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ZOO V – UNIDADE III

Possíveis Questões de Prova

1. Na origem dos Amniota duas grandes linhagens divergiram em sua morfologia: Sauropsida e
Theropsida. Essa divergência é observada em algumas características associadas ao?
Ao crânio, onde há a perda do chanfro óptico, uma invaginação, atrás da órbita na margem posterior
da região dorsal do crânio; e aos arcos aórticos que, em Sauropsida mantém-se o 4º arco aórtico direito e, em
Theropsida mantém-se o 4º arco aórtico esquerdo.

2. Qual a principal autapomorfia de Synapsida?


Presença de uma fenestra temporal inferior delimitada pelos ossos jugal, esquamosal e pós-orbital.

3. Fale sobra a organização evolutiva de Synapsida, abordando as diferentes maneiras de entendê-la.


Synapsida é dividido em 3 grupos: Pelycosauria, Therapsida e Cynodontia. Destes três grupos apenas
Pelycosauria não forma um grupo monofilético. Therapsida e Cynodontia são grupos monofiléticos sendo o
último incluso dentro de Therapsida.
É possível, porém, abordar Therapsida e Cynodontia como grados evolutivos (grupos parafiléticos).
Este artifício é utilizado de modo a se entender as transformações ocorridas no grado e a transformação que
se deu que gerou um clado de interesse particular a uma determinada abordagem. Como exemplo, podemos
considerar Therapsida um grado excluindo Cynodontia. Assim podemos analisar as transformações no grado
(parafilético) Therapsida e comparar com o clado (monofilético) Cynodontia. Do mesmo modo podemos
considerar Cynodontia como um grado excluindo-se Mammalia.
4. Cite as autapomorfias de Synapsida.
1. Maxilar contatando o quadradojugal;
2. Dentes caniniformes maxilares presentes;
3. Apenas uma fenestra temporal inferior delimitada pelo jugal, esquamosal e pós-orbital;
4. Processo paraoccipital contatando o tabular e o esquamosal distalmente;
5. Arcos neurais do tronco estreitos.

5. Defina Pelycosauria e comente sobre seus registros fósseis.


Pelycosauria foi o táxon nominal dado às linhagens basais de Synapsida. Eles abrangem todas as
linhagens de Synapsida exceto o clado Therapsida.
As linhagens inclusas em Pelycosauria são: Caseidae, Eothyrididae, Ophiacodontidae, Varanopidae,
Edaphosauridae e Sphenacodontidae.

6. Explique a tendência à alteração do esqueleto axial em Pelycosauria.


Uma característica do grado Pelycosauria é uma tendência à alteração no esqueleto axial que diminui
a capacidade de mobilidade lateral e reforça os movimentos dorso-ventrais da coluna vertebral. Este é o início
de uma alteração locomotora, o movimento dorso-ventral da coluna vertebral e a movimentação dos membros
em movimento parassagital, que está presente nos mamíferos. Essa mudança se deve pela alteração do ângulo
da zigapófise, e aumento do processo neural (ou processo espinhoso) e expansão dos processos transversos,
em particular das vértebras lombares.

Azul: diartrum; Vermelho: parartrum.

Comparando as facetas articulares de Diapsida e Synapsida (Mammalia) é possível perceber que, em


Diapsida, a distância curta entre essas facetas limita o movimento dorso-ventral e favorece o movimento
lateralizado. O inverso ocorre com a disposição do diartrum e parartrum nas extremidades dorsal e ventral do
corpo da vértebra, o que favorece o movimento dorso-ventral.

7. Liste os caracteres que se desenvolveram ao longo dos primeiros grupos de Synapsida (Pelycosauria).
1. Membros alongados;
2. Aumento do tamanho corporal;
3. Diferenciação dos caniniformes, tornando-se maiores que os demais dentes;
4. Área de musculatura adutora menor em relação a outros amniotas;
5. Fibras musculares mais longas;
6. Ossos dos membros mais maciços;
7. Falanges mais curtas;
8. Redução da ondulação corporal em função das alterações do esqueleto axial;
9. Fixação do esqueleto axial para diminuir o movimento ondulatório;
10. Aumento do processo neural das vértebras;
11. Aumento e expansão do processo transverso;
12. Aumento da capacidade de mordedura;
13. Aumento da musculatura associada à mordedura;
14. O estribo se contata com o quadrado, mas com função de suporte da caixa craniana.

8. Cite duas características plesiomórficas que os Synapsidas basais retêm do estoque Amniota
ancestral e duas características apomórficas que apresentam em relação aos demais Amniota.
− Características plesiomórficas do estoque Amniota ancestral:
1. Dois ossos coronóides na mandíbula;
2. Presença do medial e central no tarso.
− Características apomórficas em relação aos demais Amniota:
1. Fenestra latero-temporal delimitada pelo jugal, esquamosal e pós-orbital;
2. Processo pós-orbital contatando o tabular e esquamosal.

9. De certa forma, o notável sucesso alcançado pelos Pelycosauria durante o Permiano Inferior continua
até hoje. Por que?
Continua até hoje como um grupo, os Sphenacodontia que incluem todos os Therapsida, e, portanto,
os Cynodontia e Mammalia.

10. Qual a características mais marcante de Therapsida?


Grande expansão da fenestra temporal sinápsida.

11. Fale sobre a importância do Tetraceratops insignis para a hipótese de surgimento de Therapsida.
No que diz respeito a origem de Therapsida, a principal hipótese é de que o grupo surgiu no início do
Permiano inferior, de onde provém o fóssil mais plesiomórfico e também o mais antigo conhecido deste clado:
Tetraceratops insignis.

12. Comente aspectos importantes ao considerar Therapsida como um grado.


Quando considerado apenas como um grado (excluindo Cynodontia e, consequentemente, Mammalia)
as características observadas nos Therapsida marcam um momento de completa remodelagem do padrão
morfológico da osteologia amniótica. Os membros são mais longos e menos massivos, assim como as cinturas
(pélvica e escapular), as costelas lombares são grandemente reduzidas e há uma incipiente delimitação da
caixa torácica. Tais alterações contribuíram para um padrão de movimento dos membros mais elaborado.
No crânio aparecem novas características tais como:
1. Alteração do angular formando uma dobra onde sugere-se que ficaria preso o tímpano;
2. Redução do número de dentes pós-caniniformes;
3. Osso dentário se torna mais maciço e expandido e compõe a maior parte da mandíbula.

13. Cite as autapomorfias de Therapsida que os diferencia dos Synapsida basais (Pelycosauria).
1. Fenestra temporal alargada;
2. Lâmina refletida profundamente chanfrada no osso angular;
3. Cleido e clavícula separados;
4. Esterno ossificado;
5. Acetábulo profundo;
6. Ectopterigóde sem dentes;
7. Redução do número de dentes pós-caninos (<12);
8. Redução do número de costelas, em particular das costelas lombares;
9. Formação da caixa torácica;
10. Em Therocephalia ocorre a redução do número falangeal para 2, 3, 3, 3, 3. Esse é considerado o
padrão mamaliforme de falanges;
11. Assim como nos Pelycosauria mais modificados, há uma tendência do aumento do dentário na
mandíbula em detrimento dos demais ossos. Ocorre uma redução de tamanho notável dos ossos
pós-dentários, que também estão posicionados mais posteriormente.

14. Cite algumas características de Cynodontia.


1. Palato secundário completo;
2. Sugerido o aparecimento dos turbinais (apenas por cicatrizes na face interna dos maxilares);
3. Alteração dos padrões de movimento por modificações nas cinturas;
4. Expansão do epipterigóide anteroposteriormente;
5. Surgimento da musculatura mastigadora: temporal, massetérica e pterigóide;
6. Crista sagital estendendo-se para frente para incorporar o forâmen parietal;
7. Dentes pterigóides perdidos;
8. Redução drástica dos ossos pós-dentários da mandíbula;
9. Côndilos occipitais duplos;
10. Pós-frontal perdido.

15. No Mesozóico, após a grande extinção em massa Permiano-Triássico, poucas linhagens de


Synapsida sobreviveram e, dentre elas, os Cynodontia. Comente sobre as adaptações que permitiram a
irradiação deste grupo.
Os Cynodontia sofreram uma grande irradiação adaptativa ao longo do Triássico. Dentre as diversas
adaptações ocorridas, algumas linhagens passaram a possuir duas áreas articulares crânio/mandibulares:
articular/quadrado e dentário/esquamosal.
16. Fale sobre a origem dos Mamíferos.
Os mamíferos surgiram a partir de uma linhagem triássica de Cynodontia. O fóssil mais antigo
associado a Mammalia, o Adelobasileus cromptoni, possui características transicionais entre os mamíferos e
os cinodontes não-mamaliformes.
As linhagens dos primeiros mamíferos do Mesozóico apresentam diversas características
mamaliformes, como:
1. Alteração dos ossos mandibulares: surgimento da audição mamaliforme em função dos
ossículos do ouvido médio (martelo e bigorna);
2. Surgimento do petroso;
3. Surgimento dos turbinais;
4. Alteração do padrão de dentição pós-canina: especialização da dentição molariforme.

Além disso, ocorre no Jurássico uma diversificação dos padrões morfológicos: especializações para
hábitats planador, fossorial, terrestre, escansorial e semi-aquático.

17. Discorra sobre a problemática que envolve a origem dos mamíferos e a qual Cynodontia não
mamaliforme eles teriam se originado.
As hipóteses polarizaram em duas linhagens do Triássico Inferior: (1) Tritylodontidae e (2)
Trithelodontidae. Ambos grupos, junto com Mammalia, são inclusos em uma linhagem monofilética de
Cynodontia, os Probaignathia. A relação entre Tritheledontidae, e Mammaliaformes é sustentada com base
em cinco caracteres (autapomorfias) inequívocos e uma equívoca:
1. Oclusão unilateral;
2. Movimento mandibular dorso-mediano durante a oclusão;
3. Presença de raiz constrita nos pós-caninos;
4. Presença de facetas de desgaste nos pós-caninos;
5. Presença de sínfises não-fusionadas.

No entanto, as inferências filogenéticas com base no método cladístico mais recentes indicaram que
os Tritylodontidae seria a linhagem mais próxima a Mammalia. Recentemente, sugeriu-se que um grupo de
cinodontes carnívoros, os Brasilodontidae, seriam o grupo irmão dos mamíferos. As filogenias estão
conflitantes com relação a qual desses dois grupos seria o mais relacionado filogeneticamente a Mammalia: a
análise de Ruta et al. (2013) sugere que sejam os Tritylodontidae, enquanto as análises de Abdala et al. (2007),
Liu & Olsen (2010), Soares et al. (2014) e Martinelli et al. (2016) sugerem os Brasilodontidae. Porém, em
todos os estudos forma-se um clado dentro de Probaignathia que inclui Mammalia + Brasilodontidae +
Trithelodontidae.
Dessa forma, Mammalia tem como grupo irmão os Brasilodontidae, e os Tritylodontidae saem mais
relacionados a Mammalia que Trithelodontidae.
18. Quais são as características de Cynodontia que apontam o desenvolvimento dos caracteres
mamaliformes?
1. Aquisição da postura parassagital;
2. Ouvido médio mamaliforme;
3. Dentição diferenciada;
4. Cintura pélvica e escapular modificada;
5. Surgimento do osso alisfenóide
6. Mandíbula formada pelo dentário;
7. Articulação esquamosal (fossa glenóide) / dentário (processo articular).

19. Em que grupo surgiu a típica musculatura mastigadora (digástrico, temporal, massetérica e
pterigóide) mamaliforme?
Esse tipo de musculatura surgiu em Cynodontia.
O músculo digástrico é responsável pela elevação do osso hioide e abaixamento da mandíbula (abertura
da boca); o masseter eleva a mandíbula causando um poderoso fechamento da boca; o osso temporal é
responsável pela ação de elevar e retrair a mandíbula; e os músculos pterigoideos atuam na mastigação e
auxiliam na movimentação da articulação temporomandibular. A contração do pterigoide medial eleva a
mandíbula (fechamento da boca) e a move para frente (protrusão).

20. Qual ganho evolutivo possibilitou a manutenção da temperatura corporal nos mamíferos?
O surgimento dos ossos turbinais, que se localizam no interior das fossas nasais, as quais são um
complexo estrutural formado pelos ossos:
1. Maxilar: Maxiloturbinais;
2. Etmóide: Etmoturbinais;
3. Nasais: Nasoturbinais;
4. Vômer: Eixo e vômeroturbinais.

21. Explique o papel dos turbinais.


A presença de turbinais infere a endotermia. Em animais vivos, as cristas estão cobertas de tecido
destinado a regular as trocas de calor e umidade entre o ar e o organismo. O ar inalado é aquecido e umedecido
ali antes de ser direcionado aos pulmões, enquanto o ar que sai perde calor e água nos turbinais. Além disso,
a razão entre a ponta do focinho e o resto do osso nasal é um indicativo importante da endotermia, visto que
um bom espaço na cavidade nasal possibilita o bom funcionamento dos turbinais.

22. Fale sobre as aquisições de Mammalia.


1. Modificações da caixa craniana nas regiões frontais e parietais relacionadas ao aumento do
volume/tamanho do cérebro;
2. Articulação esquamosal (fossa glenóide) / dentário (processo condilóide);
3. Formação de um envoltório para o ouvido interno, composto pelo osso petroso e a presença de um
promontório (elevação) no petroso que abriga o canal coclear alongado associado ao aumento da
capacidade auditiva de sons de alta frequência;
4. Separação do angular (ectotimpânico) e articular (martelo) da mandíbula e incorporação do ouvido
médio para dentro do basicrânio, aumento da capacitade auditiva;
5. Difiodontia: substituição dentária, relacionada ao crescimento determinado do crânio e manutenção
da continuidade nas funções dos molares;
6. Desenvolvimento da uma oclusão molar precisa, a qual está correlacionada com o avanço da
alteração para articulação temporomandibular (esquamosal/dentário);
7. Surgimento de um neomorfo: um novo osso, o Alisfenóide, formado a partir do Epipterigóide.
Posteriormente, ao longo de sua história evolutiva, os mamíferos apresentaram uma região
esfenoidal formada por quatro ossos: alisfenóide, pré-esfenóide, orbitosfenóide e basisfenóide.

23. Cite as apomorfias crânio-mandibulares de Mammalia.


1. Caixa craniana completamente fechada, com os ossos curvados até o arco zigomático;
2. Mandíbula é formada por um único osso, o dentário;
3. Padrão único de musculatura craniana e mandibular;
4. Dentição heterodonte e difiodonte;
5. Dentes com mais de uma raiz;
6. Formação do ectotimpânico a partir do angular;
7. Ouvido médio formado por estribo martelo e bigorna;
8. Formação do Petroso;
9. Surgimento da cóclea com canal coclear com órgão de Corti;
10. Surgimento do promontório;
11. Placa crivada ou cribriforme;
12. Região esfenoidal formado pelos ossos alisfenóide, basisfenóide, pré-esfenóide e orbitosfenóide.

24. Que osso deu origem ao ectotimpânico, estribo, martelo e bigorna? A qual parte do crânio eles
pertencem? Qual desses ossos estão envolvidos na evolução de Mammalia?
O osso angular deu origem ao ectotimpânico; a columela, derivada do arco hiomandibular, formou o
estribo; o articular deu origem ao martelo; e o quadrado a bigorna.

25. Comente sobre as hipóteses acerca da diversificação da linhagem Australosphenida.


A linhagem Australosphenida está restrita geograficamente ao hemisfério sul. Duas hipóteses
divergem quando à sua diversificação. Luo e colaboradores sugerem que os Prototheria seriam inclusos em
Australosphenida e, portanto, a linhagem persistiria após o K-T no Cenozóico em baixa diversidade. Pascual
e colaboradores discordam da interpretação das cúspides encontradas em Prototheria e, portanto, da inclusão
destes em Australosphenida. Segundo Pascual, Australosphenida é uma linhagem restrita ao Mesozóico.

26. Discorra sobre a hipótese para a evolução do dente tribosfênico.


Segundo Crompton (1971), o aumento do componente transverso na mordedura, é associado a um
aumento na largura do molar, com novas cúspides aparecendo na região lingual do molar superior. Com o
alargamento do talonídeo a partir de uma cúspide cingular. Com o aumento do molar novas áreas oclusivas
surgem e, consequentemente, cúspides associadas a estas. Uma cúspide lingual não é desenvolvida no cíngulo
do molar superior de Peramus, apenas o cíngulo está presente. Quando o talonídeo se alarga, Crompton
sugeriu que seria o indicativo do aparecimento do Protocone. Do mesmo modo quando o tálon se alarga o
protoconídeo deve estar presente

27. Comente sobre o dente tribosfênico.


O dente tribosfênico é um dente molar modificado para dupla função: macerar e cortar. A estrutura
básica deste tipo de molar é a seguinte:
1. A coroa do dente molar superior é formada por três cúspides (projeções cônicas da coroa)
denominadas Protocone (lingual), Paracone e Metacone (labial). Estas três delimitam o Trigon;
2. A coroa do dente molar inferior é formada por quatro cúspides: três correspondentes às do molar
superior e que delimitam um trigonídeo; são denominadas protoconídeo (labial), paraconídeo e
metaconídeo (lingual); uma quarta cúspide, o Hipoconídeo (labial), surge posteriormente e uma
projeção em forma de bacia que se denomina Talonídeo.

28. Fale sobre as hipóteses para a sucessão e diversificação dos mamíferos mesozoicos.
Luo et al. (2002) reconheceram cinco pulsos de diversificação:
1. Triássico Superior-Jurássico Inferior: Explosão de formas com dentição multicuspidadas do tipo
“multituberculados” (Haramyida), formas tricuspidas alinhadas do tipo “triconodonte”
(Sinoconodon e Morganucodontidae), e formas com cúspides arranjadas em triângulo do tipo
“symmetrodonte” (Kuehnotheridae). Possuem articulação esquamosal-dentário, porém a
articulação articular-quadrado e os ossos pós-dentários ainda estão conectados à mandíbula;
2. Jurássico Médio: 6 ordens evoluem no próximo episódio. Do tipo triconodonte temos os
Amphilestidae; com molares “multituberculado” surgem os Eleutherodonte; e os Peramuridae
com dentição tipo “symmetrodonta”. Em diversos grupos surge nessa fase uma oclusão que
permite ao molar a maceração, pela presença de um pseudo-talonídeo (Shuotheridae), com
oclusões de maceração complexa (Docodonta) e com talonídeo verdadeiro (Australosphenida e
Tribosphenida). Os Australosphenidae retém o sulco de contenção dos pós-dentários.
3. Jurássico Superior: Surgem os Multituberculata, Triconodontidae, Spalacotheridae,
Dryolestidae e Tinodontidae. Nesta fase o sulco pós-dentário desaparece em todas as linhagens;
crista pterigóide mediana proeminente e um processo angular “arredondado” direcionando para
o processo articular.
4. Cretáceo Inferior: Surgimento dos Tribosphenida (grupo com dente tribosfênico restrito ao
hemisfério Norte); surgimento dos grupos basais de Metatheria e Eutheria.
5. Cretáceo Superior: Surgimento dos Gondwanatheria; diversificação de Metatheria e Eutheria.

29. Discorra sobre a importância do fóssil Juramaia sinensis.


A descoberta de Juramaia sinensis, um Eutheria do Jurássico, sugere que a cronologia dos pulsos de
diversificação propostos por Luo e colaboradores deve ser reavaliada. Nota-se que no caso do quarto pulso a
datação o incluiria no segundo pulso. É notável também que o aparecimento de diversos padrões oclusivos no
Jurássico já incluía os dentes tribosfênicos.
30. Discorra sobre os modelos de diversificação de Mammalia e comente qual o mais aceito atualmente.
1. Modelo Explosivo:
Este modelo sugere que a maioria, se não todas as ordens e categorias acima de ordens de
mamíferos placentários se originaram e diversificaram num intervalo muito curto, de aproximadamente 10
M.A., essencialmente após a fronteira Mesozóico/Cenozóico delimitada pelo evento K/T. Visto que esses 10
M. A. de origem e diversificação de Placentalia se contrapõe à existência dos Eutheria há pelo menos 100
M.A., esse modelo é chamado de explosivo. Neste modelo a maioria das espécies mesozóicas de Eutheria tem
pouca relação com o aparecimento e irradiação das ordens modernas dos mamíferos placentários.
Recentemente, O’Leary et al. (2013) publicaram uma análise filogenética utilizando dados moleculares e
morfológicos que incluíram tanto táxons fósseis quanto recentes. Os resultados obtidos favoreceram o modelo
explosivo, com um suporte de dados considerável. Entretanto, este estudo excluiu de sua análise o Juramaia
sinensis, considerado o registro fóssil mais antigo para um Eutheria. Tal exclusão altera a calibragem do
relógio molecular em relação à origem de Eutheria, e mais crítico, sugere que a possibilidade de o registro
fóssil estar mascarando uma diversificação de Placentalia mais antiga do que observado a partir dos fósseis
conhecidos deve ser considerada.
2. Modelo de Fuso Longo:
O modelo de fuso longo, basicamente concorda com o modelo explosivo em considerar que a
diversificação das superordens e ordens ocorreu em sua maioria após a fronteira K/T. Diferentemente do
modelo explosivo, este segundo modelo argumenta que as superordens e ordens teriam se originado no
Cretáceo Superior. Em referência a esse amplo intervalo de evolução para o ancestral dessas ordens e
superordens, o modelo é chamado de fuso longo. Assim, as ordens e superordens modernas poderiam ter se
originado no Cretáceo Tardio, porém com baixa diversificação, e a diversificação que resultou na irradiação
adaptativa teria se dado após o K/T.
3. Modelo de Fuso Curto:
O modelo de fuso curto é assim denominado por sugerir que a maioria das ordens de
placentários modernos teriam se originado e diversificado no início de Cretáceo, com pouco tempo tendo
decorrido desde o surgimento dos Eutheria no registro fóssil. Um considerável número de estudos moleculares
tem sugerido que as ordens e superordens de placentários modernos ocorreriam no Cretáceo Superior. Alguns
destes estudos tem explicitamente argumentado que os grupos-coroa ordinais teriam se originado bem no
início do Cretáceo Superior. Estes resultados são baseados em comparações entre as ordens. Trabalhos amplos
com quase a totalidade dos mamíferos modernos e usando vários genes (e.g. Bininda-Emonds, 2007) tem dado
suporte à proposta do modelo de fuso curto.
31. Caracterize Metatheria e Eutheria e os grupos inclusos nestes.
Mammalia atualmente é composto por duas subclasses: Prototheria e Theria, sendo que Theria é
dividida em Metatheria, que inclui os Marsupialia; e Eutheria, que inclui os Placentalia.

Os Metatheria são mamíferos vivíparos que possuem bolsa ou marsúpio, na qual o filhote termina seu
desenvolvimento. Neste caso, os filhotes se desenvolvem no útero durante um curto período, através de uma
placenta coriovitelina. Estão inclusos nesse grupo os Deltatheria e os Marsupialia.
Por sua vez, os Eutheria são mamíferos placentários vivíparos, na qual está incluso o grupo Placentalia,
que é composto por várias ordens.

32. O padrão da distribuição de Metatheria alterou significativamente do Mesozóico para aquele


encontrado atualmente. Abaixo seguem mapas apontando 3 momentos da distribuição deste grupo no
globo terrestre. Explique essa distribuição baseada na história evolutiva de Metatheria.

Os Metatheria (Marsupialia + Deltatheridea) surgem no Hemisfério Norte. Marsupialia tem suas


origens aparentemente na América do Norte, onde ocorreu sua maior diversificação durante o Mesozóico.
Após o K-T, os marsupiais aparecem na América do Sul e iniciam uma notável diversificação. Dos padrões
corporais mais variados, após o Pleistoceno, sobrevivem apenas as linhagens de pequeno porte. No Eoceno os
Marsupiais aparecem na Antártida e Austrália. As análises filogenéticas sugerem que um clado
Australidelphia é monofilético quando ele inclui a Ordem Microbiotheria, de marsupiais sul-americanos.
Assim, os dados sugerem que os marsupiais australianos surgiram de um estoque sul-americano. Ao longo do
Cenozóico a biogeografia dos marsupiais se altera notavelmente. Atualmente, são encontrados apenas na
América do Sul e Austrália.

33. No Plioceno-Pleistoceno (Cenozóico: Terciário-Quaternário) ocorreu um notável episódio


denominado Grande Intercâmbio Biótico Americano (do inglês, GABI), que se refere às trocas
faunísticas resultantes da conexão da América do Sul com a América do Norte por meio do
soerguimento do Istmo do Panamá. Nesse contexto, comente sobre a formação da mastofauna Sul
Americana.
Os mamíferos sul-americanos são compostos por linhagens cuja história de seu aparecimento no
continente é diferenciada. É possível reconhecer quatro principais grupamentos:
1. Linhagens autóctones:
Os marsupiais sul-americanos (Didelphimorphia, Microbiotheria e Paucituberculata e
linhagens extintas), preguiças tatus e tamanduás (Xenarthra) e diversos grupos herbívoros extintos, são
considerados comporem a fauna Cenozóica original da América do Sul. Os dados sugerem que estas linhagens
se originaram no continente sul-americano.
2. Primeiros migrantes:
No Eoceno, aparece a primeira leva de migrantes, os roedores histricognatos (cutias, ratos do
espinho, pacas, ouriços, capivaras, etc.) e os primatas (Parvordem, Platyrrhini). As interpretações mais
recentes sugerem que estes migrantes vieram da África.
3. Segundos migrantes:
Os migrantes miocênicos são representados por grupos pouco diversos (Tayassuidae) ou
gêneros isolados (e.g. Cyonasua). Nesse período ocorreu uma migração de grupos sul-americanos para as ilhas
do mar do Caribe (Megalonichidae e Heptaxodontidae).
4. Pio-Pleistoceno:
O soerguimento do Istmo do Panamá marca um evento de intensa troca biótica (GABI) entre
os dois grandes blocos continentais, a América do Norte e a América do Sul. O grande intercambio biótico
americano alterou de modo drástico as mastofaunas de ambos os blocos. A chegada de diversos grupos
Placentários na América do Sul é interpretada por alguns autores como um dos fatores causais da extinção de
diversas linhagens tais como os marsupiais de médio porte e os herbívoros arcaicos.
34. Faça um quadro comparativo diferenciando as especializações reprodutivas dos mamíferos.

Monotremata Marsupialia Placentalia

Ovíparos Vivíparos Vivíparos

Ovo com grandes quantidades de vitelo Ovos com vitelo em quantidade Ovos com pouco vitelo

Sem placenta Placenta coriovitelínica Placenta alantocórica

Ovidutos separados, podendo existir também uma


Ovidut esquerdo funcional Ovidutos pares fundidos em vagina comum
vagina central
Cloaca dividida em proctodeum, coprodeum e
Ânus, pênis e vagina diferenciados Ânus, pênis e vagina diferenciados
urodeum
Pênis bífido em diversas espécies, com canal para Pênis simples, com canal para passagem dos
Pênis bífido, utilizado unicamente na reprodução passagem dos gametas e outro para passagem da gametas e outro para passagem da excreção
excreção (urina) (urina)
Filhotes eclodem dos ovos e passam a ser Filhote precoce, migra para as mamas onde termina o Filhote nasce com o desenvolvimento completo
amamentados desenvolvimento embora ainda dependentes dos pais
Ovos mantidos em uma bolsa similar a um marsupio
Presença de marsúpio em muitas espécies, ou de uma
(Tachiglossus) ou ninho com ovos -
dobra de pele
(Ornithorhynchus)
Desenvolvimento não para em condições
- Aborto em condições adversas
adversas

Dentição restrita a fase jovem de Ornithorhynchus 3 pré-molares e 4 molares 4 pré-molares e 3 molares

Cintura escapular inclui procoracóide, coracóide e


Presentes apenas clavícula e omoplata Presentes apenas clavícula e omoplata
interclavícula

Crânio sem jugal e lacrimal Lacrimal e jugal presentes Lacrimal e jugal presentes
35. Diferencie os tipos de pêlos dos mamíferos (morfologia, tipos, padrões de coloração e pigmentos).
1. Morfologia:
a. Pupila dérmica;
b. Arrector pilii (levator pilii);
c. Matriz.
2. Tipos:
a. Aristiformes;
b. Setiformes;
c. Viliformes;
d. Vibrissiformes.
3. Padrões de coloração:
a. Monocromático;
b. Heterocromático.
4. Pigmentos:
a. Feomelanina;
b. Eumelanina.

36. Cite os tipos de glândulas mamárias.


1. Padrão plesiomórfico;
2. Mama;
3. Teta.

37. Diferencie galhada, chifre e pronghorn.


1. Galhada:
É formada por osso, derme, epiderme, pêlos e uma zona de abscisão. Esse tipo de anexo
presente na região frontal da cabeça é encontrado apenas em cervídeos, como alces, renas e veados.
2. Chifre:
É formado por osso, derme, epiderme e corno, sendo que a parte mais externa é formada pelo
corno e a interna pela projeção do osso frontal. Esse tipo de anexo é encontrado em bovídeos, como bois,
vacas e outros.
3. Pronghorn:
Esse tipo de anexo é formado por osso, derme, epiderme e um corno pronghorn. Esse tipo de
anexo é encontrado apenas no antilocapra (Antilocapra americana).

38. Comente sobre os tipos de dentes, pêlos e glândulas em mamíferos.


1. Tipos de dentes:
a. Incisivos (rasgar e cortar);
b. Caninos (segurar);
c. Pré-molares e molares (macerar).
2. Pêlos:
a. Aristiformes (associados a adaptações -ex.: espinhos-);
b. Setiformes (forma do corpo);
c. Viliformes (endotermia);
d. Vibrissiformes (sensorial).
3. Glândulas:
a. Sudoríparas (controle térmico, controle de salinidade);
b. Sebáceas (facilita os movimentos, evita desgastes);
c. Odoríferas (marcação de território, reprodução);
d. Mamárias (alimentação).

39. Descreva os tipos de dentes, relacionando com o habito alimentar.


Carnívoros Omnívoros Insetívoros
Dentição completa com: incisivos
cortantes, caninos fortes e molares
Dentição completa com: incisivos
Dentição completa com: incisivos largos e arredondados. Todos os
pequenos, caninos fortes e
cortantes, caninos fortes e molares dentes são mais ou menos
pontiagudos e molares com
largos e arredondados. pontiagudos, o que lhes permite
saliências aguçadas e cortantes.
furar o revestimento quitinoso dos
insetos.

40. Discuta as alterações crânio-mandibulares ocorridas na linhagem Synapsida, apontando a


morfologia nos grados Pelycosauria, Therapsida e Cynodontia e no clado Mamalia, e suas respectivas
mudanças morfofuncionais relacionadas à mecânica crânio-mandibular e a sensorial.
1. Grado Pelycosauria:
Diferenciação dos caniniformes, tornando-se maiores que os demais dentes; área de
musculatura adutora (associada à mandíbula e região temporal) menor em relação a outros amniota; fibras
musculares mais longas (maior e mais rápida abertura da boca); aumento da capacidade de mordedura;
aumento da musculatura associada à mordedura; o estribo se contata com o quadrado, mas com função de
suporte da caixa craniana.
2. Grado Therapsida:
Aumento da fenestra temporal; ectopterigóide sem dentes; redução no número de dentes pós-
caninos (<12); tendência do aumento do dentário na mandíbula em detrimento dos demais ossos; redução de
tamanho notável dos ossos pós-dentários, que também estão posicionados mais posteriormente.
3. Grado Cynodontia:
Palato secundário completo, sugerido o aparecimento dos turbinais; expansão do epipterigóide
anteroposteriormente; surgimento da musculatura mastigadora: temporal, massetérica e pterigoideo; dentes
pterigóides perdidos; redução drástica dos ossos pós-dentários da mandíbula.
4. Clado Mammalia:
Articulação esquamosal (fossa glenóide) / dentário (processo condilóide); formação de um
envoltório para o ouvido interno, composto pelo osso petroso e a presença de um promontório (elevação) no
petroso que abriga o canal coclear alongado associado ao aumento da capacidade auditiva de sons de alta
frequência; separação do angular (ectotimpânico) e articular (martelo) da mandíbula e incorporação do ouvido
médio para dentro do basicrânio; aumento da capacidade auditiva; difiodontia; substituição dentária;
relacionada ao crescimento determinado do crânio e manutenção da continuidade nas funções dos molares;
surgimento de um neomorfo: um novo osso, o alisfenóide, formado a partir do epipterigóide; ouvido médio
formado pelo estribo, martelo e bigorna.

41. Discuta as aquisições morfológicas ao longo das linhagens Synapsida que podem ser associadas a
evolução da melhoria da capacidade locomotora.
1. Pelycosauria:
Tendência à alteração no esqueleto axial, que diminui a capacidade de mobilidade lateral e
reforça os movimentos dorso-ventrais da coluna vertebral. Este é o início de uma alteração locomotora, o
movimento dorso-ventral da coluna vertebral e a movimentação dos membros em movimento parassagital,
que está presente nos mamíferos. Essa mudança se deve pela alteração do ângulo da zigapófise, e aumento do
processo neural (ou processo espinhoso) e expansão dos processos transversos, em particular das vértebras
lombares; também possuíam membros alongados com ossos mais maciços.
2. Therapsida:
Os membros são mais longos e menos massivos; assim como as cinturas (pélvica e escapular),
as costelas lombares são grandemente reduzidas e há uma incipiente delimitação da caixa torácica. Tais
alterações contribuíram para um padrão de movimento dos membros mais elaborado. Em Therocephalia,
ocorre a redução do número falangeal para 2, 3, 3, 3, 3. Esse é considerado o padrão mamaliforme de falanges.
3. Cynodontia:
Alteração dos padrões de movimento por modificações nas cinturas.
4. Mammalia:
Aquisição da postura parassagital; cintura pélvica e escapular diferenciada.

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