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Função Social da Propriedade

A propriedade aparece em nosso ordenamento jurídico como um direito


fundamental, garantido pela Carta Magna de 1988, que disciplina a questão em seu
aclamado art. 5º e em outros capítulos. A previsão constitucional de tal direito, antes
regulado pelo direito provado, advém de um processo de constitucionalização do
Direito Civil, segundo Gilmar Mendes e Paulo Branco (2018) essa perspectiva é
evidenciada por uma transição da centralidade normativa do Direito Civil para a
Constituição, que se estabelece como ponto normativo central, do qual se irradia a
regulação infraconstitucional.

Em seu art. 5º, XXII, a Constituição Federal garante o direito a propriedade,


mas logo no inciso seguinte, define que ela deverá atender a sua função social. “A
função social da propriedade, e, portanto, sua vinculação a um determinado fim
social, assume relevo no estabelecimento da conformação ou limitação do direito”
(Mendes & Branco, 2018). A propriedade, assim, não tem caráter absoluto, sendo a
função social como uma obrigação do proprietário, nesse sentido discorrem Paulo e
Alexandrino (2017):

“Assim, não pode o proprietário de terreno urbano mantê-lo não


edificado ou subutilizado (CF, art. 182, § 4º), sob pena de sofrer
severas sanções administrativas; não pode o proprietário de imóvel
rural mantê-lo improdutivo, devendo atender às condições
estabelecidas no art. 186 da Carta Política. O desatendimento da
função social da propriedade pode dar ensejo a uma das formas de
intervenção do Estado no domínio privado: a desapropriação” (Paulo
& Alexandino, 2017, p. 146).

Para além da desapropriação sanção, vista anteriormente, caberá a


desapropriação por necessidade ou utilidade pública, mesmo da propriedade que
atenda à função social, para isso será paga justa e prévia indenização em dinheiro
(art. 5º, XXIV). Portanto, conclui-se que nossa Carta Política, não obstante às tutelas
dos direitos individuais do cidadão, trata de forma especial o interesse coletivo,
assim, mesmo a propriedade que atenda à função social poderá ser desapropriada
pelo estado para que sirva a uma “função social maior”, que beneficie a coletividade.

Destarte, fica evidente que mesmo sendo um dos mais básicos direitos
individuais a propriedade não goza do absolutismo de outrora, sendo limitada pelo
dever de atender à função social, seja no âmbito urbano ou agrário. Além disso, a
necessidade ou utilidade pública também aparecem como limitantes da propriedade,
mesmo aquela que já atenda á sua função social, visando sempre atender ao
interesse coletivo.

Referências
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988. (2 de Maio
de 2019). Fonte: Planalto:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm

Lenza, P. (2019). Direito Constitucional Esquematizado (23ª ed.). São Paulo:


Saraiva.

Mendes, G. F., & Branco, P. G. (2018). Curso de Direito Constitucional (13ª ed.). São
Paulo: Saraiva.

Paulo, V., & Alexandino, M. (2017). Direito Costitucional Descomplicado (16ª ed.).
São Paulo: Forence.

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