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F.S.

LOPES
1. FUNÇÃO CARDÍACA

O músculo cardíaco é um sincício que apresenta fibras multinucleadas, com a massa de


protoplasma comunicando-se livremente com o protoplasma que recobre outros núcleos. O estímulo
de uma parte do coração provoca contração em todas as partes a uma velocidade de 600 a 1200
mm/seg.

Lei do Tudo ou Nada: se o estímulo for forte o suficiente para provocar uma resposta do
neurônio, esta resposta será máxima. O coração obedece a esta lei, somente enquanto as condições
ambientais forem constantes. Ph sanguíneo, fadiga muscular, composição do sangue e temperatura
podem modificar a resposta cardíaca aos estímulos.

Lei de Starling ou Lei do Coração: quanto maior o fluxo para o ventrículo, maior será o
estiramento da fibra muscular e maior será a força de contração.

a. aorta
v. cava sup.
válvula válvula
a.pulmonar aórtica pulmonar

v. pulmonar AE válvula
mitral
AD
VE
a. coronárias
válvula VD
tricúspide
v. cava inf.

Rendimento Cardíaco

É a quantidade de sangue que um lado do coração expulsa em um minuto. É a quantidade de


sangue expelido por um ventrículo em 1 minuto. ( 6 a 8 litros/min)

RC = Ritmo Cardíaco X Volume por Batimento

O Ritmo cardíaco é inversamente proporcional ao volume por batimento. Se o ritmo cardíaco


aumentar, diminui o volume de sangue que é ejetado. Isto é verdadeiro somente quando o ritmo
ultrapassa a 140 batimentos por minuto.

Até 80 bpm o rendimento cardíaco é normal


De 80 a 140 bpm há tendência de aumento do rendimento cardíaco
De 140 a 160 bpm o rendimento cardíaco permanece inalterado
Acima de 160 o volume por batimento baixa, o rendimento cardíaco diminui e há
possibilidade de perda de consciência se atingir acima de 180 bpm.

Situações que alteram o ritmo cardíaco

a) Cardíacas

- Estenose da válvula aórtica


- Taquicardia paroxística
- Bloqueio Cardíaco Completo
- Insuficiência cardíaca
b) Extra-cardíacas

- Hipertireoidismo
- Anemia
- Hipertermia
- Hipertensão

Bulhas Cardíacas

São sons normais que ouvimos quando auscultamos o coração. Representam abertura e
fechamento das válvulas cardíacas na sístole e diástole.

1ª BULHA:
a) fechamento da válvula tricúspide (A-V) e sua vibração;
b) abertura das válvulas aórticas e pulmonares;
c) saída de sangue dos ventrículos (fase de ejeção rápida)
d) choque do sangue na aorta e na artéria pulmonar

2ª BULHA:
a) queda da pressão nos ventrículos
b) fechamento da válvula aórtica e pulmonar;
c) vibração da artéria aorta e artéria pulmonar;
d) abertura das válvulas A-V

3ª BULHA:
É um som fraco e abafado de difícil percepção que esporadicamente pode ocorrer quando
há incoordenação nos batimentos dos dois ventrículos.

Sopros Cardíacos

São sons que ocorrem devido ao aumento da velocidade do sangue produzindo


turbilhonamento nas seguintes situações:

a) exercícios físicos;
b) anemia e tireotoxicose;
c) estenose valvular
1) estenose mitral/tricúspide: sopro na diástole
2) estenose aórtica/pulmonar: sopro entre a 1ª e 2ª bulhas
3) insuficiência da válvula aórtica: sopro pré-sistólico

Regulação da ação cardíaca

A regulação cardíaca é feita pelos seguintes mecanismos:

a) Nervosos b) Químicos (composição do sangue) c) Mecânicos

a) Controle Nervoso

Nervo vago ( parassimpático) - Acetilcolina (mediador químico)


Fibras aceleradoras ( simpático ) – Adrenalina ( mediador químico)
Bulbo ( ações reflexas) - Córtex cerebral – pensamento e dor
- Hipotálamo – temperatura
- Pressoceptores - Seios aórticos e carotídicos

Estimulação do Vago: Bradicardia


Inibição do Vago: Taquicardia
Estimulação de fibras aceleradoras: Taquicardia
Inibição de fibras aceleradoras: Bradicardia

Adrenalina no coração: Taquicardia


Adrenalina Sistêmica: (Aumento da PA) – Bradicardia

Nó sinoatrial – marcapasso cardíaco - 70 a 80 bpm


Nó átrio-ventricular – 60 a 70 bpm
Feixe de Hiss e Fibras de Purkinje – 35 a 40 bpm

b) Alterações químicas do sangue: Corpos aórticos e Carotídicos

- Ph baixo: a acidose inativa o nó sino-atrial e produz bradicardia CO2 elevado (até 60 mmHg):
taquicardia O2 baixo: taquicardia

- Eletrólitos: NaCl (0,9%) – diminui a força contrátil do miocárdio facilitando a diástole


CaCl (0,025%) - aumenta a força contrátil do miocárdio facilitando a sístole
KCl (0,03%) - associado ao Ca++ e Na++ tende a estimular a função cardíaca

(Solução de Ringer – solução ideal para a atividade cardíaca)

c) Controle mecânico

- Reflexo de Bainbridge - o aumento da pressão venosa provoca taquicardia.

- Lei do coração de Starling – o rendimento cardíaco aumenta com o aumento da fibra do


músculo Cardíaco. Isto quer dizer que quando o ventrículo necessita impulsionar uma maior
quantidade de sangue há hipertrofia da fibra cardíaca e o coração torna-se bradicárdico. Isto
ocorre porque a taquicardia só aumenta o volume de sangue expulso até a freqüência atingir 140
bpm. Acima disto, o rendimento cardíaco tende a diminuir. Em conseqüência o ventrículo precisa
hipertrofiar suas fibras, tornar-se bradicárdico para aumentar a sua força de contração.

- Lei de Marey do Coração - o aumento da pressão arterial provoca bradicardia.

- Estimulação nasofaríngea ( anestésicos, clorofórmio, entubação ou cirurgia) produz bradicardia


por reflexos vagais. (nervo glossofaríngico – IX par craniano)

- Manobras Vagais : ( produzem bradicardia ) – indicadas em taquicardia paroxística

- Massagem dos seios carotídicos – risco de bradicardia extrema com assistolia


- Comprimir globos oculares - (III par craniano)
- Comprimir testículos - (nervos sacrais)
- Provocar vômitos - (IX par craniano)
- Engolir gelo picado - (IX par craniano)
- Manobra de Valssalva
Coração Direito

A insuficiência do coração direito e Doenças Pulmonares Obstrutivas Crônicas (DPOC)


provocam aumento da pressão venosa e edema de extremidades.

Coração Esquerdo

A insuficiência do coração esquerdo e a pressão arterial elevada têm como complicação o edema
pulmonar.

2. FUNÇÃO RESPIRATÓRIA

Respiração: inalação de O2 e expiração de CO2 e H2O

Inspiração: Pressão interna é menor que a pressão atmosférica

Expiração: Pressão interna é maior que a pressão atmosférica.

Tipos de respiração

- RESPIRAÇÃO EXTERNA - mecanismos que contribuem para o transporte de O2 para o


interior da célula e saída de CO2.

- RESPIRAÇÃO INTERNA - utilização de O2 e formação de CO2 no interior da célula

- ZONA DE CONDUÇÃO : nariz, faringe, laringe, traquéia, brônquios.

- ZONA RESPIRATÓRIA: Bronquíolos ( ductos alveolares, sacos alveolares, alvéolos)

Zona de Condução Zona Respiratória

A hematose ( troca O2/CO2) ocorre nos alvéolos pulmonares.


 Volume circulante: 500 cm3
 Volume residual: 1500 cm3
 Espaço morto: 150 cm3
 Volume expiratório de reserva: 1000 cm3
 Volume inspiratório de reserva: 3000 cm3
 Capacidade vital: 4500 cm3
 Freqüência respiratória: 16 vezes por minuto
 Ventilação alveolar: Freq. Resp. X (Volume circulante – Espaço morto)
16 (500 cm3 – 150 cm3) = 5,6 cm3 = 5,6 litros

*** O ar ambiente tem cerca de 21% de oxigênio. No pulmão há uma concentração de 15%
e apenas 5 % são aproveitados na hematose. O ar expirado tem 18% de oxigênio e 2% de
CO2.

Músculos Respiratórios

- Intercostais internos e externos ( inervados pelos n. espinhais)


- Diafragma ( inervado pelo n. frênico - + importante músculo da respiração)
- Acessórios ( abdominais, escalenos, esternoclidomastoideos ) inervados pelos n.
espinhais e torácicos.

Pressão
negativa
Músculos
intercostais

PIP < PEP

PP PV
Movimentos inspiratórios
Músculos 2% CO2
intercostais 18% 02

PIP > PEP

Movimentos expiratórios

Controle da respiração

È executado por mecanismos regulados pelo Centro Respiratório (Bulbo), pelo controle químico
e pelo controle nervoso.

a) Centro Respiratório ( bulbo)

O bulbo é constituído por um centro inspiratório e de um centro expiratório. O centro


inspiratório é predominante visto que se estimularmos todo o centro da respiração, o resultado
sempre será a inspiração.

Concentrações de CO2:

< de 40 mm Hg - Depressão do centro respiratório com possibilidade de parada respiratória


( isto acontece no excesso de oxigênio).

De 40 a 60 mm Hg - Respiração normal

> de 60 mm Hg - Estimulante da respiração (taquipnéia)

O aumento do CO2 acima de 60 mmHg provoca acidose por produção de H2CO3 ( ácido
carbônico), o Ph sanguíneo baixa e o resultado é a taquipnéia.

Ph baixo: taquipnéia O2 baixo: taquipnéia CO2 alto: Taquipnéia


SE RETIRARMOS O CO2 HÁ PARADA RESPIRATÓRIA.

Pressão
intra-torácica

apnéia
X2
co
apnéia

Ciclo de Hering-Breuer

EMERGÊNCIAS MÉDICAS EM ODONTOLOGIA


F.S.LOPES

1 INTRODUÇÃO

Na prática odontológica é comum nos depararmos com doentes portadores de patologias diversas:
hipertensos, cardiopatas, diabéticos, asmáticos. Estes pacientes merecem atendimento especial e para
tanto, necessitamos de conhecimentos que nos permitam avaliá-los corretamente e tratá-los
convenientemente.

Cultura é o principal elemento de diagnóstico sem a qual nada poderemos realizar. A leitura de
bons livros sobre o assunto, facilitará o exercício profissional neste aspecto.

O melhor tratamento da emergência médica é a prevenção. A primeira regra é conhecer o


paciente através de uma anamnese orientadora. Todos os pacientes acima de 60 anos são considerados de
alto risco.

São descritos, a seguir, de maneira sucinta, as emergências médicas mais frequentemente


encontradas no dia-a-dia, para as quais deveremos estar preparados, de modo que o atendimento do
paciente seja eficiente e seguro.

2 LIPOTÍMIA

É a diminuição da tensão de Oxigênio nos tecidos, ocasionada por stress: emocional, visual ou
auditivo. Pode ocorrer antes, durante ou após o atendimento.

A tensão de oxigênio em um determinado tecido depende: 1°. Da concentração de


oxigênio na corrente sanguínea e; 2°. Do fluxo sanguíneo ao tecido.

A diminuição da concentração de O2 na corrente sanguínea denominamos de HIPOXEMIA,


enquanto que a diminuição da taxa de O2 nos tecidos denominamos de HIPÓXIA.
Os sintomas da lipotímia estão relacionados com o grau de hipóxia cerebral. O cérebro é 90%
aeróbico. Qualquer diminuição da oxigenação cerebral desenvolverá manifestação de hipóxia:

a) confusão mental;
b) taquipnéia;
c) palidez cutânea;
d) sudorese fria;
e) escurecimento da vista;
f) zumbido no ouvido;
g) tonturas, agitação;
h) hipotensão postural;
i) taquisfigmia;
j) pulso filiforme.

O tratamento consiste em:

a) tranqüilizar o paciente;
b) afrouxar roupas;
c) posição de Trendeleburg;
d) manter o ambiente arejado;
e) estimular a respiração;
f) oxigenoterapia (se necessário).

Oxigênio é droga e como tal não deve ser utilizado aleatoriamente.. Deveremos considerar a
possibilidade de fogo, ressecamento de via aérea e intoxicação. Em paciente com respiração espontânea o
oxigênio deve ser administrado em máscara a 5 litros/min. Isto eleva a concentração de O2 no sangue em
40%.

3 HIPERVENTILAÇÃO

Manifestação caracterizada por aumento da amplitude e freqüência respiratórias , ocasionando


uma intoxicação por oxigênio e tem as seguintes causas: psicogênica (+comum), febre, tireotoxicose,
delirium tremens, infecções por gram-negativos e respiradores mecânicos.

Os sintomas são: irritabilidade, tonturas, parestesias em membros e perioral, tetanias (espasmo e


rigidez das mãos), escurecimento da vista, dor pré-cordial, respiração rápida e profunda, confusão mental
e desmaios em alguns casos.

3.1 Conduta

Sentar o paciente, tranquilizá-lo, respirar pausadamente, saco de papel sobre a cabeça para forçar
o paciente respirar o mesmo ar, administrar oxigênio associado a 5% de CO2, utilizar tranquilizante
(causa básica é o medo e a ansiedade).

4 HIPOGLICEMIA

Hipoglicemia é a diminuição da taxa de glicose circulante e deve ser diferenciada da lipotímia pois
apresenta sintomas semelhantes. Tem como causas básicas:

a) Excesso de insulina;
b) Supressão da Alimentação;
c) Exercício físico prolongado.

A glicose é a única reserva de energia que o cérebro dispõe para realizar seu metabolismo. Em
conseqüência, a sua diminuição acarretará os seguintes sintomas:
a) palidez cutânea;
b) sudorese fria;
c) escurecimento da vista;
d) tonturas e fraquezas;
e) náuseas e tremores;
f) apatia e irritabilidade;
g) hipotensão postural;
h) fome e convulsões.

Embora se assemelhe a lipotímia, algumas diferenças básicas existem:

a) a lipotímia é de evolução lenta;


b) fraqueza e tremores não ocorrem na lipotímia;
c) paciente hipoglicemico não recupera com oxigenoterapia;
d) não ocorrem náuseas e vômitos na lipotímia;
e) as manifestações de hipóxia estão ausentes.

4.1 Prevenção

Orientação ao paciente.

4.2 Tratamento
Deve-se considerar no tratamento a gravidade do caso:

a) casos leves:
- 10 a 20g de carboidratos;
- copo de leite integral.

b) casos graves:
- glicose E.V. a 50% (20 a 50 ml); ou VO
- hospitalização (soro glicosado)

4.3 COMPLICAÇÕES

a) lesões irreversíveis a nível cerebral e retina;


b) morte.

5 HIPERGLICEMIA

É considerado diabético o paciente que apresenta taxas de glicose acima de 140 mg%/plasma em
jejum. Para a prática odontológica, é importante sabermos que a glicose aumentada interfere no
funcionamento dos fibroblastos e leucócitos. Em consequência ocorre uma deficiência de cicatrização e
propensão à infecção por estafilococos e gram-negativos.

Todo paciente diabético deve passar por exame médico pré-operatório.

O médico deve orientar o Cirurgião-Dentista sobre o estado geral do paciente e suas condições
para intervenções odontológicas.

O paciente diabético suporta taxas elevadas de glicose, mas não suporta as taxas diminuídas. O
importante é fazer-mos com que o nosso paciente diabético não desenvolva quadro de hipoglicemia
durante ou após o tratamento odontológico. Alguns fatores precipitam a hipoglicemia, que é perigosa
para o paciente diabético:

a) infecção;
b) medicamentos;
c) cirurgias;
d) tratamentos prolongados.

5.1 Conduta:

A conduta a ser adotada em pacientes diabéticos deve seguir as seguintes recomendações:


a) não usar anestésico com vasoconstritor adrenérgico;
b) evitar tratamento prolongado;
c) tranqüilizar o paciente;
d) evitar dor;
e) atender somente o paciente compensado;
f) usar antibiótico profilático.

6 CRISE CONVULSIVA

É um distúrbio neuronal que provoca convulsões focais ( tipo pequeno mal) ou generalizados
( tipo grande mal).

6.1 Causas

As principais causas da crise convulsiva são:

a) idiopáticas (65%) dos casos;


b) trauma;
c) hipoglicemia;
d) hipocalcemia;
e) hipertermia;
f) abstinência alcoólica;
g) tumores;
h) AVC.

6.2 Sintomas

6.2.1 Pequeno Mal:

a) contrações involuntárias em só músculo ou grupo de músculos;


b) distúrbios visuais;
c) breve perda da faculdade cognitiva.

6.2.2 Grande Mal:

a) início súbito;
b) convulsões gerenalizadas;
c) mordedura da lingua;
d) confusão mental;
e) relaxamento de esfíncteres;
f) amnésia após a crise.

6.3 Fatores Precipitantes

Recomenda-se evitar os fatores que podem precipitar uma crise convulsiva:


a) álcool;
b) estímulos luminosos;
c) stress.
6.4 Conduta

Uma vez iniciada uma crise convulsiva, deve-se tomar as seguintes medidas:

a) proteger o paciente, não tentar segurá-lo;


b) observar a evolução da crise;
c) medicação anticonvulsivante ou diurética se necessário;
d) não usar anestésico com vasoconstritor.

7 CRISE ASMÁTICA

Dificuldade respiratória ocasionada por surto de bronco-espasmo, edema da mucosa brônquica e


aumento das secreções.

7.1 Sintomas

Os seguintes sintomas podem ser precipitados pelo atendimento odontológico (emoção e


anestésico):

a) dispnéia sibilante ( principal);


b) tosse seca ou produtiva, retração intercostal;
c) frequência respiratória acima de 30 inspirações por minuto;
d) frequência cardíaca acima de 120 batimentos por minuto;
e) dificuldade para falar ou menter-se deitado;
f) cianose.

7.2 Tratamento

7.2.1 Reações Leves :

a) spray (Salbutamol)
b) inalação com 1 gota de berotec + 2 ml de SF.

7.2.2 Reações graves:

a) inalação com 1 gota de berotec + 2 ml de SF;


b) aminofilina diluída em 20 ml de SG 5%;
c) oxigenoterapia;
d) hospitalização.

7.3 Prevenção:

a) anamnese;
b) usar anestésico com vaso constritor adrenérgico;
c) minimizar o stress;
d) atendimento curto.

8 CHOQUE

Má perfusão tecidual acarretando manifestações sistêmicas importantes, circulatórias e


respiratórias.
O que caracteriza o choque é o quadro de hipotensão. Deve-se diferenciar choque anafilático de
reação anafilactóide.
Anafilaxia: reação de hipersensibilidade com produção de imunoglobulina específica.
Reação anafilactóide: sinais de anafilaxia sem produção de IgE. Refere-se a sinais e sintomas
relacionados com a liberação de histamina.
Choque anafilático é uma anafilaxia com hipotensão.

8.1 Tipos

O que difere uma modalidade de choque de outra é a velocidade em que os sintomas se


desenvolvem e a causa básica da ocorrência:

a) hipovolêmico (perda de plasma ou sangue);


b) neurogênico (anestésicos e depressores do SNC);
c) endotóxico (infecção bacteriana);
d) cardiogênico ( infarto do miocárdio e trauma torácico);
e) anafilático (alérgico).

8.2 Choque Anafilático

Insuficiência circulatória que ocorre em 1 min a 1 hora após a exposição do antígeno.

8.2.1 Sintomas

Na anafilaxia, o paciente pode passar rapidamente de uma sensação de calor para um quadro de
insuficiência respiratória . Atenção para os seguintes sinais e sintomas:

a) sensação de calor;
b) vasodilatação periférica;
c) agitação;
d) tosse espasmódica (bronco-espasmo);
e) prurido;
f) edema laríngeo (aperto na garganta);
g) sudorese e palidez;
h) perda dos sentidos;
i) convulsões;
j) relaxamento dos esfíncteres;
l) náusea e vômitos;
m) dor pré-cordial;
n) hipotensão.

8.2.3 Prevenção

Anamnese bem dirigida e não administrar drogas que o paciente relate alergia.

8.2.4 Tratamento Imediato

Suspensão do agente causal e medidas de combate aos sintomas, com reposição da volemia. O
profissional deve ficar atento para o desenvolvimento das fases descritas abaixo, sabendo que as fases
podem não seguir necessariamente a mesma ordem descrita:

a) 1°. fase - prurido e erupções (máculas):


- antihistamínicos (fenergan, prometazina).

b) 2° fase - bronco-espasmo e laringo-espasmo (possibilidade de morte por asfixia):


- adrenalina 1:1000 0,3 a 0,5 ml SC lentamente, repetir de l5 em l5 min se necessário;
- oxigênio 5 litros/ min
- anti-histamínico (fenergan, prometazina)_
- hospitalização.
c) 3°. Fase - insuficiência respiratória grave:
- intubação
- SF 0,9% (expansão volumétrica);
- adrenalina 1:1000 0,3 a 0,5 ml SC lentamente, repetir de 15 em 15 min se necessário;
- reanimação cardio-pulmonar;
- anti-histamínico (fenergan, prometazina)
- hospitalização.

9 SÍNCOPE VASO-VAGAl

É uma má perfusão cerebral ocasionando perda de consciência, hipotensão e bradicardia, com


sudorese, palidez cutânea. Normalmente ocasionada por medo e ansiedade.

Conduta a ser seguida em casos de hipotensão grave:

a) colocar o paciente confortavelmente na horizontal;


b) verificar a inconsciência e chamar o resgate;
c) abrir via aérea, fazendo extensão do pescoço
e verificar a respiração (10 seg.) ;
c) colocar na posição de recuperação se respirando;
d) fazer duas insuflações se não estiver respirando e palpar o pulso (10 seg.).

A hipotensão e bradicardia caracterizam a síncope vaso-vagal.

Mesmo tendo o paciente se recuperado da situação, convém encaminhá-lo para consulta em centro
especializado.

10 CRISE HIPERTENSIVA

A pressão arterial de um adulto acima de 18 anos deve variar até 135 x 85 mmHg. Acima de 140 x
90 é considerada hipertensão. Sendo considerada crise hipertensiva pressões acima de 210. Esta situação
exige tratamento imediato com a seguinte conduta:

a) medir pressão arterial para confirmar o diagnóstico e realizar um vaso-dilatador


coronariano e anti-hipertensivo ( captopril - CAPOTEN 25 mg sublingual);
b) repetir após 15 minutos, se necessário;
c) posicionar o paciente confortavelmente;
d) tranqüilizar se for o caso;
e) não encaminhar para casa se ainda hipertenso.

Utilizar o esquema abaixo ao atender o paciente hipertenso:

90 104 130
D____________________________________________________________________________

INTERVIR CAUTELA ENC.MËDICO EMERGÊNCIA


S ___________________________________________________________________________

120 140 160

11 DOR PRÉ-CORDIAL (ANGINA PECTORIS)

Dor no peito com duração de 1 a 3 minutos. Dor acima de 30 minutos indica Infarto Agudo do
Miocárdio (IAM). É uma dor ocasionada por obstrução coronariana ocasionando isquemia temporária do
miocárdio e os seguintes sintomas:
a) dor no peito irradiando para a hemimandibula;
b) formigamento de membros;
c) dor em hemitórax;
d) dor em membro superior esquerdo;
e) dificuldade respiratória.

Conduta a ser adotada:

a) medir a PA;
b) se pressão sistólica acima de 90 mm hg, fazer isordil 5 mg – sublingual;
c) repetir após 15 minutos se necessário;
d) se houver dificuldade respiratória fazer oxigênio 5 litros/min;
e) monitorar a pressão arterial.

Se a situação persistir após 30 minutos, fazer a prevenção do Infarto Agudo do Miocárdio:


Administrar 200 mg de AAS (via oral – mastigados) e encaminhar o paciente em UTI móvel para um
centro especializado.

12 TAQUICARDIA PAROXÍSTICA (Coração de Soldado)

12.1 Sintomas:

a) ansiedade;
b) pulso acima de 200 b.p.m
c) náusea;
d) vômito;
e) inquietação;
f) fraqueza e desmaio.

12.2 Causas

Psicoses, tireotoxicoses, hipoglicemia, febre, exercício físico, cardiopatias, medicamentos.

12.3 Conduta

a) tranqüilizar o paciente;
b) sedação se for o caso;
c) manobras vaso-vagais:
- provocar vômitos;
- provocar tosse;
- engolir gelo picado;
- comprimir as carótidas.
d) encaminhar ao médico caso não melhores.

13 PARADA CARDIO-RESPIRATÓRIA: RCP ( REANIMAÇÃO CARDIO-PULMONAR)

13.1 Definição

Conjunto de manobras que visam reverter o caracterizado por apnéia (ausência de respiração) e
ausência de quadro pulsos.

13.2 Como identificar a parada cardio-respiratória

Na abordagem do paciente deve-se observar os seguintes itens:


a) estado de consciência do paciente ( tocando, provocando estímulos dolorosos);
b) ausência de movimentos respiratórios (ver, ouvir e sentir),
c).ausência de pulsos periféricos ( carotídeo );

13.3 Quando iniciar a RCP

A Reanimação Cardio-pulmonar (RCP) deve ser iniciada por quem diagnostica a parada, não
podendo ser protelada. Deve-se iniciar a reanimação enquanto se aguarda atendimento especializado.
Chamar o resgate e iniciar a desfibrilação é fundamental para salvar a vida do paciente, visto que somente
2% das RCP apresentam sucesso sem desfibrilador.

13.4 Como iniciar a RCP

Procurar manter a vítima em uma superfície firme com a cabeça mais baixa que os pés e, se
possível, solicitar auxílio enquanto inicia a RCP.

13.5 Objetivos a serem cumpridos

A reanimação cardio-pulmonar básica tem o objetivo de impedir a parada cardiorrespiratória e


prolongar o estágio de fibrilação até 8 minutos adotando as seguintes medidas:

a) manter uma via aérea livre para a passagem de ar;


b) manter a circulação do sangue.

13.6 Manobras

Devemos observar quatro aspectos na reanimação cardio- pulmonar: abertura da via aérea,
ventilação artificial e circulação artificial (ABC)

13.6.1 Via Aérea Livre (A)

Manobra destinada a liberar a via aérea, removendo qualquer tipo de objeto que possa ocasionar
uma dificuldade na ventilação:

a) inclinar a cabeça para trás;


b) abrir a boca tracionando o mento;
c) retirar próteses soltas e que estejam atrapalhando os procedimentos;

13.6.2 Ventilação Artificial (B)

Toda reanimação cardio-pulmonar deve ser iniciada por duas insuflações, através de equipamentos
ou boca-boca:

a) Com o que Ventilar:


- boca-boca;
- AMBU;
- cânula traqueal.

b) Como Ventilar:
- iniciar com 2 ventilações de 1 a 1,5 seg cada;
- continuar na relação 1 insuflação para cada 5 seg. se não estiver respirando mas houver
Circulação;
- faça 2 insuflações para cada 15 compressões se não houver circulação.
13.6.3 Circulação Artificial - (Compressão Torácica Externa) (C)

A compressão torácica externa visa manter artificialmente a circulação cerebral e pode ser
realizada por um ou dois reanimadores:

a) onde comprimir: Palma da mão sobre a metade inferior do esterno (linha intermamilar);
b) que tipo de compressão: 100 compressões por minuto;
c) como comprimir ( 3 a 5 cm) :
- 15 compressões para 2 ventilações se estiver sozinho ou acompanhado.

13.6.4 Via Venosa

A via venosa deve ser a mais calibrosa possível, acima do diafragma, de preferência nos braços.

13.7 Medicação

Oxigênio a 100%, Adrenalina, Atropina, Lidocaína ou Amiodarona (anti-arrítmicos)

13.8 Quando parar a RCP

Quando o resgate chegar. A decisão deve ser do médico, quando considerar a vítima irrecuperável.
Se houver sucesso na RCP, transferir o paciente para uma UTI o mais breve possível.

14 MEDICAÇÃO EMERGENCIAL

14.1 LIPOTÍMIA

OXIGÊNIO em máscara: 5 a 6 litros/min com cautela para não deprimir o centro respiratório.

14.2 HIPOGLICEMIA

a) Reações Leves: 15 Gramas de carbohidratos


( 01 copo de leite integral, ½ garrafa de refrigerante)
b) Reações Moderadas: 15 g de carbohidrato e Glicose hipertonica: 1 amp. EV ou tomado
c) Reações Graves: Glicose Hipertônica 10 ml. EV (25%)

14.3 CRISE CONVULSIVA

Diempax - 10 mg - 1 amp IM se necessário

14.4 CRISE ASMÁTICA

a) Reações Leves: Inalação com uma gota de Berotec + 2 ml de SF;

b) Reações Graves: Inalação com uma gota de Berotec + 2 ml de SF


Aminofilina - 1 amp diluída em 20 ml SG 5% EV
Lentamente
Adrenalina – 1:1000 SC – 0,5 ml
14.5. CHOQUE ANAFILÁTICO

a) adrenalina 1:1000 – 0,5 ml SC (repetir a cada 15 min se necessário)


b) oxigênio sob pressão;
c) hidrocortizona (Diprospan) inj EV 500 mg - não tem ação imediata (ou IM)
d) fenergan - 1 amp. IM

14.6 HIPERTENSÃO ARTERIAL

a) captopril (Capoten) 25 mg sublingual.

15 MATERIAL NECESSÁRIO

Ambu - Cânula de Guedel - Oxigênio - Agulhas calibrosas - Equipo para soro -


Nebulizador - Estetoscópio - Esfigmomanômetro - Seringas Luer - Seringa de insulina
Glicosímetro – Oxímetro - Garrote

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