A opção pelo grupo está sustentada pela afirmação de que este consiste em
um espaço de conscientização e participação, no qual o processo
interpessoal (participação em atividades grupais – relação com outros
componentes do grupo) é transformado em processo intrapessoal
(fortalecimento da autoestima, ressignificação de valores e percepções
pessoais) (CFP, 2009, p. 61).
O grupo é uma importante ferramenta de trabalho, pois é um campo de interação e
afetação mútua, o compartilhamento de ideias cria vínculos relacionais e também auxilia na
compreensão de cada um sobre sua própria história a partir da reflexão do tema sob novos
pontos de vista. O trabalho em grupo pode ser feito de várias maneiras com destaque às
oficinas temáticas, uma forma de trabalhar temas específicos. Eles podem ser divididos por
faixa etária e tipo de violência, sugerindo-se não ser muito grande nem muito pequeno.
Também podem ser feitos grupos com os familiares dos usuários do serviço com função
pedagógica e política.
Outro serviço que pode ser ofertado pelo CREAS são as entrevistas de revelação,
quando a pessoa é encaminhada apenas com suspeita de violência, o profissional deve então
realizar essas entrevistas para tentar confirmar a existência ou não de violência e entender o
que se passa com o sujeito, sendo necessário para isso mais de um encontro. Ao final, o
psicólogo irá elaborar um parecer que poderá ser usado em tribunal.
É preciso entender a violência como produto de relações sociais desiguais e deve ser
vista em um contexto multidimensionado onde existem fatores de risco que favorecem a
manutenção da situação de vulnerabilidade. Assim, é importante fazer o levantamento de toda
a história de vida do sujeito vítima de violência sexual para compreender quais são os fatores
de risco, mas também os de proteção que favorecem a sua resiliência, analisar não somente
sua fala, mas sua colocação corporal, sua linguagem não verbal, identificar estigmas e de que
forma eles atuam na sua formação de identidade. Além disso, o agressor também pode passar
por esse processo, desde que os dias de atendimento não coincidam com os dias de
atendimento de sua vítima.
Em suma, o profissional dessa área deve ter formação crítica, flexibilidade de prática,
conhecimento legislativo e da sua área, pró-atividade, coletividade, compromisso e
permanente formação. Entretanto, conforme apresentado no eixo 4, é preciso lutar contra as
dificuldades que existem na prática quanto a distância que existe entre a lei e a realidade, os
modos de pensar e operar dos profissionais que atuam na área, a definição de padrões
mínimos de implantação e implementação dos centros, a delimitação da atuação profissional e
a sua qualificação, a construção de um trabalho em rede efetivo e bem articulado, a
descontinuidade dos trabalhos iniciados, entre outros.
Referência