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A importância do vínculo materno no

desenvolvimento infantil
Suely Amarante

A formação do vínculo materno não é automática e imediata, pelo contrário, é gradativa e, portanto

necessita de tempo, compreensão e amor para que possa existir e funcionar adequadamente.

Estudos revelam que a construção desse laço afetivo na gestação é fundamental, e é estabelecido

pela mãe, na maioria das vezes, através do contato com o feto que pode ser constituído por meio da

fala, do toque na barriga e do afeto. É através dessa relação afetiva que a mulher conseguirá

vivenciar a gravidez de maneira saudável e ter uma maior integração com o seu bebê, visto que

esse contato favorece a formação de vínculos afetivos futuros, e a organização e maturação da

identidade da criança.

Para melhor explicar as etapas dessa ligação e entender as sensações que norteiam esse vínculo, a

coordenadora técnica de Saúde Mental do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do

Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), Maria Jacqueline de Vicq, fala sobre o assunto.

Quando, em geral, a mulher começa a se sentir mãe? Essa sensação (de que ela se tornou

mãe) pode ocorrer ainda na gravidez?

Se a mulher consciente ou inconsciente deseja ter um filho muito antes de estar gravida, a sensação

de se sentir mãe pode começar a existir desde o início da gravidez. Na medida em que essa

gestação avança, a mulher irá lidar com o seu desejo maternal e as angustias específicas de cada

etapa. A cada ciclo da gestação, a mulher terá de lidar com as incertezas especificas. Enquanto no

primeiro trimestre pode surgir o medo do aborto espontâneo, no segundo há preocupações com o

desenvolvimento e a movimentação do bebê. Já no final da gravidez, a proximidade do parto tende

a ser motivo de ansiedade. A maneira como ela irá enfrentar tais sentimentos, o que varia conforme

a mulher, vai permitir um grau maior ou menor de consciência da maternidade.

A identidade com a maternidade pode surgir ainda na infância?

Na idade de três a quatro anos, a criança já é capaz de se relacionar intensamente com as pessoas

que a cuidam, tornando possível a existência de intensos sentimentos de amor, ciúmes, medo e

raiva. No começo dessa fase, tanto o menino quanto a menina, habitualmente, mantêm com sua

mãe e com seu pai relações afetivas de muita proximidade. Normalmente, a menina se identifica

com a mãe ao brincar de ser mãe, com suas bonecas. Nesse processo, a criança experimenta, de

uma forma lúdica, uma série de sentimentos que envolvem a maternidade.

O apoio familiar contribui para o fortalecimento do vínculo mãe-bebê? Como?


A mulher grávida precisa de apoio emocional do companheiro e da família, principalmente em

momentos de tensão, estresse e nervosismo, esse apoio e segurança farão com que a gestante se

sinta mais tranquila, o que irá proporcionar o desenvolvimento saudável do feto, a figura paterna é

fundamental no desenvolvimento e na formação desse vínculo. Toda forma que o pai tem de

melhorar o estado emocional da companheira gestante é bem-vinda, nessa fase, a mãe está

fragilizada com preocupações da maternidade, trabalho e mudanças pelas quais seu corpo está

passando.

Como o vínculo mãe-bebê pode ser fortalecido após o nascimento?

O vínculo mãe-bebê é fortalecido no momento da amamentação, pois a primeira relação social do

bebê seria com a figura da mãe, representada pelo seio materno. O leite, o calor e o contato com o

corpo da mãe, seu cheiro (que ele reconhece) e o som dos batimentos cardíacos o instigam. É

assim que ele descobre o mundo e começa a ter consciência de si mesmo. O prazer proporcionado

pelo ato de sugar e o amparo da mãe fazem com que o bebê se sinta acolhido e seguro.

E as mães que não podem amamentar?

Se o bebê for alimentado com afeto, a experiência vai lhe transmitir segurança de qualquer maneira.

Perdem-se alguns benefícios da amamentação, mas não a oportunidade de estreitar o vínculo. O

colo, as conversas, as trocas de carinho também cumprem essa função.

A privação do vínculo afetivo materno pode contribuir para distúrbios psicológicos na

infância?

As relações afetivas estabelecidas entre a mãe e o seu bebê são fundamentais para assegurar a

construção do psiquismo da criança, possibilitando um desenvolvimento saudável da personalidade

e dos comportamentos sociais. É através do relacionamento seguro, contínuo e afetivo que a

criança desenvolve a formação da sua autoestima e toma conhecimento do mundo exterior.  Desta

forma, a privação desse vínculo pode levar a uma série de distúrbios, que irão variar conforme o

grau de privação. 

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