Você está na página 1de 6

Fichamento do livro: ABREU, Maurício. Evolução Urbana do Rio de Janeiro.

PREFÁCIO​​:
Objetivo do livro: fornecer uma síntese do processo de produção do espaço urbano
carioca, desde o início do século XIX até o último quartel do século passado. pp-7
Trabalhos que exigem gerar conhecimentos integradores precisam se apoiar em um
eixo estruturador, que nesse caso foi o Estado Capitalista e seu papel ativo na produção de
um espaço urbano socialmente desigual e injusto. pp-7

INTRODUÇÃO: PP-11
Objetivo: demonstrar que o alto grau de estratificação social do espaço metropolitano
do RJ é a expressão mais acabada de um processo de segregação das classes populares que
vem se desenvolvendo há bastante tempo. pp-11
Análise da estrutura urbana desde o início do século XIX. pp-11
Pressuposto básico: Estado longe de ser um agente neutro, como prega a teoria liberal,
teria se aliado ao longo do tempo, a diferentes unidades do capital, expressando seus
interesses e legitimando suas ações precursoras. Logo, o modelo segregador do espaço
carioca teria sido estruturado sobretudo pelos interesses do capital que foram legitimados e
consolidadas indiretamente através do Estado. pp-11
Segundo pressuposto: de que haveria uma relação direta entre a crescente
estratificação social do espaço, na atual Área metropolitana, e o estabelecimento de
determinadas políticas públicas. Ou seja, o Estado com suas ações e omissões tem forte
influência na distribuição espacial das classes sociais no RJ. pp-11

SOCIEDADE, ESPAÇO URBANO E ESTADO: EM BUSCA DE UMA BASE


TEÓRICA: PP-13
Estado tradicionalmente apoia os interesses e privilégios das classes dominantes. No
caso brasileiro, isso cria uma elitização dos espaços urbanos centrais e uma periferização das
classes de baixa renda. pp-15
Periferização é um conceito que inclui também a não acessibilidade ao consumo de
bens e serviços, além da localização distante do centro metropolitano. pp-15
Necessidade de exame constante da interação que se estabelece entre os processos
econômicos, sociais e políticos que se desenvolvem na cidade. pp-16
Como, numa sociedade historicamente determinada, o espaço urbano é elaborado, ou
seja, como os processos que têm lugar nas cidades determinam uma forma espacial. E
também estudar a essência das formas, ou seja, o papel por elas desempenhado nos diversos
momentos por que passa a sociedade no tempo. pp-16
Áreas metropolitanas brasileiras são uma das expressões espaciais mais acabadas da
formação social brasileira, refletindo a coerência e as contradições dos sistemas econômico,
institucional e ideológico prevalecentes no país. pp-16
Formas-aparências ou formas morfológicas, representam uma acumulação de tempo,
e sua compreensão depende do conhecimento do que foram os diversos momentos de
organização social pelos quais passou um determinado espaço. pp-30
As formas também possuem conteúdo, ou seja, realizam uma função, que é
determinada exclusivamente pelo período atual de organização social. pp-30
O momento atual diz respeito à forma como se estruturam os sistemas econômicos,
jurídico-político e ideológico de uma sociedade num dado tempo. É ele o responsável pelo
valor atribuído às formas antigas. É ele também que leva à criação de novas formas. pp-31
A ordem espacial de uma cidade, ou sua estrutura urbana, refletirão o resultado do
confronto, reajuste ou recomposição dos sistemas que constituem a sociedade. pp-31

O RIO DE JANEIRO NO SÉCULO XIX: DA CIDADE COLONIAL À CIDADE


CAPITALISTA: PP-35
A falta de meios de transporte coletivo e as necessidades de defesa faziam com que
todos morassem relativamente próximos uns aos outros, a elite local diferenciando-se do
restante da população mais pela forma de suas residências do que pela localização. (até
meados do século XIX, quando a cidade começa a se transformar) pp-35
Contradições da cidade (Lógicas capitalista x escravista) só serão resolvidas no século
XX, que só foram possíveis por causa de elementos no espaço lançados no século XIX que
segregam e diferenciam os usos e classes sociais no antigo espaço colonial - os trens e os
bondes. pp-36

Período anterior a 1870: a mobilidade espacial é privilégio de poucos: pp-37


Final da metade do século XIX: graças aos investimentos públicos em transporte
(movidos à tração animal) e abertura de caminhos (aterros e estradas), as classes abastadas
com poder de mobilidade se expandem para São Cristóvão e pela freguesia da Glória e
Botafogo. pp-38
As classes mais pobres se aglomeram no centro ou na periferia imediata, porque não
possuem poder de deslocamento. A solução foi o cortiço, que se proliferou pela cidade em
meados do século XIX, sobretudo nos atuais bairros do Catumbi, Santa Teresa, Estácio,
região do porto (na época chamada de Cidade Nova) = áreas de brejo e inundações periódicas
que foram sendo gradativamente drenadas e aterradas.

Bondes e trens: A cidade cresce em direções qualitativamente distintas PP-43


Período de 1870 a 1902: primeira fase de expansão acelerada da malha urbana e etapa
inicial de um processo em que a expansão passa a ser determinada pelas necessidades de
reprodução de certas unidades do capital, nacional e estrangeiro. pp-43
!890: renovação da concessão de exploração dos bondes para Companhia Jardim
Botânico e São Cristóvão. pp-48
1892: inaugurado o túnel velho pela Companhia Jardim botânico, e consequentemente
a primeira linha de bondes para Copacabana, que tinha ponto terminal na rua Barroso (atual
Siqueira Campos). pp-48
1894: abertura de dois ramas em Copacabana, um em direção ao leme e outro ao
posto 6 (igrejinha). pp-48
O papel dos Trens: pp-50
1858: Inaugurado o primeiro trecho da Estrada de ferro Dom Pedro II, ligando a
freguesia de Santana a Queimados.pp-50
Bondes penetraram em áreas que já vinham sendo urbanizadas ou retalhadas em
chácaras desde a primeira metade do século XIX (zona sul e grande tijuca), os trens foram
responsáveis pela rápida transformação de freguesias que, até então, se mantinham
exclusivamente rurais. pp-50

A industrialização carioca no final do século XIX e a emergência da questão


habitacional pp-54
Até o início do século XX a atividade industrial se concentrava principalmente no
centro da cidade, ou em suas imediações, caracterizando-se por pequenos estabelecimentos
dedicados à fabricação de calçados, chapéus, confecções, bebidos e mobiliário. pp-54
O centro do rj era o grande mercado de trabalho de toda a cidade e suas imediações.
A partir do fim do século XIX e início do XX, sobretudo com a proclamação da
república, muitas indústrias se deslocam para São Cristóvão, antigo bairro aristocrático que
perdia esta função para os bairros da Zona sul. As construções suntuosas do bairro passa a ter
uma nova forma-conteúdo, ou seja, uma outra função. pp-55
São Cristóvão possuia casarões que poderiam facilmente abrigar indústrias; possua
uma boa infraestrutura urbana, com abastecimento de água e portos próximos, além de ser
acessível pela linha de trem. pp-55
Aumento populacional no fim do século XIX e agravamento da questão habitacional:
fim da escravidão e decadência da atividade cafeeira no RJ e vinda de imigrantes estrangeiros
para a cidade. pp-57

Enfim o espaço capitalista a reforma passos pp-59


Primeira década do século XX: grandes transformações na cidade para adequar a
forma urbana às necessidades reais de criação, concentração e acumulação do capital. pp-59
Reorganização da Comissão da Carta Cadastral por Pereira Passos fez o recuo
progressivo dos edifícios, e a uniformização dos planos de alinhamento das ruas da cidade.
pp-60
A integração de Copacabana ao espaço urbano foi promovida pelo poder público, seja
através da intimação dada à Companhia Jardim Botânico para acelerar a obra de perfuração
do túnel do Leme (inaugurado em 1906), seja pela construção da Avenida Atlântica. pp-63
A reforma passos representa um exemplo típico de como novos momentos de
organização social determinam novas funções à cidade, muitas das quais só podem vir a ser
exercidas mediante a eliminação de formas antigas e contraditórias ao novo momento. pp-63
Período Passos representa para o Rio de Janeiro a superação efetiva da forma e das
contradições da cidade colonial-escravista, e o início de sua transformação em espaço
adequado às exigências do Modo de Produção Capitalista. Ele também marca a etapa inicial
de desenvolvimento de novas e importantes contradições - de base capitalista - que marcarão
a evolução da cidade no século XX. pp-67

O RIO DE JANEIRO NO INÍCIO DO SÉCULO XX: AS NOVAS


CONTRADIÇÕES DO ESPAÇO

A Reforma Passos representa um momento de corte fundamental na relação entre


Estado e Urbano. Até então o Estado se limitava a regular, controlar, estimular ou proibir
iniciativas que partiam exclusivamente da esfera privada. A intervenção direta pelo Estado
durante a Reforma Passos modificou definitivamente essa relação, assim como alterou o
padrão de evolução urbana no restante do século XX. pp-73
Primeiro momento de intervenção do Estado na cidade: levou a transformação
acelerada da cidade, tanto a morfologia quanto o conteúdo, com a separação de usos e de
classes sociais no espaço. pp-73
Estado acelerou o processo de estratificação espacial, contribuindo para a
consolidação de uma estrutura núcleo/periferia que perdura até hoje. pp-73
Período de 1914-1918: desenvolvimento industrial no Brasil, concentrado no Rio de
Janeiro, sobretudo na capital (subúrbio). Aumento dos bairros operários. pp-80
Fábricas preferiam se localizar perto do porto, na região de São Cristóvão, ou nos
terrenos mais baratos do subúrbio ao longo da linha de trem. pp-80
Concreto armado: 1924 - provoca um surto de construção de prédios de mais de seis
andares, transformando a forma-aparência da cidade. pp-86.

O ESPAÇO EM MOVIMENTO: DO URBANO AO METROPOLITANO

Anos 50: a questão urbana é reduzida a um “problema viário”. A transformação


urbana seria comandada agora pelo transporte individual, símbolo do processo de
concentração de renda que se intensificava no país. pp-95
Período de 1930 a 1950 assiste a um grande aumento demográfico: de 1,4 milhão pra
2,5 milhões em 50. pp-96
Crescimento industrial da cidade foi um dos fatores mais importantes para o
crescimento demográfico, pois a cidade passa a receber um grande fluxo migratório. pp-96
Período 30-50: indústrias passam a ocupar os subúrbios, e não mais a área central da
cidade. pp-96
Intensa instalação industrial nos subúrbios, acompanhada de crescimento demográfico
e investimentos estatais em infraestrutura, sobretudo por conta da Segunda Guerra Mundial.
pp-103.
Novo eixo de expansão fabril nos anos 50: Avenida Brasil (Inaugurada em 1946).
pp-103
Junto com a ocupação fabril, muitas favelas surgiram ao longo da Av. Brasil. pp-103
Crescimento da periferia (baixada fluminense) nos anos 40 e 50: obras de
saneamento, eletrificação da central do brasil, abertura da avenida brasil, tarifa única da linha
férrea. Os migrantes que chegavam ao RJ se dirigiram principalmente pra periferia, e não
para as favelas. pp-107

O crescimento da zona sul e a estagnação relativa da área central. pp-112


Concreto armado foi fundamental para o crescimento da zona sul e sua verticalização,
já que diminuía os preços de construção viabilizando um grande acúmulo de capital. Em
1940 40% da população de Copacabana residia em prédios de 3 pavimentos ou mais. pp-112
Período de 30 a 40, chegando nos 50: Área central teve pouco
investimento/transformação imobiliária, devido ao boom imobiliário da zona sul, sobretudo
Copacabana, que atraía a maior parte do capital. Isso inclusivo “atrasou” a verticalização da
recém aberta Av. Presidente Vargas. pp-114
Transformação de Copacabana em subcentro deslocou grande parte das atividades
comerciais e de prestação de serviços do centro. pp-114

O Período 50-64. pp-115


Período marcado pela penetração maciça de capital estrangeiro, facilitado pelo
governo agora “democrático”. pp-115
Metade dos migrantes chegados no RJ na década de 50 foram para a periferia
intermediária = baixada fluminense e bairros vizinhos. pp-121
Abertura de rodovias importantes, linha férrea, queda do cultivo da laranja = fatores
que estimularam o crescimento da baixada, com a abertura de lotes e empreendimetos
imobiliários para receber a população migrante ou de baixa renda do próprio rj. pp-123

Verticalização da Zona Sul . pp-126


Zona sul já estava praticamente toda ocupada na década de 40, logo, a única maneira
de expandir era pra cima!
Em 1946 o gabarito dos prédios de Copacabana foi liberado para 8/10/12 andares,
dependendo da localização. Nesse sentido, assiste-se a um boom imobiliário em copacabana,
com a substituição quase total das edificações antigas pelas mais modernas de vários
pavimentos. pp-126
Lei Municipal 525/50: limitou o gabarito dos demais bairros oceânicos (em contraste
com Copacabana que seguia sendo verticalizada) em 4 pavimentos mais cobertura para os
logradouros de 22m de largura. pp-129
Década de 1950: grandes preocupações quanto a acessibilidade zona sul-centro, com a
abertura de túneis e outras importantes obras de infraestrutura urbana. pp-130
Nos anos 50 os bondes são gradativamente abandonados pela prefeitura, pois eles
causavam problemas no tráfego, e estavam perdendo importância para os Ônibus e
automóveis. pp-132

Você também pode gostar