias escolares. Os Ministérios da
Educação precisam dar prioridade às estratégias de reabertura com base na
situação do seu calendário escolar, assim como em seus objetivos e prioridades
educacionais.
Embora reconheçam que a situação varia em diferentes contextos
geográficos, socioculturais e econômicos, entre outros, as estratégias a serem
consideradas em relação à reabertura das escolas estão agrupadas em três
áreas gerais, a fim de avaliar e assegurar a:
Prontidão do sistema: avaliar a disponibilidade de pessoas,
infraestrutura, recursos e capacidade de retomar as funções;
Continuidade da aprendizagem: assegurar que a aprendizagem seja
retomada e continue da forma mais harmoniosa possível após a interrupção; e
Resiliência do sistema: construir e reforçar a preparação do sistema
educacional para antecipar, responder e mitigar os efeitos das crises atuais e
futuras.

5.1 Ação imediata: avaliar e assegurar a prontidão do sistema


educacional.

I. Preparar-se para a reabertura escolar


Coordenação: determine quem irá gerenciar a situação pós-crise, e como
isso ocorrerá, considerando funcionários, modalidades e processos. Isso inclui
decidir quando as escolas vão reabrir, com que antecedência, sob quais
condições e medidas, e como informar estudantes, pais e responsáveis,
professores e outros profissionais. Trabalhe com as equipes e funções de gestão
de crises já existentes, para assegurar uma transição suave da aprendizagem
remota para a aprendizagem em sala de aula. Administre as questões de

34
governança, especialmente no contexto do envolvimento de parceiros como, por
exemplo, o setor privado e as instituições filantrópicas; assegure a participação
da comunidade e melhore a responsabilização e a prestação de contas.

Planejamento: realize uma análise da situação para determinar os efeitos


da pandemia na educação, como, por exemplo, a saúde e a segurança da
população escolar, a perda de tempo de instrução, os resultados da
aprendizagem, os exames perdidos, as desigualdades e o abandono escolar,
utilizando dados desagregados por sexo e revendo as políticas que possam criar
obstáculos ao regresso à escola, incluindo as que impedem meninas grávidas
ou mães adolescentes de frequentar a escola. Elabore planos de emergência
nos âmbitos escolar, distrital, regional e nacional, incluindo a definição de
prioridades e o desenvolvimento de estratégias, o acompanhamento e o
financiamento. Consulte as principais partes interessadas e garanta a expertise
em questões de gênero nas equipes de resposta e nas forças-tarefa. As ações-
chave para realizar uma avaliação rápida são apresentadas abaixo.

Determinação das estratégias e ações: tanto no âmbito nacional como


no escolar, para atenuar o impacto e lidar com lacunas imediatas, em consulta
com as partes interessadas na área da educação e em outros setores relevantes:
 Garanta uma transição suave das plataformas de ensino a distância para
a oferta em sala de aula.
 Ajuste o currículo e as modalidades de ensino para permitir o
cumprimento dos principais objetivos de aprendizagem para o ano letivo
e promova a utilização de abordagens mais práticas da aprendizagem,
tais como a aprendizagem baseada em projetos.
 Reorganize o calendário escolar com base nas prioridades curriculares
de cada nível.
 Implemente programas direcionados de
aprendizagem/recuperação/aceleração, ou encurte o período letivo.
 Adapte o calendário e o conteúdo de exames/avaliações com base em
uma avaliação da aprendizagem de volta à escola. Isso pode exigir o
recrutamento de professores voluntários.

35
 Garanta apoio profissional aos professores que precisam adaptar suas
abordagens didático pedagógicas de forma flexível. Por exemplo, a
oferta de um currículo compactado.
 Forme professores e estudantes sobre abordagens alternativas de
ensino e aprendizagem antes, durante e após a crise, em consulta com
instituições de formação docente
 Identifique estratégias e intervenções para lidar com as lacunas de
aprendizagem, especialmente entre os grupos vulneráveis, e para
mitigar desigualdades que possam ter sido criadas ou agravadas
durante o confinamento. Isso pode incluir ensino complementar, tutoria
e atividades de aprendizagem extracurriculares e não formais.
 Determine o que avaliar. Por exemplo, na Costa Rica, a avaliação será
formativa, e não relacionada com notas, uma vez que oportunidades de
aprendizagem ideais e igualitárias não poderiam ser garantidas para
todos os estudantes durante o fechamento das escolas.

Priorize: dependendo do contexto, isso pode incluir o foco em exames e


avaliações de alto impacto, tais como os que determinam o ingresso em
instituições de ensino superior ou certificados de graduação

Avaliação rápida de infraestruturas e recursos humanos, técnicos e


financeiros:
Pessoal docente: disponibilidade, estado de saúde, motivação etc. Prever a
realocação de pessoal em caso de perda ou mobilidade, visto que professores
podem deixar as áreas afetadas, especialmente se não tiverem contratos fixos.
Situação da infraestrutura escolar: incluindo disponibilidade da escola,
potencial necessidade de obras e recursos de recuperação, incluindo
desinfecção. Isso seria necessário principalmente nos casos das escolas que
foram utilizadas para outros fins durante o período de fechamento.
Situação do ambiente de saúde escolar: disponibilidade de instalações
sanitárias, separadas para meninas e meninos; e equipamentos de saúde,
como água limpa, sabão, higienizadores, instalações para lavagem de mãos e
termômetros.

36
Disponibilidade e coordenação de recursos e modalidades para oferecer
apoio psicossocial: Por exemplo, médicos e outros especialistas
qualificados, tais como psicólogos, conselheiros escolares e assistentes
sociais. Na ausência de especialistas, é necessário identificar pontos focais,
observando que, nesse caso, será necessária uma pré-formação. Outras
opções podem incluir a colaboração com universidades/instituições locais
relevantes.
Oferta e distribuição de alimentos para programas de alimentação escolar.
Impacto financeiro geral e situação do financiamento da escola.

5.2 Ações de curto e médio prazos: retomada da função escolar e garantia


da continuidade da aprendizagem.

Garanta que estudantes, professores, funcionários administrativos e


outros estejam prontos para retomar o ensino e a aprendizagem.

I. Apoio à saúde
 Garanta a segurança e a proteção dos estudantes, na ida e na volta da
escola, para minimizar o risco de novas infecções.
 Avalie o impacto do fechamento da escola e do confinamento na saúde
e no bem-estar de toda a comunidade educacional, incluindo
estudantes, professores e outros funcionários. Isso pode exigir o
reforço da capacidade de monitoramento dos Ministérios da Educação.
Por exemplo, ao expandir o Sistema de Gestão de Informações da
Educação (Education Management Information System – EMIS) pelo
desenvolvimento de um sistema de rastreamento/relatórios ou pela
introdução de procedimentos operacionais padrão (POPs) para o
monitoramento do estado de saúde da equipe e dos estudantes.
 Estabeleça parcerias com a comunidade e com profissionais da saúde
para o monitoramento sistemático do estado de saúde de estudantes e
funcionários, incluindo POPs, sistemas de alerta em caso de infecção
ou doença, e ações a serem tomadas no caso de novas infecções.
 Promova a educação em saúde, implemente protocolos de saúde
escolar, dissemine mensagens apropriadas em termos de idade e

37
linguagem sobre lavagem das mãos, higiene, prevenção na escola e
na sala de aula.
 Cuide da saúde mental e do bem-estar socioemocional. Por exemplo,
ofereça apoio psicossocial para que estudantes e profissionais da
educação lidem com o estresse pós-traumático, coordene o trabalho de
pré-identificação de psicólogos, conselheiros, assistentes sociais ou
pontos focais.
 Avalie e trate da vulnerabilidade feminina, VBG, incluindo a violência
sexual e doméstica, bem como o aumento do risco de casamento
precoce e gravidez não intencional.
 Comunique-se com a comunidade em geral, consulte e apoie os pais e
responsáveis para apoiar as crianças.
 Lide com preconceitos e estigmas, os quais, em certas culturas,
persistem mesmo após a recuperação.

II. Apoio acadêmico


 Assegure a coordenação e a motivação dos professores e lide com o
risco de abandono docente.
 Proporcione o desenvolvimento profissional dos professores, em
colaboração com as instituições de formação docente – fornecendo
aprendizagem a distância, opções de adaptação curricular,
aprendizagem por pares etc.
 Monitore o retorno dos estudantes com o uso de dados desagregados
por sexo, e garanta o cumprimento das disposições de educação
obrigatória, identificando e visando a grupos vulneráveis e em risco de
abandono escolar.
 Garanta a motivação dos estudantes e trate o afastamento e o risco de
abandono escolar, que aumentam em situações de emergência.
Identifique aqueles indivíduos em risco de exclusão e de não retornar
à escola, e considere uma Campanha de Volta às Aulas. Se e onde for
necessário, considere programas para enfrentar o estigma e a
mobilização direta da comunidade, a isenção de taxas e mensalidades

38
escolares, a ampliação do escopo da alimentação escolar e a oferta de
apoio direcionado a grupos vulneráveis.
 Avalie as consequências do fechamento das escolas na execução do
currículo e considere opções de ajuste.
 Avalie o impacto na aprendizagem e identifique lacunas de
aprendizagem entre os estudantes, com foco em grupos vulneráveis.
 Implemente de forma apropriada ações corretivas e estratégias de
aprendizagem aceleradas, como foi pré-planejado.
 Garanta qualidade, igualdade e inclusão.
 Identifique as desigualdades, considerando as disparidades entre
estudantes, escolas, residências ou regiões.
 Reconheça e aborde a vulnerabilidade feminina.
 Considere a garantia de qualificação e certificação, com foco em
grupos prioritários ou sensíveis ao tempo, como formados em transição
para níveis educacionais superiores que exigem exames de ingresso,
graduados em transição para o mundo do trabalho, e aqueles que
necessitam de certificação com base em exames
 Monitore a situação, documentando as lições aprendidas em todos os
âmbitos, desde a escola até nacionalmente, para fundamentar ações
futuras. Isso pode dizer respeito a processos de ensino e
aprendizagem, governança e gestão das escolas, fortalecimento da
comunidade educacional e promoção da continuidade da troca de
experiências.
 Desenvolva planos nacionais, distritais e escolares de redução de
riscos que enfoquem a gama de riscos com os quais as comunidades
são confrontadas.

III. Ações de longo prazo: resiliência do sistema educacional


 Documente as lições aprendidas para fundamentar a tomada de decisões
e as práticas futuras. Por exemplo, lições sobre preparação para lidar com
crises e incorporação ao planejamento e ao custeio da educação, com um
olhar sensível ao gênero.

39
 Repense o propósito, o conteúdo e a oferta da educação e da
aprendizagem, e considere possíveis reformas.
 Repense o papel das escolas: construir conhecimento, habilidades e
atitudes, função social e promoção da saúde e do bem-estar.
 Revise e desenvolva políticas e orientações sobre, por exemplo, a
aprendizagem a distância.
 Fortaleça a aprendizagem a distância, incluindo tanto a oferta como o
desenvolvimento de conteúdo.
 Estabeleça acordos de implementação, coordenação e monitoramento,
assim como a comunicação durante e após crises.
 Reconsidere modalidades de oferta. Por exemplo, a educação a distância,
tanto online quanto offline, pode fazer parte de abordagens
convencionais. Isso deve ser acompanhado pela formação de professores
e estudantes, e de uma preparação para utilizar abordagens alternativas
de ensino e aprendizagem antes, durante e depois de crises.
 Assegure a alocação de recursos adequados para atender aos padrões
de higiene escolar.
 Possibilite a aprendizagem por pares: crie plataformas de
compartilhamento de experiências, nos âmbitos nacional, regional e
internacional.
 Reveja e garanta que a educação em emergências (EiE) seja incluída nas
políticas e nos planos nacionais de educação, com estratégias específicas
e claras.

40
6 O RETORNO ÀS AULAS PRESENCIAIS NO CONTEXTO DA PANDEMIA
DA COVID-19.

Fonte: g1.globo.com

O Todos Pela Educação (2020), elaborou uma nota técnica com o intuito
de orientar os gestores quanto a reabertura das escolas no contexto da
Pandemia. Nessa nota, foi elaborada uma sistematização dos principais
aprendizados advindos de pesquisas sobre países e regiões que já passaram
por situações similares à atual - em função, por exemplo, de outras epidemias,
guerras e desastres naturais -, além de estudos sobre os temas que, no atual
contexto, serão desafios de grande magnitude à gestão educacional. Destaca-
se, ainda, que a Nota contou com contribuições e revisão crítica de cinco
especialistas em Educação, todos com experiência na gestão pública
educacional em diferentes regiões do País.

6.1 As escolas irão se deparar com desafios que só poderão ser


enfrentados com o apoio de outras áreas.

As experiências prévias de países e regiões que já passaram por


fechamento provisório de escolas e a literatura científica especializada apontam,
com muita clareza, que o retorno às atividades presenciais não será como a volta
de um recesso tradicional, como quando alunos e professores retornam das

41
férias. Estudos indicam que crises como essa geram múltiplos efeitos adversos
nas pessoas, tais como impactos emocionais, físicos e cognitivos que, inclusive,
costumam se prolongar por um longo período de tempo. (apud UNESCO, 2019,
KOUSKY 2016, BROWN ET AL. 2011, KAMENETZ 2020, LA MATTINA 2018,
GIBBS ET AL. 2019.)

Impacto emocional nos alunos e profissionais da Educação: Estudos


sobre os efeitos psicológicos de períodos de quarentena durante epidemias
apontam que o estresse gerado pelo distanciamento social é bastante
significativo e pode gerar impactos emocionais aos profissionais da Educação e
aos alunos. Tais impactos estão diretamente associados a fatores como a longa
duração do isolamento, o medo de infecção, as incertezas quanto aos recursos
financeiros, a falta de informação adequada e, até mesmo, o convívio prolongado
em um ambiente doméstico tóxico, por vezes, de violência e abuso. (apud
BROOKS et al., 2020, HANANDITA e TAMPUBOLON, 2014)
Os efeitos na saúde mental de alunos e educadores demandarão ações
muito além de respostas pedagógicas e educacionais, representando um desafio
intersetorial. (apud UNESCO, 2019, UNESCO et al. 2020). Uma sólida
capacitação e apoio aos professores e gestores escolares serão de extrema
importância, para que eles possam agir, junto a profissionais de outras áreas, na
minimização dos efeitos emocionais adversos.
Exemplos de ações já vistas em casos passados para atividades de apoio
e formação de docentes:
 Formação de grupos de discussão entre os professores sobre os
desafios encontrados e formas de resolvê-los;
 Elaboração de protocolos que guiem as intervenções de acolhimento
emocional dos alunos, a serem feitas com o apoio de outras áreas;
 Realização de oficinas e formações frequentes com psicólogos;
 Suporte contínuo de mentores, de coordenadores pedagógicos e da
direção escolar.

Abandono e evasão escolar: Outro efeito provável do atual contexto,


evidenciado por experiências prévias de períodos prolongados de fechamento

42
de escolas, é uma elevação nas taxas de abandono e evasão escolar dos alunos,
especialmente, dos jovens e daqueles em situação de maior vulnerabilidade. As
motivações para a evasão têm causas diversas, exigindo, portanto, diferentes
respostas do poder público. Entre as mais importantes, pode-se citar a perda de
motivação das crianças e dos jovens com seu aprendizado, causada pelo
afastamento do ambiente escolar e pelo menor engajamento que atividades de
ensino remoto possibilitam. (apud JANVRY et al. 2006, INSTITUTO SONHO
GRANDE, 2020, UNESCO et al. 2020).
Dessa forma, será preciso que o poder público lance mão de estratégias
de combate ao abandono e à evasão escolar de forma mais intensa, com ações
intersetoriais de atendimento aos alunos e a suas famílias. Possíveis iniciativas
evidenciadas por pesquisas e experiências prévias, tais como:
 Manutenção de contato frequente das escolas e Secretarias de Educação
com os alunos e familiares durante o período sem atividades presenciais;
 Garantia de apoio financeiro, especialmente aos mais vulneráveis, na
medida em que os efeitos econômicos do isolamento social seguirão
presentes após a retomada das atividades;
 Realização de diagnósticos frequentes para detecção precoce do
desengajamento dos alunos com maior risco de evasão;
 Comunicação com os pais e responsáveis sobre os novos protocolos de
limpeza e proteção à saúde que serão adotados nas escolas, para
certificá-los de que é seguro que os alunos retornem aos estabelecimentos
de ensino;
 Busca ativa dos alunos que já evadiram ou abandonaram a escola, por
meio de diversas estratégias que podem ser potencializadas pela
integração entre os bancos de dados da Educação, da Saúde e da
Assistência Social
.

43
6.2 Não será uma retomada de onde paramos – o retorno exigirá um plano
de ações em diversas frentes e demandará intensa articulação e
contextualização local.

Além das ações de natureza intersetorial, a retomada das atividades


presenciais nas escolas exigirá dos órgãos centrais da Educação brasileira uma
série de iniciativas em múltiplas dimensões e que considerem o ineditismo do
cenário atual. Tais iniciativas devem buscar garantir um retorno que assegure a
saúde de toda a comunidade escolar e, fundamentalmente, enfrentar os efeitos
da crise na aprendizagem e na trajetória escolar dos alunos. Nesse sentido,
alguns dos principais tópicos a serem considerados nos processos de
formulação e implementação dessas ações são listados abaixo e detalhados a
seguir:
 O planejamento de um retorno gradual às aulas, com as devidas
precauções com a saúde;
 Definições sobre a reorganização do calendário escolar, visando
garantir os objetivos de aprendizagem previstos nos currículos;
 Uma avaliação diagnóstica do nível de aprendizado dos alunos assim
que houver o retorno, seguida de programas de recuperação;
 Uma comunicação frequente com todas as famílias dos alunos;
 Intensa articulação entre órgãos que atuam direta ou indiretamente
com a Educação Básica; e
 Alto grau de contextualização das medidas no nível da escola

Retorno gradual com precauções com a saúde: Um dos principais


alertas que tem sido feito pelas autoridades de saúde é que o retorno às aulas
precisará ser cuidadosamente planejado do ponto de vista sanitário, uma vez
que as escolas provavelmente serão reabertas ainda em meio a preocupações
quanto à pandemia. Portanto, a adoção de protocolos de higiene será necessária
para evitar ao máximo o contágio entre os profissionais da Educação, os alunos
e suas famílias.
Parte das ações já adotadas por países e regiões que começam (ou já
começaram) a retornar as atividades presenciais estão relacionadas à
manutenção do distanciamento social nas escolas, como:(apud WILEY 2020,

44
GRONHOLT-PEDERSEN 2020, GARGIULO 2020, BBC 2020, ZHU ET AL.
2020, UNICEF et al. 2020)
 Maior espaçamento entre carteiras nas salas de aula;
 Realização de aulas em ginásios, quadras ou mesmo ao ar livre;
 Escalonamento dos horários de entrada, saída, recreio e almoço dos
alunos para evitar aglomerações;
 Rodízios entre alunos e educadores, para que nem todos estejam
presentes na escola ao mesmo tempo;
 Sinalização de rotas dentro das escolas para que os alunos
mantenham distância entre si;
 Diminuição do número de alunos por sala
 Utilização de múltiplas entradas da escola e divisão dos alunos de
acordo com a proximidade das salas; e
 Marcação de lugares nos refeitórios, para minimizar a movimentação
durante o almoço

Cumprimento da carga horária exigida por Lei: Além da preocupação


com a saúde no imediato retorno às aulas, a reorganização do calendário escolar
também exigirá definições sobre o replanejamento das atividades pedagógicas,
buscando o cumprimento da carga horária exigida em cada etapa da Educação
Básica.
O Conselho Nacional de Educação (CNE) aprovou um Parecer cujo
objetivo é orientar as ações das redes e escolas da Educação Básica durante o
período de pandemia. O sugere que as redes de ensino busquem alternativas
para garantir a continuidade das atividades escolares e minimizem a
necessidade de reposição presencial de dias letivos. Para tal, propõe a utilização
de uma série de atividades não presenciais, que poderão ser computadas como
horas letivas para o cumprimento da carga horária de acordo com deliberação
de cada sistema de ensino.
Além disso, o Conselho destacou que, caso haja necessidade de
reposição de dias letivos ao fim da pandemia, sejam utilizados períodos não
previstos, tais como recessos, sábados e acréscimo de horas na jornada diária.
Outro ponto importante do Parecer é a necessidade de as avaliações externas

45
(como o Enem, por exemplo) terem suas datas de realização revisadas. Por fim,
o documento dispõe que a reorganização do calendário escolar será de
responsabilidade de cada sistema de ensino.

Avaliação diagnóstica e recuperação da aprendizagem: As pesquisas


indicam que, mesmo com ações de ensino remoto bem estruturadas, a
suspensão das aulas presenciais deverá criar lacunas significativas no
aprendizado, especialmente daqueles alunos em situação de maior
vulnerabilidade.
As atuais condições de acesso dos domicílios a recursos tecnológicos, a
baixa utilização de ferramentas tecnológicas por professores e alunos no
cotidiano escolar para fins pedagógicos e a falta de um ambiente familiar que
apoie e promova o aprendizado remoto são obstáculos que se impõem no
contexto atual. (apud BANCO MUNDIAL 2020c, OCDE 2020)
Somam-se a isso os efeitos adversos da crise em outras dimensões da
vida dos alunos, tais como a social, emocional e econômica, que também afetam
os níveis de aprendizagem dos estudantes. Programas intensivos de
recuperação, orientados por avaliações diagnósticas, serão importantes
estratégias para minimizar as defasagens de aprendizado, acentuadas durante
o período de suspensão de aulas presenciais.
 Além da orientação dos programas por uma avaliação diagnóstica inicial,
realização de acompanhamento frequente do nível de aprendizado dos
alunos (ou seja, a avaliação não é apenas inicial, mas, sim, de processo);
 Constituídos por turmas pequenas, de modo que os professores tenham
maior facilidade em personalizar e customizar as atividades de acordo
com as necessidades individuais de cada aluno;
 Em momentos específicos, formados por turmas de alunos com níveis
de aprendizado semelhantes;
 Pautados por material específico e diversificado, como jogos educativos;
 Conduzidos por professores com formação específica e ampla
experiência profissional, que sejam capazes de identificar as diferentes
necessidades dos alunos e buscar solucioná-las de forma
personalizada.

46
Comunicação frequente com os pais e responsáveis: Também crucial
no retorno às aulas presenciais será o fortalecimento da comunicação por parte
das autoridades de Educação e das escolas com as famílias dos alunos. Nesta
linha, estratégias que têm sido utilizadas ou que são recomendadas para a
comunicação sobre a forma como se dará o retorno das atividades escolares
presenciais são:
 Canais tradicionais de imprensa (televisão e jornais impressos, por
exemplo);
 Utilização de redes sociais dos governos e das escolas;
 Envio de e-mails para alunos e familiares;
 Disponibilização de informações no site da escola e das Secretarias de
Educação;
 Canal de atendimento por telefone para dúvidas e informações;
 Envio de mensagens instantâneas aos alunos, pais e responsáveis.

Contextualização das ações no nível da escola: A combinação da ação


diretiva das Secretariais com o incentivo à contextualização local dos atores
implementadores torna-se ainda mais importante para sustentar uma reposta à
altura dos desafios que se apresentarão. Dar aos professores, gestores
escolares e regionais importante grau de discricionariedade na tomada de
decisões será importante, não só para garantir respostas aderentes aos
diferentes contextos, mas para promover o engajamento necessário.

6.3 As respostas ao momento atual podem dar impulso a mudanças


positivas e duradouras nos sistemas educacionais.

Atendimento intersetorial como esforço perene: A resposta


intersetorial do poder público à crise não deve ter caráter puramente
emergencial. O cuidado integral a ser oferecido aos alunos brasileiros precisa
ser perene, com ações articuladas entre diferentes áreas.
O cuidado integral a ser oferecido aos alunos brasileiros precisa ser
perene, com ações articuladas entre diferentes áreas do serviço público, tais
como a Educação, a Saúde e a Assistência Social. É assim que o Estado pode

47
cumprir seu dever de cuidado às crianças e adolescentes, previsto na
Constituição Federal.
Um exemplo específico deste tipo de atendimento, já reforçado nesta
Nota, são as ações de acolhimento emocional e cuidados com a saúde mental,
que serão necessárias logo nos momentos iniciais da volta às aulas presenciais.
Elas podem, por exemplo, representar o início do desenvolvimento de políticas
mais contínuas com esse enfoque, especialmente considerando que já há
evidências de efeitos positivos desse tipo de intervenção e que a demanda por
apoio psicológico nas escolas não é uma novidade no Brasil.

Institucionalização de políticas de recuperação da aprendizagem: Em


condições normais, a defasagem e a heterogeneidade de níveis de
conhecimento dos alunos já estão entre os principais desafios enfrentados pelos
professores brasileiros. As iniciativas de recuperação implementadas como
reação ao fechamento das escolas podem servir de ímpeto para sólidas e
contínuas políticas que incorporem esses elementos. Em especial, se orientadas
por avaliações diagnósticas frequentes, atreladas a um processo de devolutiva
de fácil leitura e interpretação pelos professores e seguidas de ações de reforço
e recuperação escolar aos alunos que necessitem.

Fortalecimento da relação família-escola: O fato de o envolvimento da


família na Educação ter impactos positivos na aprendizagem dos estudantes já
está amplamente documentado em estudos65 e é um consenso na comunidade
educacional. Entretanto, as pesquisas de opinião mostram que os professores
brasileiros não se sentem apoiados no processo educativo pelas famílias e que
a participação dos responsáveis na vida escolar dos estudantes ainda é muito
baixa. (apud OCDE 2016, CASTRO et al. 2015, GOULD et al. 2018,
HENDERSON e MAPP 2002, FUNDAÇÃO LEMANN 2015, TODOS PELA
EDUCAÇÃO 2014).

Tecnologia como aliada contínua: É inegável que o uso da tecnologia


para atividades de ensino-aprendizagem entrou no centro do debate educacional
após a suspensão temporária das aulas presenciais. Diversas redes de ensino
têm tentado utilizar um conjunto de ferramentas tecnológicas para fins

48
pedagógicos, em sua maior parte digitais, visando possibilitar que os alunos
sigam estudando em seus domicílios.
O uso adequado e estruturado da tecnologia na Educação, quando aliado
ao trabalho docente, pode impulsionar a aprendizagem dos alunos. Além disso,
o mundo contemporâneo cada vez mais hiperconectado exige o
desenvolvimento de conhecimentos e competências específicas que precisam
ser trabalhados na escola.
No Brasil, os próprios professores e os alunos vêm manifestando em
pesquisas de opinião recentes a intenção de que os recursos tecnológicos façam
cada vez mais parte do cotidiano escolar. (apud TODOS PELA EDUCAÇÃO
2017)
Contudo, é preciso reconhecer que o País ainda está longe desse cenário,
dado que muitas escolas enfrentam o desafio da conectividade, há grande
heterogeneidade no acesso a recursos tecnológicos entre classes sociais e
muitos professores não possuem formação específica para lidar
pedagogicamente com os recursos tecnológicos (apud CETIC 2018)

49
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Governo do Brasil. MEC anuncia protocolo para volta às aulas em


institutos federais. Disponível em: https://www.gov.br/pt-br/noticias/educacao-
e-pesquisa/2020/07/mec-anuncia-protocolo-para-volta-as-aulas-em-institutos-
federais. Acesso em: set. 2020

BRASIL. Ministério da Educação. Protocolo de Biossegurança para retorno


das atividades nas Instituições Federais de Ensino. Julho 2020. Disponível
em: http://portal.mec.gov.br/coronavirus/. Acesso em: set. 2020.

INSTITUTO AYRTON SENNA. Estudos sobre educação e o impacto da


pandemia do coronavírus. Disponível em:
https://institutoayrtonsenna.org.br/pt-br/socioemocionais-para-crises/estudos-
educacao-e-impacto-coronavirus.html. Acesso em: set. 2020.

REIMERS, F. M. SCHLEICHER, A. Um roteiro para guiar a resposta


educacional à Pandemia da COVID-19 de 2020. Disponível em:
https://institutoayrtonsenna.org.br/content/dam/institutoayrtonsenna/hub-
socioemocional/um-roteiro-para-guiar-a-resposta-educacional-a-pandemia-da-
covid-19-de-2020-por-fernando-reimers-e-andreas-
schleicher.pdf?utm_source=site&utm_medium=estudos-corona-1205. Acesso
em: set. 2020.

TODOS PELA EDUCAÇÃO. ENSINO A DISTÂNCIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA


FRENTE À PANDEMIA DA COVID-19. Nota técnica. Abril 2020. Disponível em:
https://www.todospelaeducacao.org.br/_uploads/_posts/425.pdf?1730332266=
&utm_source=conteudo-nota&utm_medium=hiperlink-download. Acesso em:
set. 2020.

TODOS PELA EDUCAÇÃO. Nota técnica. O RETORNO ÀS AULAS


PRESENCIAIS NO CONTEXTO DA PANDEMIA DA COVID-19. Maio 2020.
Disponível em:
https://institutoayrtonsenna.org.br/content/dam/institutoayrtonsenna/hub-
socioemocional/todos-pela-educacao-o-retorno-as-aulas-presenciais-no-
contexto-da-pandemia-da-covid-19-nota-

50
tecnica.pdf?utm_source=site&utm_medium=estudos-corona-1205. Acesso em
set. 2020.

UNESCO. Consequências adversas do fechamento das escolas. Disponível


em: https://pt.unesco.org/covid19/educationresponse/consequences. Acesso
em set. 2020.

UNESCO. Educação: da interrupção à recuperação. Disponível em:


https://pt.unesco.org/covid19/educationresponse. Acesso em: set. 2020.

UNESCO. Estratégias de ensino a distância em resposta ao fechamento das


escolas devido à COVID-19. Nota informativa nº 2.1 – abril 2020. Disponível
em: https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000373305_por. Acesso em set.
2020.

UNESCO. Planejamento educacional sensível a crises. Disponível em:


https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000373272_por?posInSet=1&queryId
=e55df571-e2a4-41fd-8898-0d00e16925a7. Acesso em: set. 2020

UNESCO. Reabertura das escolas. Nota informativa nº 7.1. Abril de 2020.


Disponível em:
https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000373275_por?posInSet=1&queryId
=f5e77daf-4788-48e3-8d17-8e13b634dfa6. Acesso em: set. 2020.

51

Você também pode gostar