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Synapsida

Origem:

Os sinápsidos (Synapsida, do grego "arco contíguo") são um grupo de animais


que inclui os mamíferos, seus ancestrais e todo animal mais próximo dos
mamíferos do que de outros amniotas (os vertebrados cujo embrião é envolvido
por uma membrana amniótica). Eles evoluíram de amniotas basais, no final do
período Carbonífero, e têm como grupo irmão os saurópsidos (Sauropsida), que
incluem os répteis modernos, dinossauros e aves.

Diversificação:

sinapsídeos formam o grupo de cordados de transição entre os répteis e os


mamíferos (Pivetta, 2002). Tal diferenciação se deu primeiramente pela
modificação das aberturas dos crânios, nestes seres localizados na parte
inferior, pós-orbital. Possuíam cotovelos direcionados para trás e joelho para
frente (Carvalho, 2004).

Os dicinodontes, importantes representantes da subclasse synapsida, possuíam


algumas características ósseas que hoje definem os mamíferos, como quatro
tipos de dentes, ouvido médio com três ossículos condutores de som e crânio
avantajado, não sendo considerados mamíferos ainda, porém, com as
tendências evolutivas estavam orientadas para essa direção (Pivetta, 2002).

Os sinápsidos são facilmente distinguíveis de outros amniotas pela existência


de uma fenestra temporal, abertura na lateral do crânio, logo atrás da cavidade
ocular. Essas aberturas, que dão nome ao grupo, forneceram novos pontos de
fixação para músculos da mandíbula, gerando uma mordida mais poderosa.
Eles desenvolveram também dentes diferenciados de acordo com a função,
os ossos do ouvido médio (região interna do sistema auditivo) típicos dos
mamíferos e um palato secundário, estrutura que separa a boca da cavidade
nasal (o céu da boca).
Sinápsidos primitivos são chamados informalmente de "pelicossauros".
Mesmo não sendo répteis, os pelicossauros eram criaturas bastante semelhantes
a lagartos, com uma postura alastrada, corpo maciço, cérebro pequeno e
escamas. Eles se diversificaram substancialmente, tornando-se os maiores
animais terrestres entre o finalzinho do Carbonífero e o início do Permiano,
com até 6 m de comprimento. Eram, provavelmente, ectotérmicos (ou seja, sua
temperatura corporal dependia da do ambiente), como demonstrado pela
existência de grandes velas em várias espécies (Dimetrodon, Edaphosaurus,
Secodontosaurus, entre outros), que ajudariam a absorver o calor do sol.
Alguns grupos de pelicossauros sobreviveram até o final do Permiano,
espalhando-se pelo mundo, mas, em meados da época Lopingiana deste mesmo
período, todos eles haviam sido extintos ou evoluído para seus sucessores, os
terápsidos.

Ordem Therapsida (Permiano inferior – Cretáceo inferior ou Paleoceno


superior)

Descendentes dos pelicossauros, assumindo o posto de vertebrados terrestres


dominantes durante o período Permiano Médio.

Ancestrais dos mamíferos, os terapsídeos, foram adquirindo características


cinodontes e mamíferas ao longo de sua história evolutiva, como por exemplo,
o palato secundário ósseo que possibilitou com que pudessem respirar e
mastigar os alimentos simultaneamente.

O grupo basal de terapsídeos conhecido como Biarmosuchia apresentava um


número reduzido de dentes, porém os caninos estavam presentes tanto na
mandíbula superior quanto na inferior, e o desenvolvimento de maior
quantidade de músculos na região da mandíbula que permitia uma mastigação
mais eficiente.
Os terapsídeos carnívoros do final do Permiano já apresentavam membros com
uma postura ereta. Alguns tinham membros traseiros semi-eretos.

Terápsidos (ordem Therapsida), um grupo mais avançado de sinápsidos,


apareceram em meados do Permiano e logo tomaram o posto de maiores
animais terrestres pelo restante do período. Incluíam animais herbívoros e
carnívoros, desde criaturas do tamanho de ratos até grandes herbívoros com
mais de uma tonelada. Eles tinham um andar mais ereto, semelhante ao dos
mamíferos, fenestras temporais maiores, mandíbula mais forte e,
possivelmente, pelos e vibrissas (bigodes como os do gato). A maioria - se não
todos - botava ovos, e provavelmente já tinham "sangue quente". Seus dentes
começavam a se diferenciar em incisivos, para morder; caninos, para perfurar e
rasgar; e molares, para cortar a comida.
Depois de prosperarem por milhões de anos, esses animais bem-sucedidos
foram dramaticamente afetados pela extinção Permo-Triássica, cerca de 252
milhões de anos atrás. O clima mais quente e seco adiante
no Triássico favoreceu o desenvolvimento dos répteis arcossauros, que
acabariam por dar origem aos dinossauros.

Subordem Dicynodontia (Permiano superior – Triássico superior)

Há indícios de que a subordem Dicynodontia foi a mais bem sucedida da


ordem dos terapsídeos; pela grande quantidade de fósseis encontrados em
apenas uma paleobiota datadas do final do Permiano até o Triássico (Carvalho,
2004).

Tinham uma grande diversidade de tamanhos, chegando até a 3 metros de


comprimento, com o rosto coberto por um bico córneo dado pela expansão
anterior dos prés-maxilares, podendo apresentar poucos dentes ou nenhum. A
boca podia ter presas, em ambos os sexos ou só nos machos (Carvalho, 2004).
Restavam somente três linhagens de terápsidos no início do Triássico: os
terocéfalos (Therocephalia), que só duraram 20 milhões de anos; os
dicinodontes (Dicynodontia), grandes herbívoros de duas presas; e
os cinodontes (Cynodontia). Estes, que haviam surgido ainda no Permiano,
tornaram-se progressivamente menores e mais parecidos com mamíferos. Os
últimos terápsidos de grande porte desapareceram ao final do Triássico, talvez
devido a mudanças no clima, vegetação, competição ecológica ou uma
combinação de fatores.
Os cinodontes são um dos grupos mais diversos de terápsidos. Eles
desenvolveram um metabolismo mais rápido e, possivelmente, endotermia
("sangue quente") - por isso, acredita-se que já possuíam pelos, para ajudar a
manter o calor do corpo. Durante o Jurássico e o Cretáceo, a maioria era
herbívora, embora alguns fossem carnívoros. Como precisavam consumir
alimentos em quantidades maiores devido ao metabolismo acelerado, esses
sinápsidos desenvolveram a mastigação e dentes altamente especializados. A
mandíbula passou a ser constituída por um único osso, o dentário, ao passo que
os ossos menores que compunham sua articulação gradualmente migraram para
dentro do crânio, formando os ossículos martelo e bigorna do ouvido médio,
que hoje são encontrados exclusivamente nos mamíferos.

Os membros evoluíram para se mover abaixo do corpo, em vez dos lados,


permitindo aos cinodontes respirar mais eficientemente durante a locomoção e,
assim, sustentar suas altas taxas metabólicas. Desenvolveu-se também o palato
secundário no céu da boca, que fez com que o fluxo de ar vindo das narinas
passasse por trás da boca, em vez de através dela, possibilitando mastigar e
respirar ao mesmo tempo. Essa característica também está presente nos
mamíferos.

Os primeiros mamaliformes (Mammaliaformes) evoluíram dos cinodontes há


cerca de 225 milhões de anos, em meados do Triássico, e incluem os ancestrais
mais próximos dos mamíferos. De início, eram animais bem pequenos,
semelhantes a musaranhos em tamanho e aparência. Sua dentição era trocada
somente uma vez na vida, assim como nos mamíferos. Evidências sugerem que
os mamaliformes já eram capazes de produzir leite, mas essa secreção seria
usada primeiramente para manter os ovos úmidos, já que estes tinham
revestimento coriáceo, sem uma camada calcificada como nos ovos das aves,
vulneráveis, portanto, a desidratação. Mais tarde, as glândulas envolvidas nesse
mecanismo teriam evoluído para as glândulas mamárias, produzindo uma
secreção complexa e rica em nutrientes. Uma vez que o leite tornou-se a
principal fonte de nutrição para os filhotes, os ovos puderam reduzir
progressivamente sua quantidade de gema e se tornar cada vez menores,
resultando em filhotes também menores e mais dependentes do cuidado
parental.

Mamíferos

Com sua origem podendo ser traçada desde o final da Era Paleozóica, os
mamíferos modernos possuem cerca de 4.800 espécies, sendo em sua maioria
placentários.

Considerados os seres dominantes durante a Era Cenozóica, incluem os


maiores animais vertebrados viventes, aquáticos e terrestres e apresentam
imensa diversidade morfológica (Pough et al., 2008).

Dentre as característica dos mamíferos pode-se citar a produção de leite pelas


fêmeas, presença de pelos, glândulas (mamárias, sebáceas e sudoríparas),
endotermia (habilidade de produzir calor metabólico para manutenção da
temperatura corporal), a diferenciação de dentes em incisivos, caninos, pré-
molares e molares (heterodontia), a divisão do diafragma muscular em
cavidade torácica e abdominal.
Além da endotermia, as adaptações do tegumento dos mamíferos
possibilitaram a sua irradiação para os mais diversos ambientes, habitando até
mesmo climas inóspitos. A textura da superfície externa da epiderme varia
desde a lisa (em peles cobertas por pelos e na pele sem pelos dos cetáceos) até
as rugosas, secas e enrugadas.

Os mamíferos apresentam um tipo único de tecido adiposo - a gordura marrom.


Este tecido é especialmente adaptado à geração de calor e pode quebrar lipídios
ou glicose, produzindo energia, na forma de calor, a uma taxa dez vezes maior
que a dos músculos. A gordura marrom é bem visível em mamíferos recém-
nascidos onde é de extrema importância para a termo- rregulação e, em
indivíduos adultos de espécies que hibernam, para os quais é importante a
reposição energética após o período de repouso.

Os glóbulos vermelhos dos mamíferos diferem-se dos demais vertebrados, não


possuindo núcleo em sua fase madura; o coração possui septo ventricular
completo e somente um arco sistêmico.

Nos mamíferos a cloaca é substituída por aberturas separadas para os órgãos


urinários, reprodutores e o trato digestório; a uretra e a vagina são unidas em
um único sino urogenital, que chega ao exterior na maioria das fêmeas de
mamíferos, enquanto primatas e alguns roedores são únicos por possuir
aberturas separadas para os órgãos urinários e reprodutores.

Segundo POUGH et al. (2008) os mamíferos possuem encéfalos


excepcionalmente grandes entre os vertebrados, os quais evoluíram em
caminhos, de certa forma independentes dos demais amniotas.

Em seus sistemas sensoriais, os mamíferos são mais dependentes da audição e


da olfação do que a maioria dos tetrápodes, e são menos dependentes da visão.
A orelha dos mamíferos é mais complexa quando comparada aos demais
tetrápodes, sendo constituída por uma série de 3 ossos (estribo, martelo e
bigorna) ao invés de apenas um, amplificando a força das vibrações externas
até a orelha interna; mamíferos aquáticos utilizam sistemas inteiramente
distintos para ouvir sob a água, tendo perdido ou reduzido suas aurículas. Os
cetáceos, por exemplo, utilizam a mandíbula para canalizar ondas sonoras à
orelha interna.

Os verdadeiros mamíferos (classe Mammalia) surgiram entre o final


do Triássico e o início do Jurássico, entretanto as ordens modernas de
mamíferos somente apareceram nos períodos Paleógeno e Neógeno da era
Cenozoica, após a extinção dos dinossauros não avianos. Desde então,
estiveram entre os animais terrestres dominantes. Hoje, as mais de 5.500
espécies de sinápsidos, conhecidas na forma dos mamíferos, compreendem
desde animais terrestres até aquáticos (baleias, focas) e voadores (morcegos),
incluindo o maior animal que já existiu, a baleia-azul, e a única espécie dotada
de raciocínio lógico: o ser humano. A maioria dos mamíferos é vivípara (o
embrião se desenvolve dentro do ventre da mãe), à exceção dos monotremados
(como o ornitorrinco), que põem ovos, mas todos eles amamentam seus
filhotes ao nascer.

https://www.assis.unesp.br/#!/departamentos/ciencias-biologicas/museu-cbi/
acervo/fosseis/animal/sinapsidas/

Paleoecologia:

Fossilização:

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