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Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais

Ensino Remoto
Departamendo de Fı́sica

Experimento 1
Queda Livre

Gabriel Francisco Ferreira - Engenharia Mecatronica / DCDV


Rafael Lucas Madureira Silva - Engenharia Mecatronica / DCDV
Realizado: 08/02/2022 - Entrega: 09/02/2022

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1 Introdução

1.1 Fundamentação teórica


As caracterı́sticas do movimento de queda livre foram objeto de estudo desde os
tempos remotos. O grande filósofo Aristóteles (384-322 a.C.) acreditava que havia uma
dependência entre o tempo de queda dos corpos com a massa dos mesmos. Essa crença
perdurou durante quase dois mil anos, sem que houvesse uma investigação de sua veracidade
através de medidas experimentais, cujo agravante seria a grande influência dominante do
pensamento aristotélico em várias áreas do conhecimento. No entanto, Galileu Galilei (1564-
1642 d.C.) que é considerado o introdutor do método experimental na Fı́sica, reforçando
a ideia de que qualquer afirmativa a cerca das leis da fı́sica deveriam estar embasada em
medidas experimentais e observações cuidadosas, chegou à conclusão de que um corpo “leve”
e um “pesado”, abandonados de uma mesma altura, caem simultaneamente, atingindo o chão
ao mesmo instante. Em outras palavras, desprezando a resistência do ar, os corpos caem
com a mesma aceleração independentemente de sua massa. O movimento de queda livre dos
corpos próximos à superfı́cie da Terra pode ser descrito pela equação para um movimento
uniformemente acelerado. Para que possamos determinar a aceleração da gravidade em queda
livre é necessário utilizar algumas equações:

𝑣 = 𝑔𝑡 (1.1)

𝑔
ℎ = ℎ0 + 𝑣0 𝑡 − ( )𝑡2 (1.2)
2
Mas uma vez que presente na prática, a moeda estava parada, pode-se considerar 𝑣0 e ℎ0
valores nulos. Logo a equação pode ser simplificada a:
1
ℎ = 𝑔𝑡2 (1.3)
2

1.2 Objetivo

• Determinar o módulo da aceleração da gravidade por meio de diversos métodos de


ajuste dos dados coletados.
2

2 Desenvolvimento

2.1 Materiais

• 2 facas;

• 1 moeda;

• 1 celular com o aplicativo Phyphox para fazer a medição com o cronômetro acústico;

• 1 trena;

• 1 estante para poder lançar a moeda em queda livre.

2.2 Procedimentos
2.2.1 Método
Utilizamos a função cronômetro acústico do Phyphox que permite ligar/desligar o
cronômetro utilizando o som ambiente para medir o intervalo de tempo de queda da moeda
do suporte (FIG. abaixo).

Figura 1 – Suporte e materiais do experimento.


Capı́tulo 2. Desenvolvimento 3

A altura é medida por uma trena e seus resultados de tempo registrados por sinais
sonoros são anotados.

2.2.2 Procedimentos experimentais


Inicialmente as alturas do objeto escolhido para arremessar o instrumento são: 0,380m
; 0,740m ; 1,100m ; 1,450m ; 1,800m. Em seguida, apoiamos uma faca na altura desejada e
sobrepomos uma moeda na mesma. Com o auxı́lio de outra faca, colidimos com a faca já em
equilı́brio, para assim fazer a moeda cair. No momento da colisão o barulho de metal feito, e
da moeda ao cair no chão com o celular bem posicionado, conseguimos captar e registrar os
tempos de queda. Para cada altura do experimento realizamos várias medições do tempo de
queda, obtendo uma média e assim um resultado mais preciso.
Esses resultados foram utilizados para a realização do gráfico da altura h em função
do tempo de queda t, do processo de linearização para determinar o módulo da aceleração
da gravidade local e sua incerteza e para um ajuste não linear que conseguisse determinar g
com sua incerteza.

2.3 Resultados
A tabela abaixo mostra o valor médio e também de todas as medidas (s) para cada
altura (m) respectivamente:

Tabela 1 – Valores dos tempos obtidos com o cronõmetro acústico

h1 = 0,380𝑚 h2 = 0,740𝑚 h3 = 1,100𝑚 h4 = 1,450𝑚 h5 = 1,800𝑚


medida 1 (s) 0,295 0,415 0,502 0,562 0,633
medida 2 (s) 0,287 0,430 0,492 0,563 0,624
medida 3 (s) 0,313 0,456 0,524 0,535 0,636
medida 4 (s) 0,343 0,424 0,494 0,544 0,617
medida 5 (s) 0,299 0,411 0,494 0,584 0,614
Valor médio (s) 0,307 0,427 0,501 0,558 0,625

A partir da tabela 1 de dados foi construı́do o gráfico da altura h em função do tempo


de queda t:
Capı́tulo 2. Desenvolvimento 4

Figura 2 – Gráfico da altura h em função do tempo de queda t

Utilizando um processo de linearização e, a partir de uma regressão linear, figura 3,


determinamos o valor para o coeficiente angular da reta ajustada (A) e seu respectivo erro,
4,526 ± 0,386.
Dessa maneira temos:
ℎ = 𝐴(𝑡2𝑚 )

Da teoria sabemos que:


1
ℎ = 𝑔𝑡2𝑚
2
Logo:
𝑔 = 2𝐴

Que resulta em:


𝑔 = 9,052 ± 0,772
Capı́tulo 2. Desenvolvimento 5

Figura 3 – Linearização do gráfico, figura 2

Realizando agora um ajuste não linear, equação (1.3), figura 4. A partir dos parâ-
metros do ajuste, pudemos determinar com sua incerteza o valor para o coeficiente a, 4,515
±0,097. Dessa maneira temos:
ℎ = 𝑎𝑡2

Da teoria sabemos que:


1
ℎ = 𝑔𝑡2𝑚
2
Logo:
𝑔
𝑎=
2
Que resulta em:
𝑔 = 2𝑎 = 9,03 ± 0,194
Capı́tulo 2. Desenvolvimento 6

Figura 4 – Ajuste não linear do gráfico, figura 2

Levando em consideração que o experimento foi feito de forma caseira (Sete Lagoas,
há aproximadamente 60km de Belo Horizonte), com uso de ferramentas caseiras, justifica o
porquê de não conseguir encontrar extamente g = 9,784 𝑚/𝑠2 que são previstos pelo Depar-
tamento de Fı́sica, da UFMG. A resistência do ar deve ser levada em consideração, uma vez
que o ambiente do experimento não foi o adequado, como seria uma câmara de vácuo.
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3 Conclusão

O relatório abordou de forma clara o conceito de queda livre, este que traz consigo
um conceito de movimento retilı́neo uniforme. Os gráficos conseguiram traduzir aquilo que
o movimento de queda livre exigia, portanto, pequenos erros ou desvios de valores foram
percebidos. Esses erros teriam como causas, erros de calibragem dos cronômetros, erro de
manuseio dos objetos, nivelação malfeita, resistência do ar entre uma outra série de fatores.
Em um bom exemplo conseguimos obter pela linearização um valor da aceleração da gravidade
local e sua incerteza próxima do ideal. Além de um ajuste não linear (no caso, um polinômio
de grau 2) determinando g com sua incerteza. O relatório trouxe uma dinâmica bem ampla
e interessante.
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Referências

BRIAN Cox visits the world’s biggest vacuum | Human Universe - BBC. Youtube:
BBC, 2014. Disponı́vel em: <https://www.youtube.com/watch?v=E43-CfukEgs>. Acesso
em: 8 nov. 2021.
SMARTPHONE-EXPERIMENT: Free fall (en). [S. l.: s. n.], 2017. Disponı́vel em: <https:
//www.youtube.com/watch?v=zRGh9 a1J7s>. Acesso em: 8 nov. 2021.
FÍSICA Experimental I - ERE - Experimento 1 - Queda Livre. [S. l.: s. n.], 2021. Disponı́vel
em: <https://www.youtube.com/watch?v=R1zRQfJ4Yto>. Acesso em: 8 nov. 2021.

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