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1-11 2017
A atividade experimental é considerada fundamental para a construção do conhecimento em ciências, mas também
um desafio para a maioria dos professores que atuam em sala de aula no ensino médio. Essa atividade faz com que o
professor reflita sobre os diferentes métodos de desenvolvimento de práticas experimentais e em como elas devem ser
aplicadas em sala. Nesse sentido, o presente artigo tem como principal objetivo desenvolver uma proposta de
atividade experimental para o estudo da Primeira Lei da Termodinâmica, baseada na orientação construtivista
preconizada por Rosa (2011). Para isso, apresenta-se a construção de um experimento simples com materiais
alternativos e de baixo custo, que simula o funcionamento de um barco a vapor, utilizando a 1ª Lei da
Termodinâmica. Espera-se que essa proposta experimental proporcione aos alunos da segunda série do ensino médio
momentos de reflexão e discussão que levem à compreensão dos conhecimentos sobre o tema.
Palavras-chave: Atividade Experimental; Primeira Lei da Termodinâmica; Barco a vapor.
Experimental activity is fundamental for the construction of knowledge in science, but also a challenge for most
teachers who work in a high school classroom. This activity makes the teacher bethink of the different methods of
developing experimental practices and how they should be applied in the classroom. In this regard, the main objective
of this article is to develop a proposal of experimental activity for the study of the First Law of Termodynamics,
according to the constructive orientation advocated by Rosa (2011). Therefore, a simple experiment with low-cost
alternative materials, which simulates the operation of a steamboat, is presented using the First Law of
Thermodynamics. It is hoped that this experimental proposal will provide the students of the second grade of high
school with moments of reflection and discussion that lead to an understanding of the knowledge about the subject.
Keywords: Experimental Activity; First Law of Thermodynamics; Steamboat.
INTRODUÇÃO
A Física é a ciência que estuda a natureza e seus fenômenos em seus aspectos mais gerais. Analisa
as relações e propriedades da natureza, além de descrever e explicar a maior parte de suas consequências.
Isto é, busca a compreensão científica dos comportamentos naturais e gerais do mundo em nosso entorno,
desde as partículas elementares até o universo como um todo. Nesse sentido, o grande desafio da escola
na atualidade é promover situações de ensino que promovam aprendizagens e possibilitem a compreensão
do mundo que nos cerca.
Nessa direção, os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCNEM) ressaltam a
necessidade de “rediscutir qual Física ensinar, para que possibilite uma compreensão do mundo e uma
formação para a cidadania” (BRASIL, 1999). O documento ainda aponta que não existe uma receita
pronta e que cada educador, dentro de sua realidade social, precisa encontrar a melhor forma de superar
obstáculos de aprendizagens para conduzir os estudantes à aprendizagem desejada para os dias atuais
(BRASIL, 1999).
Para Oliveira e Lima (2016), o fato de os alunos estarem demonstrando falta de estímulo em
aprender os conhecimentos básicos da Física vem causando preocupação na comunidade científica e
reclamações de muitos professores. O desestímulo desses alunos é causado muitas vezes pela falta de
inovação dos professores, pois, para muitos, as aulas de Física limitam-se apenas à resolução de
exercícios. A forma como o ensino de Física tem sido desenvolvida nas escolas de nível médio não tem
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abordagem menos tradicional e com utilização de novas estratégias de ensino para a contextualização dos
fenômenos relacionados com Termodinâmica (LIMA, 2016).
Diante desse cenário, surge, então, a seguinte questão: Como tornar as aulas de Física atrativas e
despertar significativo interesse e consequente aprendizagem dos alunos? Buscando responder a essa
indagação, este trabalho visa desenvolver uma proposta de atividade experimental para o estudo da
Primeira Lei da Termodinâmica, estruturada fundamentalmente na orientação construtivista preconizada
por Rosa (2011).
Para tanto, o trabalho estrutura-se da seguinte forma: na próxima seção, é apresentada uma
reflexão sobre atividades experimentais na concepção Construtivista. Na terceira parte, descreve-se a
proposta de construção de um barquinho a vapor e sugere-se a metodologia da atividade experimental; e
no enceramento, expõem-se as considerações finais.
Para Moreira (2017) o construtivismo é uma teoria da aprendizagem que tem como principal foco
o entendimento da obtenção da aprendizagem relacionado à interação do indivíduo com o meio. Isto é, a
concepção construtivista indica que o aluno participe ativamente do próprio aprendizado, mediante a
experimentação, a pesquisa em grupo, o estímulo à dúvida e o desenvolvimento do raciocínio. A partir de
sua ação, vai estabelecendo as propriedades dos objetos e construindo as características do mundo.
Nesse sentido, as atividades experimentais apresentam-se como estratégias didático-metodológicas
que podem favorecer a construção do conhecimento, uma vez que, segundo Moraes (2008), ela tem como
premissa a construção de novos conhecimentos a partir do conhecimento prévio dos alunos e considera o
processo de aprendizagem uma consequente reformulação dos conhecimentos através do diálogo e da
reflexão. Exigindo, dessa forma, organização, discussão e reflexão sobre todas as etapas da experiência, o
que propicia interpretar os fenômenos físicos e trocar informações durante a aula, seja ela na sala ou no
laboratório (SEED, 2008).
Nessa direção, Rosa e Rosa (2012) propõem uma estrutura didático-metodológica para a realização
das atividades experimentais em Física. Essa proposta estrutura-se em três momentos: o “pré-
experimental”, o “experimental” e o “pós-experimental” e enfatizam as etapas anteriores e posteriores à
experimentação, oportunizando que os alunos, em conjunto com o professor, discutam e reflitam sobre o
que irão fazer ou o que fizeram na atividade.
Para os autores, a etapa pré-experimental envolve os seguintes itens: pré-teoria, explicitação dos
objetivos; formulação de hipóteses e o planejamento das ações. A pós-experimental caracteriza-se pela
conclusão da atividade experimental, que representa o fechamento da atividade e a sistematização dos
resultados encontrados. Entre as etapas encontra-se a denominada “experimental”, destinada à parte de
execução da atividade experimental, a qual envolve as ações dos alunos mediante seus planejamentos e
propósitos.
Na etapa pré-experimental, os autores consideram importante iniciar a atividade experimental com
discussões que proporcionem um conhecimento prévio sobre a atividade, aproximando a teoria com a
experimentação, proporcionando uma familiarização com os saberes envolvidos. A pré-teoria precisa
conter uma contextualização do conhecimento, instigando o aluno a buscar seus conhecimentos, sendo
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assim um caminho para desenvolver a atividade. Representa um elo entre a atividade experimental e o
conhecimento em estudo, podendo iniciar com situações próximas ao cotidiano do aluno e vinculadas ao
conhecimento físico. No entendimento de Rosa e Rosa (2012), há várias formas de promover o
conhecimento em estudo, mas os autores destacam três: formulação de perguntas sobre o conteúdo,
exposição da situação problema ou situação ilustrativa e retomada histórica.
A primeira refere-se a formular questões segundo o estudo teórico, relacionada a uma metodologia
dialética, possibilitando uma discussão entre os alunos. A segunda (exposição) é uma descrição mais
simples de uma situação mais próxima do aluno no qual o evento observado se faz presente,
representando uma forma de aplicação do saber antes de ser discutido. A terceira refere-se à retomada
histórica da produção do conhecimento, em que o professor proporciona discussões relacionadas ao
contexto social e histórico no qual o conhecimento foi produzido.
Para finalizar a primeira etapa, Rosa e Rosa (2012) indicam que é necessário criar um espaço para
que os alunos formulem hipóteses para guiar a organização da atividade. Esse espaço, na concepção dos
autores, representa a oportunidade para o aluno expor seus pensamentos e a forma como articula suas
ideias, compartilhando-as com seus colegas e professores.
Na etapa experimental, é prevista a execução da atividade experimental. Significa operar o
planejado, testar as hipóteses previstas, tendo claro o objetivo almejado, manusear equipamentos. A
execução pressupõe um sujeito envolvido intelectualmente e engajado na atividade, capaz de construir
seus conhecimentos em um processo de interação social. Habitualmente, as atividades são realizadas em
grupos, e isso implica negociação e socialização de saberes entre seus colegas e com o professor em um
confronto de conhecimentos.
A etapa seguinte, segundo os autores, constitui-se da pós-experimentação, que é o fechamento da
atividade experimental. Rosa e Rosa (2012) consideram que essa etapa deve ganhar um status de
discussão dos resultados obtidos, representando um momento de construção do conhecimento. Para isso,
é necessário prever as ações, levando o aluno a buscar os resultados, interpretando-os, confrontando-os e
discutindo-os. Significa retomar o que foi realizado e identificar possíveis falhas no processo, portanto é
necessário destinar um tempo significativo para essa etapa.
Corroborando com essa concepção, Oliveira e Lima (2016) acreditam que, se os professores
tivessem a preocupação de inovar seus procedimentos metodológicos com ideias construtivistas, os
conceitos de Física seriam mais facilmente compreendidos pelos alunos. Para os autores, aulas
experimentais estruturadas com momentos pré e pós-experimental podem ajudar o aluno a identificar os
conceitos, os fenômenos e as relações com o seu cotidiano, podendo até encontrar algo novo e facilitar-
lhe, de fato, o aprendizado da Física.
Oliveira e Lima (2016) ressaltam, ainda, que uma boa ferramenta que o professor pode inserir nas
suas aulas são os experimentos simples, de baixo custo, que podem ser montados pelos alunos, pois são
materiais simples que qualquer um pode ter acesso, favorecendo o interesse de participar das aulas de
Física, proporcionando a aprendizagem e a participação em momentos que podem ser conceituados e
relacionados com o cotidiano do aprendiz. Para relacionar com o cotidiano, o experimento deve ser
executado e transmitido com clareza, tanto pelo professor quanto pelos alunos.
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Borges (2002) compartilha da ideia de Oliveira e Lima (2016). Para esse autor, a ciência, em sua
forma final, apresenta-se como um sistema de natureza teórica. Contudo, considera ser necessário a
criação de oportunidades para que o ensino experimental e o ensino teórico se efetuem em concordância,
permitindo ao aluno integrar conhecimento prático e teórico. Ressalta, ainda, que o conhecimento físico
só faz sentido, se permitir que os estudantes compreendam como o mundo funciona e por que as coisas
são como são. Por fim, Borges (2006) salienta que a realização de atividades experimentais não está
condicionada a um espaço específico. Para ele, o mais importante é que não haja fragmentação do
conhecimento e, dessa forma, torne-se a aprendizagem mais interessante, motivadora e acessível aos
alunos.
Nesse contexto, as atividades experimentais são de suma importância nas aulas de Física, não só
por despertar interesse, mas por proporcionar aos alunos momentos de observação, discussão, reflexão,
construção e reconstrução do conhecimento, tornando-os capazes de entender, avaliar e compreender os
fenômenos de seu cotidiano.
A ATIVIDADE EXPERIMENTAL
Antes de iniciar a atividade experimental, sugere-se que os estudantes sejam divididos em grupos
de 3 ou 4 componentes. A primeira parte da atividade consiste em uma análise, por parte dos estudantes,
de duas figuras que contêm imagens de máquinas a vapor. A Figura 1 e a Figura 2 apresentam essas
imagens.
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Após recortar a latinha, dobram-se as laterais da lata ao meio e colam-se com um pedaço de fita
crepe (Figuras 4a e 4b). Na outra extremidade, pega-se o pedaço de madeira e força-se para a lata ficar
bem dobrada (Figura 5).
Figura 4a: Laterais da lata dobrada. Figura 4b: Laterais da lata colada com fita crepe.
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Colam-se bem as dobras, para que não vaze água, como mostrado na Figura 7. Marcam-se 4 cm
abaixo da dobra dos canudos, conforme na Figura 6, cortando-os e colando-os bem no alumínio, como
mostra a Figura 7.
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Recorta-se o molde do barco no isopor, conforme a Figura 11a. Em seguida, prepara-se o suporte
para a vela com uma sobra de alumínio, como a Figura 11b, fixando o motor e a vela no barco com as
borrachas (Figura 12).
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forma, sejam capazes de construir seus conhecimentos em um processo. Através da interação com os
colegas, espera-se que os alunos compreendam que o barquinho anda porque há pequenas gotas de água
dentro do compartimento de alumínio. Quando essas gotas esquentam, transformam-se em vapor e
“expulsam” a água que está nos canudinhos, criando uma espécie de jato. Quando o vapor está prestes a
sair, contudo, o contato com a água gelada faz com que ele esfrie e se transforme em líquido novamente.
Com a diminuição de temperatura, diminui também a pressão dentro do compartimento de alumínio,
fazendo com que a água volte para lá. Aí a água esquenta novamente, e assim o ciclo recomeça.
Na etapa da pós-experimentação – o fechamento da atividade experimental – buscar-se-á
interpretar o observado e relacioná-lo com a teoria. Para isso, através de uma roda de conversa com os
estudantes deverão ser indagados sobre o que as imagens contidas nas Figuras 13 e 2 têm em comum com
o barco a vapor construído?; o que a termodinâmica tem a ver com nosso cotidiano?; qual a relação entre
trabalho e energia?; em relação ao barco a vapor, quem realizou trabalho?; e, qual a relação entre o barco
a vapor e o princípio básico de funcionamento de uma máquina a vapor? Espera-se que com essa
atividade os alunos confrontem suas hipóteses com o observado e com os conteúdos relacionados à
Primeira Lei da Termodinâmica.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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