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Ao analisarmos esses princípios, podemos concluir que a função social de uma empresa deve
incluir a geração de riquezas e empregos, visando ao lucro, mas também deve promover a
qualificação e a diversificação da força de trabalho, estimular o desenvolvimento científico e
tecnológico, além de gerar uma melhor qualidade de vida por meio de ações educativas, culturais,
assistenciais e de defesa do meio ambiente.
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Segundo o Instituto Ethos, a responsabilidade social empresarial (ou corporativa) pode ser
conceituada como uma forma de gestão definida pela ética transparente da empresa com todos os
públicos com os quais ela se relaciona (stakeholders) e pelo estabelecimento de metas corporativas
que estimulem o desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando recursos do meio
ambiente e da cultura para gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a redução
das desigualdades.
Para garantir o sucesso desse processo, a RSE deve procurar harmonizar interesses
privados dos acionistas com interesses coletivos de outros stakeholders, provendo resultados
financeiros e socioambientais a curto e a longo prazo, visando à perenidade da organização
(ARTIACH et al., 2010).
A definição de stakeholder é crucial para entendermos o conceito de responsabilidade social
da empresa. Entende-se por stakeholder um grupo ou um indivíduo que legitima as ações de uma
organização exercendo um papel direto ou indireto nos seus resultados e que pode por eles ser
afetado de maneira positiva ou negativa, dependendo da forma como essa organização atua.
Internamente, os stakeholders de uma empresa podem ser, por exemplo, os seus colaboradores,
gestores, proprietários, acionistas, fornecedores, clientes, etc. Em um âmbito mais externo, podem
ser organizações sociais, prefeituras, governos, sindicatos, concorrentes e diversas outras
organizações que se relacionem com determinada ação ou projeto.
Quando entendem a importância dos stakeholders, os gestores conseguem enxergar de
maneira mais ampla todos os envolvidos no processo de entrega da proposta de valor da
organização, analisando de que forma eles podem contribuir para o sucesso desse processo e
determinando como serão impactados pela sua realização.
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Agravamento dos problemas ambientais mundiais
Ao analisarmos a evolução histórica das sociedades, podemos observar que, desde o início
dos tempos, o ser humano tem modificado o ecossistema para suprir as suas necessidades e os seus
interesses. Isso contribui, de forma progressiva, para o desequilíbrio do planeta e da humanidade.
Após o advento da Revolução Industrial, o ser humano mudou a sua interação com o
planeta, buscando, principalmente, elevar a produtividade e os ganhos socioeconômicos. A
poluição do ar, as mudanças climáticas, o desmatamento, a extinção de espécies, a escassez de
água e a superpopulação são alguns dos grandes problemas ambientais mundiais gerados por essa
busca desenfreada pelo desenvolvimento industrial e pelo lucro. A seguir, veremos cada um deles
com mais detalhes.
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Figura 1 – Esquematização do efeito estufa
Desmatamento
O desmatamento não é problema novo na sociedade. A destruição de florestas acontece
frequentemente para manter o processo produtivo, a criação de gado e a agricultura. Além disso,
com a urbanização constante, é cada vez mais frequente em áreas adjacentes a centros urbanos,
estradas e rios.
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As florestas são reservas de biodiversidade e funcionam de modo parecido com o dos nossos
pulmões, absorvendo o CO2 e mantendo os gases nocivos fora da atmosfera e dos oceanos.
Segundo o WWF, os principais impactos do desmatamento são os seguintes:
perda de biodiversidade;
degradação de habitats;
modificação do clima mundial e
perda do ciclo hidrológico.
Todos esses impactos geram também impactos sociais. Com a redução das florestas, as
pessoas têm menos possibilidade de usufruir dos benefícios advindos dos recursos naturais
oferecidos por esses ecossistemas.
Superpopulação
A cada ano, nascem cerca de 81 milhões de pessoas, número próximo ao da população de
toda a Alemanha. Nesse ritmo crescente, segundo a ONU, chegaremos a 9,6 bilhões de habitantes
em 2050, 2 bilhões de pessoas a mais do que temos hoje no planeta.
Sabemos que a Terra possui, praticamente, a mesma quantidade de água (em todos os
estágios) e terra de milhares de anos atrás e que a ciência ainda não encontrou formas de ampliar
essa quantidade de maneira efetiva. Isso significa que, com o aumento populacional, recursos
básicos para a sobrevivência humana, como água e alimentos, começarão a faltar.
Hoje a maior parte da população mundial vive nas áreas mais pobres da África e da Ásia, e
os estudos apontam que isso deve manter-se nos próximos anos. Entre 2010 e 2100, as
estimativas são de que os países africanos tenham taxas de crescimento populacional que cheguem
a 1.200%.
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O gráfico a seguir é resultante de um estudo lançado em 2017 pelo Department of Economic and
Social Affairs da ONU (Desa) e mostra a divisão populacional do nosso planeta por áreas habitadas.
O gráfico nos mostra que metade das pessoas que habitarão o planeta em 2100 estarão
vivendo em apenas oito países: Tanzânia, Congo, Nigéria, Uganda, Etiópia, Índia e Estados
Unidos. Essa configuração se deve não só a fatores culturais e religiosos, mas também à falta de
educação, de acesso a métodos contraceptivos e de planejamento familiar, especialmente nos
países subdesenvolvidos.
Escassez de água
Sempre ouvimos dizer que a Terra é o Planeta Água. No entanto, 97% de toda essa água é
salgada, ou seja, não pode ser consumida por seres humanos. Os outros 3% estão no subsolo do
planeta ou nos seus polos, caso em que se encontra congelada. Resta menos de 1% nas redes de
distribuição para utilização, o que inclui o consumo próprio, o uso industrial e o agrícola.
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Apesar de cerca de 12% da água doce do mundo estar concentrada no Brasil, a crise hídrica
é algo também presente na nossa realidade. A cidade de São Paulo, por exemplo, região mais
populosa do Brasil, enfrentou um longo período de escassez de água em 2014. Além da ausência
de chuvas no período, foram causas a má distribuição da água e a má gestão dos recursos naturais
na cidade.
Os processos industriais e agrícolas também colaboram para a manutenção desse tipo de
problema. Para produzir uma tonelada de grãos, por exemplo, são necessárias 1.000 toneladas de
água. Além disso, houve um aumento do consumo de produtos industrializados e mesmo de
carne bovina, suína e de aves por conta do fenômeno de ascensão social ocorrido no País. Há
também o fato de as pessoas estarem vivendo mais em cidades, o que gera um processo de
urbanização crescente, ampliando a necessidade de água encanada e saneamento.
Geração de lixo
Chamamos de lixo todo o resíduo gerado por atividades humanas que não tem mais
utilidade e está em desuso.
Tendências apontam que, com a ascensão do consumo – aliada ao crescimento
populacional, ao crescimento econômico e à urbanização –, estimula-se cada vez mais a produção
de bens e serviços, o que gera mais resíduos. Se não destinados de maneira correta, esses resíduos
tornam-se lixo e acabam degradando o ecossistema.
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Aperfeiçoamento tecnológico e evolução da gestão ambiental
Marcos históricos
Segundo José Barbieri (2011), uma das grandes referências da área no Brasil, as
manifestações iniciais de gestão ambiental surgiram devido ao esgotamento de recursos naturais
como a madeira, cuja exploração, para a construção de moradias, móveis e instrumentos, e a
produção de combustível, era intensa desde a era medieval. A escassez de qualquer recurso gera
um alerta e provoca a reflexão, o que foi bastante importante nessa trajetória.
Nos anos 1950 e 1960, não se falava muito em gestão ambiental nas empresas, que se
limitavam a atender a pobre legislação vigente na época. Muito comuns até os anos 1970, as
tecnologias de remediação eram as que imperavam, ou seja, as empresas só se preocupavam com a
gestão ambiental quando ocorria algum tipo de desastre ambiental. Nesse contexto, um marco
importante foi o lançamento do livro Primavera silenciosa (Silent spring), de Rachel Carson.
Publicada em1962, nos Estados Unidos, a obra, que ficou alguns anos na lista das mais vendidas,
alertava para o uso de agrotóxicos no meio ambiente, principalmente em aves, causando a
diminuição da espessura das cascas dos ovos, criando problemas reprodutivos e,
consequentemente, levando a mortes. O movimento ambientalista ganhou força a partir desse
momento e passou a ter um certo grau de destaque na sociedade.
O aumento da preocupação com os impactos do processo produtivo no meio ambiente
resultou em dois grandes marcos nos anos 1970:
A partir desses marcos, a discussão sobre a temática se acirrou, refletindo bastante na gestão
e no posicionamento dos países. No Brasil, por exemplo, o Governo Federal editou as suas
normas e políticas ambientais e criou, já em 1975, a Sema (Secretaria Especial do Meio
Ambiente). Nos anos seguintes, reformulou a Política Nacional do Meio Ambiente e, em 1986, a
partir da obrigatoriedade da realização de estudos e relatórios de impacto ambiental, apoiou
crescentes debates em relação às questões ambientais e aos novos padrões de produção e consumo.
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Ferramentas voltadas para a minimização da geração de resíduos
A pressão da sociedade e dos governos impactou o ambiente empresarial, provocando o
surgimento dos processos chamados fim-de-tubo, em que são aplicadas tecnologias aos resíduos
gerados pela empresa (perdas do sistema de produção, como emissões de gases nocivos à
atmosfera, resíduos sólidos e efluentes líquidos) a fim de minimizar os impactos ambientais. No
entanto, apesar de esses processos e tecnologias serem bastante efetivos no fim-do-tubo, como o
próprio nome já diz, a preocupação só começa após a geração de resíduos.
Com a sofisticação e o encarecimento do processo de tratamento de alguns resíduos, as
empresas passaram a estimular ações anteriores a geração desses resíduos, ou seja, passaram a agir
de maneira preventiva. Dessa forma, percebeu-se que a questão ambiental não era apenas um
problema que ocorria na saída do sistema de produção, mas que fazia parte da estratégia da
organização. Assim foram surgindo ferramentas que buscavam minimizar a geração de resíduos,
como os sistemas de gestão ambiental (SGA) e a produção mais limpa (P+L).
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Incorporação da convenção da sustentabilidade nas
empresas e na sociedade
A globalização e a atual dinâmica do ambiente de negócios exigem que as empresas sejam
flexíveis para se adaptarem, de maneira mais ágil, às mudanças do mercado. Essas mudanças vão
em direção à sustentabilidade e à responsabilidade corporativa, e essa pressão de adaptação está
relacionada, principalmente, a fontes externas como os stakeholders, ou seja, organizações
internacionais, o governo e o próprio mercado, que exigem mais transparência e melhoria em
aspectos que vão além do financeiro nos negócios.
1. People (pessoas):
A dimensão social se relaciona, principalmente, às pessoas, à igualdade social e ao capital
humano. Diz respeito a práticas comerciais justas e benéficas para a comunidade onde a empresa
está inserida, prevendo que a empresa conceba uma estrutura em que não só os interesses
corporativos e trabalhistas, mas também o bem-estar de todos os stakeholders sejam respeitados de
maneira interdependente.
2. Planet (planeta):
A dimensão relacionada ao planeta se refere a práticas ambientais sustentáveis, que busquem
respeitar a ordem natural do planeta e minimizar ao máximo o impacto ambiental nele produzido.
3. Profit (lucro):
A dimensão do lucro se refere ao valor financeiro criado pela organização, ao lucro, ao
crescimento, à produtividade de trabalho e aos gastos com pesquisa e desenvolvimento.
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Figura 3 – Triple Bottom Line
Geração de valor
No panorama atual, em que a sociedade vem exigindo a adoção de uma postura
socialmente responsável por parte das organizações, o desenvolvimento de estratégias de negócio
que satisfaçam essa demanda deve ser visto como uma oportunidade, pois uma gestão sustentável
pode contribuir não só para a elevação da rentabilidade da empresa mas também para a
manutenção da sua reputação. Isso acontece porque esse modelo de gestão, que propõe uma
maior transparência junto aos stakeholders e a atuação em projetos de cunho social e ambiental,
impacta positivamente a imagem da empresa, ou seja, é uma forma de agregar valor e aumentar a
competitividade, tornando-se um uma vantagem competitiva sustentável (ALENCAR, 2007).
Pacto global
Como os estados e governos não têm conseguido exercer por completo a sua função de
geradores do bem-estar social, a preocupação constante com questões éticas, sociais e ambientais
tem sido transferida às organizações como uma nova responsabilidade. Para discutir esse novo
papel empresarial, houve uma série de reuniões, associações e projetos internacionais, como o
Fórum Econômico Mundial, que ocorreu em Davos, em 1999. Nele o então Secretário Geral da
ONU Koffi Annan convocou os líderes empresariais mundiais a participarem de uma nova
iniciativa, que buscava difundir os benefícios do desenvolvimento econômico por meio de
políticas e ações corporativas voluntárias baseadas em determinados princípios. No ano seguinte,
foi então lançado o Pacto Global.
O Pacto Global é a maior iniciativa de sustentabilidade corporativa do mundo,
contabilizando, em 2018, cerca de 13.000 signatários em mais de 170 países. O seu objetivo é
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estimular as empresas a adotarem políticas de responsabilidade social corporativa e
sustentabilidade, reportando a sua implementação. Além disso, o pacto busca catalisar ações tanto
locais quanto globais a fim de auxiliar o alcance das metas das Nações Unidas, como os objetivos
do desenvolvimento sustentável.
Para atingir os seus objetivos, o Pacto Global mobiliza a comunidade empresarial
internacional para que adote 10 princípios nas áreas de direitos humanos, trabalho, meio
ambiente e anticorrupção. Esses princípios foram inspirados em algumas declarações das Nações
Unidas, como a Declaração Universal de Direitos Humanos, a Declaração do Rio sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento, a Declaração da Organização Internacional do Trabalho sobre
Princípios e Direitos Fundamentais do Trabalho e, mais recentemente, a Convenção das Nações
Unidas contra a Corrupção.
A seguir, apresentamos cada um dos 10 princípios do Pacto Global:
Princípios relativos aos direitos humanos:
1. as empresas devem apoiar e respeitar a proteção de direitos humanos
reconhecidos internacionalmente;
2. as empresas devem assegurar-se da sua não participação em violações desses
direitos;
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O Pacto Global não é um órgão regulador das Nações Unidas, mas um compromisso de
livre adesão por parte de empresas, organizações, sindicatos e academias. Ao tornar-se signatária, a
instituição assume o compromisso público e voluntário de implantar os princípios apresentados
nas suas atividades e prestar contas aos seus stakeholders por meio da COP (comunicação em
progresso) ou COE (comunicação de engajamento). A COP e COE devem ser publicadas
periodicamente, de maneira pública e transparente.
O Pacto Global acredita que, ao envolverem-se com esse compromisso, as empresas
contribuem para a criação de uma sociedade mais justa e inclusiva, além de melhorarem a sua
compreensão a respeito das oportunidades existentes no novo contexto social em que vivemos,
que é mais complexo, dinâmico e mutável.
Programa Cidades
Pouco depois do lançamento do Pacto Global, a cidade de Melbourne, na Austrália,
questionou se as cidades também poderiam tornar-se signatárias da iniciativa, pois isso incentivaria
um maior compromisso local com a mudança, além de motivar a participação nas discussões
internacionais. Em 2002, com a aprovação da ideia, foi lançado o Programa Cidades, que se tornou
um braço do Pacto Global. O objetivo desse programa é melhorar a vida urbana nas cidades de todo
o mundo, desenvolvendo sociedades mais justas, inclusivas, sustentáveis e resilientes por meio de
uma plataforma de colaboração intersetorial denominada Modelo de Melbourne.
O Modelo de Melbourne se baseia na colaboração entre governos, sociedade civil e
empresas, como podemos ver no esquema a seguir.
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Concebido para ajudar a desenvolver a missão do Programa Cidades, o modelo procura
“catalisar e combinar os recursos do governo, das empresas e da sociedade civil”, com o objetivo
de encontrar soluções concretas para os problemas sociais, econômicos e ambientais urbanos que,
aparentemente, não têm solução.
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Esses princípios colaboram como um direcionador para as instituições, integrando a
responsabilidade corporativa, a sustentabilidade e os objetivos do desenvolvimento sustentável de
maneira gradual e sistêmica dentro dos seus modelos educacionais.
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Os ODS compreendem 17 objetivos, divididos em 169 metas, conforme demonstrado no
quadro a seguir:
OBJETIVO DESCRIÇÃO
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OBJETIVO DESCRIÇÃO
13. ação contra a mudança global do Tomar medidas urgentes para combater a
clima mudança climática e os seus impactos.
Segundo o Programa Nacional das Nações Unidas (PNUD), a agenda dos ODS está
interligada aos três elementos da sustentabilidade do triple bottom line (crescimento econômico,
proteção ambiental e processos de inclusão social), tendo sido estruturada a partir de cinco itens
considerados cruciais para a humanidade:
pessoas;
planeta;
prosperidade;
paz e
parceria.
Além disso, os objetivos dos ODS são indissociáveis e, segundo o PNUD (2015), só serão
alcançados mediante o envolvimento, o compromisso e a ação de todos. As empresas
desempenham, portanto, um papel fundamental no cumprimento desses objetivos, além de terem
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uma grande oportunidade de alavancar novos negócios, pois os ODS podem ser vistos como uma
janela de possibilidades para o desenvolvimento e a implementação de tecnologias e soluções
empresariais rumo a uma sociedade mais próspera.
Segundo o Pacto Global (2015), alguns dos benefícios gerados pelos ODS são os seguintes:
identificação de oportunidades de negócio futuras;
valorização da sustentabilidade corporativa;
fortalecimento das relações com as partes interessadas e manutenção do ritmo com as
políticas públicas;
utilização de uma linguagem comum e de uma finalidade compartilhada e
investimento em um ambiente propício aos negócios.
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No quadro a seguir, podemos observar o aumento das maiores oportunidades de mercado.
Fonte: Better Business, Better World, Business & Sustainable Development Commission.
Analisando o gráfico, podemos verificar que o setor de cidades é um dos que apresenta
oportunidades mais expressivas e está relacionado ao objeto n° 11 dos ODS, que trata do
desenvolvimento de cidades e comunidades sustentáveis. O progresso nesse setor estimulará,
segundo o gráfico, a criação de novos sistemas de mobilidade, soluções em edificação,
infraestrutura urbana e construções acessíveis e funcionais. Já no setor de alimentação, que se
relaciona mais diretamente com o ODS n° 2, serão geradas oportunidades para negócios que
reduzam a perda e o desperdício, além de soluções que garantam a produção de alimentos de
forma mais sustentável.
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Os ODS e todos os seus desafios já são uma realidade. Cabe,
agora, a cada setor da sociedade desempenhar o seu papel
no cumprimento dessa agenda até 2030. Governos,
organizações sociais, empresas e a população devem
trabalhar juntos para articular ações que contribuam para o
desenvolvimento sustentável.
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MÓDULO II – GERINDO ORGANIZAÇÕES
MAIS SUSTENTÁVEIS
Neste módulo, focaremos algumas práticas para gerir organizações baseadas no contexto da
sustentabilidade, mais especificamente sob o viés ambiental. Para tanto, abordaremos temas como
estratégias de gestão de projetos, ciclo de vida dos produtos, Sistema de Gestão Ambiental, ISO e
legislações pertinentes.
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O conjunto 14000 engloba seis séries de normas que atendem a assuntos específicos da
gestão ambiental. Vejamos:
ISO 14001 – aborda o Sistema de Gestão Ambiental (SGA);
ISO 14004 – assim como a 14001, aborda o SGA, contudo é mais voltada para
orientações de implementação, focando o uso interno do sistema pela empresa;
ISO 14010 – assegura credibilidade ao processo de certificação ambiental, pois se refere
a auditorias ambientais;
ISO 14031 – apresenta normas de desempenho ambiental;
ISO 14020 – traz normas de rotulagem e declarações ambientais, e
ISO 14040 – aborda normas sobre a análise do ciclo de vida.
Por tratar da implementação do Sistema de Gestão Ambiental, a ISO 14001 é uma das
mais utilizadas e, como parte da família 14000, baseia-se no princípio da melhoria contínua. Para
garantir o sucesso da sua aplicação, é necessário que a organização tenha maturidade para buscar o
comprometimento da alta direção e criar uma estratégia de comunicação interna que vise ao
envolvimento de todos os atores organizacionais.
a) Organização interna:
Um bom primeiro passo consiste em formar uma equipe interna para a implementação do
projeto. Essas mesmas pessoas podem tornar-se, posteriormente, os auditores internos do processo.
Formada a equipe, o trabalho deve começar pela análise daquilo que já existe na
organização. Nesse sentido, algumas perguntas podem ajudar:
Que sistemas de qualidade existentes já atendem aos requisitos da ISO 14001?
O que os meus stakeholders acham da minha gestão ambiental vigente?
Quais são os feedbacks?
b) Conferência de requisitos:
Na segunda etapa, já com a ajuda de um especialista, devem-se identificar os tipos de
impacto ambiental produzidos pela empresa em todos os seus processos, relacioná-los à legislação
aplicável e definir a política ambiental da empresa.
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c) Planejamento:
Na fase de planejamento, devem-se definir os objetivos e metas do projeto, e desenvolver os
planos de ação, baseando-se nas ações ambientais a serem realizadas e no levantamento das
restrições e obrigações (requisitos legais) da organização.
d) Implementação:
A fase de efetivação das ações é, normalmente, realizada com o apoio de um especialista, de
modo a garantir que as definições e os planos da empresa sejam realizados de maneira adequada.
Nessa fase, são desenvolvidos manuais e procedimentos que venham a colaborar com a
implementação de novas rotinas e formas de trabalho.
e) Treinamento:
A fase de treinamento é necessária à implementação das novas rotinas, pois os
procedimentos devem ser conhecidos por toda a organização. Além disso, a realização de
treinamentos empodera os colaboradores para que busquem alcançar os novos objetivos da
empresa estando cientes da nova estratégia e alinhados ao seu propósito.
f) Auditoria interna:
A fase de auditoria interna assegura que a empresa está respeitando a norma e está em
conformidade com todas as suas exigências.
Os auditores internos são um time criado pela organização para conferir se todos os
requisitos estão sendo cumpridos após a conclusão da implementação.
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Ciclo PDCA na gestão integrada
O PDCA é uma metodologia de gestão interativa que busca a melhoria contínua de
processos e produtos de maneira eficiente. A sigla PDCA é formada pelos seguintes termos em
inglês: plan, do, check e act. Esses termos representam as etapas a serem seguidas na aplicação da
metodologia, como podemos ver a seguir:
a) Planejar (plan):
Nesta etapa, ao avaliar o estado atual da organização, deve-se reunir o máximo de informações
e procurar melhorias por meio do desenvolvimento de possíveis soluções e meios de execução.
b) Desenvolver (do):
Nessa fase, devem-se experimentar os planos propostos, certificando-se de que todas as
partes envolvidas entendam as mudanças, pois é uma etapa importante para obter um
resultado preciso.
c) Verificar (check):
Nessa fase, a empresa deve acompanhar a eficácia das ações a fim de observar as alterações
realizadas. Em outras palavras, deve comparar o estado atual da empresa (medido e experimentado
na etapa de desenvolvimento) com os resultados esperados (estabelecidos no planejamento).
d) Agir (act):
Após comparar os resultados reais com os resultados planejados, nessa fase, a organização
deve verificar as diferenças mais relevantes e implementar ações corretivas para minimizar o seu
impacto, sempre determinando as suas causas.
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O ciclo PDCA é contínuo, ou seja, fornece um modelo para a realização de mudanças e
melhorias contínuas. Isso significa que, ao concluirmos um ciclo do processo, um outro deve ser
iniciado, focando a evolução, a adequação e a execução de novos projetos e soluções, como
podemos ver no esquema a seguir.
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O Sistema de Gestão Ambiental também se orienta para a melhoria contínua,
especialmente se associarmos a sua realização com a adequação às normas ISO. Dessa forma,
podemos relacionar as fases de aplicação do SGA às do PDCA. Vejamos:
Como podemos notar, analisada sob a perspectiva do SGA, a fase “planejar” do PDCA
contempla, inicialmente, a definição da política ambiental da empresa, pois esse é o momento em
que se expõem as intenções da empresa em relação ao meio ambiente e também se estabelecem as
diretrizes para a definição dos seus objetivos e metas ambientais. Depois de instituída a política
ambiental, são estabelecidos os planos, metas e programas para cumpri-la.
Assim como ocorre na fase “desenvolver” do PDCA, a fase de implementação do SGA prevê o
atendimento do que foi proposto na sua política, nas suas metas e nos seus objetivos, o que deve ser
realizado por meio da concretização das estruturas organizacionais direcionadas ao programa, do
treinamento e da conscientização de equipes, da comunicação efetiva aos stakeholders, da
documentação e do controle, da precaução e do atendimento a situações emergenciais.
Após a fase de implementação, é necessário verificar se a política ambiental proposta
está sendo cumprida e corrigir aspectos não desejáveis, mitigando os impactos negativos que
possam existir. Nessa etapa, os auditores internos assumem um papel bastante importante,
pois colaboram para o monitoramento e a medição das ações, além de auxiliarem no controle
dos registros e das conformidades.
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Por fim, a etapa de análise do SGA propõe que seja realizada uma revisão no processo de
gestão baseando-se nos resultados da avaliação do processo anterior. Essa etapa possibilita a
realização de alterações na política ambiental e no planejamento da empresa caso seja necessário.
Como ocorre no PDCA, a análise estimula o processo de melhoria contínua.
A aplicação da ecoeficiência não se limita às áreas internas da empresa, mas envolve toda a
cadeia de valor do produto. Desse modo, estimula a inovação e a criatividade como formas de
encontrar a solução para os desafios pontuados e o desenvolvimento de novas maneiras de produção.
As oportunidades podem aparecer em qualquer momento do processo e, por isso, os colaboradores
devem ser capazes de identificá-las, reconhecendo o valor que agregam à realidade corporativa. Para
isso, a estratégica de ecoeficiência deve estar integrada à operação da empresa de maneira transversal,
permeando todos os processos e áreas, estimulando a cooperação e o trabalho compartilhado.
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Uma gestão que alinhe progresso econômico, equilíbrio social e preservação do meio
ambiente requer empenho, vontade de inovar e mudar os paradigmas existentes. Essa nova
postura pode gerar melhores dividendos, ganhos de reputação e imagem, além de crescimento
econômico e perenidade ao negócio.
O Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável (BCSD) de Portugal
identificou alguns aspectos que fazem da ecoeficiência um instrumento estratégico para os
negócios. São eles:
otimização de processos;
reciclagem de resíduos;
novos produtos e serviços;
organizações virtuais/ redes e
ecoinovação.
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A medição das ações de ecoeficiência, por meio do uso correto de indicadores, é
importante para:
determinar o sucesso financeiro e ambiental da empresa;
identificar e rastrear tendências;
priorizar ações e questões, e
propor melhorias.
Como veremos mais adiante, o relato tanto interno quanto externo também é
extremamente necessário para comunicar o progresso e os obstáculos encontrados pela empresa
aos reguladores, assim como para construir a confiança do acionista e do consumidor. Esses
relatórios podem ser integrados aos mecanismos de comunicação e relatórios já existentes.
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O esquema a seguir ilustra a estratégia de P+L.
a) Planejamento e organização:
Nessa etapa, é necessário fazer com que todos os stakeholders (internos e externos) conheçam
a iniciativa de P+L e prevejam como podem contribuir para o processo (fazendo parte de um time
de implementação, por exemplo).
Nesse momento, a política ambiental deve ser escrita ou revisada, os orçamentos devem ser
criados e um programa específico de implementação deve ser construído.
b) Avaliação:
Nessa etapa, são identificadas e avaliadas as entradas e saídas de materiais, os processos e
custos, os impactos ambientais e à saúde. Em seguida, são identificadas as oportunidades de
produção mais limpa.
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c) Análise de viabilidade:
Nessa etapa, cada oportunidade de P+L é avaliada de acordo com o seu impacto ambiental,
viabilidade econômica e disponibilidade tecnológica, o que possibilidade a seleção da estratégia
mais adequada.
d) Implementação:
Na fase de implementação da estratégia, um programa de monitoramento e avaliação deve
ser estabelecido.
e) Continuidade:
Nessa fase, um processo de auditoria regular oferece subsídios para uma gestão eficaz e um
processo de tomada de decisão eficiente. Nela as partes interessadas devem ser informadas acerca
do progresso da iniciativa, bem como a empresa deve monitorar o seu ganho em imagem e
reputação, o seu crescimento econômico e a perenidade do negócio.
Níveis de aplicação
O Conselho Nacional de Tecnologias Limpas (CNTL) do Senai estimula as empresas a
definirem um grau de prioridade para as oportunidades encontradas quando da aplicação da
produção mais limpa. Conforme demonstramos no fluxograma a seguir, os níveis de prioridade
para aplicação da P+L são os seguintes:
nível 1 – redução da geração de resíduos e emissões;
nível 2 – reintegração dos resíduos que não puderem ser evitados ao processo de
produção da empresa e
nível 3 – tomada de medidas de reciclagem fora da empresa, considerando a
impossibilidade de consecução do nível 2.
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Figura 10 – Níveis de aplicação de produção mais limpa
Nível 1
O nível 1 se refere à redução de resíduos e emissões na fonte, o que pode acontecer por
meio das seguintes mudanças em processos:
a) Housekeeping:
Como nos aponta a própria tradução do termo, essa prática consiste em “cuidar da casa”,
ou seja, realizar revisões periódicas no layout da organização (disposição de máquinas e
equipamentos) de maneira a melhorar a produtividade e reduzir desperdícios, estimular o uso
consciente de matérias-primas e materiais, e a prevenção de resíduos.
b) Substituição de matérias-primas:
Essa prática envolve a revisão do processo de manuseio operacional, procurando materiais
que sejam mais resistentes e seguros, e buscando substituir insumos não renováveis por renováveis
ou menos nocivos ao meio ambiente.
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c) Modificação tecnológica:
A modificação tecnológica colabora para a eficiência e otimização de recursos, seja por meio
do uso de controles que permitam rastrear perdas no processo produtivo ou reduzir os riscos de
acidentes de trabalho, seja pelo desenvolvimento de novos produtos e serviços.
Quanto à redução de resíduos e emissões por meio de modificações no produto, podem ser
realizadas as seguintes mudanças:
a) Substituição de produto:
Produtos que gerem um grande impacto ou toxicidade ao meio ambiente devem ser
abolidos ou substituídos por produtos menos agressivos.
b) Ecodesign:
O ecodesign propõe o redesenho dos produtos, levando em consideração o viés ambiental como
uma forma de gerar novos negócios e reduzir custos. Isso implica a substituição de materiais, o
aumento da vida útil do produto, a possibilidade de reciclagem e a otimização dos processos.
Nível 2
Caso os resíduos não possam ser eliminados, eles devem ser reintegrados ao processo produtivo,
levando em consideração o seu ciclo de vida, ou até mesmo ser aproveitados nas áreas operacionais e
administrativa da empresa. Podem ser criadas, por exemplo, composteiras para o tratamento de
resíduos orgânicos que possam vir a ser usados como adubos para os jardins da instituição.
Nível 3
De acordo com a priorização, o nível 3 surge após esgotadas e analisadas todas as
possibilidades de minimização de resíduos e emissões. Nesse caso, a reutilização de resíduos e
emissões pode-se dar por meio:
da reciclagem externa dos resíduos – requer a conscientização interna da empresa a
respeito do que é e do que não é lixo, a separação, coleta e destinação correta dos
resíduos ou
de ações nos ciclos biogênicos (ou biogeoquímicos) – referem-se, principalmente, aos
impactos no ciclo da água, do carbono, do oxigênio e do nitrogênio.
46
Ciclo de vida do produto
Tipos de responsabilidade da empresa
O processo de consumo de bens e serviços presume, inevitavelmente, a geração de resíduos.
Tudo que produzimos e consumimos é lançado ao meio ambiente ao final do seu ciclo, seja
tratado, enterrado ou incinerado. Esses resíduos se tornam tóxicos, poluindo o ambiente e
impactando tanto a saúde quanto o bem-estar da humanidade.
Como vimos anteriormente, o Sistema de Gestão Ambiental de uma empresa prevê o
controle e a destinação correta dos resíduos seja por pressão legal ou dos seus stakeholders. Dessa
forma, podemos dizer que a responsabilidade da empresa se subdivide da seguinte forma:
Como pudemos observar na referida lei, a culpa pelos danos causados por resíduos é do
gerador, independentemente do seu envolvimento com a causa real desses danos, bastando apenas
tê-los gerado.
b) Responsabilidade objetiva:
Independentemente de culpa, o poluidor é responsabilizado por qualquer dano ambiental
causado pela sua atividade, sendo obrigado a indenizar e reparar tais danos causados ao meio
ambiente e, até mesmo, aos indivíduos afetados.
1
Refere-se ao processo de licenciamento ambiental de atividades e empreendimentos.
47
Por exemplo, imaginemos que uma empresa destine os seus resíduos a um aterro sanitário
que, depois de fechado, passe a contaminar o solo ou gerar elementos a ele nocivos. Nesse caso, a
empresa geradora dos resíduos pode responder criminalmente pelos danos.
c) Responsabilidade solidária:
A responsabilidade solidária reforça a importância que a empresa deve dar a escolha dos seus
fornecedores e membros da sua cadeia de valor, ou seja, a empresa se torna corresponsável por
esses problemas tanto legal quanto institucionalmente. É por isso que uma organização deve se
importar com a contratação de empresas terceirizadas, exigindo por exemplo, a comprovação de
atendimento à legislação vigente, a obtenção de licenças e cadastros ambientais.
Essa responsabilidade reforçou, por muito tempo, o conceito de tratamento “do berço ao
túmulo”, segundo o qual as empresas devem preocupar-se com o caminho percorrido pelo seu
produto até a cova. No entanto, o tratamento adequado dos resíduos, o monitoramento dos
fornecedores, os gastos com a mitigação de impactos negativos e o alto risco de manchar a
imagem corporativa em escândalos ambientais fizeram com que essa não fosse a solução mais
sustentável e lucrativa para as empresas.
Tratar os impactos do “berço ao túmulo” refere-se, principalmente, a tratá-los em um
processo linear que leva em conta a extração, a produção e o descarte. Por meio da reflexão
advinda desse conceito, as empresas avançaram compulsivamente na criação de estratégias
sustentáveis e ecoeficientes. No entanto, novas tendências que procuram evitar essa geração de
impactos vêm surgindo.
Cradle-to-cradle (C2C)
Em 2002, o arquiteto William McDonough e o engenheiro Michael Braungart lançaram o
conceito de cradle-to-cradle (C2C), ou “do berço ao berço”, que ia na contramão do que defendia
o conceito de tratamento “do berço ao túmulo”.
O C2C defende a gestão de recursos de maneira circular, ou seja, o final de cada ciclo
torna-se, novamente, o berço de criação de um novo produto, possibilitando a reutilização de
recursos de maneira contínua, fluida e benéfica para o planeta.
Segundo os princípios do cradle-to-cradle, toda matéria é rica em nutrientes, e esses nutrientes
fazem parte de dois ciclos: o biológico e o técnico. No ciclo biológico, materiais biodegradáveis e
orgânicos, como produtos de higiene, beleza e alimentos, devem voltar ao meio ambiente de forma
segura. Já no ciclo técnico, o que não é produzido de maneira contínua pela biosfera, como gadgets,
metais e plástico, deve ser reaproveitado em processos industriais sem perda de qualidade, ou seja, os
fabricantes devem aceitar os produtos de volta para produzir novos.
48
Os ciclos biológico e técnico podem ser observados no esquema a seguir.
A humanidade é o único grupo de seres vivos do planeta que produz lixo. Como podemos
ver no esquema apresentado, o conceito “do berço ao berço” propõe que o processo produtivo
funcione de modo semelhante ao que acontece na natureza, eliminando a ideia de “lixo” e
entendo que, dentro de um ecossistema, o resíduo de um organismo (vivo ou morto) circula
gerando alimentos para outros organismos, o que leva a um ciclo sem fim.
Essa tendência já vem sendo absorvida por diversas empresas ao redor do mundo como uma
forma de melhorar as receitas e garantir a competitividade. Além disso, as construções e cidades
inteligentes (smart cities) inspiram-se nesse modelo cíclico para criar espaços harmônicos.
49
Logística reversa e perspectivas da política nacional de
resíduos sólidos
A logística reversa refere-se a todos os procedimentos associados à devolução de materiais já
utilizados no processo produtivo: reparos, manutenção, reciclagem e desmontagem.
No processo de produção e consumo, os produtos seguem um fluxo linear: fornecedores →
produção → distribuição → venda → consumo. A logística reversa segue o caminho inverso,
indo do pós-consumo à origem do produto. Por meio dela, objetiva-se reaproveitar os resíduos
sólidos ou descartá-los de maneira apropriada, garantindo a preservação ambiental e estimulando
a sustentabilidade dos negócios.
A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), apresentada pela Lei nº 12.305/2010,
define a logística reversa da seguinte forma:
50
9.177/2017 estabelece, no seu Art. 1º, “normas para assegurar a isonomia na fiscalização e no
cumprimento das obrigações imputadas aos fabricantes, aos importadores, aos distribuidores e aos
comerciantes de produtos, seus resíduos e suas embalagens sujeitos à logística reversa obrigatória.”
Isso significa que, independentemente de acordos setoriais ou termos de compromisso, todos
devem implementar sistemas de logística reversa em consonância com o que determina a Política
Nacional de Resíduos Sólidos.
Infelizmente, o greenwashing é uma prática muito comum, por isso, como consumidores,
precisamos estar atentos às certificações ambientais dos produtos, ao seu ciclo de vida e a quem
são os fornecedores daquilo que estamos consumindo.
A rotulagem ambiental surgiu então como uma forma voluntária de certificação e
classificação de produtos e serviços que tenham desempenho ambiental adequado, sendo também
uma importante ferramenta para comunicação com os diferentes stakeholders. Diferentemente dos
“selos verdes”, que identificam os produtos que causam menos impacto ao meio ambiente quando
comparados aos seus concorrentes, a rotulagem ambiental utiliza metodologias desenvolvidas por
terceiros (como a ISO) para classificar produtos de acordo com um padrão regulatório ambiental
que tem como base considerações a respeito do seu ciclo de vida.
51
Rótulos e declarações ambientais são o tema da série ISO 14000 e fornecem informações
quanto aos aspectos ambientais de produtos ou serviços, colaborando não só para a escolha dos
consumidores mas também para o aumento da adesão de fornecedores ao processo de redução do
impacto ambiental. Isso acontece porque, quando um rótulo ou declaração ambiental é eficaz
para influenciar a decisão de compra dos clientes, a participação de mercado desse produto ou
serviço aumenta e, consequentemente, influencia outros fornecedores (concorrência) a
aprimorarem os aspectos ambientais dos seus produtos ou serviços, o que resulta em um ciclo
positivo de redução do impacto ambiental de determinada categoria.
52
MÓDULO III – RELACIONAMENTO COM
SHAREHOLDERS E STAKEHOLDERS
a) Eixo vertical:
O eixo vertical é uma ponte do modelo atual para o futuro, ou seja, a necessidade de
gerenciar os negócios de hoje de modo a criar oportunidades tecnológicas e novos mercados para
o amanhã, gerando expectativas de resultados de curto, médio e longo prazos.
b) Eixo horizontal:
O eixo horizontal representa a necessidade de crescimento da empresa e a emergência de
proteger as suas capacidades organizacionais internas, além das novas perspectivas e dos
conhecimentos que surgem a partir do seu exterior. Dessa forma, em um processo dicotômico, a
empresa precisa proteger o seu núcleo técnico para que possa operar sem maiores distrações, mas
também precisa permanecer aberta a novos modelos de negócio e tecnologias disruptivas.
54
Ao cruzar esses eixos, cria-se uma matriz com quatro dimensões de desempenho que
colaboram para a geração de valor para o acionista. Vejamos:
Na matriz apresentada, o quadrante superior esquerdo propõe que a empresa deve não
só ter um desempenho eficiente nos negócios atuais mas também estar atenta à geração de
produtos e serviços no futuro, observando o dinamismo do mercado e desenvolvendo ou
absorvendo internamente habilidades, competências e tecnologias que a permitam caminhar
em direção à inovação.
Já o quadrante superior direito foca as dimensões externas associadas ao futuro. Nesse
sentido, a empresa deve saber, com clareza, qual será a sua trajetória de crescimento para, dessa
forma, criar expectativas confiáveis acerca do seu crescimento e gerar valor para os seus acionistas.
Essa trajetória de crescimento contempla o oferecimento de novos produtos ou a exploração de
novos mercados ou clientes que não eram previamente atendidos, devendo também orientar o
caminho de desenvolvimento de novos produtos e tecnologias.
O quadrante inferior esquerdo aborda a redução de custos e riscos, aspectos de desempenho
que são, majoritariamente, de natureza interna e de curto prazo. O aumento do lucro e a redução
da exposição a passivos ambientais ou sociais colaboram para a criação de riquezas. Isso significa
que a empresa precisa operar de maneira eficiente e reduzir o seu risco para gerar o valor
adequado ao acionista.
55
O quadrante inferior direito também se refere a uma dimensão de curto prazo, mas aponta
stakeholders externos, como fornecedores, clientes, órgãos reguladores, comunidades, ONGs e
meios de comunicação. A inclusão criativa dos interesses desses stakeholders promove um
posicionamento diferenciado da empresa, levando à melhora da sua reputação e, principalmente,
da sua legitimidade.
A partir da análise que acabamos de realizar, percebemos que, para que sejam bem-
sucedidas, as empresas devem atuar de maneira eficiente nos quatro quadrantes, como uma forma
de maximizar o valor gerado aos acionistas. Em outras palavras, ao observarem essa matriz e
relacioná-la com os desafios associados à sustentabilidade, as empresas devem identificar e
desenvolver estratégias para elevar o desempenho concomitante das quatro dimensões,
fomentando a criação de valor sustentável.
É nesse sentido que a definição ESG constantemente amplia a sua abrangência e
visibilidade. O termo vem do inglês Environmental, Social & Governance, ou seja, conectam
melhores práticas ambientais, sociais e de governança. São critérios que associam as empresas que
possuem na sua missão e operação um propósito de geração de impacto positivo para o planeta,
respeitando as normas ambientais, éticas e legais.
56
No seu modelo, Porter definiu uma cadeia de atividades comuns a maioria dos negócios,
baseando-se na maneira como os inputs (matérias-primas) são transformados em outputs
(produtos) adquiridos pelos consumidores. Essa cadeia é dividida em atividades primárias e
atividades de suporte, conforme apresentado no esquema a seguir.
57
As atividades de apoio auxiliam as atividades primárias a entregarem a sua proposta de
valor. São elas:
infraestrutura – refere-se aos sistemas de gestão utilizados para manter as operações
administrativa, legal e financeira da empresa;
gestão de recursos humanos – lida com recrutamento, treinamento e retenção de
colaboradores;
desenvolvimento tecnológico – apropria, principalmente, da inovação para gerar valor
em áreas como a de pesquisa e desenvolvimento (P&D), design e otimização de
processos, e
aquisição – refere-se aos processos realizados pela empresa para obter os recursos
necessários à sua atividade produtiva, como a aquisição de matérias-primas,
equipamentos e estrutura.
58
O modelo do SDG Compass pode ser replicado em empresas de todos os níveis e também
na criação de qualquer estratégia de geração de valor sustentável. Na figura a seguir, podemos
observar os cinco passos a serem seguidos de acordo com o modelo.
a) Entendendo os ODS:
Nesse primeiro passo, procura-se promover a familiarização com os ODS e compreensão de
quais oportunidades e responsabilidades representam para o negócio.
b) Definindo prioridades:
Ao definir prioridades, é necessário realizar o mapeamento da cadeia de valor, a fim de
identificar as áreas de maior impacto da empresa tanto interna quanto externamente e de
selecionar e monitorar indicadores.
59
c) Estabelecendo metas:
Depois de definir as prioridades, é necessário definir o ponto de partida, os tipos de meta e,
principalmente, o nível de ambição que a empresa quer atingir com cada uma delas.
d) Integração:
O próximo passo deve consistir em integrar os objetivos e metas de maneira transversal na
atividade da empresa, ou seja, promover uma estratégia de sustentabilidade em todos os níveis e
funções da empresa.
e) Relato e comunicação:
Por fim, é necessário comunicar o que está sendo realizado em relação aos ODS, o que
pode ser feito por meio de relatórios e publicações dos resultados.
Todo o guia aborda o impacto dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável nos negócios
e oferece ferramentas e práticas que contribuem para posicionar a sustentabilidade na estratégia
empresarial. O passo 2, por exemplo, sugere o mapeamento da cadeia de valor para definir as
áreas de impacto. Esse exercício contribui para que a empresa identifique os impactos positivos e
negativos que está gerando em processos que vão além do escopo dos seus ativos, ou seja, que
estejam em outras etapas da cadeia. O mapeamento colabora ainda para o direcionamento da
empresa, auxiliando-a a perceber onde deve concentrar os seus esforços e a identificar e monitorar
indicadores que possam expressar a relação das atividades empresariais que geram impacto no
desenvolvimento sustentável.
60
organização com o ambiente externo e o seu comportamento dentro desse ambiente,
considerando o seu relacionamento com os diversos grupos que influenciam ou são influenciados
pela empresa e com os seus interesses, que influenciam os processos de tomada de decisão.
Ao analisarmos as ideias de Freeman, podemos estruturar a atuação junto aos stakeholders
em quatro etapas:
identificação;
priorização;
relacionamento e
monitoramento.
Identificação
A identificação de stakeholders é um processo que deve ser liderado pela gestão, envolvendo
diversas áreas diferentes da empresa. Nele a empresa deve fazer um exercício de mapeamento dos
seus públicos estratégicos, e isso pode ser realizado de diversas formas, como por meio da análise
da cadeia de valor ou de uma reflexão acerca do processo produtivo.
Priorização
Para atender às demandas de todas as partes interessadas, é necessário criar critérios para
priorizar o atendimento a determinados grupos. Considerando essa necessidade, Mitchell, Agle e
Wood (1997) desenvolveram o modelo de stakeholder salience, que auxilia os gestores a analisarem
as necessidades das partes interessadas da empresa, levando-os a identificar com mais facilidade os
públicos que devem receber atenção prioritária. Nesse modelo, são utilizados três parâmetros:
poder de influência e capacidade de afetar a empresa;
legitimidade das demandas e
urgência de atendimento.
61
No quadro a seguir, podemos melhor compreender esses conceitos:
parâmetro definição
Relacionamento
Após serem mapeados e identificados, a empresa deve construir um relacionamento com os
stakeholders por meio de um processo de aperfeiçoamento e fortalecimento da imagem
corporativa. Construir canais abertos de comunicação e ouvidoria colaboram para essa
aproximação, principalmente junto aos públicos mais “difíceis” e até aos considerados ameaças. A
divulgação clara das ações e iniciativas da empresa e do progresso em relação às ações com as
partes interessadas também é um ativo importante.
Engajar os stakeholders pode ser uma ferramenta de comunicação integrada, pois, por meio
dessa ação, é possível identificar as demandas dos públicos de interesse e, muitas vezes, antecipar e
gerenciar conflitos. Além disso, o engajamento facilita a troca de conhecimento e inovação, leva a
um melhor gerenciamento de riscos e agrega valor aos shareholders.
A norma Stakeholder engagement standart (AA100 SES) é uma boa referência para a
construção desse engajamento com as partes interessadas. A partir de alguns padrões, ela oferece
uma base para o desenvolvimento, a implementação, a avaliação, a comunicação e a garantia de
qualidade do envolvimento dos stakeholders. Segundo a SES, o engajamento é também um
62
“mecanismo fundamental de accountability, uma vez que obriga uma organização a envolver as
partes interessadas na identificação, compreensão e resposta a questões relacionadas à
sustentabilidade e a relatar, explicar e responder às partes interessadas a respeito das suas decisões,
ações e desempenho.”
Monitoramento
O monitoramento do relacionamento com os stakeholders deve ser constante, a fim de que
se consiga relacionar a satisfação dos interesses desses stakeholders às ações realizadas pela empresa,
bem como à imagem e à reputação corporativa.
63
Geração de valor compartilhado
O valor compartilhado é uma estratégia de gestão por meio da qual as empresas
desenvolvem novas oportunidades de negócio considerando problemas presentes na base da
pirâmide social. Essa estratégia direciona o trabalho dos líderes para a maximização do valor
competitivo por meio da solução de problemas sociais relacionados a novos clientes e mercados, o
que promove uma diferenciação diante da concorrência.
64
Michael Porter e Mark Kramer (2011) afirmam que a geração de valor compartilhado
representa uma nova abordagem para a gestão de negócios, englobando diversas áreas. O poder do
valor compartilhado na promoção da inovação em escala é notável, pois, ao longo do processo de
busca de soluções para problemas sociais ou ambientais, ocorrem muitas trocas entre os diversos
stakeholders. O consequente aprendizado resultante dessa relação faz com que as empresas procurem,
cada vez mais, alternativas de desenvolvimento de produtos e serviços, melhorias nos processos
internos, etc., sempre com a intenção de trazer mais impactos positivos para os negócios.
Dessa forma, a geração de valor compartilhado pode ser vista como uma estratégia a ser
utilizada pelas empresas para tornarem-se mais competitivas e sustentáveis, gerando valor para
todas as partes interessadas. Para isso, os seus processos internos devem ser capazes de mapear e
gerenciar todos os envolvidos, contribuindo, efetivamente, para o crescimento econômico e social.
65
Muitas instituições ainda sinalizam, contudo, dificuldades na mensuração dos impactos que
as estratégias de sustentabilidade geram na sociedade, não enxergando os verdadeiros resultados
dessas medidas no dia a dia. Alguns modelos de relatório podem auxiliar nesse processo, como o
concebido pelas normas Global Reporting Initiative (GRI).
66
Figura 15 – Processo de relato
O relatório é um excelente ativo para a empresa, e a GRI orienta que ele seja divulgado de
modo amplo, ou seja, o documento deve estar disponível por completo para os leitores
interessados em redes públicas de divulgação.
67
MÓDULO IV – NOVOS PARADIGMAS EM
SUSTENTABILIDADE
Neste módulo, discutiremos alguns temas que propõem certa reflexão acerca dos novos
paradigmas ligados à sustentabilidade. Abordaremos, por exemplo, como a inovação transversal e
a sua integração com a sustentabilidade podem impactar novas maneiras de fazer negócio.
Discutiremos também o conceito de economia circular e a tendência de criação das smart cities,
que colocam a população como o centro das atenções e utilizam a sustentabilidade e a inovação
como fator de transformação e reorganização. Discutiremos, por fim, o tema da liderança para a
sustentabilidade e a questão da inserção dos conceitos de ética e compliance nas organizações.
Inovação e sustentabilidade
Nos últimos tempos, o termo “inovação” tornou-se um jargão obrigatório na linguagem das
empresas, pois inovar passou a ser fundamental em todos os segmentos do mercado. Com isso,
assistimos a cultura da inovação emergir e atribuímos a esse substantivo uma visão extremamente
positivista: inovar virou sinônimo de “mudança para o sucesso”. No entanto, não podemos nos curvar
à simplicidade dessa afirmação. O conceito de inovação é muito mais complexo e está baseado no
desenvolvimento de novos bens, na implantação de diferentes métodos de produção e na criação de
novas formas de organização, fatos que refletem o comportamento atual da sociedade.
É evidente que estamos passando por mudanças de comportamento social. Tais mudanças
se relacionam a questões econômicas e políticas, a novos padrões de produção e consumo, e a
diferentes formas de fazer negócios no Brasil e no mundo. De acordo com uma visão mais cética,
a redução de empregos frente a outras soluções tecnológicas, o consequente aumento da
desigualdade social e a mudança do ritmo de crescimento das grandes economias são pontos
preocupantes desse processo. Para os que enxergam a partir dessa perspectiva, a inovação pode ser
uma grande vilã.
No entanto, uma visão mais otimista sugere que, cada vez mais, a inovação é aplicada em
pesquisas científicas para a cura de doenças crônicas, no desenvolvimento de novos materiais e no
investimento em energias limpas e renováveis. Assistimos também a grandes transformações no
campo educacional, como o incentivo à adoção de novas tecnologias, à capacitação das pessoas
para um novo cenário econômico e, até mesmo, ao surgimento de novas profissões como
alternativa para o mercado.
Ricardo Voltolini, no seu livro Sustentabilidade como fonte de inovação (2016), afirma que,
para obter bons resultados, a empresa precisa saber claramente por que quer inovar, em que quer
inovar, como inovar, com quem inovar, quanto tempo deve ser dedicado a essa inovação e até
onde ela pode ir. Em outras palavras, a inovação pela inovação apenas não basta. É necessário
encontrar o equilíbrio e clarificar os seus objetivos.
Como vimos, em 2015, foi estabelecida pela ONU a Agenda 2030, que definiu os 17
Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, desdobrados em 169 metas interdependentes e
interconectadas que orientam a sociedade na construção de um mundo economicamente viável,
ambientalmente correto e socialmente mais justo até 2030. Para alcançar esses objetivos, é
fundamental que as práticas de gestão atuem de forma integrada, estabelecendo iniciativas que
possam aproximar a inovação e a sustentabilidade. Considerando esse contexto, devem ser
desenvolvidas habilidades técnicas e estratégias de gestão associadas a valores como a ética e o
desenvolvimento sustentável.
70
Negócios voltados para a BoP não estimulam a adaptação de produtos já oferecidos ao topo
da pirâmide – o que significaria bilhões de pessoas consumindo de maneira insustentável como
boa parte da sociedade atual –, mas sim o desenvolvimento de novos produtos e serviços para esse
novo consumidor, por meio de novas tecnologias sustentáveis que promovam a inclusão social.
O sucesso dos negócios voltados para a base da pirâmide está na abordagem participativa
dos stakeholders, em um processo de cocriação e colaboração. Como falamos anteriormente,
stakeholders devem ser entendidos, ouvidos e engajados para garantir a prosperidade dos negócios.
As necessidades dessas comunidades mais carentes apontam oportunidades de negócio para as
empresas. Por exemplo, o acesso e a distribuição de energia renovável, a utilização de
biocombustíveis, a purificação de água, a criação de biomateriais – especialmente em técnicas de
construção –, o acesso à tecnologia da informação e a agricultura sustentável são algumas das
ações que podem auxiliar na resolução dos desafios globais.
71
Economia circular
Como vimos, o planeta Terra é um organismo vivo e funciona de maneira sistemática, em
um processo cíclico. O sistema produtivo da sociedade atual, no entanto, funciona de forma
linear: exploramos matéria-prima, produzimos o que queremos e descartamos o que não
queremos mais. Esse movimento não é sustentável, pois acumula um grande número de resíduos
e gera um grande impacto ambiental.
A economia circular surge então com o objetivo de redefinir esse processo, focando a
criação de benefícios positivos para toda a sociedade, dissociando, de maneira gradual, a atividade
econômica do consumo de recursos finitos e projetando resíduos fora do sistema.
Alguns dos princípios da economia circular são:
maximizar a usabilidade dos recursos utilizando-os de maneira mais eficiente;
regenerar os sistemas naturais e
recuperar os produtos e materiais durante o seu ciclo de vida.
Como podemos notar, esses princípios alinham-se ao conceito de tratamento “do berço ao
berço”, visto anteriormente.
A transição para uma economia circular deve levar em consideração o produto, o processo,
o uso e todo o ciclo nele envolvido. Representa, portanto, uma mudança sistêmica, que cria
resultados de longo prazo, gera oportunidades comerciais e econômicas, e proporciona benefícios
ambientais e sociais, exigindo não só mudanças tecnológicas mas também mudanças
comportamentais da sociedade.
Como estratégia de inovação, a economia circular torna-se relevante em diversos setores
produtivos, como os de transportes, serviços e agricultura. Vejamos um exemplo de cada setor:
a) Transportes:
No setor de transporte, por exemplo, novas soluções de locomoção, como a Uber e o
Cabify, permitem que as pessoas se movam de um lugar a outro sem que precisem de carro
próprio. A conectividade melhora, cada vez mais, a relação do motorista com os veículos e alia-se
também a iniciativas de condução autônoma (carros autodirigidos). Empresas como a Tesla, que
oferece ao mercado carros elétricos, colaboram com o avanço tecnológico e, consequentemente,
com a diminuição do impacto ambiental.
b) Serviços:
No âmbito dos serviços, podemos citar as iniciativas de co-working, espaços colaborativos
utilizados para trabalho que ficam, normalmente, em ambientes inovadores e criativos,
permitindo maior interação entre pessoas de diferentes nichos de mercado e troca de experiências.
Esses espaços representam um grande ganho para toda a humanidade, pois diminuem o impacto
72
ambiental por meio da otimização de recursos. Com eles, temos menos escritórios funcionando,
reduzimos consideravelmente os custos com construção, energia, água e internet, e diminuímos a
geração de resíduos.
c) Agricultura:
Na agricultura, a tecnologia vem otimizando os processos para reduzir o desperdício na
cadeia. No ciclo biológico da economia circular, os alimentos e os materiais de base biológica
(como algodão ou madeira) são projetados para retornar ao sistema por meio de processos como
compostagem e digestão anaeróbica. Esses processos regeneram sistemas vivos (como o solo)
fornecendo-lhes nutrientes, e esses sistemas fornecem recursos renováveis à economia.
A economia circular propõe uma mudança de perspectiva, uma mudança no modo como a
nossa economia funciona. Essa transformação só é possível por meio da criação de produtos e
formas de fazer negócio que sejam cíclicos e estimulem a colaboração e a integração dos sistemas
terrestres. A criatividade e a inovação são a base para essa reconstrução de uma economia que
possa colaborar para a restauração e a prosperidade do nosso planeta.
Smart cities
Com o avanço progressivo da utilização das tecnologias da informação e comunicação
(TICs) no dia a dia da população, observamos uma mudança na maneira como as pessoas se
relacionam, o que traz, cada vez mais, reflexos para os espaços públicos. Ao mesmo tempo, os
índices de urbanização crescem em alta velocidade, criando grandes centros e megacidades.
Nesse contexto de desenvolvimento dos núcleos urbanos, surge o conceito de smart cities:
cidades inteligentes, entendidas como espaços urbanos onde a inteligência está a serviço dos
cidadãos na forma de tecnologias avançadas, promovendo o desenvolvimento sustentável, o
crescimento econômico e a qualidade de vida. Nesse caso, o envolvimento dos cidadãos, o
investimento em infraestrutura, o capital social e as tecnologias digitais tornam as cidades mais
habitáveis, resilientes e capazes de responder aos desafios enfrentados pela sociedade.
Algumas iniciativas governamentais já podem ser observadas no sentido de alterar o modelo
atual de cidades, como o 20/20/20, plano da União Europeia para reduzir poluentes e melhor
aproveitar os recursos naturais. O objetivo do plano é, até 2020:
reduzir em 20% o consumo de energia primária;
reduzir em 20% as emissões de gases do efeito estufa e
ampliar em 20% a contribuição das energias responsáveis no consumo total da população.
73
Os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável também são um exemplo, pois têm como
uma das suas metas a promoção de cidades como comunidades sustentáveis, além das metas
relacionadas à produção e ao consumo nas cidades. Os desafios são imensos, e desencadeiam uma
série de consequências que vão desde uma maior necessidade de mobilidade, até o aumento de
demanda de estratégias de segurança pública.
Evolução do conceito
O conceito inicial de cidade inteligente data da década de 1990, quando era visto como um
modelo de cidade integrada, criada para resolver os problemas de sustentabilidade relacionados,
principalmente, à esfera energética e de redução das emissões de gases nocivos à atmosfera. Hoje
esse conceito evoluiu e apresenta algumas características específicas, como podemos observar no
quadro a seguir.
74
Importância da mudança
Como vimos, enfrentamos hoje um alto índice de urbanização. Cerca de 54% das pessoas
do mundo vivem em cidades, índice que, segundo projeções, deve chegar a 66% até 2050. Se
combinarmos esses dados com o crescimento esperado da população, nos próximos 30 anos,
teremos a inserção mais 2,5 bilhões de pessoas em cidades. A sustentabilidade apresenta-se,
portanto, como uma ferramenta ambiental, social e econômica necessária ao acompanhamento
dessa rápida expansão que está sobrecarregando os recursos das nossas cidades.
O principal objetivo das smart cities é colocar as pessoas no centro das atenções. A cidades
devem ser pensadas para tornarem-se espaços amigáveis, que fazem com que os seus moradores
possam integrar-se ao lugar onde vivem.
As empresas devem entender a importância desse novo conceito para a gestão, pois são parte
integrante das cidades e têm as suas ações e atividades impactadas, assim como geram impactos. Além
disso, os stakeholders cobram cada vez mais essa contribuição das organizações e o seu pioneirismo em
ações que contribuam para a criação e o desenvolvimento de espaços mais inclusivos.
Compliance e ética
Compliance
Como vimos, os modelos de gestão estão mudando de forma acelerada, fato que se deve a
uma série de fatores, como inovações disruptivas, transformações digitais, ameaças de crise,
escândalos de fraude e corrupção. Esse panorama fez com que as organizações aumentassem o
foco em estratégias de governança que contemplem as mais diversas partes interessadas, indo além
dos acionistas e administradores. Essa mudança também eleva a responsabilidade no processo de
tomada de decisão, avaliação e julgamento dos gestores.
75
Segundo o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC, 2015), a governança
aplicada às corporações pode ser assim definida:
76
Aplicado à realidade das empresas, o termo compliance se refere a estar em conformidade
com todas as suas obrigações legais. Um sistema de compliance contempla um conjunto de
processos interdependentes que contribuem para a efetividade do sistema de governança
corporativa, guiando as ações dos funcionários no desempenho das suas funções e estimulando-os
por meio de uma conduta ética e íntegra.
a) Transparência:
Desejo ou necessidade de apresentar aos stakeholders as informações que sejam do seu
interesse, e não somente as impostas por disposições de leis ou regulamentos. Como já vimos, as
partes interessadas devem ser ouvidas e informadas não só a respeito do desempenho econômico
da empresa, mas também quanto aos fatores tangíveis e intangíveis que fazem parte da gestão
organizacional e que conduzem à preservação e ao fortalecimento do valor da organização.
b) Equidade:
Necessidade de tratar, de maneira justa e equivalente, todos os shareholders e stakeholders,
levando em consideração os seus direitos e deveres, interesses, necessidades e expectativas.
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c) Prestação de contas (accountability):
Necessidade de os agentes de governança prestarem contas sobre as suas formas de atuação com
clareza, de maneira concisa e compreensível, assumindo integralmente as consequências dos seus atos e
as suas omissões, atuando com diligência e responsabilidade no âmbito papéis que assume.
d) Responsabilidade corporativa:
Responsabilidade dos agentes de governança, que devem garantir a viabilidade econômico-
financeira das organizações, reduzir as externalidades negativas dos seus negócios e das suas
operações, e maximizar os impactos positivos, levando em consideração os diversos capitais
(financeiro, intelectual, humano, tecnológico, social, ambiental, reputacional) nos curto, médio e
longo prazos.
78
c) Criar uma equipe capacitada:
Criar uma função de compliance é o indicado para o cumprimento efetivo dos controles
internos adotados. Além disso, deve-se estabelecer quem serão os funcionários responsáveis por
implementar e executar o programa. Essa equipe, juntamente com a alta direção da empresa, deve
definir metas, prioridades, prazos e orçamentos.
f) Fomentar a cultura:
Desenvolver treinamentos, comunicação e programas de incentivo são ações fundamentais
para atingir os colaboradores de todos os níveis, além dos stakeholders externos, promovendo a
cultura do compliance e disseminando os objetivos e as normas aplicáveis.
g) Monitoramento e auditoria:
De maneira independente, interna ou externamente, o programa deve ser avaliado
periodicamente para que sejam desenvolvidos planos de contenção com base nas lacunas sinalizadas.
Importância da ética
Apesar de todas as regulamentações, normas, sugestões e diretrizes sobre o tema de
governança corporativa e, mais especificamente, de compliance que vimos até aqui, seria leviano
pensarmos que apenas medidas de mitigação, ferramentas e mecanismos de segurança
conseguiriam resolver os problemas apontados. O fator humano é essencial em todo esse processo:
líderes íntegros, que promovam uma cultura ética nas organizações, são os grandes vetores de
transformação.
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O conceito de ética deriva do grego ethos (caráter, maneira de ser) e constitui um conjunto
de princípios e valores morais que norteiam a conduta humana na sociedade. De maneira
simplificada, significa agir de forma apropriada e correta, conforme os bons costumes da nossa
comunidade e de outras onde temos algum interesse particular. Diferentemente das leis, a ética
está relacionada ao sentimento de justiça social.
A ética e o compliance devem caminhar lado a lado e até se sobrepor em alguns momentos. Isso
quer dizer que de nada adianta ter um excelente programa de compliance em uma empresa que não
tem funcionários éticos. É importante ter em mente que o compliance é uma realidade reativa, em que
se reage às legislações e regras vigentes. Já a ética, é apenas proativa, é uma escolha do indivíduo. No
que se refere ao programa de compliance, podemos estruturar essa iniciativa dentro da empresa
utilizando os melhores exemplos e boas práticas, e até mesmo as melhores intenções. No entanto, sem
lideres éticos as práticas serão vazias e não alcançarão os resultados esperados.
Por muito tempo, o líder foi considerado como aquele indivíduo responsável pelos
resultados financeiros da organização. Era, portanto, visto mais como um chefe ou gerente do
que, efetivamente, como um líder. Hoje sabemos que um líder é bem mais do que isso, devendo
ser uma fonte de inspiração e motivação para os seus colaboradores, engajando esse grupo para
atuar como um time. Engajar se refere a manter os colaboradores motivados e em sintonia com os
objetivos da empresa, cientes do seu papel no atendimento dos resultados corporativos e também
do que isso representa para a sociedade como um todo.
Como falamos no decorrer deste conteúdo, inserir uma estratégia de sustentabilidade nas
organizações é um grande desafio e torna-se cada vez mais essencial no momento atual do
mercado e do planeta. As questões acerca do tema geram novas oportunidades e benefícios, como
a diferenciação competitiva no mercado e a contribuição para a humanidade. O líder tem um
papel bastante importante nesse sentido, sendo visto como um dos pilares essenciais para alcançar
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esse sucesso. Dessa forma, deve ser um profissional que traga as discussões a respeito do tema de
maneira transversal e que inspire e lidere a sua organização em direção à competitividade e à
diferenciação, fortalecendo um modelo de gestão que alie resultados ambientais, sociais e
econômicos de maneira integrada às suas estratégias e tomadas de decisão.
Além da ética, já discutida anteriormente, outras virtudes como integridade, transparência,
responsabilidade e respeito às pessoas e ao meio ambiente formam o conjunto de características
que nos possibilita definir um líder sustentável.
Baseando-nos em alguns exemplos de práticas organizacionais e também em autores e
pesquisadores do tema como Ricardo Voltolini, autor do livro Conversas com líderes sustentáveis,
podemos listar algumas características mais específicas desses indivíduos. Vejamos:
b) Coragem:
Como já discutimos, inserir uma estratégia de sustentabilidade nem sempre é um caminho
fácil, então um líder sustentável deve ser resiliente e lidar com as divergências de forma firme,
pois, muitas vezes, para colocar em prática as suas ideias, terá de “remar contra a maré”.
c) Sinergia:
É essencial construir uma relação sinérgica entre as pessoas, as ideias e os recursos
disponíveis para desenvolver uma estratégia eficaz, que atenda às necessidades de todos os atores
dentro de uma organização.
d) Inovatividade:
A inovação é o grande vetor da transformação em sustentabilidade. Dessa forma, o líder
deve estar atento aos grandes temas globais e impactos, e colocar esses desafios no centro da sua
estratégia como uma oportunidade de inovar e colaborar com a sociedade.
e) Visão sistêmica:
Enxergar a empresa como um ecossistema é importante para observar a relação de
interdependência das ações e atitudes da empresa em relação com todo o ambiente em que ela
está inserida.
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f) “Preparação do terreno”:
Um líder cria um espaço fértil dentro da empresa para que outras pessoas também se
tornem lideres sustentáveis. São criadas condições, políticas e iniciativas para o surgimento desses
novos indivíduos, que entregam valores em forma de resultados.
g) Vontade:
Um líder tem como característica adicional o desejo de tornar o mundo um lugar melhor
para se viver, buscando deixar um legado para a sociedade.
Tipos de líder
Outro grande pesquisador na temática, o sul africano Wayne Wisser, categorizou quatro tipos
de líder sustentável, definindo-os como agentes de transformação dentro das empresas. Vejamos:
a) Especialista:
O líder especialista atua de maneira mais racional e procura especializar-se na temática para
sentir-se mais seguro ao tomar as atitudes necessárias para a gestão. Enxerga possibilidades de
inovação tecnológica na busca de soluções para os desafios de sustentabilidade, utilizando o
conhecimento como principal ferramenta.
b) Facilitador:
O líder facilitador busca empoderar o time para atitudes mais sustentáveis, criando uma
cultura favorável para isso. Tem o foco em uma gestão mais harmonizadora, unindo os fatores
humanos e técnicos no ambiente de trabalho.
c) Catalisador:
O líder catalisador tem um perfil mais visionário e atento às tendências, ciente de que a
sustentabilidade é o único caminho para a empresa prosperar. Como o próprio nome já diz, é
um catalisador de habilidades, gerindo times de diferentes habilidades que congregam um
perfil sustentável.
d) Ativista:
O líder ativista é, muitas vezes, considerado o “eco-chato” dentro das organizações. No
entanto é um líder que procura contribuir, de maneira genuína, não só para a empresa, mas
também para o planeta e a sociedade. Move-se pela paixão e por um propósito sustentável,
promovendo uma gestão mais colaborativa.
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No quadro a seguir, podemos ver um resumo das características de cada um dos tipos de líder.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
ARTIACH, T.; LEE, D.; NELSON, D.; WALKER, J. The determinants of corporate
sustainability performance. Accounting and Finance, 2010.
BRASIL. Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos.
Brasília, DF. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2010/lei/l12305.htm>. Acesso em: jun. 2018.
DIAMOND, J. Colapso: como as sociedades escolhem o fracasso ou o sucesso. São Paulo: Record,
2005.
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DRUCKER, P. F. A sociedade pós-capitalista. São Paulo: Pioneira, 1994.
MITCHELL, R.; AGLE, B.; WOOD, D. Toward a theory of stakeholder identification and
salience: defining the principle of who and what really counts. Academy of Management Review, v.
22, n. 4, p. 853-858, 1997.
PORTER, M. E.; KRAMER, M.R. The big idea: creating shared value. Harvard Business Review,
2011.
PRAHLAD, C. K. A riqueza na base da pirâmide: como erradicar a pobreza com o lucro. Porto
Alegre: Bookman, 2005.
UNGC. SDG Compass: diretrizes para implementação dos ODS na estratégia de negócios, 2015.
Disponível em: <https://sdgcompass.org/. Acesso em: out. 2020.
VOLTOLINI, R. Sustentabilidade como fonte de inovação. São Paulo: Ideia Sustentável, 2016.
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PROFESSORES-AUTORES
Norman de Paula Arruda Filho é doutor em Gestão
Empresarial Aplicada, pelo Instituto Superior de Ciências do Trabalho
e da Empresa (ISCTE), Portugal. Atualmente, é presidente do
Instituto Superior de Administração e Economia – ISAE, conveniado
à Fundação Getulio Vargas, professor do mestrado em Governança e
Sustentabilidade, do ISAE/FGV, e coordenador do Comitê de
Sustentabilidade Empresarial da Associação Comercial do Paraná
(ACP).
Parceiro dos projetos educacionais da ONU, atua como
presidente do Capítulo Latino-americano e Caribenho do PRME,
integra o PRME Champions Group – grupo das 30 escolas de negócio
do mundo mais atuantes do PRME – e é membro do Comitê Brasileiro do Pacto Global.
Um entusiasta da educação executiva responsável no Brasil, integrou o grupo que criou os
Princípios para Educação Empresarial Responsável (PRME) da ONU, diretrizes que desde 2007
norteiam a gestão de mais de 500 Escolas de Negócio do mundo todo, incluindo o ISAE.
Atualmente, integra o restrito grupo de Conselheiros do PRME.
Em 2019, foi eleito Membro da Academia Brasileira de Ciência da Administração. Em
2020, foi premiado como “Educador de Gestão Responsável do Ano” pelo CEEMAN
Champions Award.
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Gustavo Fructuozo Loiola é mestre em Sustentabilidade e
governança corporativa pelo Isae/FGV, especialista em Administração e
negócios internacionais pela Uninter e graduado em Publicidade e
propaganda pela Universidade Federal do Paraná. Sempre valorizou as
experiências internacionais como parte da sua formação, tendo
especialização em Inovação e Empreendedorismo, pela Universidade da
Califórnia (USA), Gerenciamento de Projetos, pela George Washington
University (USA), além de imersões em Smart Cities, na cidade de
Nantes, na França, e Negócios para a Base da Pirâmide, pela
Universidade de Externado da Colômbia.
Na sua trajetória profissional, trabalhou com comunicação e marketing em agências de
publicidade e na área interna de empresas como Correios, Aliança Empreendedora e Ashoka. Por
alguns anos, esteve também envolvido no trabalho com o terceiro setor e o desenvolvimento social
no Brasil e na América Latina.
Na área de educação, atuou na gestão de marketing de instituições de ensino presenciais e a
distância, desenvolvendo estratégias de captação e retenção de alunos, e como consultor em
empresas de educação internacional que auxiliam estudantes a buscarem oportunidades de
desenvolvimento fora do Brasil. Desde 2014, como colaborador do Instituto Superior de
Administração e Economia da Fundação Getulio Vargas (Isae/FGV), está envolvido com projetos
de expansão internacional, desenvolvimento de startups e novos negócios, e coordena a área de
Sustentabilidade da instituição, responsável pela relação com programas e parcerias internacionais
das Nações Unidas como os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, o PRME e o Pacto
Global.
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