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GOVERNO FEDERAL

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
CURSO DE MUSEOLOGIA

Relatório de Estágio Supervisionado

Aluno: Vitor Luiz Medeiros de Souza

Belo Horizonte
Janeiro / 2022
VITOR LUIZ MEDEIROS DE SOUZA

Relatório de Estágio Supervisionado

Relatório apresentado como conclusão do


Estágio Supervisionado Obrigatório do Curso
de Museologia
Professor Coordenador:
Doutora Letícia Julião
Período: Agosto a Janeiro de 2022

Belo Horizonte
2022
IDENTIFICAÇÃO DO CAMPO DE ESTÁGIO

Identificação do Museu:
Nome: Palácio da Liberdade
Bairro: Funcionários
Endereço: Praça da Liberdade, s/nº - Funcionários,
CEP: 30140-010
Cidade/Estado: Belo Horizonte - MG
Telefone: (31) 3224-1919
url: http:// https://www.appa.art.br/palaciodaliberdade/
e-mail: pl.educativo@appa.art.br

Área no museu onde foi realizado o estágio: Programa Educativo do Palácio da Liberdade
Data de início: 20/08/2021
Data de término: -
Carga Horária Semanal: 20h
Carga Horária Total: 80h
Supervisor de Estágio: Ana Luiza Neves
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...............................................................................................04
2. APRESENTAÇÃO DA INSTITUIÇÃO.................................................................04
3. IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA E JUSTIFICATIVA..........................................05
4. PROPOSTA...................................................................................................08
5. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS.......................................................................08
5.1. ATIVIDADE 1 FORMAÇÃO E FORMAÇÕES CONTINUADAS .............................08
5.2. ATIVIDADE 2 DIAGNÓSTICOS........................................................................08
6. CONCLUSÕES...............................................................................................09
REFERÊNCIAS...............................................................................................10
ANEXOS.......................................................................................................11
1. INTRODUÇÃO

A introdução é importante para orientar aquele que vai ler o relatório. É


aconselhável que seja o último item a ser redigido, de modo que possa dar uma ideia
geral do relatório. Deve ter uma abordagem generalizada e breve do que será
apresentado ao longo do relatório, contendo entre uma ou duas páginas.
Sem deixar de observar as normas científicas de redação, o relatório deve
conter um relato de experiência, demonstrando sua vivência no campo de estágio e
apresentando resultados.

2. APRESENTAÇÃO DA INSTITUIÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA

O Museu do Palácio da Liberdade é uma instituição gerida em parceria publica


privada, por uma três organizações, o edifício e seus funcionários respondem ao poder
executivo do estado de Minas Gerais, por meio do Gabinete Militar, desta forma o
Palácio possui funções de competência jurídica, podendo ser a sede oficial do governo
do Estado ou escritório de reuniões do Governador.
O Bem tombado do Palácio da Liberdade, responde e compõe o acervo
inventariado do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais -
IEPHA MG, instituto este, que organiza a expografia e linguagem curatorial do Palácio,
assim como seus objetos de museu e a conservação do espaço.
Numa parceria entre IEPHA e a sociedade Civil, a Associação Pró-Cultura e
Promoção das Artes - APPA - Arte e Cultura, promove desde 2018 atividades de fruição
ao patrimônio, no Palácio da Liberdade, mantendo, formando o programa de Educativo
do Palácio da Liberdade e coordenando as visitações ao museu.

3. IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA E JUSTIFICATIVA

Um grande problema encontrado no Palácio da Liberdade é ser um museu


histórico, possuindo um acervo mobiliário de diferentes contextos e décadas da cidade
de Belo Horizonte e tentar aglutinar todas essas narrativas sobre uma curadoria geral e
não específica.
O Palácio da Liberdade enquanto museu histórico, possui deficiências por
tentar representar em sua expografia e narrativa 80 anos de fontes materiais históricas,
muitas destas conflitantes entre si, este problema acontece por um diálogo sazonal da
tríplice gestão do espaço, é conveniente ao Gabinete Militar, representar o Museu
enquanto um ostensivo pavilhão histórico militar, tal qual uma fortaleza, contudo, ao
entrar no museu, percebe que é na verdade um Museu Casa, todas as narrativas e toda
a expografia pensada pelo IEPHA em conjunto com a APPA que mantém o museu,
trabalham a ideia da habitação como sendo a narrativa principal.
Sendo assim o Palácio da Liberdade, possui vários focos de valorização e
representatividade, sendo um Museu Casa, um Museu Histórico, um Jardim Histórico,
um Museu de Proteção a Memória Institucional e ainda (mais recentemente) Um
Museu de Arte.
Essas várias narrativas em si podem coexistir, entretanto com a ausência de
um documento base que consolide a forma como estas, dialoguem entre si, o acervo
tal qual um jogo de Xadrez, funciona de forma combativa, onde narrativa com narrativa
se opõe e se anulam de forma cotidiana, se numa sala temos um cômodo que foi
pensada para o convívio masculino em outra pavilhão temos uma pintura alegórica
sobre os valores que (supostamente) consolidaram a formação filosófica do estado de
Minas Gerais.
As interações do espaço expositivos é dúbia e nesse sentido o programa do
Educativo do Palácio, propõe formas de encaixe entre os núcleos de visitação, existem
cadernos e materiais de leitura para facilitação dessa transição entre exposições,
contudo cada estagiário fica livre para realizar esse trânsito a sua maneira.
Uma alternativa realizada nas experiências desse relatório, foi tratar cada
cômodo como uma exposição única e desvincular os objetos entre si, uma vez que
após o recebimento da exposição de Alfredo Ceschiatti, muitos dos cômodos onde
estão as exposições, possuem cada, 4 ou mais formas de mediação, dissociar os
objetos da narrativa histórica e tratá-los como conjuntos por circuito, alivia a
experiência do visitante, que ao invés de perguntar o porquê vasos de origem chinesa
estarem juntos de estátuas de bronze, num cômodo neoclássico, adornado com
pinturas greco-romanas, eles entenderem a relação dos objetos, apenas com os outros
representantes de suas coleções, as pinturas se comunicam entre si e o cômodo e
juntamente com as estátuas, os vasos se relacionam entre si e os móveis e a
arquitetura e disposição entram no eixo temático do museu enquanto casa e nessa
forma, mais dúvidas não são formadas.

4. PROPOSTA
Uma proposta possível seria a retirada da exposição temporária do Ceschiatti,
e a definição de um espaço designado para exposições temporárias, outra proposição
seria a adoção do espaço do Palácio da Liberdade enquanto um Museu Casa,
vinculando a organização a uma ou mais figuras históricas que habitaram no espaço,
trazendo a narrativa sobre o jeito de habitar e sobre as pessoas que ocuparam aquele
espaço, dessa forma, não se teria uma referência direta sobre uma narrativa ou modelo
de musealização a qual o museu se espelha e as justificativas dos objetos das
exposições (que não conversam entre si), seriam um pouco mais justificáveis.

É timidamente falado (e defendido) que o espaço do Palácio da Liberdade, foi


pintado e restaurado a mando das mulheres dos governadores, uma proposição que é
obviamente machista e que justifica a falta de consistência entre os espaços
expositivos e os acervos que os compõem, se ao invés de se ancorar em pactos sociais
limitantes e ter a compostura de rever a disposição de seus objetos, o museu se
beneficiária e não promoveria um discurso agressivo de sexismo institucional

“Pensar gênero permite revisar e analisar a condição das


mulheres em diversos contextos revelando na maioria das vezes
situações de desigualdade, demonstrando assimetrias nas
relações de poder presentes nas experiências de mulheres e
homens em nossa sociedade” - Oliveira, A. C. A. R. de. (2018
Colecionismo a partir da Perspectiva de Gênero

Em 2022, não é mais possível um museu que dispõe três gestões conjunta,
vincular seus problemas curatoriais, na habitação de mulheres que viveram no espaço
Há 30, 40 anos atrás, porque diversas experiências e modificações do espaço foram
provocadas na verdade por homens, então essa justificativa é mais preguiçosa do que
honesta e sendo assim é um profundo problema estrutural que não se tem previsões
de ser resolvido.

5. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

Ciente do contexto de uma incongruência narrativa, o educativo do Palácio da


Liberdade dá autonomia aos educadores desenvolverem narrativas para conciliar os
problemas curatoriais, as principais atividades desenvolvidas, são:

Formação e formações continuadas

Como ferramenta de potencialização da mediação, os educadores do Palácio,


são incentivados a fazerem cursos em mediação cultural e recepção de público, foram
realizados os cursos de Libras, de Acessibilidade em espaços público, bem como várias
formações em história da arte, sobre aspectos pontuais do acervo exposto no museu,
para que assim o educador de museu, consiga funcionar onde existam os pontos de
maior fragilidade do Museu: Acesso e Narrativa

Nessa perspectiva o que é encorajado e uma mediação cultural com aspectos


de articulação cultural, o educativo é ciente dos problemas persistentes na estrutura
do museu e com essa informação, cada educativo organiza o conhecimento da sua
forma, lidando com um público heterogêneo que precisam de atendimentos
específicos e que encontram no educador a única possibilidade de acessibilidade, uma
vez que o espaço não é auto mediado, com exceção de placas informativas que contém
recortes do texto de tombamento realizado pelo IEPHA, sendo muitas vezes uma
comunicação não efetiva, impossibilitando muitas vezes a fruição ao patrimônio.

Diagnósticos

Contudo a direção do educativo, ciente de todas as deficiências apresentadas


na curadoria apresenta a possibilidade de recebimento de diagnósticos pontuais dos
educadores que compõem o projeto, diversas pesquisas são realizadas sobre cada
espaço do museu e também são realizadas pesquisas sobre a estrutura do museu como
um todo.
Uma pesquisa realizada para esse relatório foi realizada sobre as legendas dos
objetos nos espaços expositivos e em específico da ‘Sala Dos Retratos’ dos rostos dos
governadores, onde consta (ou deveria constar) os nomes dos governadores do Estado
de Minas Gerais, embaixo onde se encontra seus retratos fotográficos (e
pinturas-retratos). Entretanto essas informações estão dispostas de uma forma muito
precária, muitos dos nomes estão de forma ilegível, grafados em uma placa de pouco
mais de 4 cm (quatro centímetros) em letra cursiva, sem data, ou relevo.
Uma das alternativas encontradas é realizar uma linha do tempo junto com o
visitante, pegando alguma decada de referência, se por exemplo o visitante lembra de
ter votado no Eduardo Azeredo, na página oficial do Estado de Minas Gerais,
possuímos uma ferramenta da galeria dos governadores, que nessa pesquisa é
utilizado para consulta e divulgação para o público.
Como a grande maioria dos nomes dos governadores, também são nomes de
ruas e praças e alamedas em Belo Horizonte, a informação dessa linha do tempo
também pode ser também usada como um ‘mapa de honrarias’ pela cidade, o que
ajuda na assimilação da informação e na contextualização da ocupação da própria
cidade

6. CONCLUSÕES

O trabalho em mediação cultural e pesquisa em acervo enquanto estágio no


Palácio da Liberdade, contribui para uma formação prática em museografia e
museologia e possibilita o acesso a um cenário muito comum com dispositivos públicos
culturais em Belo Horizonte, Minas Gerais e em todo Brasil.
Num contexto de arremate, realizados por OSCIP’s (Organização da Sociedade
Civil de Interesse Público) de espaços museológicos e do patrimônio tombado,
empresas como a APPA que realizam a gestão parcial do Palácio da Liberdade, apesar
de bem intencionadas, realizam um deserviço, por falta de informações necessárias
para gerir e organizar um museu, com o dinheiro fruto de incentivo fiscal que formam a
renda dessa OSCIP, poderia ser recrutado uma consolidada e respaldada equipe de de
Museologia para um diagnóstico correto dos pontos de deficiência do Museu.
Um recurso como o educativo que surge num termo de parceria (o qual
funciona apenas de forma parcial) se apresenta mais como uma forma de alienação ao
patrimônio do que realmente esforços conjuntos.
A APPA, tem ciência de todas as deficiências apresentadas e nas comunicações
com o IEPHA, é possível perceber que os problemas estruturais, são usados para
desvalorizar o bem público o tornando obsoleto quando comparado com outros
espaços museais da praça da liberdade, tornando uma situação insustentável, forçando
o IEPHA e Gabinete Militar, passarem a direção total para a OSCIP e dessa forma isentar
o estado de investir e gerir o patrimônio, para além das questões estruturais do cunho
da museologia, o prédio apresenta um profundo mau trato, sendo recorrentemente
fechado para obras (incompatíveis) com o processo de restauro necessário para o uso
do espaço.
O Museu do Palácio da Liberdade, possui problemas na curadoria, com acervos
que não comunicam entre si, ‘unidos’ sobre um pretexto de utilização do espaço, se
beneficiando de uma forma não-correta das definições de Museu Casa, mesmo não
sendo a tipologia a qual se apropria como sendo sua, munido de explicações vagas,
ancoradas em preconceitos sociais e sexismo com figuras históricas, para postergar o
problema de não ter uma equipe de curadoria forte e capacitada. o Museu apresenta
problemas estruturais do patrimônio, se configurando um risco para os visitantes e os
objetos contidos no espaço.
Todavia, o museu conta com um educativo autônomo, com bastante
intencionalidade e propriedade de sua interdisciplinariedade que através da pesquisa e
mediação, consegue subverter certos problemas que impedem a fruição ao museu.

ELEMENTOS PÓS-TEXTUAIS:

REFERÊNCIAS:
Oliveira, A. C. A. R. de. (2018). Colecionismo a partir da Perspectiva de Gênero.
Museologia &Amp; Interdisciplinaridade, 7(13), 15–30.
https://doi.org/10.26512/museologia.v7i13.17753
Galeria dos Governados <https://www.mg.gov.br/galeria-governadores>

ANEXO(S)

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