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A REDUÇAO DA MAIORIDADE PENAL E A DIMINUIÇÃO DA VIOLÊNCIA DE

JOVENS INFRATORES, COM ENFOQUE NO DIREITO À PAZ.

Jorge Luis Salomão

RESUMO

Este trabalho pretende apresentar aspectos relevantes sobre a redução


da maioridade no Brasil, demonstrando seus efeitos jurídicos e sociais e,
sobretudo defendendo a escolha pela redução da maioridade tendo em vista a
quebra da até então considerada cláusula pétrea.

INTRODUÇÃO
A redução da maioridade Penal é hoje um assunto muito controverso,
uma vez que existem correntes a favor e contra, Porém o enfoque do debate é
sobre a possibilidade de mudança no texto constitucional, uma vez que alguns
doutrinadores consideram, de forma equivocada, como cláusula pétrea a
maioridade penal.

Para entendermos bem o assunto que será discutido devemos ver o


conceito de imputabilidade Penal:

Imputabilidade é a possibilidade de se atribuir, imputar o


fato típico e ilícito ao agente. (Greco, Rogério, Direito
Penal, Parte Geral).

Para alguns doutrinadores o sujeito adquire maioridade penal a partir do


momento que já entende o caráter ilícito praticado, ou seja, que possua
discernimento no momento suficiente para responder pelos seus atos.

O art. 28 do Código Penal Brasileiro traz em seu texto que sendo o autor
do crime capaz de entender o caráter ilícito da pena não fica isento da mesma:

Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou


desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo
da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento. (Lei 7.209/84).

O que nos chama a atenção nesse artigo é a contradição com o artigo


27 que define os inimputáveis, pois já traz o menor de 18 anos como
inimputável, sem levar em consideração o seu discernimento:

Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente


inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação
especial. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984).

A problemática gira em torno não só da contradição da Lei Ordinária que


regula a matéria e sim do texto constitucional que de forma direta já define o
menor como inimputável como vejamos:

Art. 228. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos,


sujeitos às normas da legislação especial.
Contudo nota-se que o legislador deixou brecha para que o assunto
nesse ponto, maioridade penal, fosse debatido por lei ordinária quando não
taxa o art. 228 no rol dos artigos imutáveis da constituição, se não vejamos:

Art. 60 - A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:

§ 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:

I - a forma federativa de Estado;


II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
III - a separação dos Poderes;
IV - os direitos e garantias individuais.

Já sabemos que o tema é polêmico e que mudar o texto constitucional


seria a comprovação da incapacidade do ente público em educar seus jovens,
contudo essa é a realidade atual e que precisa ser mudada, pois o Estado já
errou quando não deu educação aos jovens, porém não pode permanecer no
erro deixando esses delinqüentes soltos nas ruas, causando pânico e medo na
população e, sobretudo ferindo a garantia da paz e o principio da dignidade da
pessoa humana.

BREVE HISTORICO SOBRE A MAIORIDADE PENAL NA LEI BRASILEIRA

A redução da maioridade penal não seria nenhuma novidade em nossa


legislação que em edições passadas já declarou que o menor seria
considerado inimputável até mesmo com apenas quatorze anos com
discernimento, veja que a figura do discernimento sempre esteve presente em
nossa legislação, pois não basta ter apenas a idade necessária se faz a
presença do discernimento.

Para melhor embasar a matéria trazemos o renomado jurista e


doutrinador Magalhães Noronha em Direito Penal acerca da historia da
maioridade no Brasil:

A legislação pátria. O código do império declarava não-criminoso o


menor de quatorze anos (art. 10), dizendo, entretanto, no art. 13, que,
se ele tivesse obrado com discernimento, podia ser recolhido à casa de
correção, até os dezessete anos, o que levara Tobias Barreto a dizer
que, se o legislador houvesse haurido com mais cuidado nas fontes
romanas, outros teriam sido seus preceitos a respeito dos menores,
"pelo menos no que pertence ao vago discernimento de que trata o art.
13, e que é possível, na falta de restrição legal, ser descoberto pelo juiz
até em uma criança de cinco anos!" 1. Aliás, consigne-se que um
menor, contando quatorze anos e um dia, estava sujeito a ser
condenado à prisão perpétua! Convenhamos que, consideradas as
condições próprias de nosso país, àquela época, era tudo isso por
demais estranho.

O código de 1890 continuou apegado ao discernimento. no art. 27, §


1.°, dispunha não ser criminoso o menor de nove anos, bem como o
maior dessa idade e menor de quatorze anos, que tivesse agido sem
discernimento (§ 2.°). tal dispositivo foi derrogado pela lei n. 4.242, de 5
de janeiro de 1921 (art. 3.°, § 16), que dispôs não ser submetido a
processo algum o menor de quatorze anos, autor de crime ou
contravenção. o revogado código de menores (dec. n. 17.943-a, de 12-
10-1927) também assim prescreveu (art. 68), de modo que a
consolidação das leis penais, no art. 27, § 1.°, soava: "não são
criminosos os menores de 14 anos". ainda o mencionado diploma legal
trazia outras alterações: mantinha a inimputabilidade do menor de
quatorze anos (art. 68), e determinava, no artigo seguinte, que o
compreendido entre quatorze e dezoito anos seria submetido a
processo especial, podendo ser interna do em escola de reforma pelo
prazo mínimo de três anos e máximo de sete (art. 69, § 3.°). no art. 71,
considerava outra categoria de menores dezesseis e dezoito anos -
que, cometendo crime grave e sendo perigosos, podiam ser punidos
com as penas da cumplicidade e da tentativa de cumplicidade; nunca,
porém, as cumprindo em companhia de adultos. Atualmente a matéria
está prevista na lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990, que dispõe sobre
a proteção integral à criança e ao adolescente. A reforma atual, através
de seu art. 27, reproduziu o código de 1940 (art. 23), estabelecendo
que os menores de dezoito anos são inimputáveis, ficando, porém,
sujeitos às normas estabelecidas em legislações específicas. abre
nosso estatuto exceção ao sistema biopsicológico por ele abraçado,
pois outro é o critério aqui acolhido: o biológico. basta não ter
completado dezoito anos para não estar sujeito ao código penal. não
há, como faziam as outras leis, preocupação com o discernimento do
menor. (Noronha, Magalhães, Direito Penal, Vol 1.

DA PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL AO MENOR

Essa matéria é bastante controversa, existem três correntes doutrinarias


sobre o assunto:

a) A primeira, defende afirmando que menoridade penal, com o advento


da CRFB/88 não assegurou impossibilidade de reduzir a menoridade penal
contida no art. 288, da carta política, pois, este dispositivo não compõe as
clausulas pétrea (cf. art. 60, §4°, I, II, III e IV, da CRFB).

b) A segunda corrente diverge da primeira, atentando ao afirmar que a


menoridade penal aos 18 anos incompletos compõe os direitos humanos
protegidos no art. 5° da CRFB, mesmo que a previsão taxativa se dê no art.
228, ainda assim considera como cláusula pétrea

c) A terceira corrente segue o mesmo entendimento da segunda


corrente, porém completa ao dizer que a Republica Federativa do Brasil rege-
se pelas suas relações internacionais pelo principio da prevalência dos direitos
humanos (cf. art. 4° II, da CRFB), e a Carta da ONU a qual o Brasil se declina,
positivou em seu texto Internacional a proteção e os direitos da criança e do
menor adolescente como parte dos direitos humanos inerentes a dignidade da
pessoa humana.

A Constituição Federal de 1998 traz em seu art. 228 a proteção ao


menor quando define que são inimputáveis os menores de 18 anos.

A constituição também cita a legislação especial denominada como ECA


(Estatuto da Criança e Adolescente) e para melhor explanar trazemos o texto
retirado da Constituição Federal comentada pelo STF:

"Artigo 127 do Estatuto da Criança e do Adolescente — Embora sem


respeitar o disposto no artigo 97 da Constituição, o acórdão recorrido
deu expressamente pela inconstitucionalidade parcial do artigo 127 do
Estatuto da Criança e do Adolescente que autoriza a acumulação da
remissão com a aplicação de medida sócia educativa —
Constitucionalidade dessa norma, porquanto, em face das
características especiais do sistema de proteção ao adolescente
implantado pela Lei nº. 8.069/90, que mesmo no procedimento judicial
para a apuração do ato infracional, como o próprio aresto recorrido
reconhece não se tem em vista a imposição de pena criminal ao
adolescente infrator, mas a aplicação de medida de caráter sócio-
pedagógico para fins de orientação e de reeducação, sendo que, em se
tratando de remissão com aplicação de uma dessas medidas, ela se
despe de qualquer característica de pena, porque não exige o
reconhecimento ou a comprovação da responsabilidade, não prevalece
para efeito de antecedentes, e não se admite a de medida dessa
natureza que implique privação parcial ou total da liberdade, razão por
que pode o Juiz, no curso do procedimento judicial, aplicá-la, para
suspendê-lo ou extingui-lo (artigo 188 do ECA), em qualquer momento
antes da sentença, e, portanto, antes de ter necessariamente por
comprovadas a apuração da autoria e a materialidade do ato
infracional." (RE 229.382, Rel. Min. Moreira Alves, DJ 31/10/02).

"A alegação de menoridade deve ser comprovada, em sede processual


penal, mediante prova documental específica e idônea, consistente na
certidão extraída do assento de nascimento do indiciado, imputado ou
condenado. Precedentes da Corte. A mera invocação, pelo paciente,
de sua condição de menoridade, desacompanhada de meio probatório
idôneo — a certidão de nascimento — é insuficiente para justificar o
acolhimento de sua pretensão." (HC 68.466, Rel. Min. Celso de Mello,
DJ 08/03/91) No mesmo sentido: HC 7.1881, DJ 19/05/95.

DA POSSIBILIDADE DE MUDANÇA DO ART.228 POR NÃO SE TRATAR DE


CLÁUSULA PETREA

A Maioridade Penal é erroneamente taxada como uma garantia


individual porem não se encontra implícito ou explicito, no texto do Art. 60, §4o,
IV da CF/88, o que não o torna uma clausula pétrea e é esse o assunto que
pretendemos abordar nas linhas seguintes.

Sobre a inimputabilidade explica Rogério Greco que segundo alguns


doutrinadores a maioridade penal pode ser reduzida para 16 anos, vejamos:

II – Inimputabilidade por imaturidade natural

Aqui, adotou-se o critério exclusivamente biológico, pois, por motivos


de política criminal, entendeu o legislador que os menores de 18 anos
não gozam de plena capacidade de entendimento que lhes permita
imputar a prática de um fato típico e ilícito.

A questão da maioridade penal é de tamanha importância que foi


inserida no artigo 228, da CF/88:

Art. 228 - São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos,


sujeitos às normas da legislação especial.

Para alguns doutrinadores, a inimputabilidade penal pode ser reduzida


aos 16 anos, mediante Emenda constitucional, visto não constituir
cláusula pétrea, imutável sequer pelo poder constituinte derivado.

A súmula 74, do STJ, diz que

Para efeitos penais, o reconhecimento da menoridade do réu requer


prova por documento hábil.

O réu adquire maioridade penal no primeiro minuto do dia de seu


aniversário, independentemente da hora em que ocorreu o nascimento.
(Greco, Rogério, Curso de Direito Penal – Parte Especial).

A Mídia pressiona, bem como a sociedade pela redução da maioridade


penal para os 16 anos de idade e não mais 18 conforme legislação atual,
contudo não devemos agir somente com a emoção temos que analisar tal
proposta à luz da Constituição Federal.
Já está sendo votada a PEC 20/99 que trata da redução da maioridade
penal partindo do ponto que o art. 228 da CF/88 não é cláusula pétrea, contudo
a constituição foi promulgada de forma rígida, ou seja, o processo de
modificação de suas normas é mais severo do que as leis ordinárias.

Portanto no primeiro momento podemos achar que o art.228 da CF/88 é


imutável só podendo ser modificado pelo poder constituinte originário o que
torna qualquer projeto de emenda a esse artigo inconstitucional, contudo,
devido às mudanças do contexto social e os avanços até mesmo nos modos de
como os crimes são praticados bem como na inicialização cada vez mais
precoce dos indivíduos no mundo do crime, nos leva a crermos que já é hora
de atualizar a Constituição Federal como demonstra os índices de violência
cometida por menores conforme se traz abaixo:

O Brasil conta com 3% da população mundial e concentra 9% dos


homicídios cometidos no mundo. Na última década, os homicídios cresceram
29%. Entre os jovens o índice aumentou em 48%. De acordo com a estatística
do mapa da violência no Brasil, os estados de São Paulo e Paraná estão entre
os mais violentos do país. (ABIN – Agencia Nacional de Inteligência, Mapa da
Violência 2011).

Portanto é notório a necessidade urgente de se reduzir à maioridade


penal para 16 anos para ajudar a embasar mais o assunto coletamos
do site www.educacional.com.br um artigo com a opinião de um
sociólogo da Universidade de Brasília, Antonio Flávio Testa, que
estuda a violência entre jovens desde a década de 70.
(http://www.educacional.com.br/reportagens/juventude_violencia/reduzi
rounao.asp)

Reduzir ou não?

“A História do Brasil está cheia de exemplos de idéias (boas ou más)


postas em prática isoladamente, sem um conjunto de medidas de
acompanhamento ou suporte”. Qualquer um sabe que só reduzir a
maioridade penal não vai resolver, nem de longe, o problema da
criminalidade. Mas imaginemos que nossos governantes e
representantes criassem um conjunto abrangente de medidas para
reformar o sistema penal brasileiro, e vamos supor que elas fossem
boas. Será que a redução da maioridade penal para 16 ou 14 anos
estaria entre elas?

- PEC de número 20, de autoria do senador José Roberto Arruda (PSDB-DF). O parlamentar afirmou que a matéria tem
o objetivo de acabar com o sentimento de impunidade, mas também garante que a lei possa dar ao Judiciário a
capacidade de discernir caso a caso. "Todos os países do mundo mudaram suas leis a respeito e nós agora temos de
ter coragem para iniciar a discussão",
“Acho que a redução da maioridade penal se faz necessária
atualmente por uma série de razões. Eu diria que a principal delas é o
fato de que a Constituição de 1988 não contemplou direitos e ações
que obrigassem o Estado a atuar preventivamente na segurança
pública. Por essa razão é que estamos vendo esse estouro de crimes”,
declara o sociólogo da Universidade de Brasília, Antonio Flávio Testa,
que estuda a violência entre jovens desde a década de 70. Ele
considera o Estatuto da Criança e do Adolescente um ótimo
instrumento de defesa de direitos humanos, mas que se aplicaria a
outras realidades que não à do Brasil de hoje. “Quem tem 14 anos e
comete um crime bárbaro deve pagar por ele como qualquer outra
pessoa”, afirma.

Testa observa que muito se fala de direitos humanos para o menor criminoso — ou
para qualquer criminoso, mas acredita que o foco da discussão não deve ser esse.

“O Estado deve agir no sentido de proteger ambos os lados (vítima e


réu), mas percebo que a lei só tem sido aplicada para garantir direitos
humanos aos agentes de crimes. Ora, o Estado deve agir pensando no
cidadão, na potencial vítima! A diretriz de suas ações deve ser o
pensamento de impedir, de todas as formas, que qualquer indivíduo
volte a cometer crimes contra a sociedade.” Sob esse ponto de vista,
Testa defende a redução da maioridade e o rigor na aplicação de
penas de forma geral. “É fato que, hoje, toda quadrilha tem um menor
para cometer os crimes bárbaros. A redução da maioridade, associada
a uma punição rígida aos adultos que usam menores para cometer tais
crimes, pode realmente coibir essa tática cruel.” Ele também é contra a
supervalorização de políticas compensatórias para os condenados,
como a do "trabalha um dia, reduz a pena em dois dias", citando o
exemplo dos EUA, onde há Estados que adotam o trabalho forçado nas
prisões. “Acredito que os presos deveriam ter seu tempo o mais
ocupado possível. Deveriam trabalhar na construção de pontes,
escolas e hospitais, recuperação de rodovias, etc. O pagamento pelos
serviços prestados seria utilizado para custeá-los na prisão, dar
assistência a suas famílias e indenizar as famílias de suas vítimas."

DIREITO À PAZ COMO GARANTIA FUNDAMENTAL SUPREMA E O


CONFLITO COM A NORMA INTERNA CONSTITUCIONAL QUE DEFINE A
MAIORIDADE.

E é nesse contexto que devemos clamar por mudança urgente em nossa


Constituição, mas não só amparado por teorias sem fundamento legal, vale
salientar que estamos diante de um confronto entre direitos, pois de um lado
está o direito a proteção do infrator até os 18 anos de idade e do outro está o
direito a paz que é garantia fundamental.

Para melhor exemplificarmos citamos alguns juristas renomados que


debatem sobre a supremacia do direito a paz (CF, art. 4°, VII),:
Paulo Bonavides define que o direito à paz é concebido como direito
imanente à vida, sendo condição indispensável ao progresso de todas
as nações, em todas as esferas (BONAVIDES, 2008). Constatou que a
paz estaria localizada em uma única geração, que denominou de
quinta geração dos direitos fundamentais. A paz teria uma dimensão
única por ser o direito supremo de toda a humanidade (BONAVIDES,
2008).

Sobre a desconsideração da lei quando se trata de uma realidade e


necessidade presente o grande doutrinador Norberto Bobbio em seu estudo
sobre a ausência do Direito à Paz e a Guerra traz:

“(…) E de qualquer modo continua válido também o principio de que a


necessidade não tem lei, e a guerra aciona um estado de necessidade
que, como todo estado de necessidade que é lei para si mesmo, está
acima de qualquer lei (natural e positiva). Se precisarmos de uma
prova definitiva, bastará considerarmos o art. 15 da Convenção
Européia Direitos do homem (1950). Esse artigo traz a enumeração
dos principais direitos do homem que devem ser protegidos no âmbito
dos Estados signatários da convenção. Ora, esse artigo sustenta
textualmente: “Em caso de guerra ou outro perigo público que ameace
a vida da nação, qualquer outra parte contraente pode tomar as
medidas em derrogação das obrigações previstas na presente
convenção etc”. Como podemos ver, guerra é guerra não respeita a
vida imaginemos então se será capaz de respeitar os outros direitos
fundamentais.
Não é nem mesmo necessário o estado de guerra efetivo: é suficiente o
estado de guerra potencial, a guerra fria, como se diz hoje (…)
(Bobbio, Noberto, O Terceiro Ausente, ensaios e discursos sobre a paz
e a guerra, editora manole, 2009, pg 114).

Portanto concluímos que diante de uma situação onde a necessidade


seja aparente devemos interpretar ou modificar a lei para que possamos
assegurar um objetivo maior que nesse caso seria o Direito à Paz.

Sabemos que a sociedade é dinâmica se modifica, se altera e evolui


com o passar do tempo, portanto seria irracional que as leis permanecessem
as mesmas de 10 anos atrás tendo em vista as necessidades de atualizações
nas leis, contudo existem normas rígidas que não deveriam ser rígidas por se
tratar de normas que precisam ser constantemente modificadas, sobre a rigidez
constitucional citamos o prof. JOSE AFONSO DA SILVA:

(15)
O Prof. José Afonso da Silva adverte que "A estabilidade das
constituições não deve ser absoluta, não pode significar imutabilidade.
Não há constituição imutável diante da realidade social cambiante, pois
não é ela apenas um instrumento de ordem, mas deverá sê-lo,
também, de progresso social. Deve assegurar certa estabilidade
constitucional, certa permanência e durabilidade das instituições, mas
sem prejuízo da constante, tanto quanto possível, perfeita adaptação
das constituições as perfeitas exigências do progresso, da evolução e
do bem-estar social.

A rigidez relativa constitui técnica capaz de atender a ambas as


exigências, permitindo emendas, reformas e revisões, para adaptar as
normas constitucionais às novas necessidades sociais, mas impondo
processo especial e mais difícil para essas modificações formais, que o
admitido para a alteração da legislação ordinária (Da Silva, José
Afonso, editora Meirelles, Lições Apostiladas)."

Em se tratando de mudanças constantes como causadoras da mutação


das normas constitucionais vejamos o que nos diz o já citado Bobbio:

“Outra causa que nos leva a crer que tais direitos não devem ser
fundados seria porque a sociedade, as condições históricas, o homem
e seus costumes, obviamente os seus interesses mudam de uma
época para outra. Portanto, procurar o absoluto não seria a solução
dos problemas que tangem os Direitos Humanos. Para confirmamos
esta ótica, vejamos a seguinte frase:

“Não é difícil prever que no futuro, poderão emergir novas pretensões


que no momento sequer podemos imaginar O que prova que não
existem direitos fundamentais por natureza. O que parece fundamental
numa época histórica e numa determinada civilização não é
fundamental em outras épocas e em outras culturas” (BOBBIO, p.18,
19, 1992)

Percebemos que o lapso temporal e o espaço são elementos que


aparecem para justificarem que nada é absoluto. Ocorre que, aqui e
agora um direito seja fundamental por natureza, mas em outro lugar em
outra época, ou até mesmo em outro lugar (civilização), com mesma
época histórica, não sejam estes direitos relevantes.”. (Bobbio, A Era
dos Direitos);”

Por tudo exposto concluímos que a redução da maioridade penal vai


influenciar diretamente na diminuição da criminalidade por jovens infratores e
conseqüentemente o cidadão poderá usufruir o direito à paz tanto protegido
pela Constituição. Vale salientar que os criminosos estão cada vez mais
usando crianças e adolescente para a prática de crime como verdadeiros
escudos, pois aos menores de 18 anos não é imputado crime, somente
infração, sendo logo posto em liberdade junto com o anseio da família, sendo
que esse jovem logo estará reincidindo na mesma prática, pois se torna um ato
vicioso.

É nesse sentido que deve ser mudado o Art. 228, reduzindo a idade de
18 para 16 anos e punindo o ora infrator como criminoso e ciente de seus atos
ilícitos.
BIBLIOGRAFIA

Noronha, Magalhães, Direito Penal, Vol 1

Greco, Rogério, Curso de Direito Penal – Parte Especial

Testa, Antonio Flávio – Juventude e Violência – A redução da maioridade


penal e outras discussões.

Bonavides, Paulo, Direito Penal, Ed. 2008

Bobbio, Noberto, O Terceiro Ausente, ensaios e discursos sobre a paz e a guerra, editora
manole, 2009, pg 114

Da Silva, José Afonso, editora Meirelles, Lições Apostiladas

Bobbio, Noberto, A Era dos Direitos);”

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