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APx2– 2021.2

DISCIPLINA: LITERATURA NA FORMAÇÃO DO LEITOR

Coordenação: Profª Ana Maria de Bulhões Carvalho

Caro (a) aluno (a):


Mais uma vez, excepcionalmente, esta avaliação presencial- especial será
feita a distância, em função do distanciamento ainda imposto pela
circulação do vírus da COVID-19.
Semelhante aos procedimentos de uma AD, a consulta será permitida. A
diferença é que a prova ficará menos tempo disponível na plataforma,
por isso, atenção ao prazo limite.
Responda exclusivamente na prova, seguindo as instruções.
 Leias as questões, responda e revise suas respostas antes de
postá-las.
 Lembre-se de que prova de literatura exige respostas
completas, justificadas com exemplos.
POR FAVOR, POSTE SUA PROVA EM ARQUIVO WORD.

Boa prova!

NOTA:
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QUESTÃO 1 (2 PONTOS)

1.1 Temos aqui a caricatura de um teatro. Observe-a com atenção e


descreva os três conjuntos de elementos que compõem a imagem.
1.2 Ainda com relação à imagem, compare as ações físicas dos
espectadores– que assistem sentados–, com as dos atores– que se
movimentam–, para explicar o sentido da expressão “espectador
ativo”, “espectador autônomo”, que também se aplica ao leitor.

QUESTÃO 2 (2 PONTOS)
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2.1 Essas são as famosas máscaras representando a tragédia e a comédia. Faça


uma leitura interpretativa livre de cada uma delas.
2.2 Que elementos singularizantes da Literatura dramática parecem ser os mais
importantes, independente de se tratar de tragédia ou comédia? Justifique
sua resposta.

QUESTÃO 3 (2 PONTOS)
Leia a crônica “Máscaras e dúvidas”, que Roberto da Matta publicou
dia 14.9.2021, em O globo, transcrita abaixo:

Quebrei um dente e fui obrigado a romper a quarentena atual e a


outra, de cinquenta anos, para visitar o Dr. Rodrigo Medina, meu
competente dentista. Como era emergência, marcamos ao anoitecer,
quando seria prontamente atendido.
Devidamente mascarado e me sentindo um pouco o bandido da história em
quadrinhos, ou um reles político nacional, andei por intermináveis
corredores do prédio e, driblando a insegurança da idade, cheguei ao
consultório, sentei-me e fiquei esperando minha vez. [...]
Minutos depois, entrou no consultório uma jovem senhora. Após os
reconhecimentos mútuos, demandado pela “boa educação”, começamos
uma conversa trivial. Observamos o terror da pandemia que nos obrigava a
usar máscaras; comentamos o nosso nojo pelos governantes que roubaram
recursos médicos e construíram hospitais fantasmas. Notando da percepção
de minha companheira de espera, perguntei no que ela trabalhava.

– Sou professora, disse. – E você?


– Sou do mesmo ramo, sou professor da PUC-Rio.
– De quê?
-- De Antropologia Social ou Cultural – respondi de pronto, para explicar
que o cultural que eu ensino nada tem a ver com o “show business”[...]
mas com valores e costumes...
-- O senhor conhece o Roberto da Matta? – perguntou imediatamente a
minha companheira de espera.
– Acho que sim – disse o mascarado. Creio que conheço um pouco...
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– Eu adoro o que ele escreve. Como ele é? Perguntou [...].

A pergunta banal me pegou. Afinal quem era mesmo eu? Seria o pai, avô,
irmão, filho, viúvo, tio ou primo? Ou seria um velho professor-pesquisador
conjugado por um esforço cronista e autor? Ou simplesmente um velho?

-- Bem, respondi. Ele é um cara complicado, indeciso, enfático e até mesmo


grosseiro. Acho que é impaciente com a burrice nacional, mas isso é um
direito dele...
-- Então você teve convivência com ele... – questionou a moça do rosto
escondido.
-- Convivo com ele desde os tempos de primeira comunhão, escola e
faculdade... Aliás fui ao seu casamento e ao lançamento do seu primeiro
livro aqui em Niterói... Ele é muito difícil de conviver, pois sempre usa uma
máscara.
-- É mascarado?
-- Não, mas sofre de uma profunda e neurótica honestidade – disse, tirando
a minha máscara e revelando que eu era quem, num raro momento, falava
da minha própria pessoa.
A moça sorriu e pediu uma desculpa impossível, pois sempre vivemos num
país no qual todos devem saber com quem falam. Exceto quando nos
mascaramos, como fazem os governantes desonestos, os poderosos e os
muito ricos.
Em seguida fui consertar o dente.
(O globo, 14.9.2020, caderno 1, Opinião)

3.1 Aponte duas características da crônica que são evidentes no texto de


Roberto da Matta, e exemplifique.
3.2 A crônica é literária. Sua linguagem, portanto, é conotativa. Há duas frases
nesta crônica em que a ambiguidade é usada para ampliar os sentidos.
Quais são elas e o que sugerem?

QUESTÃO 4 (2 PONTOS)

Leia o texto abaixo, da socióloga e literata Isabel Pires.

O GUARDA-CHUVA VERDE
Isabel V. Pires*
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As duas velhas iam andando pela rua, com passos que pareciam
incertos, mas que, na verdade, eram passos de quem já perdeu toda a
pressa do mundo. Chovia uma chuva fina, e elas seguiam, muito unidas sob
o mesmo guarda-chuva. Confusa, a mais velha das duas velhas procurava
entender, sem sequer se lembrar, como perdera o seu guarda-chuva. Coisa
impossível, pois se até os moços não explicam como guarda-chuvas se
perdem a toda hora, sobretudo em dias de chuva.
Pararam na banca do camelô. A velha menos velha insistia na compra
de um guarda-chuva para a outra velha, que relutava, ainda mais confusa.
Mas estou sem o dinheiro. Não faz mal, não disse que, qualquer dia, lhe
compraria um guarda-chuva novo? Pode escolher. A velha mais velha
piscava para os guarda-chuvas na barraca, enquanto o camelô, paciente,
esperava. E porque já viveram até o ponto de perder a pressa, e de saber
que, agora, eram os outros que deveriam esperar por elas, as velhas
escolhiam o guarda-chuva devagar. Devagar caía uma chuva rala.
Finalmente, seguiram pela rua cheia de guarda-chuvas, em direção
ao ortopedista. A mais velha das duas velhas sentiu falta do corpo da outra
velha amparando o seu. Contudo o braço dela ainda a enlaçava pela
cintura, e as duas seguiam, os guarda-chuvas bailando sob a chuva fina.
Com espanto e dor subiram cada degrau. O que são as dores todas
do mundo quando duas velhas sobem cinco degraus? O ascensorista,
solícito, as aguardava.
Outros velhos, muitos velhos, enchiam o consultório de ortopedia.
Cada velho que saía – e outro velho segurava longamente a porta – parecia
que o mundo parava.
As duas velhinhas, sempre unidas, seriam as últimas. O médico
atendia por ordem de chegada. A lentidão da velhice arrastava o
atendimento. E quando parecia não ter mais fim a espera, a recepcionista
encontrou, ao lado das velhas, um guarda-chuva abandonado. Negro, bem
negro, não era delas, e de mais ninguém. Na sala de espera do médico não
havia mais nenhum velho, além das duas, que já se dirigiam ao médico.
– O que faço, doutor? Mais um guarda-chuva perdido. À soleira da
porta, a recepcionistas segurava incólume o objeto extraviado.
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– Agora é moda, minhas senhoras, semana passada encontramos um


também.
– Por acaso era verde? Arriscou a velhinha mais velha. Meio
comovido, porque, apesar do trato quase diário com aqueles seres que
ainda não foram, mas também já não eram, meros osso porosos a serem
examinados, ele ainda guardava a capacidade de, pelo menos, querer se
comover – meio comovido o médico mandou a recepcionista buscar o
guarda-chuva verde. Mas a moça, pigarreando, explicou que o havia
deixado na portaria. Era só pegá-lo quando por lá passassem.
Na saída a velhinha foi em busca do seu guarda-chuva verde.
Atencioso, o porteiro prontamente se dispôs a pegá-lo. Que pena! Não é
esse, não. Esperem, tem outro. E é verde também. Do cubículo escuro, ao
lado do balcão, o porteiro emergiu segurando o guarda-chuva verde. E,
embora verde, também não era aquele o guarda-chuva, agora já
ansiosamente esperado.
Um momento! O porteiro, nesse momento, tornou-se
involuntariamente autoritário, fazendo com que as velhas suspendessem o
passo. Das entranhas do cubículo escuro, agarrado ao balcão, o porteiro
retirou quatro guarda-chuvas. Um verde-claro, um verde-escuro, outro
verde-petróleo e outro, ainda verde, xadrez. Nenhum, porém, ostentava o
friso dourado, a alça intacta. Nenhum deles era de pontos vermelhos
salpicado. Eram verdes e eram guarda-chuvas. Mas nenhum era o guarda-
chuva verde, para sempre perdido. Perdido para sempre.
Chegando à rua, a chuva já havia ido embora. Guarda-chuvas
debaixo dos braços, as duas velhas seguiam mais lentas, mais unidas, mais
inseparáveis. Acima de suas cabeças, resplandecia o céu recém-lavado.
*In Ficções revista de contos, ano VI, n.12, dezembro de 2003. Rio de
Janeiro, 7Letras.

4.1 Compare o diálogo e as personagens deste conto com os da


crônica de Roberto da Matta. Pela sua percepção, este texto pode ser
considerado um conto? Justifique sua resposta, levando em consideração as
características da crônica e o que você leu sobre o conto.
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4.2 Pode-se dizer que, apesar de O guarda-chuva verde ser um


texto em prosa, apresenta elementos poéticos? Justifique sua resposta,
tanto se for afirmativa quanto se for negativa.

QUESTÃO 5 (2 PONTOS)

5.1 Filmes que abordam questões literárias, como vimos também em


O carteiro e o poeta, se deixam contaminar pela linguagem do tema de que
tratam. Encontre no filme Balzac e a costureirinha chinesa uma passagem
em que o diálogo apresente um explícito valor de construção de imagens
que tocam nossos sentimentos, como faz a poesia.
5.2 Que relação se pode estabelecer entre o filme e a disciplina
Literatura na formação do leitor? ( Resposta livre )

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