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DESIGN, EDUCAÇÃO E INOVAÇÃO

Luciana Borges Soares

PARÂMETROS PARA CONSTRUÇÃO DE BLOCOS BÁSICOS DE MODELAGEM


INDUSTRIAL NO VESTUÁRIO PARA CORPOS FEMININOS COM SOBREPESO

Porto Alegre
2013
DESIGN, EDUCAÇÃO E INOVAÇÃO

Luciana Borges Soares

PARÂMETROS PARA CONSTRUÇÃO DE BLOCOS BÁSICOS DE MODELAGEM


INDUSTRIAL NO VESTUÁRIO PARA CORPOS FEMININOS COM SOBREPESO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-


Graduação em Design do Centro Universitário Ritter
dos Reis, como requisito parcial para a obtenção do
título de Mestre em Design.

Orientadora: Profª. Drª. Daiane P. Heinrich

Porto Alegre
2013
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

S676p

Soares, Luciana Borges.

Parâmetros para construção de blocos básicos de modelagem


industrial no vestuário para corpos femininos com sobrepeso /Luciana
Borges Soares– 2013.

146 f. ;30 cm.

Dissertação (Mestrado em Design) – Centro Universitário Ritter dos


Reis, Faculdade de Design, Porto Alegre - RS, 2013.
Inclui bibliografia.

Orientador: Profª. Drª. Daiane P. Heinrich.

1. Modelagem (Produtos). 2Design de produtos. 3. Ergonomia de


Ficha catalográfica elaborada no Setor de Processamento Técnico da Biblioteca
produto. I. Título. II. Heinrich, Daiane P.
Dr. Romeu Ritter dos Reis

CDU 687.021
LUCIANA BORGES SOARES

PARÂMETROS PARA CONSTRUÇÃO DE BLOCOS BÁSICOS DE MODELAGEM


INDUSTRIAL NO VESTUÁRIO PARA CORPOS FEMININOS COM SOBREPESO

Dissertação de Mestrado defendida e aprovada como requisito parcial para a obtenção do


título de Mestre em Design, pela banca examinadora constituída por:

__________________________________________

Profª. Drª. Daiane Plestch Heinrich – UNIRITTER

__________________________________________

Prof. Dr. Vinícius Gadis Ribeiro – UNIRITTER

__________________________________________

Profª. Drª. Jacinta Sidegum Renner – FEEVALE

PORTO ALEGRE

2013
RESUMO

O objetivo geral do trabalho é propor diagramas de modelagem, da base superior do


corpo feminino, que contemplem corpos com sobrepeso, considerando as diferenças corporais
verificadas e proporcionando maior conforto e vestibilidade. Para tanto, foram analisados os
diagramas de modelagem industrial dos blocos básicos do corpo feminino, verificando se eles
contemplam de forma satisfatória e confortável, corpos que apresentam sobrepeso e propondo
parâmetros para melhor adaptabilidade das modelagens para estes corpos. A pesquisa e sua
aplicação são focadas para um público que abrange mulheres entre 20 aos 40 anos de idade,
residentes na cidade de Porto Alegre, RS e que se enquadram no grupo de pessoas com
sobrepeso. A razão para a escolha deste assunto é contribuir para o Design, dando suporte ao
projeto de um produto que promova maior satisfação, usabilidade e adaptabilidade ao usuário,
respeitando assim aspectos ergonômicos. Quanto à perspectiva teórico-metodológica foi
adotado o da Dissertação Projeto, porque é determinado um problema, em algum aspecto
técnico, sinalizada a relevância em resolvê-lo e a partir disto um protótipo é desenvolvido,
servindo como prova de conceito para a solução deste problema. Para a execução da coleta de
dados e informações foram usados questionários, grupo focal, coleta de medições corporais e
fotografias das participantes. A organização dos dados resultantes forneceu fundamentos para
que fossem propostos parâmetros para a construção dos blocos básicos de modelagem
industrial, de corpos femininos com sobrepeso. A análise dos dados mostra que os diagramas
de modelagem tradicionais podem ser adaptados para corpos com sobrepeso, trazendo
resultados satisfatórios ao preocupar-se com as intervenções ergonômicas na modelagem
industrial, prevendo assim melhorias aos produtos. Ao desenvolver um diagrama específico
para corpos com sobrepeso é possível perceber como o protótipo resultante cobre de maneira
adequada particularidades como, por exemplo, a dilatação abdominal e o equilíbrio da coluna
vertebral. Trazendo benefícios ao usuário ao satisfazê-lo no atendimento de funções práticas
relacionadas ao uso e adaptabilidade e proporcionando conforto e bem-estar.

Palavras-chave: modelagem, sobrepeso, diagramas.


ABSTRACT

The overall objective of the work is to propose modeling diagrams, of the upper base of the
female body, that include overweight bodies, considering the differences observed in the body
and providing greater comfort and wearability. To do so, the modeling diagrams of basic
industrial building blocks of the female body were analyzed, to make sure that they come in a
satisfactory and comfortable way for overweight bodies, proposing parameters for best fit of
modeling for these bodies. The research and its application are focused to an audience that
includes women between 20 and 40 years old, living in the city of Porto Alegre, RS which are
classified into the group of overweight people. The reason for choosing this subject is to
contribute for the Design, giving support to the project of a product that promotes greater
satisfaction, usability and adaptability to the user, thus respecting ergonomic aspects. As for
the theoretical and methodological perspective was adopted Dissertation Project, because it is
given a problem, in some technical aspect, signaled the relevance in solving it and from this, a
prototype is developed, serving as proof of concept for the solution of this problem. For the
implementation of data collection and information were used questionnaires, focus group,
body measurements and photographs of the participants. The organization of the resulting
data provided grounds to propose parameters for the construction of the basic blocks of
industrial modeling for overweight female bodies. Data analysis shows that traditional
modeling diagrams can be tailored to overweight bodies, bringing satisfactory results
concerned with the ergonomic interventions in the modeling industry, thus predicting
improvements to products. When developing a specific diagram bodies for overweight is
possible to see how the resulting prototype particularities adequately covers, for example,
abdominal swelling and balance of the spine. Bringing benefits to the user to satisfy him in
the care of practical functions related to the use and adaptability and providing comfort and
well-being.

Keywords: modeling, overweight, diagrams.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Biótipos propostos por Sheldon,1940......................................................................26


Figura 2 – Escala de biótipos de Thompson e Gray.................................................................27
Figura 3 – Biótipos de Rasband e Liechty................................................................................27
Figura 4 – Posição anatômica..................................................................................................30
Figura 5 – Anúncio da revista Colors Magazine......................................................................39
Figura 6 – Campanha Dove......................................................................................................40
Figura 7 – Traçados básicos para modelagem feminina...........................................................48
Figura 8 – NBR 13377..............................................................................................................50
Figura 9 – NBR 13377..............................................................................................................50
Figura 10 – Pontos de medidas NBR 15127.............................................................................51
Figura 11 – Corpo Feminino.....................................................................................................52
Figura 12 – Busto versus molde................................................................................................56
Figura 13 – Pences ...................................................................................................................57
Figura 14 – Nomenclaturas.......................................................................................................59
Figura 15– Representação gráfica do molde do corpo frente e costas......................................59
Figura 16 – Esquema da pesquisa.............................................................................................70
Figura 17 – Corpo 1..................................................................................................................75
Figura 18 – Contorno do Corpo 1.............................................................................................75
Figura 19 – Cruzamento do Corpo 1 com escala de biótipos...................................................75
Figura 20 – Corpo 2..................................................................................................................76
Figura 21 – Contorno do Corpo 2.............................................................................................76
Figura 22 – Cruzamento do Corpo 2 com escala de biótipos...................................................77
Figura 23 – Corpo 3..................................................................................................................77
Figura 24 – Contorno do Corpo 3.............................................................................................77
Figura 25 – Cruzamento do Corpo 3 com escala de biótipos...................................................78
Figura 26 – Corpo 4..................................................................................................................78
Figura 27 – Contorno do Corpo 4.............................................................................................78
Figura 28 – Cruzamento do Corpo 4 com escala de biótipos...................................................79
Figura 29 – Corpo 5..................................................................................................................79
Figura 30 – Contorno do Corpo 5.............................................................................................79
Figura 31 – Cruzamento do Corpo 5 com escala de biótipos...................................................80
Figura 32 – Cruzamento do Corpo 5 com escala de biótipos...................................................80
Figura 33– Primeira prova de protótipos do Corpo 1...............................................................82
Figura 34 – Primeira prova de protótipos do Corpo 2..............................................................83
Figura 35 – Primeira prova de protótipos do Corpo 3..............................................................84
Figura 36 – Primeira prova de protótipos do Corpo 4..............................................................85
Figura 37 – Primeira prova de protótipos do Corpo 5..............................................................86
Figura 38 – Excesso de medida vertical no centro costas.........................................................87
Figura 39 – Segunda prova de protótipos do Corpo 1..............................................................89
Figura 40 – Segunda prova de protótipos do Corpo 2..............................................................91
Figura 41 – Segunda prova de protótipos do Corpo 3..............................................................93
Figura 42 – Segunda prova de protótipos do Corpo 4..............................................................94
Figura 43 – Segunda prova de protótipos do Corpo 5..............................................................95
Figura 44 – Vetorização do molde da prova 1A do Corpo 5....................................................98
Figura 45 – Demarcações das modificações do molde d prova 1A do Corpo 5.......................99
Figura 46 – Sobreposição do molde original da prova 1A com as modificações que ele sofreu
após os ajustes de modelagem................................................................................99
Figura 47 – Terceira prova de protótipos do Corpo 1.............................................................104
Figura 48– Primeira prova de protótipos do Corpo 1, lado anterior, lateral e posterior.........104
Figura 49 - Quarta prova de protótipos do Corpo 1................................................................105
Figura 50 – Segunda prova de protótipos do Corpo 1, lado anterior, lateral e posterior........106
Figura 51 – Terceira prova de protótipos do Corpo 2.............................................................106
Figura 52 – Primeira prova de protótipos do Corpo 2, lado anterior, lateral e posterior........107
Figura 53– Quarta prova de protótipos do Corpo 2................................................................110
Figura 54 – Segunda prova de protótipos do Corpo 2, lado anterior, lateral e posterior........110
Figura 55 – Terceira prova de protótipos do Corpo 3.............................................................111
Figura 56 – Primeira prova de protótipos do Corpo 3, lado anterior, lateral e posterior........111
Figura 57– Quarta prova de protótipos do Corpo 3................................................................112
Figura 58 – Segunda prova de protótipos do Corpo 3, lado anterior, lateral e posterior........112
Figura 59 – Terceira prova de protótipos do Corpo 4.............................................................113
Figura 60 – Primeira prova de protótipos do Corpo 4, lado anterior, lateral e posterior........113
Figura 61– Quarta prova de protótipos do Corpo 4................................................................114
Figura 62 – Segunda prova de protótipos do Corpo 4, lado anterior, lateral e posterior........114
Figura 63 – Terceira prova de protótipos do Corpo 5.............................................................115
Figura 64 – Primeira prova de protótipos do Corpo 5, lado anterior, lateral e posterior........115
Figura 65– Quarta prova de protótipos do Corpo 5................................................................116
Figura 66 – Segunda prova de protótipos do Corpo 5, lado anterior, lateral e posterior........117
Figura 67- Distribuição dos volumes e equilíbrio corporal dos Corpos 1 ao 5......................119
Figura 68 – Diagrama da Base superior do corpo feminino para sobrepeso.......................................120
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Índice de Massa Corporal........................................................................................34


Tabela 2 – Medidas/peso para mulheres de 25 a 59 anos........................................................ 35
Tabela 3 – Excesso de peso da população brasileira em 2008-2009........................................37
Tabela 4 - Idade, altura e peso da população brasileira em 2008-2009................................... 42
Tabela 5 - Altura versus IMC de mulheres com sobrepeso..................................................... 43
Tabela 6 – Dados das tabelas para diferentes autores.............................................................. 63
Tabela 7 – Grade de tamanhos para diferentes autores.............................................................63
Tabela 8 – Comparativos de valores atribuídos para tamanho 44............................................64
Tabela 9 – Pontos de medida e valores para tamanho 44.........................................................65
Tabela 10 – Variação de valores entre pontos de medida entre bibliografias...........................66
Tabela 11 – Medidas do tamanho 44 ao 52 sugeridas (...)........................................................67
Tabela 12 – Comparativa das alterações nos protótipos 1 e 2 dos Corpos 1 ao 5....................97
Tabela 13– Comparativa das alterações nos protótipos 3 e 4 dos Corpos 1 ao 5...................115
LISTA DE SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas


CAD – Computer Aided Design
CAM – Computer Aided Manufacturing
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IMC – Índice de Massa Corporal
NBR – Norma Brasileira
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...................................................................................................................13
2. DESIGN, ERGONOMIA, CORPO E SOBREPESO...........................................................17
2.1 Design.................................................................................................................................17
2.2 ERGONOMIA....................................................................................................................20
2.3 ERGONOMIA E DESIGN.................................................................................................23
2.4 ANTROPOMETRIA..........................................................................................................25
2.5 CORPO...............................................................................................................................30
2.5.1 Esqueleto.........................................................................................................................31
2.5.2 Acúmulo de gordura corporal......................................................................................32
2.6 OBESIDADE E SOBREPESO...........................................................................................35
2.6.1 Sobrepeso na atualidade................................................................................................38
2.6.1.1 Sobrepeso e altura da população brasileira...................................................................41
3. CORPO, TABELAS DE MEDIDA E MODELAGEM...................................................44
3.1 MODELAGEM...................................................................................................................44
3.1.1 Modelagem plana...........................................................................................................47
3.2 CORPO VERSUS MODELAGEM....................................................................................52
3.2.1 Desenvolvimento da modelagem...................................................................................53
3.2.1.1 Construção dos diagramas............................................................................................60
3.3 TABELAS DE MEDIDAS.................................................................................................61
4. METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO........................................................................69
4.1 DESENHO DA PESQUISA...............................................................................................70
4.2 ABORDAGEM OPERACIONAL......................................................................................71
4.2.1 Grupo focal.....................................................................................................................71
4.2.2 Construção dos diagramas de modelagem...................................................................72
5. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS COLETADOS...................................74
5.1 GRUPO FOCAL E CRUZAMENTO COM A ESCALA DE BIÓTIPOS DE
THOMPSON E GRAY......................................................................................................74
5.2 DIAGRAMAS CONVENCIONAIS PARA MULHERES COM SOBREPESO...............80
5.2.1 Diagramas convencionais para mulheres com sobrepeso versus medidas
corporais tabeladas........................................................................................................87
5.3 ADAPTAÇÃO DOS DIAGRAMAS PARA MULHERES COM SOBREPESO..............98
12

5.4 VERIFICAÇÃO DA VESTIBILIDADE DOS DIAGRAMAS PARA MULHERES


COM SOBREPESO.........................................................................................................103
5.5 DIAGRAMA DA BASE SUPERIOR DO CORPO FEMININO PARA CORPOS
COM SOBREPESO.........................................................................................................118
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................................................121
REFERÊNCIAS....................................................................................................................125
APÊNDICE A - Variação de valores entre pontos de medidas das tabelas (...)..............129
APÊNDICE B – Termo de consentimento..........................................................................131
APÊNDICE C – Valores de medidas coletadas dos Corpos 1 ao 5...................................133
APÊNDICE D – Construção do protótipo..........................................................................134
APÊNDICE E – Imagem da modelagem do Corpo 5........................................................135
APÊNDICE F – Diagrama da base superior do corpo feminino para (...)......................136
APÊNDICE G - Diagrama da base superior do corpo feminino para sobrepeso...........138
ANEXO A – Imagem do diagrama do molde do corpo feminino.....................................139
ANEXO B – Passo para construção do diagrama do corpo feminino..............................140
ANEXO C – Adaptação do diagrama do corpo feminino para extensão (...)..................143
ANEXO D – Tabela de medidas padrão industrial para Heinrich (2005).......................145
ANEXO E – Aprovação do Projeto de Pesquisa pelo Comitê de Ética em (...)...............146
13

1 INTRODUÇÃO

As transformações ocorridas no mundo estão cada vez mais constantes e crescentes. O


desenvolvimento dos seres humanos contribui cada vez mais para uma melhor e maior
qualidade de vida, com artefatos projetados para atender características específicas e facilitar
o dia a dia dos usuários. Nesse contexto, o designer torna-se um grande contribuinte social,
projetando artefatos que cumprem funções prático-técnicas, além de estético-simbólicas que
se relacionam com a cultura e o meio em que os usuários vivem, criando assim produtos
destinados a atender as suas necessidades.
Para que isso aconteça, a pesquisa é de vital importância, pois através dela é possível
verificar o que está acontecendo na sociedade e determinar quais as condições de uso do
projeto. No entanto, o designer precisa estudar diferentes áreas, a fim de agregar em seus
projetos, pesquisas condizentes com seus objetivos finais.
A ergonomia é uma das áreas que contribui para o design, buscando a tríade básica de
Segurança, Eficiência e Conforto. Cabe à ergonomia agregar valores aos produtos, como
conforto, promovendo a satisfação do usuário nos objetos projetados. Conforme Russo e
Moraes (2005 pág. 101) a satisfação é “o nível de conforto e de acessibilidade dos usuários a
usar um produto”.
Para que atenda aos requisitos ergonômicos, é preciso que o produto esteja adequado
aos parâmetros corporais dos usuários aos quais se destinam. Assim, os designers devem
utilizar estudos sobre as dimensões corporais do público alvo e conceber seus produtos para
atender e adequarem-se às tarefas desempenhadas por eles, é o que explicam Moraes e
Quaresma (2005). Nesse caso, a antropometria faz-se necessária, pois estuda a forma e o
tamanho do corpo humano. Contudo, os mesmos autores ainda explicam que um erro comum
entre os designers é utilizar dados antropométricos do “homem médio” em seus projetos, pois
uma parte representativa da população não será contemplada. O sucesso na usabilidade de um
produto está diretamente ligado às características do usuário para quem o produto será
destinado. Portanto, a verificação a quem se destina o artefato é de grande importância.
No caso das roupas, para que a padronização generalizada não cause o
comprometimento das mercadorias, são adotados princípios que projetam produtos para
diferentes faixas da população, respeitando diferentes dimensões. Ainda assim, uma grande
parcela de usuários pode não se sentir confortável ou verificar que a peça de roupa não veste o
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seu corpo de maneira adequada ou satisfatória. Esses seriam, em grande parte, os casos que
fogem das médias populacionais e se localizam em faixas extremas.
Ao projetar uma peça de roupa, são adotadas tabelas de medidas padronizadas que
apresentam valores para determinados pontos de medidas do corpo humano. Essas tabelas
expõem valores de medidas que seguem uma proporção de acréscimo ou decréscimo de um
tamanho para o outro. Assim, determinado ponto - como, por exemplo, a circunferência da
cintura -, tem seus valores acrescidos de 4 cm na circunferência total de uma faixa de
tamanho menor para outra maior. No entanto, as tabelas de medidas padronizadas não
preveem que o abdômen de uma pessoa que está numa faixa de medida maior, pode evoluir
mais do que a proporção de 4 cm de um tamanho para outro, já que estas tabelas consideram
apenas números e não forma corporal. Fato que deve ser tomado como alerta já que ao
engordar, muitas vezes as pessoas têm seu abdômen dilatado, fazendo com que a
circunferência da região abdominal aumente em uma proporção maior que em outras partes
do corpo.
Ao ter em mãos as tabelas de medidas é possível realizar os diagramas (ANEXO A) de
modelagem, que serão a representação bidimensional de um corpo que é tridimensional. Os
diagramas são realizados a partir de passo-a-passos sequenciais que resultarão em um molde,
sendo que, antes de executar peças diferenciadas é necessário construir moldes básicos,
compostos no caso de moldes femininos, por blusa, saia ou calça. Essas composição é dada ao
dividir o corpo em duas partes assimétricas, uma delas seria a parte superior do corpo
(blusas), abrangendo o tronco e a outra a parte inferior (calças ou saias), abrangendo os
membros inferiores. Os diagramas combinados com as tabelas de medidas padronizadas
permitirão que se construam modelagens capazes de atender a todas as faixas de tamanho.
Contudo, pelo fato dos diagramas seguirem os mesmos passos para todas as faixas de
tamanho da tabela de medidas, pode acontecer que o resultado, ou seja, o molde, não cobrir de
forma adequada ou confortável todos os corpos, considerando que os diagramas são
executados a partir de tabelas que não preveem a adequação de diferentes formas corporais.
Desse modo, é provável que corpos com peculiaridades diferentes devam ser estudados e
verificadas possibilidades de atribuir aos diagramas intervenções estruturais que ajudem numa
melhor adequação das peças ao corpo.
Pessoas com sobrepeso pode ser um dos casos que mereçam ser estudados de modo
específico, em relação à construção de diagramas de modelagem. Apesar da indústria precisar
ter um padrão para atender um número maior da população, o fato de que cada vez mais
15

cresce o número de pessoas obesas na sociedade, não deve ser deixado de lado. Com uma
considerável parcela da população apresentando sobrepeso, a preocupação em verificar se os
diagramas de modelagem estão atendendo as particularidades corporais desses indivíduos não
deve ser negligenciada.
Pensando nesses aspectos, o problema central desta pesquisa incide em verificar
parâmetros para a construção de blocos básicos de modelagem industrial, no vestuário para
corpos femininos com sobrepeso, considerando as diferenças corporais verificadas e
proporcionando maior conforto e vestibilidade.
Desse modo, o objetivo geral deste trabalho é analisar como as modelagens do corpo
superior feminino, oriundas de diagramas padronizados acomodam-se ao longo do perímetro
de corpos com sobrepeso, servindo assim como norteadoras para que se estabeleçam
parâmetros para propor um diagrama de modelagem para corpos com esta característica.
Os objetivos secundários consistem em: (i) investigar se as Tabelas de Medida
disponíveis nas bibliografias nacionais abrangem as medidas de mulheres com sobrepeso; (ii)
avaliar se os diagramas de modelagem propostos em bibliografias nacionais contemplam com
eficiência as formas corporais de mulheres com sobrepeso; (iii) aprimorar a construção dos
diagramas de modelagem do corpo base feminino, propondo a consideração de elementos que
permitam executar moldes básicos que contemplem corpos com sobrepeso.
Dentre as ações dos objetivos secundários, para alcançar o alvo, encontram-se: (i)
revisão bibliográfica sobre Tabelas de Medidas nacionais, orientadas para mulheres; (ii)
proposta de uma Tabela de Medidas unificada que abranja tamanho de manequim maiores;
(iii) experimentação dos protótipos de modelagem do corpo superior feminino, resultantes dos
diagramas de modelagem de uma das bibliografias nacionais, adequando à eles as medidas
pessoais coletadas de cada participante do grupo focal; (iv) experimentação dos protótipos de
modelagem do corpo superior feminino, resultantes dos diagramas de modelagem de uma das
bibliografias nacionais, adequando a eles as medidas oriundas da tabela de medidas proposta
pela pesquisadora; (v) análise dos dados coletados; (vi) proposta de diagramas específicos
para mulheres com sobrepeso e validação através de nova prova dos protótipos no grupo
focal.
A pesquisa, quanto à natureza, pode ser considerada como Pesquisa Qualitativa. As
sessões deste trabalho se estruturam da seguinte forma:
Revisão de Literatura – abrange os capítulos 2 e 3, relacionados a Design,
Ergonomia, Corpo, Sobrepeso e a Corpo, Tabela de Medidas e Modelagem para vestuário.
16

Buscou-se, primeiramente esclarecer sobre conceitos importantes a esse estudo, como a


importância do Design na projeção de artefatos destinados a atender as necessidades de um
determinado público, as características corporais humanas e o sobrepeso na vida cotidiana dos
indivíduos. Num segundo momento houve explanações sobre os conceitos e construções de
Modelagem de Roupas, o que seriam tabelas de medidas e como elas estariam relacionadas
com as modelagens e o corpo.
Metodologia da Pesquisa – desenvolvida no capítulo 4, onde são contemplados: a
organização metodológica, escolha do grupo focal, a primeira fase da experimentação e o
tratamento dos resultados.
Análise e Interpretação dos Dados – compreende o capítulo 5, onde é apresentado o
diagrama de modelagem para corpos com sobrepeso, resultante da análise e interpretação dos
dados da primeira fase da experimentação.
17

2 DESIGN, ERGONOMIA, CORPO E SOBREPESO

A seguir serão apresentados conceitos sobre Design, Ergonomia, Corpo e Sobrepeso.

2.1 DESIGN

Design significa projetar, compor algo visualmente de maneira intencional,


transformando ideias abstratas e subjetivas, tendo como finalidade a produção e
funcionalidade desse objeto. Conforme Cardoso (1998), “mais correta do que ‘objeto’, no
contexto atual, seria a palavra ‘artefato’, a qual se refere especificamente aos objetos
produzidos pelo trabalho humano, em contraposição aos objetos naturais ou acidentais”.
Coelho (2008) aponta que o produto do designer “é contratado por um produtor e
dirigido para um usuário”. Dessa forma está vinculado à vida das pessoas, cabendo ao
designer compreender o contexto de vida dos usuários e dessa forma criar um produto
adequado a ele. O designer precisa, então, tirar o foco de si, criando algo que o usuário
“precise”, sem se preocupar apenas com a estética, mas também com a finalidade prática
quanto ao uso do objeto.
O Design atende então, à forma e à função, desenvolvendo estratégias para alcançar
seus objetivos, transformando-os em objetos. Ainda, conforme Coelho (2008), esse processo
de trabalho pode ser de curto ou longo prazo, mas, tem início, meio e fim. Contempla etapas
de “Levantamentos/Estudos/Anteprojeto/Projeto Executivo” e quando não abrange essas
etapas, tampouco tem projeto de desenvolvimento, não é design. O designer precisa ter
conhecimento para projetar e estudar maneiras de experimentar o produto, sendo sua
realização um processo com prazo determinado e que tenha por finalidade objetiva dar forma
ao artefato de maneira satisfatória.

Essas atividades levam em consideração no DESENVOLVIMENTO projetual não


apenas a produtividade do processo de fabricação, mas também questões de USO,
FUNÇÃO (objetiva e subjetiva), produção, MERCADO, UTILIDADE,
QUALIDADE formal e ESTÉTICA (fruição de uso), buscando equacionar,
sistêmica e simultaneamente, fatores sociais, culturais, antropológicos, ecológicos,
ergonômicos, tecnológicos e econômicos. (COELHO, 2008 p.188).

Porém, para desenvolver um artefato para determinado segmento, o designer precisa


levar em consideração as questões culturais sobre a sociedade na qual o indivíduo que vai
fazer uso de seu produto está inserido. Conforme Schneider (2010) o designer deve interessar-
se no “por quê” ou no “para quê”, mantendo a pesquisa em primeiro plano e deixando o
18

projeto para segundo. Assim, o designer precisa dar relevância ao que está acontecendo no
mundo, informar-se, verificar para quem e quais são as condições de uso do seu projeto. Para
o autor “as condições econômicas, técnicas, sociais e culturais é que influenciam o design e a
estática dos objetos.” (SCHNEIDER 2010, p.263).
Para Bonsiepe (2011), o designer precisa pesquisar e experimentar para então
descobrir fundamentos, usando as ferramentas existentes para novas aplicações, possibilitando
assim, ser um cientista inovador. Cabe a ele intervir na realidade com atos projetuais,
ultrapassando problemas. Bonsiepe (2012) ainda esclarece que, pode-se e deve-se gerar
conhecimento e realizar pesquisas na área de design, mesmo o design sendo caracterizado por
ter um olhar projetual voltado para o mundo, e a ciência encarando-o pela perspectiva do
reconhecimento. Sendo assim, para o autor, “o design tem como função integrar a ciência e a
tecnologia na vida cotidiana da sociedade.” (BONSIEPE 2012 p. 24).

O designer observa o mundo a partir da perspectiva da projetualidade. O cientista,


ao contrário, observa o mundo a partir da perspectiva da cognoscibilidade. Trata-se
de diferentes maneiras de ver, com conteúdos próprios de inovação: o cientista é o
pesquisador que produz novos conhecimentos. O designer possibilita nova
experiências na vida cotidiana numa sociedade – experiências de uso de produtos,
signos e serviços, inclusive experiências de caráter estético que, por sua vez,
dependem de uma dinâmica sociocultural. (BONSIEPE, 2011 p.230).

Pelo fato do designer possibilitar essas inúmeras experiências ele precisa estudar
diferentes áreas, integrando em seus projetos pesquisas que sejam condizentes com os
objetivos finais, a fim de sustentar e promover maior segurança de sucesso na satisfação,
produtividade, usabilidade, do produto final. Bonsiepe (2011, p.231) defende que o design
não pode ignorar a ciência, não podendo renunciar da pesquisa sobre conteúdos relevantes e
que “aquele que confiar somente em sua sensibilidade e suposta criatividade, não chegará
muito longe e poderá fracassar”.
Schneider (2010) aponta distinções sobre pesquisa em design, dividindo-a em duas
categorias principais: pesquisa sobre design e pesquisa através do design. A primeira delas
trata sobre “a investigação da disciplina Design”, investigando, por exemplo, sobre a história,
estética e teoria do design, atuando de fora, sendo o pesquisador um observador. A segunda
trata-se de uma pesquisa de projeto ou desenvolvimento. O autor (SCHNEIDER 2010, p. 274)
ainda revela que o desenvolvimento através do design:
[...] designa o desenvolvimento planejado, criativo, sistemático de visualizações, por
um lado, de processos de interação e de mensagens de diferentes atores sociais, e de
outro, de diversas funções de objetos de uso e sua adequação às necessidades dos
usuários ou aos efeitos sobre os usuários.
19

Schneider (2010) acrescenta que para ser realizada a pesquisa através do design possui
diferentes fases, “fase de informação e pesquisa, fase analítica, fase de projeto, fase de
decisão, fase de concretização”. Nas diferentes fases da pesquisa muitas vezes é necessário
aplicar conhecimentos e resultados de diferentes áreas, tornando-a, na maioria dos casos,
interdisciplinar.
Nas diferentes fases da pesquisa através do design, são avaliados e aplicados, de
acordo com a necessidade, conhecimentos e resultados de pesquisas das ciências
sociais e da engenharia, da ergonomia, da psicologia cognitiva, da semiótica, da
politologia etc. (SCHNEIDER 2011, p. 275).

Bonsiepe (2011, p. 197) explana que a teoria do design sofre o estigma da


interdisciplinaridade, pois “não se enquadra nas taxonomias tradicionais do conhecimento”.

Dificilmente uma teoria do design pode satisfazer a todas as necessidades e ser


aprovada por todos. Deste ponto de vista das ciências tecnológicas, ocupa-se de um
domínio que escapa do instrumental conceitual das disciplinas de engenharia. Deste
ponto de vista das ciências humanas e da arte, o design fica envolvido demais com
as contingências do mercado e da indústria e, por isso, não se presta como campo
digno de pesquisa. (BONSIEPE, 2011, p.197).

Schneider (2010) também expõe que o design tem uma constituição transdisciplinar e
interdisciplinar, o que o torna por vezes complexo. Meyer (2008) relaciona os argumentos de
(Bomfim, Love e Friedman) e conclui que existe um aparente consenso entre eles, de que “o
design somente pode ser apreendido enquanto teoria se residir num grupo de ordem inter ou
transdisciplinar”, para tanto, o design deve “combinar conhecimentos pertencentes a diversas
áreas científicas”. (BOMFIM, 1997, p.29 apud MEYER 2008).
Muitas vezes surge a dúvida do que seria então inter e transdisciplinar. Santos (1995)
explica que interdisciplinaridade é quando se transfere o método de uma disciplina para outra,
já transdisciplinaridade não é uma disciplina e nem a transferência de um método, ela é
emergente da confrontação disciplinar, o que faz com que surjam novos dados que as
articulam entre si e que resultam em novos olhares.
O presente estudo reside no grupo de ordem inter e transdisciplinar, visto que estuda o
método de diferentes disciplinas, como por exemplo, a Ergonomia. Além de transferi-lo para
outra disciplina (inter), o Design, a confrontação faz com que surjam novos dados e olhares,
mantendo-se aberta perante o desconhecido (trans). Ao participar dessas articulações o estudo
visa encontrar soluções a partir da ação do designer, colaborando com o meio.
Para Bonsiepe (2011, p. 36-37) “cabe ao designer intervir na realidade com atos
projetuais, superando as dificuldades e não se contentando apenas com uma postura crítica
frente à realidade e persistindo nessa posição”. Ao inserir mudanças o designer tem o poder
20

de tentar mudar a realidade vigente e ao mesmo tempo não pode distanciar-se dela,
verificando suas necessidades, o impacto sobre as mudanças, a fim de contribuir cada vez
mais com o meio.
Para propor parâmetros para a construção de blocos básicos de modelagem industrial,
adaptados para condições específicas do corpo humano, ou seja, para o usuário, o design irá
precisar buscar embasamento na ergonomia, que estuda a relação do homem-tarefa-máquina.
Essa ciência busca aprimorar o conforto, segurança e eficiência, procurando maximizar a
satisfação e bem-estar do homem com o trabalho.

2.2 ERGONOMIA

A ergonomia estuda a relação do homem com o trabalho. O trabalho estudado pela


ergonomia possui um caráter amplo, sendo aplicado as atividades humanas que possuem um
propósito. Ela envolve estudos sobre anatomia, fisiologia e psicologia, a fim de que o trabalho
realizado atinja resultados satisfatórios, preservando a saúde, ajustando-se às capacidades e
limitações do executor, possibilitando assim uma melhor qualidade de vida e bem-estar nas
diferentes tarefas diárias do homem. Conforme Iida (2005), “ergonomia tem uma visão ampla
abrangendo atividades de planejamento e projeto, que ocorrem antes do trabalho a ser
realizado, e aqueles de controle e avaliação, que ocorrem durante e após esse trabalho”.
O autor ainda esclarece que os ergonomistas abordam características específicas de
domínios particulares, tais como: ergonomia física; ergonomia cognitiva; e ergonomia
organizacional. Estudando condições prévias e consequentes geradas através da interação do
homem, máquina e seu ambiente durante a realização do trabalho.

Ergonomia Física- Ocupa-se das características da anatomia humana,


antropometria, fisiologia e biomecânica, relacionados com a atividade física
[...].
Ergonomia Cognitiva- Ocupa-se doa processos mentais, como a percepção,
memória, raciocínio e resposta motora, relacionados com as interações entre
pessoas e outros elementos de um sistema [...].
Ergonomia Organizacional- Ocupa-se da otimização dos sistemas sócio-
técnicos, abrangendo as estruturas organizacionais, políticas e processos.
[...]. (IIDA, 2005, p.03).

Seus principais objetivos são a saúde, segurança e satisfação do executor do trabalho,


apresentando dois enfoques complementares de abordagem: o primeiro deles o enfoque
americano, que se preocupa principalmente com os aspectos físicos e o segundo enfoque
21

europeu, que privilegia os aspectos semânticos e cognitivos. De acordo com Montmollin


(apud Moraes, 2009), o primeiro enfoque considera a Ergonomia como a utilização das
ciências para melhorar as condições de trabalho humano, valendo-se da anatomia e da
fisiologia para construir elementos mais adaptados ao organismo ao homem.
Iida (2005) expõe que a classificação da contribuição ergonômica é dada, de acordo
com a ocasião em que é realizado o estudo. Podendo ser Ergonomia de Concepção quando
realizada ainda no projeto do produto, sendo a melhor situação, já que as alternativas podem
ser minuciosamente examinadas, exigindo, no entanto, grandes conhecimentos e experiência,
pelo fato das decisões serem tomadas em situações hipotéticas. Ergonomia de Correção,
resolvendo problemas oriundos de situações reais, como problemas de segurança ou doenças
de trabalho. Ergonomia de Conscientização, atingindo a capacitação dos trabalhadores,
através de treinamentos, reciclagens, finalizando a identificação dos problemas e ensinando-
os a aplicar as correções. Ergonomia de Participação, envolvendo o usuário na solução de
problemas ergonômicos, de forma participativa, além de informá-los sobre todas as fases
ergonômicas (concepção, correção, conscientização e participação).
A busca da ergonomia está relacionada a uma tríade básica, composta por Segurança,
Eficiência e Conforto. Nesse âmbito, a segurança está relacionada com a proteção dos
usuários ao realizar o trabalho, evitando acidentes. Conforme Gomes Filho (2003), o conceito
de segurança estaria ligado à utilização segura e confiável dos objetos em relação às suas
características funcionais, operacionais, perceptíveis, de montagem, de fixação, sustentação, e
outras. Para Martins (2008), no caso dos produtos de moda, a propriedade ergonômica de
segurança estaria relacionada com o sentar, levantar, abaixar, esticar, alcançar e com as
alterações do peso corporal. Em relação à Eficiência, seria um conjunto de ações tomadas
com a finalidade de atingir um objetivo específico e com os resultados pretendidos. Gomes
Filho (2003) denomina este vértice da ergonomia como Tarefa, e explica que os problemas
ergonômicos em relação a este fator são, sobretudo, aqueles que contribuem ou trazem
dificuldades ao usuário quanto à utilização do produto. O Conforto é relacionado ao bem-estar
e comodidade. Gomes Filho (2003) aponta que os problemas ergonômicos referentes a esse
fator dizem respeito às condições ou situações de uso dos objetos que contrariam essa
conceituação, principalmente com relação às tarefas que possam provocar diversos tipos de
fadiga, doenças e constrangimento no organismo humano.
Como um todo, a ergonomia visa o bem estar do ser humano com o meio em que ele
vive, associando as atividades físicas, ao uso dos objetos diários, aos ambientes construídos e
22

ao que esteja relacionado ao homem e sua relação com o trabalho. Nesse ambiente, estão
disponíveis inúmeros objetos fabricados de diferentes maneiras e objetivos, contudo, cabe à
ergonomia agregar, através de estudos, valores como o conforto, a fim de promover a
satisfação dos usuários. Conforme Moraes (2008), “pela perspectiva da ergonomia, a
satisfação do usuário na interação com os produtos está ligada à usabilidade e a termos de
conforto físico”.
Guimarães (2006 p.1) traz contribuições valiosas relatando que inicialmente a
ergonomia concentrou-se na coleta de dados antropométricos, com o intuito de acomodar
satisfatoriamente diversos indivíduos, posteriormente “expandiu sua preocupação para força,
alcance, questões fisiológicas e psicológicas implicadas no trabalho (...) e mais recentemente,
questões que importam ao processo de informação e cognição, tendo em vista a disseminação
de sistemas informatizados.”. No entanto, hoje a indústria não separa mais segurança e saúde
do projeto e produção como separava na indústria tradicional. Antes segurança e saúde eram
responsabilidades do departamento de pessoal, enquanto projeto e produção eram
responsabilidades do departamento de Pesquisa e Desenvolvimento. Segundo a autora, isto se
deu pelo fato de hoje, existir um grande número de usuários (principalmente em países mais
desenvolvidos) que já dispõe de artigos considerados básicos, passando-se então a exigir bem
mais qualidade dos produtos. Sendo assim, a diferenciação do produto não fica apenas voltada
com base na tecnologia e sim na qualidade para o usuário externo (usuário final) e interno
(operário que atua na fabricação do produto). O externo adquire produtos que melhor atenda
funções práticas, estéticas e simbólicas enquanto o usuário interno, ao trabalhar em um
sistema melhor resolvido, produz mais e melhor. A função prática estaria relacionada com
questões de uso, estando principalmente ligada à ergonomia física e questões técnicas,
enquanto a função estética estaria relacionada ao conceito de belo e a função simbólica
serviria como símbolo.

A qualidade de um produto está diretamente relacionada com o atendimento de suas


funções que são basicamente três: função prática (evidenciada pelo funcionalismo),
função estética (procurada por todos os movimentos artísticos), função simbólica
(desprezada pelo modernismo mas evidenciada no styling e no pós-modernismo
quando interpretaram as aspirações do público acoplando-as ao produto).
(GUIMARÃES, 2006, p.13).

A pesquisa presente está diretamente relacionada com o estudo de modelagem de


roupas femininas para corpos com sobrepeso, sendo seu principal objetivo verificar se as
modelagens utilizadas vestem de maneira eficiente esses tipos de corpos, permitindo conforto
aos movimentos necessários que o corpo precisa realizar e adequação funcional para as
23

características antropométricas dos usuários. Atendendo assim, conforme sugere Guimarães


(2006), a função prática. Para Iida (2005, p.04), a eficiência é a consequência de um bom
planejamento e organização do trabalho, proporcionando saúde, segurança e satisfação do
trabalhador. Segundo Sell (2006, p. 01), hoje, “os processos de planejar e desenvolver
produtos e serviços devem ser bem mais orientados pelas reais necessidades dos clientes, o
que pressupõe conhecer o cliente, seus problemas, suas necessidades, seus desejos”. Sendo
assim uma forma de diferenciar produtos e serviços.
Dessa maneira a pesquisa preocupar-se-á principalmente com a Ergonomia Física,
verificando características do organismo humano e objetivando o desenvolvimento de moldes
confortáveis para grupos de usuários com corpos com sobrepeso.

2.3 ERGONOMIA E DESIGN

Como foi visto anteriormente, a ergonomia estuda a relação do homem com o


trabalho, buscando a melhor adequação ou adaptação dos objetos para o homem, levando em
consideração o conforto, segurança e a eficiência dos objetos no uso e na operacionalidade. A
ergonomia é uma das áreas de estudo importantes para o design, pois se preocupa com a
adaptação dos artefatos ao usuário. Guimarães (2006) esclarece que por um grande número de
pessoas, principalmente em países desenvolvidos, já possuírem grande quantidade de artigos
considerados básicos, a qualidade passou a ser fator mais importante que a quantidade. Dessa
maneira foi preciso agregar maior valor aos produtos, indo além da tecnologia. Passaram a ser
desenvolvidos produtos que atendam melhor as funções práticas, simbólicas e estéticas do
consumidor final.
Guimarães (2006, p. 5) relata que a preocupação com a qualidade dos produtos,
principalmente em relação à segurança do consumidor “teve início nos EUA, em 1965, com
Ralph Nader, advogado americano que iniciou suas atividades em prol de melhores produtos
com o livro “Usafe at any speed: The Designed-In American Automobile”.

O esforço para assegurar a segurança de bens de consumo (tais como brinquedos,


berços, ferramentas, isqueiros e produtos de limpeza) contribuiu com a redução de
30% da incidência de danos ao consumidor impostos por produtos vendidos nos
últimos 30 anos. Cabe destacar que o CPS é uma das agências regulamentadoras do
Instituto Nacional de Metrologia (INMETRO) brasileiro (GUMARÃES, 2006, p.
05).

A qualidade dos produtos deve ser avaliada conforme sua usabilidade. A autora
acredita que a usabilidade pode ser verificada “‘vivenciando o produto’ e medindo a reação
24

subjetiva das pessoas (gosta, não gosta...), usando-se o produto e medindo-se a reação
objetiva das pessoas (facilidade de uso, acesso, movimentação etc.)”. No entanto devem ser
considerados todos os seus usuários, sejam eles crianças, idosos, altas, baixas, muito gordas,
muito magras, e não apenas os consumidores “médios”. Em relação aos produtos de moda
Martins (2008, p. 325) contribui dizendo que “a usabilidade representa a interface que
possibilita a utilização eficaz dos produtos, tornando-os agradáveis e prazerosos durante o
uso”.
Para Mont’Alvão (2008) a integração da Ergonomia ao Design contribui para a
qualidade de vida, aumentam o bem-estar e desempenho dos produtos, já que a primeira
estuda o comportamento e reação do homem com o trabalho, levando em consideração o
ambiente e sua interatividade com os objetos e a segunda a funcionalidade e atratividade dos
artefatos. Ainda para ela, a junção de Ergonomia com Design estimula a interação de “teoria
na prática”, possibilitando a transformação de dados ergonômicos e garantido “a satisfação
dos requisitos ergonômicos nos projetos de design.” (MONT’ALVÃO, 2008, p. 20).
Contudo fica importante ressaltar que o Design preocupa-se em respeitar
recomendações ergonômicas e princípios de usabilidade, fazendo com que seu produto tenha
valor agregado e atenda as atividades práticas da vida cotidiana, enquanto a Ergonomia encara
a satisfação do usuário pelo resultado de um produto ergonomicamente bem projetado.

O ergonomista estuda todos os comportamentos (ação, observação, comunicação e


explora seus resultados para descrever da melhor forma possível as diversas
atividades orientadas para a ação; ele se interessa pouco pelas partes do discurso dos
trabalhadores que não expliquem diretamente a ação, pois é o trabalho que lhe
interessa. Procura conhecê-lo de maneira mais objetiva possível, de tal sorte que um
outro pesquisador possa chegar a conclusões semelhantes ao estudar o material
coletado. (WISNER, 1994, p.83).

O Design, para Bonsiepe (2012, p. 19):

Enfoca o caráter operacional dos artefatos materiais e semióticos, interpretando a


sua função e a funcionalidade não em termos de eficiência física, como acontece nas
engenharias, mas em termos de comportamento incorporado em uma dinâmica
cultural e social.

Contudo, a relação entre Ergonomia e Design é fundamental para desenvolver


artefatos com função e funcionalidades adequadas. Visando alcançar estes objetivos, a secção
seguinte contribui com definições de Antropometria, um dos domínios da ergonomia física,
que se ocupa das características corporais humanas.
25

2.4 ANTROPOMETRIA

O corpo humano é a estrutura física do homem, ele é constituído por diferentes aspectos
que o fazem com que cada indivíduo seja único. Na constituição de um novo indivíduo,
características étnicas e genéticas são combinadas, fazendo com que cada sujeito seja
particular sob inúmeros aspectos. Conforme Castilho e Martins (2008), “tais diferenças
podem ser entendidas como traços distintivos entre as raças que se particularizam por
singularidades fisionômicas e anatômicas”.
A antropometria estuda a forma e o tamanho do corpo humano, assim sendo, sua
finalidade é tratar das medidas físicas do corpo humano. O método baseia-se na mensuração
para a coleta de dados de indivíduos e na análise quantitativa das dimensões do corpo
humano. Esses dados irão representar as propriedades físicas do grupo. Segundo Guimarães
(2004), os dados antropométricos são base para a concepção ergonômica de produtos, quer
como bens de consumo ou capital. A antropometria originou-se com os gregos e egípcios na
antiguidade, onde estes estudavam maneiras de medir diversos corpos, valendo-se de unidades
de medidas partes do próprio corpo.
Segundo Tilley (2005), o campo é geralmente descrito como tendo origem na
antropometria física, disciplina que surgiu no século XIX e que, entre outras coisas, enfoca as
diferenças físicas entre pessoas de etnias distintas. Conduzindo para uma explicação
complementar, Marco Polo, navegador italiano, entre 1273 e 1295 em suas diversas viagens
pelo mundo fez várias observações, constatando que haviam diversas “raças”, povos e
culturas existentes, bem como diferenças de tamanho e estrutura corporal que eram
significativas, podendo ser consideradas precursoras da Antropologia Física. (PETROSKI,
1999; ROEBUCK, 1975 apud FOPPA, 2004, p. 27). No entanto, Guimarães (2004) expõem
que foi apenas na década de 40 do século passado, que a preocupação com a antropometria –
ganhou impulso, já que um erro no superdimensionamento de alguns centímetros em
determinado produto, poderia significar aumentos extravagantes nos custos de produção de
centenas de milhares de um mesmo produto.
Para a realização das medidas corporais existem posições padronizadas e definidas de
modo que as medidas possam ser comparadas e repetidas da mesma forma em diferentes
tempos ou espaços. Como fator determinante tem-se, além de como executar as medições, o
número de amostra que o pesquisador tomará como base. Tilley (2005) argumenta que quanto
maior o número da amostra, ou seja, quanto maior o número de pessoas que forem medidas,
mais válidos os dados obtidos.
26

Contudo, as variações antropométricas são inúmeras. Iida (2005) expõe que elas
podem estar relacionadas com a diferença entre os sexos, com o mesmo sexo, etnias,
adaptação climática, nutrição, qualidade de vida e podem ocorrer ao longo da vida de um
indivíduo, conforme sua idade se modifica. Os homens, em relação às mulheres, costumam
ser mais largos, na parte superior do corpo, apresentam também a cabeça maior, os braços
mais compridos e pés e mãos maiores, assim como têm mais músculos que gordura.
Existem também variações dentro do mesmo sexo. Essas variações acontecem, pois
cada pessoa tem um tipo físico ou biótipo diferente. Uma pessoa pode apresentar um tipo
físico específico ou uma combinação entre eles. Conforme Iida (2005), William Sheldon
estudou na década de 40, do século passado, os dados antropométricos de 4 mil estudantes
americanos, complementando seu trabalho através de fotografias de cada um destes
estudantes. A partir desse estudo determinou três tipos diferentes de características
dominantes desses sujeitos: o Endorfomo, o Mesorfomo e o Ectomorfo.

Ectomorfo – Tipo físico de formas alongadas. Tem corpo e membros longos e


finos, com um mínimo de gordura e músculos. Os ombros são mais largos, mas
caídos. O pescoço é fino e comprido, o rosto é magro, queixo recuado e testa alta e
abdômen estreito e fino.
Mesomorfo – Tipo físico musculoso, de formas angulosas. Apresenta cabeça
cúbica, maciça, ombros e peitos largos e abdômen pequeno. Os membros são
musculosos e fortes. Possui pouca gordura subcutânea.
Endomorfo – Tipo físico de formas arredondadas e macias, com grandes depósitos
de gordura. Em sua fora externa, tem característica de uma pêra (estreita em cima e
larga embaixo). O abdômen é grande e cheio e o tórax parece ser relativamente
pequeno. Braços e pernas são curtos e flácidos. Os ombros e a cabeça são
arredondados. Os ossos são pequenos. O corpo tem baixa densidade, podendo
flutuar na água. A pela é macia (IIDA, 2005, p.104).

Figura 1- Biótipos propostos por Sheldon,1940.

Fonte: IIDA, 2005, p. 104.

Heinrich (2009) acrescenta que “William Sheldon apenas iniciou um processo de


estudos acerca da tipologia morfológica ou somatotipologia, como é actualmente conhecida”.
Segundo a autora, sabe-se que os padrões corporais apresentam muitas outras diversidades e
27

que “estudos das características da imagem corporal vem sendo realizados e utilizados nos
mais diversos campos de aplicação do design, sobretudo para a área da moda”. A autora
ainda apresenta imagens de estudo realizado por Thomson e Gray (1995, apud Heinrich 2009)
do qual resulta uma escala de nove padrões biótipos, feminino e masculino, com diferenças
entre si, como pode ser visto abaixo:

Figura 2 – Escala de biótipos de Thompson e Gray

Fonte: Heinrich 2009, p. 43

Heinrich (2009) ainda contribui mostrando a abordagem de Rasband e Liechty (2006,


apud Heinrich 2009), voltadas para à indústria da moda. Nela, os autores definiram oito
diferentes biótipos – neste caso, apenas femininos –, de acordo com a constituição física,
distribuição dos volumes corporais e estrutura óssea. O estudo relaciona os contornos
corporais com formas geométricas e tem por finalidade verificar quais formas de vestuário
favorecem cada um dos diferentes biótipos. Os oito diferentes biótipos e sua relação com as
formas geométricas são apresentados abaixo:

Figura 3 – Biótipos de Rasband e Liechty

Fonte: Heinrich 2009, p. 43.

As variações também ocorrem ao longo da vida do indivíduo, desde seu nascimento


até sua morte. As proporções, forma, peso, alteram-se na medida em que a pessoa envelhece e
tornam-se mais aceleradas após os 30 anos de idade. Iida (2005) apresenta que a estatura
28

atinge o ponto máximo em torno dos 20 anos e permanece praticamente inalterada dos 20 aos
50 anos. Tilley (2005) contribui dizendo que algumas modificações se devem ao
envelhecimento, a alimentação, pelos movimentos e pelo meio ambiente.
Diferentes etnias apresentam diferentes medidas antropométricas. Iida (2005) expõe
que diversos estudos antropométricos, realizados durante várias décadas, comprovaram a
influência da etnia nas variações das medidas antropométricas. Também relaciona as etnias
como fator de preocupação e estudo visto que, com o aumento do comércio internacional, os
produtos devem ser fabricados em diversas versões ou ter regulagens suficientes para se
adaptar às diferenças antropométricas de diversas populações. Ainda, segundo o autor, é
importante levar em consideração aspectos como profissão, faixa etária e as condições nas
quais as medidas foram tomadas, verificando se os indivíduos estavam vestidos ou calçando
sapatos por exemplo.
No entanto, o mais aconselhável é não realizar levantamentos antropométricos
caseiros. Guimarães (2004) explica que o primeiro erro seria o amostral, já que um
levantamento antropométrico requer um plano amostral, onde são considerados o tamanho da
amostra, que deve ser representativa da população enfocada. O segundo erro seria o não
amostral, que advém de procedimentos viciados, incompletos e diversificados do pessoal
técnico envolvido na pesquisa. A autora explana a dificuldade da definição de quais medidas
utilizar e defende a utilização de dados estrangeiros, caso não se possa realizar um
levantamento com um número considerável e ideal de indivíduos.

Na falta de dados brasileiros, pode-se recorrer a tabelas estrangeiras, com pouca


probabilidade de errar. (...) Comparações de medidas brasileiras e estrangeiras
mostram que os brasileiros se assemelham aos europeus mediterrâneos (portugueses,
espanhóis, franceses, italianos, gregos), são menores que os nórdicos (suecos,
noruegueses, dinamarqueses) e maiores que os asiáticos. Como, em geral, em
antropometria aplicada, tolera-se erros de até 5%, é preferível se basear em tabelas
estrangeiras, principalmente dos povos mediterrâneos, do que incorrer em erros
maiores ao basear-se em “levantamentos caseiros” nada confiáveis. Eventuais
ajustes para a população brasileira podem ser efetuados na fase de teste do projeto
(na análise de mockup, por exemplo) com uma amostra de possíveis usuários.
(GUIMARÃES, 2004, p. 7-8).

A indústria visa guarnecer o mercado com produtos executados em larga escala, sendo
fundamental para isto, o estabelecimento de padrões de medidas, para que os produtos
atendam um maior número de consumidores e sejam mais acessíveis economicamente.
Guimarães (2004) explica que é necessário, ao projetar, escolher qual percentil1 será aplicado,

1
“Os percentis mostram a frequência acumulada (número de casos) para valores encontrados em cada variável
antropométrica, indicando a porcentagem de indivíduos da população que possuem uma medida
29

tomando como exemplo o acesso a uma prateleira e tendo como variável o comprimento do
braço. Para que a prateleira seja alcançada por 95% da população, ela deve ser colocada a
altura mínima de uma pessoa que apresente percentil 5%; assim, todas as outras conseguirão
alcançá-la. Contudo, a autora esclarece que geralmente são adotadas medidas que se adequem
a 90% da população (percentis 5 a 95), onde “a parte da população de percentil inferior a 5%
e superior a 95% terá que se adequar de alguma maneira às condições oferecidas”.
(GUIMARÃES 2004, p.13).
Em relação a determinados produtos, a padronização generalizada, causa
comprometimento do acesso destas mercadorias para grande parcela populacional. Iida (2005)
aponta que, “essa adaptação ao usuário torna-se crítico no caso de produtos de uso individual,
como o vestuário (...).”. O autor emprega cinco princípios para a aplicação das medidas
antropométricas que auxiliam numa maior adaptação dos produtos para seus usuários, sendo
eles: projetos dimensionados para a média da população; projetos dimensionados para um dos
extremos da população; projetos dimensionados para faixas da população; projetos
apresentam dimensões reguláveis e projetos adaptados ao indivíduo.
O terceiro princípio, projetos dimensionados para faixas da população, é um dos
determinantes principais desta dissertação. Iida (2005, p. 139) expõe que são produtos
fabricados em diversos tamanhos, de maneira que acomodem determinada parcela da
população, sendo o caso de peças de roupas fabricadas em dimensões P (pequeno), M (médio)
e G (grande), podendo ter suas faixas alteradas à medida que as peças necessitem de uma
melhor adaptação aos corpos dos usuários. O autor complementa a informação ao expor que
esses produtos são fabricados em tamanhos discretos, para aumentar o conforto do usuário e
ao mesmo tempo não aumentar de forma significativa o custo de fabricação. Esclarecendo
ainda que algumas pessoas irão sentir-se mais confortáveis que outras pessoas ao utilizar o
mesmo produto, dependendo da proximidade de suas medidas com os tamanhos disponíveis
no mercado.
Encontram-se duas formas de obtenção de medidas antropométricas, a estática e
dinâmica. A primeira delas tem referência em medidas tomadas com corpos estáticos, quando
a mobilidade do usuário é pequena. Para Norton e Olds (2005, p. 257) as medições estáticas
podem ser adquiridas em posicionamento-padrão, seja sentado ou em pé. Na posição em pé a

antropométrica de um certo tamanho ou menor que este tamanho [...] O valor do percentil 95 para estatura
indica que 95% da população tem uma medida de estatura menor ou igual ao percentil 95 e que 5% possui
estatura com valor maior. Uma medida do percentil 5 indica que 5% da população possui esta medida com
valor menor o igual à deste percentil e que 95% possui esta medida com valor maior.” (GUIMARÃES, 2004,
p. 12-13).
30

pessoa precisa estar com os pés juntos, olhando para frente e mantendo os braços relaxados ao
longo do corpo. No segundo os corpos devem executar movimentos previamente
determinados para a realização de movimentos e alcance determinados. Os autores ainda
esclarecem que o trabalhador precisa interagir dinamicamente com o seu local de trabalho, já
que os dados antropométricos são diretamente ligados às condições em que a tarefa é
realizada. Na secção seguinte serão apresentados estudos sobre o corpo, levando em
consideração os planos para registros de movimentos.

2.5 CORPO

O corpo humano, estudado nesta dissertação, adotará a posição anatômica, que segundo
Iida (2005) é a posição do corpo em pé, ereto, com os braços para baixo, ao longo do corpo e
com as palmas da mão viradas para frente. Nessa posição o corpo é dividido em diversos
planos que, conforme o autor, são planos triortogonais para registro de movimentos. Abaixo é
apresentada a ilustração da posição corporal mencionada:

Figura 4 – Posição anatômica

Fonte: Iida (2005, p. 125).

Conforme a ilustração o corpo pode ser dividido em vários planos, o primeiro deles é
vertical, separando o lado esquerdo do lado direito, chamado de plano sagital ou sagital de
simetria. Guimarães (2004) acrescenta que todos os planos paralelos ao plano sagital são
também chamados de sagitais, o lado esquerdo seria o plano sagital esquerdo e o direto, por
sua vez, plano sagital direito. Outra divisão vertical pode ser realizada, separando o corpo
entre o lado anterior e posterior, segundo Norton e Olds (2005) esse seria o plano coronal ou
frontal. Já para Guimarães (2004) a nomenclatura desses planos seria a de plano frontal
31

anterior, para o lado da frente e lado frontal posterior para o lado traseiro. Existe outra divisão
que separa o corpo humano, no entanto seria uma divisão horizontal, paralela ao chão, que o
dividiria para Guimarães (2004), entre plano transversal superior e plano transversal inferior e
para Norton e Olds (2005) entre plano transverso ou horizontal, superior e posterior.
Independente da nomenclatura adotada a divisão está relacionada entre a parte superior e
inferior do corpo e entre o lado anterior e posterior.

2.5.1 Esqueleto

O corpo humano é composto por diferentes estruturas e algumas delas interessam à


ergonomia por influenciarem no desempenho do trabalho. O esqueleto é uma delas, ele é
composto por ossos e possui a função de sustentar o corpo, proteger os órgãos internos e dar
apoio para a fixação dos músculos. Ele pode ser dividido em duas partes: esqueleto axial e
esqueleto apendicular.
O esqueleto axial é composto pela caixa craniana, coluna vertebral e caixa torácica.
Norton e Olds (2005) apresentam que os ossos do crânio e a mandíbula, junto com as sete
primeiras vértebras (cervicais), constituem as regiões da cabeça e pescoço. Outras 12
vértebras encontram-se na região torácica e juntamente com as costelas e o esterno constituem
o tórax. As cinco vértebras seguintes são as lombares e correspondem ao abdômen, seguidas
por nove vértebras. Dessas nove, as primeiras cinco formam o sacro e as quatro restantes
formam o cóccix.
O esqueleto apendicular é composto pela cintura escapular, que consiste basicamente
de clavícula e escápula; cintura pélvica, composto por três ossos, o ílio, o ísquio e o púbis; e o
esqueleto dos membros. Para Norton e Olds (2005), os membros são divididos entre membro
superior e membro inferior, sendo que, as palavras mais importantes para os quatro membros
do corpo são “braços” e “pernas”. Os membros superiores são divididos entre ombro, braço,
antebraço e mão, os membros inferiores são divididos entre coxa, perna, tornozelo e pé.
Observando a coluna, que se encontra no esqueleto axial, é possível verificar que é
uma das estruturas mais fracas do organismo. Para Iida (2005) a coluna, por ser muito
delicada, está sujeita a diversas deformações, congênitas ou adquiridas ao longo da vida do
indivíduo, seja por esforço físico, má postura no trabalho, infecções, etc. Anormalidades na
coluna podem influenciar na carga de esforço físico que a pessoa pode vir a realizar. As
principais anormalidades da coluna são a lordose, cifose e escoliose.
32

Lordose – Corresponde a um aumento da concavidade posterior da curvatura na


região cervical ou lombar, acompanhado por uma inclinação dos quadris para frente.
Cifose- É o aumento da convexidade, acentuando-se a curva para frente na região
torácica, correspondendo ao corcunda.
Escoliose- É um desvio lateral da coluna. A pessoa vista de frente ou de costas,
pende para um dos lados, para a direita ou para a esquerda. (IIDA, 2005 p. 77).

Deformações na coluna influenciam na postura anatômica do indivíduo, causando


alterações inclusive no plano sagital, ocasionando a assimetria do corpo, fatores que implicam
diretamente no caimento do vestuário sobre o corpo.

2.5.2 Acúmulo de gordura corporal

O indivíduo nasce e acumula gordura ao longo de sua vida. Norton e Olds (2005)
explicam que no primeiro ano de nascimento o corpo apresenta níveis de gordura altos,
diminuindo a níveis mais baixos entre seis e oito anos de idade, aumentando
progressivamente durante os anos de desenvolvimento. Hall (2011) acrescenta que a
velocidade de formação de novos adipócitos é especialmente rápida nos primeiros anos de
vida e na medida em que o armazenamento adiposo aumenta, também aumenta o número de
adipócitos. Sugerindo que a supernutrição das crianças (especialmente no primeiro ano de
vida), possa levar à obesidade ao longo da vida do indivíduo. Os adipócitos multiplicam-se
rapidamente já nos últimos três meses de vida dentro do útero, até os seis meses de vida após
o nascimento. A partir de então, o ritmo é diminuído até entre os onze e treze anos,
aumentando lentamente até os vinte anos de idade. A partir dessa idade, as células de gordura
permanecem com a quantidade estabilizada, contudo podem variar de tamanho, cada vez que
a pessoa engorda as células se enchem e cada vez que emagrece elas diminuem. Dessa forma
uma criança gorda tem muito mais células de gordura que uma criança magra, e ao chegar à
vida adulta possui uma maior probabilidade de engordar, é o que explica Nogueira (1992).
O autor completa que o casamento, os anticoncepcionais, gravidez e menopausa são os
principais fatores que fazem com que a mulher venha a consumir mais calorias e engordar.

As pessoas adultas têm muitas razões para ganhar peso, principalmente as mulheres:
i. O casamento faz engordar. As mulheres casadas, mesmo não tendo filhos, em
geral, são mais gordas que as solteiras da mesma idade.
ii. Anticoncepcionais. Eles só aumentam a retenção de líquidos. Esse excesso de
peso deve desaparecer quando a mulher para de tomar a pílula. Infelizmente,
porém, algumas mulheres não conseguem mais voltar ao peso anterior, mesmo
quando param de tomar a medicação.
iii. Gravidez. Esta é realmente uma fase crítica. [...] Em média, dois anos depois da
primeira gravidez, ela está dois quilos mais pesada do que estaria se nunca
estivesse engravidado.
iv. Menopausa. [...] Muitas mulheres passam a ganhar peso mais aceleradamente
após a menopausa. (NOGUEIRA, 1992, p. 42).
33

O acúmulo de gordura ocorre porque o excesso de ingestão de calorias é armazenado


em sua maior parte como gordura, enquanto o déficit de ingestão de energia provoca uma
perda de massa corporal total. Os autores Norton e Olds (2005, p. 349) relatam que “a gordura
corporal tem sido quantificada por medidas de dobras cutâneas e/ou circunferência”. E
colocam que as medidas de gordura corporal são importantes não apenas por medida de
gordura total, mas também por refletirem o aumento de depósitos de gordura específicos,
principalmente em níveis mais profundos de gordura abdominal. O acúmulo de gordura pode
localizar-se em diferentes áreas do corpo e em cada uma delas apresenta diferentes tipos e
níveis de risco. Além disso, há uma maior incidência de acúmulo de gordura em mulheres,
principalmente nas coxas, quadril, seios e cintura.
As medidas de massa podem apresentar diferentes nomenclaturas e variações; entre
elas, têm-se a massa corporal e variação de massa, massa relativa e índice de massa corporal
(IMC). Para Norton e Olds (2005), a massa corporal total e sua mudança são instrumentos
pouco precisos no que se refere ao estado de saúde do indivíduo, isso porque, em geral,
pessoas que adquirem maior massa total também adquirem maior proporção de gordura. Ao
diminuir a massa, que envolve perda de massa de gordura e de massa magra, uma pessoa
gorda apresenta uma menor diminuição de massa corporal para determinado déficit de energia
que uma pessoa magra. Os índices de massa corporal relativa, que seria a razão entre a massa
corporal atual e a massa normal calculada para determinada estatura, são amplamente
utilizados em investigações epidemiológicas, mostrando-se eficaz para análise de risco de
uma população, contudo, pouco eficaz para análise de risco individual. Isto se deve ao fato de
que a massa relativa não leva em consideração as diferenças interindividuais de gordura, de
massa e de distribuição. Os autores ainda acrescentam que o índice de massa corporal, o IMC
(Kg/m²) não consegue diferenciar massa livre de gordura ou massa de gordura, no entanto, o
IMC foi relacionado com a mortalidade geral e com doenças específicas.
Freire (2011) apresenta uma tabela que relaciona o IMC, com o grau de risco de
mortalidade e o tipo de obesidade. Resultados de IMC entre 18 e 24,9 (obesidade ausente)
apresentam peso saudável, entre 25 e 29,9 (sobrepeso) risco moderado, entre 30 e 34,9
(obesidade grau I) risco alto, entre 35 e 39,9 (obesidade grau II) risco muito alto e superalto
para IMC acima de 40 (obesidade grau III - mórbida).
34

Tabela 1 – Índice de Massa Corporal

IMC (Kg/m²) Grau de Risco Tipo de Obesidade


18 a 24,9 Peso saudável Ausente
25 a 29,9 Moderado Sobrepeso (pré-obesidade)
30 a 34,9 Alto Obesidade Grau I
35 a 39,9 Muito alto Obesidade Grau II
Acima de 40 Superalto Obesidade Grau III (mórbida)

Fonte: Freire, 2011, p. 458.

Visto isso, é importante salientar que o IMC não deve ser utilizado exclusivamente
para quantificar gordura, pois, em geral, o aumento de massa populacional está relacionado ao
aumento de gordura corporal, mas deve ser analisado individualmente, já que também pode se
dever ao fato do aumento de massa muscular. Assim, Hall (2011 p. 894) contribui ao
esclarecer que “a obesidade é, em geral, definida como 25% ou mais de gordura corporal
total, em homens, e 35% ou mais, em mulheres”.

A obesidade é um problema de saúde pública, pois as elevadas taxas de morbidade e


mortalidade atribuem à obesidade, ou às doenças relacionadas com a obesidade,
excedem as do tabaco, do álcool, do sedentarismo ou dos níveis de colesterol
elevados. Estudos epidemiológicos avaliando a relação entre a obesidade e
mortalidade mostraram que, em geral, um IMC maior está associado a aumento da
taxa de mortalidade por todas as causas em geral e também por doenças
cardiovasculares. (VAZ; DIEMEN; TRINDADE. 2011, p. 762).

Para Vaz, Diemen e Trindade (2011), pelo IMC podem-se levar em consideração
fatores potencialmente importantes como a estatura corporal ou a massa corporal magra e é
relativamente pouco alterado pela estatura. O autor ainda alerta sobre a diferença de
sobrepeso e obesidade, onde sobrepeso estaria ligado ao excesso de peso e a obesidade ao
excesso de gordura corporal. No entanto, essas duas palavras podem ser definidas
operacionalmente em termos de índice de massa corporal. Assim como eles, Hall (2011)
acrescenta que a porcentagem de gordura corporal pode ser estimada por vários métodos, tais
como a medida da espessura da prega cutânea, pesagem subaquática, entre outros, mas são
métodos raramente utilizados na prática clínica, onde o IMC é o cálculo mais empregado.
Nogueira (1992) apresenta uma tabela que relaciona a altura de mulheres com os pesos
mínimos e máximos ideais. Contudo, o autor defende que a tabela serve apenas como
referência, ajudando as pessoas a perceberem que realmente não estão tão fora do padrão
como pensam, além de informar que a estatura óssea, a musculatura mais desenvolvida, entre
outro fatores, podem influenciar no peso.
35

Tabela 2 – Medidas/peso para mulheres de 25 a 59 anos

Fonte: Nogueira 1992, p. 24

A tabela citada acima divide os indivíduos em três grupos distintos, levando em


consideração o tamanho da estrutura óssea, são eles: Fino, Médio e Largo. Comprovando a
informação dada pela tabela, foram verificados o IMC das alturas mínima, média, máxima, e
sua relação com o peso mínimo e máximo das alturas correspondentes. A altura mínima foi de
1,46 m, o número total de alturas apresentadas pela tabela foi de 38, ou seja, a altura média
(38/2 = 19) ficou em 1,64 m, e a máxima de 1,83 m. O IMC da altura mínima ficou entre 21 e
27, da média entre 19 e 26, da máxima entre 18 e 24. Ao aplicar a fórmula que calcula o IMC,
é possível verificar que dentro dos três grupos apresentados a tabela abrange resultados de
IMC que vão entre 18 e 27, ou seja, considerados dentro dos padrões normais.
Como foi visto anteriormente existem diferentes tipos de biótipos e em cada um deles há
características específicas. Um sujeito ectomorfo é naturalmente mais fino, possuindo baixo
percentual de gordura, abdômen estreito e fino e estrutura óssea estreita, já o mesomorfo
possui pouca gordura, estrutura óssea larga e cintura estreita. O sujeito endomorfo apresenta
grandes depósitos de gordura, caixa torácica e cintura largas, tendo grande dificuldade de
perder peso. Thompson e Gray (1995, apud Heinrich 2009) aprimoraram a escala de biótipos
passando-os de três para nove, sendo possível verificar um aumento gradual de do biótipo
mais estreito para o mais largo. No entanto, ao executar os diagramas básicos do corpo
feminino disponíveis nas bibliografias, verifica-se que eles são construídos para atender os
corpos com medidas corporais padronizados pela indústria.
36

2.6 OBESIDADE E SOBREPESO

A obesidade é uma doença crônica de preocupação crescente, por estar aumentando cada
vez mais em termos quantitativos. Vaz, Diemen e Trindade (2011) dizem que a doença pode
ser vista como uma epidemia global e tem aumentado em crianças, adolescentes e adultos nos
últimos 20 anos. Seus principais geradores se dão ao aumento da quantidade de alimentos
ingeridos e ao sedentarismo. Contudo, também pode estar relacionada a fatores genéticos,
comportamentais, físicos e psicológicos. Em relação à ingestão de alimentos, o baixo custo e
as altas taxas de calorias em alguns deles, têm afetado às populações mais pobres. Para Hall
(2011) o rápido aumento da doença em pouco tempo, enfatiza a função importante do estilo
de vida e dos fatores ambientais, visto que não poderiam ter ocorrido tão rapidamente levando
em consideração apenas fatores genéticos.
O aumento da obesidade cresce em proporções gerais pelo planeta. Hall (2011) cita que
em crianças e adultos, os Estados Unidos e em muitos países industrializados, aumentou mais
de 30% ao logo da década passada. Nos Estados Unidos aproximadamente, 65% dos adultos,
estão acima do peso e 33% dos adultos são obesos. Os autores Vaz, Diemen e Trindade (2011
p. 761) também relatam resultados de pesquisa realizados para verificar a porcentagem de
pessoas com sobrepeso pelo mundo e expõe que, através de pesquisas do Center for Diease
Control and Prevention2, a obesidade tem aumentados nos Estados Unidos também entre
crianças e adolescentes. Ainda conforme os autores (p.761), mais da metade da população
européia encontra-se com sobrepeso e até 30% estão obesos (IMC maior ou igual a 30
Kg/m²), 10% dos homens e 11% das mulheres estão obesos na Bélgica (1989 a 1996), 23%
em ambos os sexos no Reino Unido (1989 a 1995), 11% e 23% em homens e mulheres
respectivamente no México (1995), 14% em homens e 49% em mulheres na África do Sul
(1995). Freire (2011) cita dados obtidos por pesquisas realizadas no Brasil através da
SBCBM (Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica) em 2007, onde mostra
que 51% da população nacional tem sobrepeso. Dentre essa porcentagem 51% são mulheres, e
dessas mulheres 14% são obesas.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou em 2008-2009 uma
pesquisa denominada de Orçamentos Familiares 2008-2009, onde identificou dados
antropométricos e estado nutricional de crianças, adolescentes e adultos no Brasil. Na

2
Agência do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos. Disponível em:
<http://www.cdc.gov/>. Acesso em: 10 dez. 2012.
37

pesquisa são disponibilizados dados que apontam o percentual da população brasileira, acima
de 20 anos, que se encontra na faixa de sobrepeso:

Tabela 3 – Excesso de peso da população brasileira em 2008-2009

Fonte: IBGE 2008-2009, p. 23

Freire (2011) alerta que dados apresentados pela OMS (Organização Mundial da
Saúde) indicam que mais de 1 bilhão de pessoas no mundo apresentam sobrepeso, delas, pelo
menos 300 milhões possuem algum grau de obesidade. A obesidade pode estar relacionada
por diversas causa e ter seus depósitos de gordura localizados em diferentes áreas do
organismo humano.
Segundo Vaz, Diemen e Trindade (2011), a obesidade central (andróide) está
relacionada à mortalidade significativamente maior que a obesidade periférica (ginecóide). Na
andróide a gordura é predominantemente acumulada na parte superior do corpo, sendo o caso
mais grave, enquanto, na ginecóide a gordura acumula-se na parte inferior do corpo. Diversos
problemas e doenças estão ligados à obesidade, entre eles o diabete tipo II, hipertensão,
fibrilação atrial, cálculos biliares, osteoartite em diversas articulações, principalmente nos
joelhos e tornozelos, apneia do sono, certas formas de câncer (esôfago, cólon e reto, fígado,
38

vesícula, pâncreas, rim, próstata nos homens, mama, útero, colo uterino e ovários nas
mulheres), alterações endócrinas, entre outros.
Para determinar se um paciente está com sobrepeso ou obeso, são necessários estudos
clínicos e laboratoriais. Vaz, Diemen e Trindade (2011) citam que a avaliação deve incluir
inicialmente o cálculo do IMC, medida de circunferência abdominal, medida do quadril e
avaliação de risco clínico geral.
Para os autores Vaz, Diemen e Trindade (2011), a circunferência abdominal deve ser
medida ao nível da cicatriz umbilical, com o paciente em pé, destinando valores máximos de
88 cm para as mulheres e 102 cm para homens. No entanto, para a América latina os valores
são diferentes, em função da etnia, atingindo até 80 cm para mulheres e 90 cm para homens.
Acima destes valores os pacientes são considerados com obesidade abdominal (central,
visceral, androide ou do tipo masculino).

2.6.1 Sobrepeso na atualidade

A obesidade durante muito tempo foi considerada como bela: em um tempo onde a
escassez de alimentação era um fator social, ser gordo significava riqueza. Enquanto a
nobreza gozava de excesso de alimentos, apresentando corpos arredondados, as classes menos
abastadas sofriam pela falta de alimentação, fator refletido em corpos magros. Para Stenzel
(2003), o século XIX foi um marco, onde a abundância do corpo e abundância da comida
estavam relacionadas ao poder social, porém a partir da metade do século os padrões de
etiqueta passaram a dar ênfase aos hábitos alimentares e encarar o auto-controle alimentar
como virtude. Segundo o autor, foi a partir de 1903 que revistas e jornais científicos
começaram a publicar estudos sobre o assunto, ao mesmo tempo, as revistas de moda
começaram a divulgar colunas com o tema obesidade e associar a proporção da altura com o
peso como sinônimos de beleza.
Porém, foi no século XX que o tema teve maior importância, relacionando a obesidade
com o desenvolvimento de diversas doenças e atribuindo-a inicialmente como consequência
da ingestão excessiva de alimentos. Posteriormente, em alguns casos, aos fatores genéticos.
Para Felippe (2003), foi no século XX que houve a inversão dos valores atribuídos à gordura
corporal ao ter acesso a informações, educação, tratamentos médicos e aos alimentos com
valores nutricionais equilibrados. Por consequência, as classes mais abastadas tornaram-se
39

mais magras e as classes inferiores mais gordas, por terem agora maior acesso à alimentação e
a alimentos com altos valores energéticos.
Junto com a mudança de padrões estéticos entre as classes sociais, o século XX contou
com a massiva influência da mídia, tornando-os cada vez mais rígidos. Stenzel (2003) relata
que a indústria da estética e do emagrecimento é um dos mercados mais lucrativos, gerando
33 bilhões de dólares. No entanto, o contraditório é que apesar da mídia divulgar a magreza
como padrão de beleza, o número de mulheres com sobrepeso cresce vertiginosamente. A
autora acima citada relata (p.61) estudos de uma revista chamada Colors Magazine, que
dedicou uma edição especial à obesidade. Uma das reportagens trata sobre a contradição entre
o ideal de beleza apresentado e ambicionado pelas mulheres e a verdadeira realidade
encontrada. A reportagem mostra uma boneca com formas arredondadas com o slogan:
“There are 3 billion women Who don´t look like supermodels and only 8 who do.”, sendo que
a escritora traduz como: “Existem três bilhões de mulheres que não se parecem com
supermodelos, e somente oito que se parecem”. A reportagem reforça a teoria de que apesar
da mídia insistir em estereotipar o ideal de beleza magro, existe um vasto público que não se
encaixa nessa condição.

Figura 5 – Anúncio da revista Colors Magazine

Fonte: STENZEL, 2003, p. 62.

A colocação é reforçada por Ribeiro (2011, p. 27), que após estudar as campanhas
publicitárias da marca Dove3, afirma que “as mulheres desejam que a beleza não tenha
padrões tão rígidos como os divulgados pela mídia”. A autora descreve as pesquisas
realizadas pela marca, que tem por finalidade divulgar a beleza “real” da mulher, ou seja,

3
Marca de produtos de beleza pessoal, pertencente à Companhia Unilever. Disponível em:
<http://www.unilever.com.br/Images/Dove_tcm95-106355.pdf>. Acesso em: 10 dez. 2012.
40

mulheres comuns, trabalhadoras, estudantes, mães. Dentro de diversas campanhas uma delas
tratava-se exclusivamente de mulheres com sobrepeso. Essa campanha recebeu o nome de
“Concurso Cultural Dove Minhas Curvas Minha História”.

Figura 6– Campanha Dove

Fonte: Ribeiro 2011, apud Revista Contigo, nov.2005.

Aos poucos é possível perceber uma pequena mudança no foco exclusivo da mídia em
divulgar produtos apenas para mulheres magras, no entanto essa cultura deveria espalhar-se
para diferentes áreas da sociedade. Felippe (2003) aponta as dificuldades que obesos
encontram nas coisas mais simples do cotidiano, como sentar numa cadeira de cinema (que
possui laterais fixas) ou de ônibus, mobiliários esses que limitam sua usabilidade por pessoas
desse grupo. Além disso, os padrões estéticos impostos pela sociedade fazem com que a
maioria das marcas de moda têxtil sejam voltadas para mulheres magras. Para as “gordinhas”
são reservadas marcas menos populares e que apresentam coleções com cortes mais
tradicionais, ou seja, retos, largos, sem delinear o formato do corpo e com cores discretas.

A superioridade atribuída a “magra” faz com que ela tenha mais acesso ao mundo de
consumo, por exemplo, pois é para ela que são confeccionadas as roupas da moda. A
indústria da moda alimenta esta superioridade, bem como a suposta superioridade
das “magras” alimenta ainda mais a moda. É um movimento de retroalimentação
que garante a superioridade, mantendo o obeso excluído de tudo isto. (STENZEL
2003, p.103).

Com um número cada vez mais acentuado de pessoas com sobrepeso a sociedade deve
pensar em desenvolver alternativas que incluam recursos para que esses indivíduos tenham os
mesmos direitos e acessos que os demais. Mudanças generalizadas são necessárias, como
41

projetar mobiliários mais largos, oferecer esse tipo de mobília em locais públicos, pensar na
largura das roletas do ônibus, desenvolver produtos de vestuário que estejam na moda e que
cubram de maneira eficiente e confortável o corpo. Felippe (2003) defende que é necessário
um trabalho multidisciplinar para libertar essas pessoas e incluí-las na sociedade,
proporcionando para elas autonomia e qualidade de vida.

2.6.1.1 Sobrepeso e altura da população brasileira

Para que o IMC seja calculado são necessárias medidas de altura e peso da amostra e
como já foi mencionado anteriormente, o IMC correspondente às pessoas que se encontram
com sobrepeso que varia entre 25 a 29,9. Dados da pesquisa do IBGE, separados por faixa de
idade e sexo e determinam a estatura e peso da população, onde em momentos posteriores são
utilizados para verificar o crescimento e ganho de peso no desenvolvimento corporal, além do
comparativo entre diferentes pesquisas ao longo do tempo sobre déficit de peso, excesso de
peso e obesidade.
Para a presente pesquisa foi escolhida a faixa etária que abrange dos 20 aos 40 anos de
idade. Desta maneira são apresentadas, a seguir, dados da pesquisa do IBGE sobre a altura e
peso de mulheres dentro desse grupo.
42

Tabela 4 - Idade, Altura e Peso da população brasileira em 2008-2009

Fonte: IBGE 2008-2009, p. 2.

Para a idade que vai dos 20 aos 24 anos de idade a altura média da população é de 1,61
m, com peso de 57,8 Kg, aplicando a fórmula do IMC, tem-se um resultado de 22,31. Na
faixa etária que abrange entre os 25 aos 29 anos de idade, a altura média fica em 1,61 m, com
peso de 60,5 Kg, resultando num IMC de 23,63. Entre 30 aos 34 anos de idade a altura média
da população é de 1,60 m, com peso de 62 Kg, aplicando a fórmula do IMC, tem-se um
resultado de 24. Já para a faixa de idade de 35 aos 44 anos a média de altura e peso da
população é de 1,59 m com 63,8Kg, correspondendo a um IMC de 25. Com isso é possível
verificar que a média das mulheres brasileiras, dentro da faixa etária de 20 aos 40 anos,
encontra-se com IMC normal (20 a 24,9).
43

Como a pesquisa visa atingir mulheres que estejam com sobrepeso, ou seja, com IMC
entre 25 e 29,9, a seguir será apresentada uma tabela que relaciona as alturas de 1,59m,1,60m
e 1,61m, média da população feminina entre 20 aos 40 anos, com o IMC entre 25 e 29,9, faixa
de sobrepeso, dando como resultado o peso médio que mulheres nessa condição teriam.

Tabela 5 – Altura versus IMC de mulheres com sobrepeso

ALTURA IMC
25 26 27 28 29 29,9
1,59 m 63,0 kg 65, 5 kg 68,0 kg 70,5 kg 73,0 kg 75,6 kg
1,60 m 64,0 kg 66,5 kg 69,1 kg 71,6 kg 74,2 kg 76,5 kg
1,61 m 64,75 kg 67,34 kg 69,9 kg 72,5 kg 75,1 kg 77,4 kg

Fonte: Autora da presente dissertação.

Posteriormente, os dados encontrados acima irão ajudar para delimitar a pesquisa em


função do grupo de pessoas que irá compor a amostra deste estudo.
44

3 CORPO, TABELAS DE MEDIDA E MODELAGEM

O capítulo 3 tratará sobre modelagem de roupas, tabela de medidas e a relação suas


relações com o corpo humano.

3.1 MODELAGEM

O Designer de Moda tem em suas mãos a possibilidade de valer-se da forma para


modificar a aparência visual do corpo, atribuindo em suas criações volumes, simetrias,
assimetrias, ajustes e diversos outros elementos que permitirão ter funções diversas, à roupa.
Dentre outras funções, elas podem ser de proteção, exposição, conforto, rigidez ou agregar
qualquer outra característica diferente. Para Saltzman (2008) “no caso da vestimenta, poderia
dizer-se que o design é a forma que surge entre o corpo e o contexto”. Ainda, para a autora, é
a partir do corpo que a vestimenta tomaria sua forma. É o corpo, como estrutura, que permite
à roupa ser um elemento relativo, sendo coberto, transformado, descoberto, etc., conforme
contextos específicos.
A roupa seria um meio de modificar a superfície corporal, adquirindo a possibilidade
de ser uma segunda pele e permitindo ao indivíduo se relacionar de múltiplas maneiras com o
ambiente em que está inserido. Nesse sentido, deve-se entender a estrutura, os movimentos e
projeções que o corpo humano precisa executar, juntamente com as intervenções necessárias
nos tecidos, para que eles se acomodem e permitam que a peça seja confortável. Isso tudo é
fundamental para que a “forma” cumpra sua função. No design de moda à área responsável
por adaptar o projeto ao corpo do usuário é denominada de modelagem.
Para Souza (2008) “a modelagem é a técnica responsável pelo desenvolvimento de
formas da vestimenta, transformando materiais têxteis em produtos do vestuário.”. O molde–
produto do modelista – garantirá que o mesmo modelo possa ser confeccionado inúmeras
vezes mantendo sua estrutura e silhueta idênticas ao protótipo. A modelagem é uma técnica
interpretativa e representativa, onde o sujeito analisa o desenho de moda a ser executado e
através de sua percepção, constrói os moldes, com base na ergonomia do corpo que irá vestir
à peça. Assim sendo, é fundamental perceber as limitações, movimentos e formas da anatomia
humana, além de preocupar-se com suas medidas.
A modelagem pode ser realizada de forma bidimensional ou tridimensional. No
primeiro modo ela é construída através do desenvolvimento de traçados verticais e
45

horizontais, necessitando assim, utilizar diferentes signos geométricos (linhas, curvas,


círculos, retângulos, etc.), além de cálculos matemáticos, a fim de formarem diagramas.
Nesses diagramas, após a inserção de diferentes elementos, o molde será transportado para o
tecido e costurado, adquirindo a forma proposta ou realizada de forma tridimensional. Esse
tipo de modelagem é feito diretamente sobre o corpo ou manequim. Rosa (2009) explica que
“a modelagem é uma técnica que constrói peças do vestuário, através da leitura e
interpretação de modelos específicos. Quando bidimensional vale-se de estudos anatômicos
do corpo onde posteriormente é feito o traçado através de diagramas geométricos que
resultarão em formas a envolver o corpo.”.

Para Medeiros (2007):


Consiste na arte e técnica da construção de peças denominadas “moldes”,
produzidas a partir do estudo anatômico do corpo humano que corresponde às
medidas antropométricas pré-concebidas, para atender o mercado ou ainda são
realizadas informalmente uma necessidade mais personalizada. Resulta da técnica de
traçar riscos retos e curvos em planos retangulares. Linhas de orientação são
horizontais e verticais, provenientes das medidas fundamentais e complementares,
que darão forma a modelagem industrial. (p. 31).

Heinrich (2009) acrescenta que “a modelação plana costuma utilizar como base, moldes
que reproduzem a silhueta corporal de forma justa, bem rente ao corpo. Para obter tal efeito,
são traçados moldes básicos em papel, de forma geométrica, aplicando as medidas extraídas
de uma tabela pré-determinada”. Contudo, seu traçado pode ser realizado em superfície plana,
geralmente papel, ou através de softwares específicos, como por exemplo, o Computer aided
design/Computer aided manufacturing (CaD/CAM). Os procedimentos para a realização dos
moldes seriam basicamente os mesmos que realizados no papel, contudo modernizados,
facilitando a agilidade da produção, sua lucratividade e não ocupando espaço físico para o
armazenamento dos moldes.

Oriunda da modelagem plana, a Modelagem Computadorizada-CAD/CAM utiliza


os mesmos princípios, porém, subsidiada pela tecnologia. O processo de modelagem
computadorizada representa o conceito de modernização e otimização tecnológica,
proporcionando maior agilidade no processo, precisão nas medidas e
consequentemente gerando mais lucratividade a indústria de confecções. (ROSA,
2009, p.20).

Outra forma de modelagem é a tridimensional. Nessa modalidade, é necessário utilizar


elementos planos flexíveis, como o tecido, moldando uma superfície tridimensional, ou seja, o
46

corpo ou o manequim. Essa técnica é denominada como moulage4. Para Duburg (2012) na
moulage o ponto de partida é o tecido, enquanto na modelagem plana o corpo fica em
primeiro plano. A autora explica que na técnica de moulage o design e moldes são feitos
simultaneamente, onde o tecido é disposto em determinadas formas sobre um busto ou corpo
humano para criar o esboço de um design ou apenas uma primeira ideia. A partir daí são
realizadas eventuais correções e é possível que surjam novas ideias, criando assim um diálogo
com o tecido e permitindo liberdade, já que as únicas restrições são as formas do corpo e
material usado, ao contrário da modelagem bidimensional que é limitada a tamanhos, padrão e
cálculos.
A técnica de moulage permite a criação de peças de vestuário exclusivas, no entanto a
produção em série dessas peças seria muito onerosa para a confecção, levado-se em
consideração o tempo de construção e produção que elas demandam. Schacknat (apud
Duburg, 2012 p.15) expõe que algumas vezes esse processo é usado de forma simplificada no
prét-à-porter5, permitindo que os designers experimentem novas ideias e formas. O molde
seria realizado, através da técnica da modelagem plana, com medições e cálculos,
transportado para o tecido e assim ajustado e alterado em um manequim, por fim, seria
realizado um protótipo no tecido definitivo ou em um similar.
Os manequins, réplicas tridimensionais do corpo humano, são fundamentais para o
desenvolvimento da modelagem plana e da moulage. Eles podem ser encontrados em diversos
tamanhos de medidas, em escala real (1:1) ou até mesmo reduzida, propiciando
conhecimentos sobre o corpo, facilidade e agilidade ao modelista, que não precisa ter ao seu
dispor um modelo vivo, estabilidade nas medidas, etc. Os manequins ainda permitem a
visualização do corpo em diferentes ângulos, o estudo de suas proporções, o caimento ideal
do tecido, facilitando o processo de desenvolvimento do produto.
Souza (2008) contribui:

O conhecimento sobre as proporções do corpo é progressivamente alcançado por


meio da vivência do processo, em que a visualização propicia a educação do olhar,
desenvolvendo a percepção da escala, e a experimentação permite a apreensão dessa
escala pelo fazer. Esse conhecimento possibilita uma análise cada vez mais
criteriosa a respeito da conformidade da estrutura corpórea com a vestimenta, e
discernir sobre importantes questões acerca de tolerâncias para acomodarem as
dimensões do corpo e suas possibilidades de movimento, considerando as atividades
ali desenvolvidas. (SOUZA, 2008, p.241).

4
O termo francês “moulage” vem de moule, molde, e originalmente significa “dar forma a um objeto com o
auxílio de um molde”. Ou de modo geral, moldar algo. Moulage significa, portanto, modelagem. (DUBURG,
2012).
5
[Fr. “pronto para usar”; em ing., ready-to-wear.] Roupa comprada feita, pronta para vestir. (CATELLANI,
2003, p.342).
47

Os manequins serão citados por diversas vezes ao longo do presente trabalho, sendo
aliados no entendimento da técnica de modelagem plana. Essa técnica, modelagem plana
(bidimensional) industrial, foi à escolhida como instrumento de estudo no presente trabalho,
optando-se pela não utilização de software, ou seja, manual. O ponto determinante para tal
escolha se deu pelo fato de ainda ser a técnica mais utilizada na indústria têxtil, no contexto
atual.

3.1.1 Modelagem plana

A modelagem plana é produzida através de traçados que resultarão em diversas partes


de moldes, feitos no papel, onde terão seus formatos transportados para o tecido, cumprindo a
finalidade de molde. Esses pedaços de tecidos cortados com formato bidimensional, quando
unidos pela costura, tomarão a forma da peça de vestuário em tamanho real, adquirindo assim
o formato tridimensional do corpo.

Os modelos de uma peça de roupa podem ser produzidos para vestir um único
consumidor ou ser graduados e alterados para servir em usuários de diferentes
tamanhos. Em ambas as situações, o conhecimento completo e detalhado sobre
tamanho e graduação é essencial para qualquer designer que espera criar uma
vestimenta de bom caimento. Ser capaz de traduzir as proporções do corpo para o
papel, criando um vestuário tridimensional, requer muita prática e atenção
minuciosa aos detalhes. (FISCHER, 2010, p.16).

Sendo a Modelagem Plana, interpretativa e representativa, é preciso analisar o corpo


que se pretende representar e utilizar signos geométricos para a interpretação das formas
corporais. Nessa construção, são fundamentais as medidas verticais e horizontais. As medidas
devem ser fiéis ao corpo que está se querendo representar, podendo ser obtidas com a
utilização da fita métrica, que tem maleabilidade para acomodar-se às curvas do corpo ou
através de réguas. A unidade de medida utilizada é indiferente, desde que haja unanimidade
entre a obtenção de medidas do corpo e no transporte delas para o papel. No entanto, verifica-
se a utilização de unidades diferentes de um local para outro, os brasileiros utilizam o
centímetro enquanto os norte-americanos utilizam a polegada.
Ao iniciar o traçado do molde básico, é preciso saber quais são as medidas que serão
utilizadas para a realização deste e de que forma devem ser tomadas. Heinrich (2005) as
classifica em três classes: “fundamentais (circunferência do busto, da cintura e do quadril);
auxiliares (ex.: medida do ombro, largura da frente e altura do busto); e complementares (ex.:
folgas, comprimento da frente, das costas, da manga, contorno do braço, do pescoço e altura
48

total do corpo)”. Como medidas verticais, têm-se as alturas do busto, cintura, da manga,
quadril, gancho, joelho e altura das pernas e como medidas horizontais têm-se as
fundamentais, assim como as circunferências do pescoço, busto, cintura, punho, quadril,
joelho etc. As medidas de circunferência fundamentais para a construção das modelagens são
as do busto (parte superior do corpo), cintura (ponto que divide a parte superior da inferior do
corpo) e quadril (parte inferior), essas são medidas em que determinarão a largura total que a
peça terá depois de construída. Caso a peça final, que foi desenvolvida para atender
determinado tamanho, fique com a circunferência inferior ao corpo proposto, ela não
conseguirá ser vestida.
Para dar início ao desenvolvimento dos moldes, é preciso que haja medidas horizontais.
Nesse caso as circunferências do busto, cintura e quadril, e medidas complementares, é que
determinarão as alturas do molde. As medidas fundamentais e complementares representadas
no plano, através do desenho de retas perpendiculares e paralelas, juntamente com as medidas
auxiliares, que determinarão a posição de certas larguras e pences, além de alturas
secundárias, permitirão que o diagrama seja formado de maneira eficiente. Abaixo estão
representadas as localizações de onde devem ser tomadas as medidas do corpo humano, para a
realização dos moldes:

Figura 7 – Traçados Básicos para Modelagem Feminina

Circunferência do busto Circunferência da Cintura Comprimento da frente

Altura do busto Separação do busto Comprimento lateral

Comprimento do ombro Ombro a ombro Largura das costas

Comprimento das costas Circunferência do quadril Altura do quadril


Fonte: Heinrich (2005) p. 33-35.
49

As medidas para execução dos moldes podem ser adquiridas através da medição de
corpos selecionados, no caso da execução de uma peça sob medida, ou através de tabelas de
medidas pré-estabelecidas, disponíveis em bibliografias, normas sugeridas pela Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), sites, revistas, etc. A tabela de medidas é
fundamental para a indústria têxtil, conforme SENAC (2007 a), “tabela de medidas é um
conjunto de medidas necessárias para a construção das bases de modelagem.”. Torna-se
necessário estabelecer um padrão e ele pode ser obtido através da obtenção de medidas
antropométricas de um grande número da população, estabelecendo então uma média.

As tabelas de medidas são baseadas em médias calculadas a partir de medidas


tiradas em um determinado número de pessoas. Com isso percebemos que é
praticamente impossível encontrarmos uma só pessoa que possua exatamente todas
as medidas da tabela. Porém, em escala industrial não teríamos outra maneira de
trabalhar, a não ser padronizando as medidas. (SENAC, 2007a, p.06).

Conforme Boueri (2008):


Para a produção do vestuário em larga escala, o conhecimento e a padronização de
uma numeração baseada nas medidas e proporções do corpo são fatores
fundamentais no sucesso comercial da indústria têxtil e da moda. (BOUERI. 2008,
p.347).

Como o Brasil não possui, ainda, uma padronização obrigatória nacional entre quais
medidas utilizar e quais seriam seus valores, cada bibliografia de modelagem de roupas
apresenta sua sugestão de tabela de medidas. No entanto, visando auxiliar e fortalecer a cadeia
têxtil, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, 1995) propôs a Norma Brasileira
(NBR) 13377 para padronizar os tamanhos de artigos do vestuário, em função das medidas do
corpo humano. A norma apresenta medidas para diversas peças de vestuário infantil,
masculino e feminino, contudo não contemplam as necessidades da indústria como um todo e
são utilizadas apenas como referência. No caso de medidas femininas a norma apresenta
apenas as medidas fundamentais da circunferência do busto e cintura, sendo insuficientes para
a construção dos moldes deste estudo.
50

Figura 8 e 9 - NBR 13377

Fonte: ABNT, 1995.

Visando o aprimoramento do setor, em 2004, a ABNT propôs a NBR 15127 (2004),


que tem por objetivo “estabelecer procedimentos para definir medidas do corpo humano que
podem ser utilizadas como base na produção de projetos tecnológicos.”, atendendo o
vestuário, mobiliário, transporte, etc. A norma não é específica para vestuário como a NBR
13377, nem apresenta valores, contudo é composta por pontos de medidas importantes para a
construção de moldes, sendo alguns deles: alturas do ombro, cintura, entrepernas, extensão do
tronco posterior, comprimento do tronco anterior (frente) à cintura, extensão lateral entre
cintura e o baixo quadril, comprimento da cintura ao joelho, comprimento da cintura ao
tornozelo, comprimento ombro a ombro, largura das costas, largura entre papilas mamárias,
perímetro do pescoço, perímetro do busto/tórax, perímetro da cintura, perímetro do baixo
quadril, etc.
Abaixo, seguem alguns dos pontos de medidas propostos pela ABNT e que auxiliarão
o processo de construção das tabelas de medidas para a execução dos moldes básicos:
51

Figura 10 – Pontos de medidas NBR 15127

Extensão do tronco posterior Comprimento do tronco (frente) à Extensão lateral entre a cintura e
cintura o baixo quadril

Comprimento consolidado
Comprimento de ombro a ombro Largura entre papilas mamárias
ombro, cotovelo e pulso

perímetro do pescoço perímetro do tórax/busto perímetro da cintura

perímetro do baixo quadril


Fonte: ABNT (2004), p. 7-21.

O presente trabalho utilizará os pontos de medidas sugeridos pela ABNT, que sejam
convenientes para a construção da base do corpo feminino e fará um levantamento
bibliográfico de quais valores de medidas são atribuídos a esses pontos de medida na
literatura. Antes disso, porém, será mostrado como um molde de vestuário do corpo é
realizado, a fim de filtrar os pontos de medidas necessários.
52

3.2 CORPO VERSUS MOLDELAGEM

O corpo humano, como foi visto no capítulo anterior possui variações anatômicas em sua
postura. Para o desenvolvimento da pesquisa optou-se pela posição padrão (posição
anatômica). Assim sendo, os movimentos realizados pelo corpo são divididos em três planos:
plano sagital; plano frontal; plano transversal. O primeiro deles, plano sagital, é a divisão do
corpo em duas partes, uma direita e uma esquerda; o segundo, plano frontal, divide o corpo
entre frente e costas; o terceiro, plano transversal, divide o corpo em parte inferior e superior.
Os moldes são divididos conforme os movimentos realizados pelo corpo, no plano
transversal, têm-se as categorias: corpo, manga, saia e calça. A calça e saia correspondem à
parte inferior, o corpo à parte superior, a manga por sua vez, é realizada com a parte superior
e inferior unidas, pelo fato de, na maioria das peças, não apresentar costura horizontal na
altura do cotovelo (o que sugere o plano transversal) e por não influenciar no caimento da
peça. Aliados a isso, os moldes são ainda divididos entre frente e costas (plano frontal),
principalmente pelo corpo apresentar visíveis assimetrias entre esses lados. Respeitando a
divisão frontal ainda é preciso subdividir as modelagens em plano sagital, isso se dá pelo fato
do lado esquerdo e direito do corpo serem simétricos, não havendo necessidade de executar os
mesmos processos para construir os dois lados, bastando desenhar um deles e espelhar o
molde para obter o lado oposto.

Figura 11– Corpo feminino

Fonte: Autora da presente dissertação.


53

Aliado aos movimentos realizados pelo corpo é possível levantar questionamentos


sobre os princípios simétricos e assimétricos. Dividindo-o entre frente e costas pode-se dizer
que o corpo é assimétrico. Contudo se for considerada apenas a parte da frente ou apenas a
parte das costas, pode-se dizer que ele é simétrico, se for comparado o lado direito com o lado
esquerdo. Essa simetria segue o princípio da antimeria, denominado antímero. No entanto,
mesmo considerando os antímeros é possível verificar uma assimetria externa (e
principalmente interna) entre os lados direito e esquerdo.
O modelista que executa modelagens industriais, ou seja, realizadas para vestir um
tamanho padronizado de corpo e visando atingir um maior número de usuários, deve
desconsiderar a assimetria dos antímeros. Os manequins utilizados para prova de roupas e os
diagramas dos moldes precisam ser simétricos para diminuir a margem de erros, já que a
assimetria dos antímeros é normalmente contabilizada quando as tabelas de medidas são
montadas. Os moldes executados em escala industrial devem ser pilotados6 em tecido igual ou
similar ao que é proposto e uma prova no manequim deve ser realizada, verificado-se
possíveis erros e corrigindo-os. Provar a peça piloto em modelo vivo, almejando executar
ajustes, pode ser comprometedor, visto que cada corpo, além de apresentar características
corporais diferentes pode conter assimetria entre os antímeros.

3.2.1 Desenvolvimento da modelagem

A modelagem é realizada através do alinhamento entre a percepção do desenho de


moda com a ergonomia do corpo de quem irá vestir a peça. Ela é produzida através de
traçados que resultarão em diversas partes de moldes feitos no papel, onde terão seus formatos
transportados para o tecido, cumprindo a finalidade de molde. Esses pedaços de tecidos
cortados, quando unidos pela costura tomarão a forma da peça de vestuário em tamanho real.
Medeiros (2004) aponta que, modelagem produtiva refere-se à ação criativa dos seres
humanos, uma vez que seu objeto é materializar, construir ou fazer visível aos olhos dos
outros, o que foi imaginado por alguém.
Levando em consideração que modelagem é a materialização de algo imaginado por
alguém, é possível observar que o modelista é um meio para alcançar um objetivo (desenho
de moda). Sua função é transformar um desenho de moda em uma peça de roupa que atenda
as medidas de um corpo real, não apenas visualmente, mas que permita ao usuário ter

6
“Peça-piloto é o nome dada à primeira peça executada de um determinado modelo. A modelagem desta peça é
feita de acordo com a tabela de medidas no tamanho base escolhido (tamanho 40,p.ex.).” (SENAC, 2007a).
54

conforto. Dessa maneira, antes de começar a fazer um molde, o modelista precisa, além das
medidas do corpo que está almejando vestir, de uma imagem da peça de roupa a ser
executada. Contudo, entre observar o desenho e construir um molde existe um caminho que
deve ser seguido para que o objetivo final seja alcançado de forma eficiente, ágil e
diminuindo as margens de erro.
Para facilitar o processo de construção, os moldes, segundo Heinrich (2005), podem
ser divididos entre três processos: molde básico (base); molde de trabalho (interpretado);
molde final. Os blocos básicos e/ou base são representações do corpo nu, precisam ter sido
estruturados com medidas exatas do corpo que se está querendo representar. Para Senac (2007
b) “as bases correspondem a uma “segunda pele”, isto é, possuem exatamente as medidas do
corpo, e não permitiriam nenhum movimento, caso fossem usadas como moldes.”. Dessa
maneira, a precisão da tomada de medidas dos corpos, aliada ao perfeito desenvolvimento dos
blocos básicos permitirão a excelente acomodação da peça ao perímetro do corpo. Na
modelagem feminina os moldes básicos são subdivididos em categorias distintas, que aliam o
formato do corpo com as peças fundamentais utilizadas pela indústria têxtil, sendo elas: o
corpo; calça; saia; manga. Conforme Fischer (2010) os moldes básicos são formatos
bidimensionais para um formato básico de peça de roupa, como por exemplo, a forma de um
corpete ou de uma saia ajustada, e possibilita ao designer utilizá-lo de estrutura para uma
posterior interpretação, executando um molde mais elaborado.

Os moldes básicos e os moldes interpretados possibilitam ao designer transformar


algo plano (papel ou tecido) em algo tridimensional. Eles são encaixados sobre o
tecido, cortados e unidos por costura. Para criar peças bem feitas de vestuário, é
essencial compreender por completo as técnicas de modelagem e fazer o possível
para que os moldes fiquem exatos e de fácil interpretação. (FISCHER, 2010, p.20).

Os moldes básicos não precisam ser construídos todas as vezes que o modelista for
realizar uma modelagem. Eles podem ser feitos com as medidas correspondentes ao público
alvo da marca e transportados para papéis cartão (grossos), que permitirão que durem por
mais tempo em decorrência do desgaste do uso. A partir dos moldes básicos previamente
executados, o modelista desenha uma cópia, respeitando seus contornos e marcações, em uma
nova folha de papel e faz as interferências que a imagem de moda necessita, aumentando
volumes, agregando marcações de recortes, pregas, fornecendo folgas e ajustes. Assim, no
final desse processo, a modelagem contará com as larguras, alturas, desenho de recortes, e
marcações de complementos que serão agregados na peça depois de construída. O modelista
terá em mãos o projeto de modelagem, que ganhará forma após a separação das partes
55

desenhadas sobre o molde interpretado, executando, o transporte das pences7 e a inserção de


margens de costura na volta de cada elemento que compõe a modelagem. As partes já
acrescidas de costura, identificações, piques e nomenclaturas pertinentes, irão compor o
molde final, que estará pronto para ser transportado para o tecido e costurado, conferindo que
depois de costurado, o protótipo possua fidelidade ao desenho.

A aplicação das técnicas de modelagem para obtenção do molde final, que virá a
compor uma peça de roupa, segue uma sequência específica de passos para sua
realização, iniciando pelo traçado dos moldes básicos (também chamados de caixa
de modelagem), de acordo com as medidas determinadas pela tabela-padrão da
empresa, seguidos das alterações realizadas sobre os moldes básicos, às quais
chamamos de interpretações de modelagem. Após a finalização dos moldes, quando
estes já estão com as devidas alterações e margens de costura, realiza-se a etapa que
denominamos de pilotagem, onde um protótipo ou peça-piloto é confeccionado
(cortado e montado) a fim de testar e aprovar a modelagem da peça. (HEINRICH,
2005, p.17).

Como objeto de estudo na dissertação, tem-se apenas o processo do molde básico e/ou
base, que deve permear o corpo com perfeição e conforto, sem apresentar volumes, rugas, ou
qualquer outro elemento que o faça afastar-se da função para a qual foi destinado. No entanto,
para conseguir uma perfeita acomodação dos moldes ao corpo, algumas intervenções devem
se realizadas na modelagem. Elas podem ser através de acréscimo ou decréscimo de medidas
em pontos específicos ou até mesmo na inserção de pences. As pences permitem que a
modelagem envolva o corpo de maneira mais eficaz. Como o corpo humano tem formatos
arredondados e possui volumes variados em locais diferentes, as pences servem para que uma
estrutura plana consiga aderir-se ao perímetro do corpo, respeitando os volumes existentes.
Elas são realizadas em locais côncavos ou convexos e devem ter seus limites e profundidades
desenhados sobre os moldes, permitindo que quando eles formem afastados do corpo e
acomodados novamente em um plano bidimensional, levem consigo estes desenhos, que são
informações de onde a peça deve ser costurada para que venha acomodar-se ao corpo por
completo. Fischer (2010, p.20) esclarece que, “as pences controlam o excesso de tecido para
criar forma na roupa.”. E que “a manipulação das pences é a parte mais criativa e flexível de
modelagem plana.”.
O molde do bloco básico do corpo divide-se entre frente e costas. Na modelagem
feminina, as pences têm grande importância, pois são através delas que será permitido ao
tecido adaptar-se ao corpo, visto que a mulher apresenta o volume dos seios. O bloco do
corpo frente apresentará duas pences de cada lado (esquerdo e direito), uma delas está

7
Identificada nos moldes por linhas ou pontos, a pence é um recorte ou dobra na forma triangular, que serve para
ajustar a roupa no corpo. (CATELLANI, 2003, p.602).
56

localizada no ponto médio do ombro e a outra na cintura. As duas pences são necessárias para
que o molde se acomode sobre o corpo e como os seios são o maior volume encontrado no
plano sagital superior, elas devem ter sua orientação conduzida para eles. A primeira delas,
iniciando na metade do ombro e tendo sua profundidade zerada ao chegar às papilas mamárias
e a segunda, começando na cintura e tendo sua profundidade e sua localização conduzida em
função das papilas mamária. Osório (2007) define a pence que vai do ombro até o busto como
“pence do busto” e a pence que vai da cintura até o busto como “pence da cintura”, atribuindo
as siglas de “P.B” para a posição das papilas mamárias. Abaixo, é apresentada uma ilustração
que demonstra onde as pences devem ser posicionadas no bloco básico do corpo frente.

Figura 12 – Busto versus molde

Fonte: Osório, 2007, p.46.

O bloco do corpo costas também apresenta duas pences de cada lado (direito e
esquerdo), uma delas está localizada no ponto médio do ombro e a outra no ponto médio da
cintura. As pences das costas não se finalizam em ponto comum como acontece no bloco da
frente, elas são marcadas no ponto médio do ombro e tem sua profundidade orientada por uma
reta de 90º, baseada na linha reta do ombro. Conforme Osório (2007) a pence possibilita a
acomodação eficaz do tecido ao corpo em função do volume apresentado na região da
omoplata8. Já a pence da cintura é destinada ao ajuste de tecido em excesso, proveniente do
afunilamento do tórax em direção à cintura.
O estudo proposto pela dissertação verifica a construção de moldes básicos da parte
superior do corpo, ou seja, da cintura para cima. Contudo, após estudos iniciais, verificou-se a
importância de apresentar a construção dos moldes até a altura do quadril. Como já foi visto
anteriormente, as medidas de circunferência fundamentais para a construção dos moldes
básicos são, circunferência do busto, cintura e quadril. No entanto, tomar como base a
execução de moldes básicos, apenas da parte superior do corpo, para corpos com sobrepeso,
8
“Osso chato, delgado e triangular que forma a parte posterior do ombro; escápula”. (FERREIRA, 1986, p.
1223).
57

pode tornar o trabalho frágil, visto que as características desses corpos abrangem acúmulo de
gordura e um dos principais locais do corpo onde a gordura acumula-se ou em que o corpo
apresenta variação de medida é no abdômen. A circunferência da cintura, para os corpos
endomorfos é maior do que para os outros biótipos e tendo em vista, que o corpo continua da
cintura para baixo, alterando também medidas até a próxima medida fundamental de
circunferência, que corresponde ao quadril, julgou-se que o estudo dos moldes básicos para
esses tipos de corpos deva estender-se até esse ponto. Assim sendo, a construção dos moldes
básicos do corpo irá seguir até a circunferência do quadril.
Em relação às três medidas fundamentais de circunferência, a cintura é a que possui
menor perímetro, fazendo com que existam pences nesse local. Analisando o corpo da cintura
para cima, ou da cintura para baixo, a modelagem deve ajustar-se ao corpo, fazendo com que
na cintura a pence possua sua profundidade máxima, diminuindo-a ao se aproximar do busto e
do quadril, que correspondem aos maiores perímetros do corpo. A localização das pences da
cintura, tanto no molde da frente, quanto no molde das costas irá permanecer na mesma
posição que tinham no molde superior do corpo, apenas seguindo em direção à linha do
quadril e tendo sua profundidade zerada quando o excesso de tecido for eliminado e modelar
o corpo com precisão.
Como as pences possuem a finalidade de moldar um elemento plano a uma forma
tridimensional e como o corpo feminino possui elevações e reentrâncias, as pences podem ter
seu formato reto, côncavo ou convexo. Seguido a explicação de Osório (2007), “a pence
côncava ajusta a região abaixo da cintura quando o corpo apresenta saliência na barriga. Já a
pence convexa pode melhor ajustar a região do abdômen com a cintura no bloco do corpo da
frente.”. A imagem a seguir exemplifica a explicação sobre os formatos de pence:

Figura 13 – Pences

Fonte: Osório, 2007, p.49.

Além das diferenças de profundidades e formatos das pences nos blocos do corpo frente
e costas, é possível perceber outras variações entre eles. O decote frente é mais cavado que o
58

decote costas em função do pescoço ser inclinado para frente e para permitir maior conforto
ao seu movimento. As cavas frente e costas também possuem curvaturas desiguais. Nas costas
ela deve ser menos cavada, ou seja, deve ter mais tecido a fim de respeitar o movimento e
orientação dos braços. No bloco da frente, a cava deve ter sua curvatura mais acentuada,
contornando a anatomia corporal e facilitando os movimentos dos braços. Outra diferença
entre os blocos do corpo frente e costas feminino é sua largura, a frente tende a possuir uma
largura maior do que as costas em função dos seios.
Os moldes, além de todas as diferenças descritas anteriormente, precisam apresentar
elementos que possibilitem a todos os envolvidos no processo de construção das peças uma
eficaz comunicação. Nomenclaturas padronizadas devem ser agregadas às modelagens.
Conforme Heinrich (2005, p.24), a unificação da linguagem técnica utilizada pelos diversos
setores da empresa é de extrema importância para uma melhor organização e funcionamento
do sistema produtivo, além de evitar defeitos na produção das roupas, seja nos protótipos ou
na produção em escala para vendas. As nomenclaturas compreendem a identificação em todas
as partes que compõem o molde: nome do molde; referência; empresa; modelista; data; parte
do molde; tamanho; número de vezes que o molde deve ser cortado no tecido; localização da
posição do centro-frente ou centro-costas do corpo no molde; piques, que indicam os pontos
de junção entre partes do molde ou piques, permitindo que a peça seja costurada com
exatidão; sentido do fio reto9 para corte da peça; localização da dobra do tecido, indicando se
o molde deve ser cortado com o tecido dobrado. Outras identificações são necessárias, tais
como: localização de botões ou aviamentos específicos; caseados indicando a largura da
abertura que a casa deve ter para permitir a passagem do botão; embebido, indicando o quanto
uma maior quantidade de tecido que deve ser acomodada (através da costura) em outra, de
menor valor, sem que a costura fique franzida; e franzido10.
As imagens a seguir, exemplificam a nomenclatura de localização do botão, caseado
embebido e franzido:

9
Aspecto muito importante no corte do molde e na costura. Alinha-se ao urdume da fazenda na caixa vertical do
molde. (CATELLANI, 2003, p.575).
10
Franzir: Enrugar; preguear; dobrar em pequenas pregas, obtendo o pano bastante espaço. (CATELLANI,
2003, p. 575).
59

Figura 14 – Nomenclaturas

Fonte: Heinrich, 2005, p.24.

As imagens a seguir são as representações gráficas, dos diagramas do molde do corpo


feminino, frente e costas, contendo as nomenclaturas completas:

Figura 15– Representação gráfica do molde do corpo frente e costas

Fonte: Autora da presente dissertação.

Tendo visto o que é um molde básico do corpo e quais as medidas, pontos,


nomenclaturas e marcações que devem ser realizadas para que ele cumpra sua função, será
mostrado, na secção seguinte, como os diagramas de molde são construídos.
60

3.2.1.1 Construção dos diagramas

Os diagramas de modelagem são construídos através da utilização de signos


geométricos, tais como retas e curvas. Esses signos são desenhados no papel e interligados de
maneira que componham a representação gráfica do corpo que se destina modelar. Para isso, é
necessário atribuir medidas a esses elementos, que, como foi visto anteriormente, são
adquiridas através da tabela de medidas previamente definida. A composição dos diagramas
deve respeitar com fidelidade as alturas e larguras do corpo a ser modelado, ordenando pontos
de medidas em retas verticais e horizontais, trabalhando com ângulos, prevendo a utilização
de linhas paralelas e perpendiculares, além da utilização de formas geométricas (quadrado,
retângulo, círculo, triângulo, etc.). Conhecer quando e onde utilizar cada elemento
determinará a exatidão do molde e fará com que ele cubra o corpo com perfeição.
Ao desenvolver um molde, é preciso entender que as dimensões físicas do corpo
atendem formatos diferentes. Fazendo-se necessária a utilização de pences, acréscimo ou
decréscimo de medidas, variações entre a utilização de retas ou curvas e marcações internas
no molde, indicando elementos que determinarão as larguras e profundidades das
intervenções de costura que a modelagem deve obter para que permeie o corpo.

O traçado dos blocos básicos, bem como a interpretação de modelagem são


desenvolvidos através de desenho de linhas retas e curvas, além da colocação de
pontos de identificações. O princípio geral de união de pontos e linhas visa à ligação
correta de todos os pontos do molde de forma suave, checando a exatidão das
dimensões físicas, linhas de pences, linhas de costura, marcas de balanço, piques etc.
(OSÓRIO, 2007, p. 30).

Os blocos básicos da frente e costas podem ser traçados lado a lado, contudo devem-se
respeitar as características anatômicas de cada um deles. Inicialmente trabalha-se com o bloco
da frente, fazendo um retângulo com as medidas do comprimento do corpo (vertical) e metade
da largura do busto frente. Finalizando o retângulo é possível perceber que o molde terá seu
desenho realizado dentro do retângulo em questão, já que os limites de alturas e larguras
corporais foram definidos. O mesmo processo dar-se-á no molde das costas. No ANEXO B é
possível verificar o passo a passo de modelagem do corpo básico desenvolvido por Heinrich
(2005).
A execução dos diagramas de modelagens contempla um formato padronizado de
corpo, levando em consideração que seria inviável para a indústria como um todo produzir
roupas em larga escala, respeitando cada variação corporal humana. Esse seria um trabalho
61

mais específico e artesanal, abrangendo empresas que confeccionam roupas sob-medidas e


exclusivas. Dessa forma, para a construção dos moldes padronizados, fez-se necessário a
existência de tabelas de medida.

3.3 TABELAS DE MEDIDAS

Como já foi visto anteriormente, para a construção dos diagramas de modelagens se


faz necessária a utilização de medidas. Contudo, diferentes bibliografias adotam diferentes
valores de medidas para a mesma faixa de numeração, além de também utilizarem
nomenclaturas diferentes para referirem-se ao mesmo ponto de medida. Visando facilitar o
entendimento do leitor e seguir uma padronização mais correta, a pesquisa irá utilizar os
nomes dados aos pontos de referência para medição, apresentados pela norma NBR 15127 da
ABNT.
Porém, antes de chegar a uma tabela de medidas final, foram analisadas e comparadas
tabelas de medidas de três diferentes autores nacionais, além das medidas de circunferência
do busto e cintura da NBR 13377 da ABNT.
Senac (2007, p.10) apresenta em sua tabela de medidas pontos como busto, cintura,
quadril e tórax, que são correspondentes às circunferências das partes do corpo citadas. Para
distâncias horizontais entre dois pontos, o livro adota largura das costas e distância do busto,
já para as alturas são mencionadas, altura costas e altura do quadril. Para Heinrich (2005, p.
37), as nomenclaturas de circunferência aparecem como: circunferência do busto,
circunferência da cintura e circunferência do quadril. Para distâncias horizontais entre dois
pontos o livro adota separação do busto, largura das costas e comprimento do ombro. As
medidas verticais aparecem como comprimento da frente/corpo, comprimento ombro-cintura
e altura do quadril. Duarte e Saggese (2008, p. 28), assim como Senac (2007) referem-se às
circunferências apenas indicando a localização e dando valores, aparecendo como busto,
cintura e quadril. Para as medidas horizontais, de distância entre dois pontos, são
denominadas, largura nos ombros; separação do busto; e ombros, indicando o comprimento
do ombro. Em medidas verticais, proporcionando altura para o molde, às autoras oferecem
altura das costas e altura da frente.
Analisando algumas das nomenclaturas dadas pelos autores nas tabelas pode-se
perceber que apesar de serem nominadas diferentemente, referem-se a pontos idênticos. As
circunferências de busto, cintura e quadril, aparecem ou não com a palavra “circunferência”
62

na frente do ponto a ser referido. No entanto, tratam-se da mesma localização. Conforme


mencionado anteriormente, o presente trabalho adotará as nomenclaturas sugeridas pela
ABNT (2004), no caso de referirem-se aos mesmos pontos, sendo assim serão eleitos os
nomes de perímetro do tórax/peito, perímetro da cintura e perímetro do baixo quadril para as
circunferências de tais localizações. Em relação às medidas horizontais de largura as três
bibliografias utilizam a medida de distância entre o ombro esquerdo e o direito, variando entre
largura costas (Senac, 2007), largura das costas (Heinrich, 2005) e largura nos ombros
(Duarte e Saggese, 2008), contudo a ABNT (2004) refere-se a esse ponto como comprimento
de ombro a ombro. A largura entre papilas mamárias (ABNT, 2004) é citada como distância
do busto por Senac (2007) e separação do busto tanto para Heinrich (2005) como para Duarte
e Saggese (2008). Já para o comprimento consolidado - ombro (ABNT, 2004), tem-se
comprimento ombro para Heinrich (2005) e ombro para Duarte e Saggese (2008), sendo que
Senac (2007) não disponibiliza este ponto na tabela e sim apenas ao longo do traçado dos
diagramas.
As medidas verticais, correspondendo às alturas, também possuem diferenças de
nomenclaturas entre os autores e as normas da ABNT (2004). O comprimento do tronco
frente à cintura, “distância vertical entre a linha mediana da incisura jugular (depressão abaixo
da laringe) e a cintura” (ABNT, 2004) é conhecido por Heinrich (2005) como comprimento
ombro-cintura e por Duarte e Saggese (2008) como altura frente, ponto de medida não
disponibilizado por Senac (2007). Na parte das costas a medida é citada pela ABNT (2004)
como extensão do tronco posterior, sendo apresentada por Senac (2007) como altura costas,
por Duarte e Saggese (2008) como altura das costas e não oferecida por Heinrich (2005) nas
tabelas, apenas ao longo do traçado dos diagramas. A distância vertical entre a cintura e o
quadril é denominada por extensão lateral entre a cintura e o baixo quadril pela ABNT (2004),
altura quadril por Senac (2007), altura do quadril por Heinrich (2005) e não apresentada por
Duarte e Saggese (2008) nas tabelas, apenas ao longo do traçado dos diagramas.
Compondo o quadro abaixo seguem os comparativos das nomenclaturas descritas
acima:
63

Tabela 6 – Dados das tabelas para diferentes autores

Medida do Corpo Senac Heinrich Duarte e Saggese


NBR 15127 (2004) (2007) (2005) (2008)
Comprimento consolidado -
--------------------- comprimento ombro ombro
ombro

Comprimento de ombro a largura costas largura das costas largura nos ombros
ombro

comprimento do tronco frente comprimento ombro-


---------------------- altura frente
à cintura cintura

Extensão do tronco posterior altura costas ---------------------- altura das costas

Extensão lateral entre a altura quadril altura do quadril ----------------------


cintura e o baixo quadril

Largura entre papilas distância do busto separação do busto separação do busto


mamárias
Circunferência da
Perímetro da cintura Cintura cintura
cintura
Circunferência do
Perímetro do baixo quadril Quadril quadril
quadril
Circunferência do
Perímetro do tórax/peito Busto busto
busto
Fonte: Autora da presente dissertação.

Vistos os principais pontos de medidas necessários para a construção dos diagramas de


modelagem, seguir-se-á uma nova tabela comparativa. As nomenclaturas adotadas serão,
como já foi explicado anteriormente, as da NBR 15127 (ABNT, 2004). No entanto, os valores
atribuídos a elas corresponderão as três bibliografias de modelagem estudadas anteriormente,
acrescidas das medidas da NBR 13377 (ABNT, 1995). Para nomenclaturas não especificadas
pela NBR 15127 (ABNT, 2004) serão adotados os nomes dados aos pontos pela autora
Heinrich (2005), visto que, o diagrama resultante oferece as duas pences frontais e traseiras
explicadas em secções anteriores, acomodando o busto de maneira mais satisfatória. Contudo,
antes de especificar as medidas, é preciso definir qual numeração será utilizada para fazer o
comparativo. Sendo assim, segue abaixo um novo quadro ilustrando quais são as grades de
tamanho que cada um dos envolvidos no estudo utiliza.

Tabela 7 – Grade de tamanhos para diferentes autores


PP P M G GG
NBR 13377
36 38 40 42 44 46 48 50 52
Senac(2007) 38 40 42 44
Heinrich (2005) 38 40 42 44 46
Duarte e Saggese (2008) 36 38 40 42 44 46 48

Fonte: Autora da presente dissertação.


64

Através da análise do quadro anterior é possível verificar que a maior faixa de


tamanhos em comum entre todos os envolvidos é a do tamanho 44. Dessa forma o próximo
quadro, que fará um comparativo entre as medidas (em centímetros) adotadas por cada um
dos autores, utilizará este número de grade para definir um padrão de medida.

Tabela 8- Comparativos de valores (cm) atribuídos para tamanho 44

Média entre
Medida do Medidas NBR Duarte e
Senac Heinrich valores
Corpo 13377 Saggese
(2007) (2005) existentes
(1995) (2008)
(cm)
Comprimento
consolidado - --- --- 12,9 13,3 13,1
ombro
Comprimento de
--- 38,0 46,4 41,0 41,7
ombro a ombro
Comprimento do
--- --- 7,5 --- 7,5
decote da frente
Comprimento do
--- --- 2,75 --- 2,75
decote das costas
Comprimento do
tronco frente à --- --- 46,5 45,5 46,0
cintura
Comprimento
--- --- 21,5 21,8 21,7
lateral
Extensão do
--- 43,0 ---- 45 44,0
tronco posterior
Extensão lateral
entre a cintura e --- 20,0 20 --- 20,0
o baixo quadril
Largura do
--- --- 14 --- 14,0
decote da frente
Largura do
--- --- 15 --- 15,0
decote das costas
Largura entre
papilas --- 21,0 20 20 20,3
mamárias
Perímetro da
78 76,0 78 76 77,0
cintura
Perímetro do
--- 104,0 102 104 103,3
baixo quadril
Perímetro do
94,0 96,0 98,0 96,0 96,0
tórax/peito
Fonte: Autora da presente dissertação.

As medidas referenciadas na tabela acima correspondem aos pontos de medidas


necessários para a realização do diagrama do corpo feminino, como já foi mencionado
65

anteriormente o tamanho do corpo refere-se ao manequim 44. Dessa maneira a tabela, para
esse número de manequim, ficaria com as seguintes medidas (em centímetros):

Tabela 9– Pontos de Medida e Valores (cm) para o tamanho 44.

Tamanho 44
Comprimento
Comprimento Largura entre
consolidado - 13,1 21,7 20,3
lateral papilas mamárias
ombro
Comprimento de Extensão do tronco Perímetro da
41,7 44,0 77,0
ombro a ombro posterior cintura
Extensão lateral
Comprimento do Perímetro do
7,5 entre a cintura e o 20,0 103,3
decote da frente baixo quadril
baixo quadril
Comprimento do Largura do decote Perímetro do
2,75 14,0 96,0
decote das costas da frente tórax/peito
Comprimento do
Largura do decote
tronco frente à 46,0 15,0
das costas
cintura
Fonte: Autora da presente dissertação.

Contudo, a tabela 4 mostra que em relação à NBR 13377, o tamanho 44 veste apenas
até o manequim de tamanho M, deixando os manequins G e GG sem medidas definidas.
Assim sendo será apresentada uma tabela, que agregue os tamanhos G e GG, tal como sugere
a NBR 13377, ou seja, acrescentando a ela os tamanhos 46, 48, 50 e 52. No entanto, é preciso
verificar como as bibliografias trabalham com a graduação de suas tabelas de medidas, para
isso as tabelas de medidas das bibliografias Senac (1995), Heinrich (2005) e Duarte e Saggese
(2008), que encontram-se no APÊNDICE A, farão esse esclarecimento. Através dos valores
atribuídos a cada um dos pontos, será possível verificar qual a variação de valores (cm) entre
os tamanhos.
Para o Senac (1995), vários valores de medidas, atribuídos aos pontos de medidas aqui
estudados não são disponibilizados. Contudo, os valores de medidas variam uniformemente
de um tamanho para outro. Já para Heinrich (2005), ao analisar os pontos de medidas do
comprimento do decote costas, largura do decote frente e largura do decote costas, fez-se
necessário verificar os outros tamanhos de manequim que a bibliografia apresenta, pois esses
pontos variam suas medidas a cada dois tamanhos. Para o ponto de medida da extensão lateral
entre a cintura e o baixo quadril, ao verificar os outros tamanhos que a tabela trás, notou-se
que a partir do tamanho 42 o valor atribuído ao ponto permanece em 20 cm. Por fim, a tabela
de Saggese (2008), expõe valores de medidas que não se mostram proporcionais de um
tamanho para o outro. Assim, também se fez necessário utilizar como referência os outros
66

tamanhos que o autor oferece, para verificar se assim como Heinrich (2005) os pontos variam
a cada dois tamanhos. Em relação ao comprimento consolidado do ombro as medidas variam
com o acréscimo de 0,5 cm a cada dois tamanhos, a partir do tamanho 42. Para o
comprimento do tronco frente à cintura e extensão do tronco posterior elas variam de 0,5 cm a
cada dois tamanhos a partir de tamanho 40. No entanto ao tratar-se do comprimento lateral
não é possível verificar um acréscimo de medida uniforme.
O quadro a seguir compara as variações de medidas agregadas a cada ponto de medida
em relação às bibliografias citadas.

Tabela 10 – Variação de valores entre pontos de medida entre bibliografias

Duarte e Saggese Variação


Medida do Corpo Senac (1995) Heinrich (2005)
(2008) (cm)
Comprimento
0,5 a cada 2
consolidado - --- 0,3
tamanhos
ombro
Comprimento de
1,0 2,0 0,5
ombro a ombro
Comprimento do
--- 0,25 --- 0,25
decote da frente
Comprimento do 0,25 a cada 2 0,25 a cada 2
--- ---
decote das costas tamanhos tamanhos
Comprimento do
0,5 a cada 2
tronco frente à --- 1,0
tamanhos
cintura
Comprimento
--- 0,5 --- 0,5
lateral
Extensão do 0,5 a cada 2,0
0,5 ---
tronco posterior tamanhos
Extensão lateral
entre a cintura e o 0 --- --- Sem variação
baixo quadril
Largura do decote 1,0 a cada 2 1,0 a cada dois
--- ---
da frente tamanhos tamanhos
Largura do decote 0,5 a cada 2 0,5 cm a cada 2
--- ---
das costas tamanhos tamanhos
Largura entre
1,0 1,0 --- 1,0
papilas mamárias
Perímetro da
4,0 4,0 4,0 4,0
cintura
Perímetro do
4,0 4,0 4,0 4,0
baixo quadril
Perímetro do
4,0 4,0 4,0 4,0
tórax/peito
Fonte: Autora da presente dissertação.
67

Alguns pontos de medidas, como os perímetros, variam com a mesma proporção entre
um tamanho para outro na visão dos diferentes autores. Existem pontos que estão presentes
apenas para Heinrich (2005) e outros, tais como comprimento consolidado do ombro,
comprimento ombro a ombro e comprimento do tronco frente à cintura, são citados por
Heinrich (2005) e Duarte (2008). Contudo seus valores são muito diferentes uns dos outros.
Dessa forma, o presente trabalho passará a adotar a variação de medidas do autor que maior
apresenta pontos de medidas para a construção dos diagramas, assim como adotará o passo a
passo do mesmo autor para a construção dos diagramas iniciais, que servirão de base para a
pesquisa. No caso do ponto de medida, extensão do tronco posterior, que não é
disponibilizado por Heinrich (2005) e que naturalmente não é necessário para que a
modelagem seja executada não será oferecido na tabela a seguir. Heinrich (2005) servirá de
modelo para as verificações sobre adaptações de em diagramas de modelagens para corpos
femininos com sobrepeso.
Dando continuidade ao estudo de contemplar nas tabelas de medidas manequins de
tamanhos maiores, será desenhada abaixo uma tabela que terá como tamanho inicial o 44, que
é o tamanho que todos os autores têm em comum e que já tiveram suas medidas definidas
(TABELA 6) através das médias de medidas apresentadas nas bibliografias até então
apresentadas. A partir disso serão agregados os tamanhos 46, 48, 50 e 52, sugeridos pela NBR
13377 e que não são tamanhos empregados de forma comum entre todas as tabelas
disponibilizadas pelas bibliografias aqui estudadas. Para a graduação das medidas serão
acrescentados valores conforme explicado no quadro anterior, formando uma nova tabela de
medidas, proposta pela autora:

Tabela 11 – Tabela de Medidas (cm) do tamanho 44 ao 52, sugerida pela autora

Tabela de Medidas (cm) do tamanho 44 ao 52


44 46 48 50 52
Comprimento consolidado - ombro 13,1 13,4 13,8 14,2 14,6
Comprimento de ombro a ombro 41,7 42,7 44,7 46,7 48,7
Comprimento do ombro-cintura 40 41,0 42,0 43,0 44,0
Comprimento do decote da frente 7,5 7,75 8,0 8,25 8,5
Comprimento do decote das costas 2,75 3,0 3,0 3,25 3,25
Comprimento do tronco frente à cintura 46 47,0 48,0 49,0 50,0
Comprimento lateral 21,7 22,3 22,8 23,3 23,8
Extensão lateral entre a cintura e o baixo quadril 20 20,0 20,0 20,0 20,0
continua
68

continuação
Tabela de Medidas (cm) do tamanho 44 ao 52
44 46 48 50 52
Largura do decote da frente 14,0 15,0 15,0 16,0 16,0
Largura do decote das costas 15,0 16,0 16,0 17,0 17,0
Largura entre papilas mamárias 20,3 21,3 22,3 23,3 24,3
Perímetro da cintura 77 81,0 85,0 89,0 93,0
Perímetro do baixo quadril 103,3 107,3 111,3 115,3 119,3
Perímetro do tórax/peito 96 100,0 104,0 108,0 112,0

Fonte: Autora da presente dissertação.

A tabela de medidas é fundamental para a execução dos diagramas de modelagem. No


entanto, depois da modelagem ser realizada, transportada para o tecido e costurada é preciso
experimentar o protótipo no corpo para verificar se ele circunda o perímetro do corpo de
forma eficaz e confortável aos movimentos necessários que o corpo humano necessita. Caso o
protótipo não vista o corpo adequadamente, é preciso realizar ajustes que podem ir do
acréscimo ou decréscimo de medidas ou da inserção de pences.
69

3 METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO

O presente trabalho tem como objetivo geral analisar como as modelagens do corpo
superior feminino, oriundas de diagramas padronizados acomodam-se ao longo do perímetro
de corpos com sobrepeso, servindo assim como norteadoras para que se estabeleçam
parâmetros para propor um diagrama de modelagem para corpos com esta característica. Para
isto foi feita uma investigação a respeito se as Tabelas de Medida disponíveis nas
bibliografias nacionais abrangem as medidas de mulheres com sobrepeso, além de uma
avaliação se os diagramas de modelagem propostos em bibliografias nacionais contemplam
com eficiência as formas corporais de mulheres com sobrepeso e ainda o aprimoramento da
construção dos diagramas de modelagem do corpo base feminino, propondo a consideração de
elementos que permitam executar moldes básicos que contemplem corpos com sobrepeso.
Definindo o caráter da pesquisa tem-se como enquadramento o caráter Crítico, onde o
problema parte de situações reais e tem-se por objetivo modificar a realidade através da ação.
Para Ribeiro e Zabadal (2010, p. 29), “o pesquisador crítico entende que sua participação no
fenômeno é vital para a solução”. Desta forma, o pesquisador identificou um possível
problema que se daria na dificuldade das mulheres com sobrepeso em encontrar roupas que
contemplassem suas formas e curvas, de maneira confortável e satisfatória, por não haverem,
na primeira fase da construção das modelagens (onde se define o tamanho do manequim
utilizado para a representação através da modelagem), diagramas que respeitem as
características particulares desses corpos. Assim sendo, tem-se uma situação real e o intuito
de modificar a realidade através da ação. Sendo o caráter da pesquisa crítico, ela irá utilizar
tanto a técnica qualitativa quanto quantitativa para o recolhimento e análise dos dados, no
entanto dará maior ênfase aos aspectos qualitativos. Conforme Silverman (2009, p. 55) uma
das maneiras principais de combinar a pesquisa quantitativa e qualitativa é, “engajar-se em
um estudo qualitativo que utilize dados quantitativos para localizar os resultados em um
contexto mais amplo”.
O tipo de investigação tem característica experimental, consistindo numa investigação
empírica e que tem como objetivo principal, segundo Marconi e Lakatos (2012, p. 72), “o
teste de hipóteses que dizem respeito a relações de tipo causa-efeito”, tendo as técnicas de
amostragem por objetivo, “possibilitar a generalização das descobertas a que se chega pela
experiência.” Para Ribeiro e Zabadal (2010, p.31), “não são medidas as características dos
objetos – o que seria um estudo descritivo –, mas as relações entre eles”.
70

O método empregado para realizar o presente trabalho é o da Dissertação Projeto.


Ribeiro e Zabadal (2010, p. 96) esclarecem que é um dos métodos menos formalizados, onde
“o pesquisador caracteriza determinado problema de algum aspecto técnico”, sinalizando a
relevância de resolvê-lo. A partir de então, um programa, sistema ou protótipo são
desenvolvidos, servindo como prova de conceito para a solução do problema. Para os autores
existe um esquema para o desenvolvimento do projeto, onde inicialmente há a identificação
do problema, passando para sua contextualização, posteriormente o emprego de alguma
técnica de modelagem, seguido pela codificação ou testagem, sendo finalizado pela
verificação se o protótipo atende ou não aos requisitos da solução do problema.

4.1 ESQUEMA DA PESQUISA

Com a finalidade de simplificar o entendimento da trajetória que será tomada para


alcançar o objetivo da pesquisa, seguirá abaixo, um quadro resumido, sobre como o
pesquisador identificou o grupo focal e de que maneira ele fez a experimentação para a
comprovação do problema.

Figura 16 – Esquema da pesquisa

Fonte: Autora da presente dissertação.


71

4.2 ABORDAGEM OPERACIONAL

A seguir serão apresentadas as abordagens operacionais que foram realizadas para o


desenvolvimento da pesquisa.

4.2.1 Grupo focal

Após a conclusão do referencial teórico foram definidas as características que o grupo


focal deveria apresentar. Entre elas estão: o enquadramento de IMC entre 25 e 29,9,
indicativos de presença de sobrepeso; biótipo condizente com a posição de sobrepeso na
escala de biótipos de Thompson e Gray (2006); idade entre 20 e 40 anos, sendo este intervalo
escolhido por conveniência, pois são corpos que já atingiram a idade adulta (a partir de 20
anos segundo o IBGE) – tendo passado pelas alterações significativas da adolescência – e
ainda não manifestam sinais de alterações significativas causadas pelo envelhecimento. A
escala de biótipos é importante no estudo, pois é também através dela que a pesquisadora
poderá confirmar, através da forma corporal, se a participante realmente classifica-se com
sobrepeso – visto que apenas a identificação do IMC poderia fragilizar a pesquisa.
Para dar início à escolha do grupo focal, foram enviados questionários eletrônicos, via
redes sociais. As perguntas foram compostas por indagações sobre: sexo, idade, peso, altura e
disponibilidade das participantes em dar continuidade à pesquisa, indicando que seriam ao
todo três encontros presenciais. Tendo recebido a manifestação de interesse de algumas
voluntárias, a pesquisadora calculou, com base na indicação de altura e peso, o IMC de cada
candidata e selecionou os que se encontravam entre 25 a 29,9 (IMC), escolhendo ainda as que
estavam entre a faixa de 20 a 40 anos de idade. Após essa pré-seleção a pesquisadora marcou
uma entrevista com cada candidata, individualmente, explicando todos os processos da
pesquisa, sinalizando a importância do estudo no âmbito acadêmico, mostrando o termo de
preservação à imagem (APÊNDICE B) e questionando-as sobre a disponibilidade na
participação das provas de roupas.
Tendo o consentimento de cada participante, foi solicitado que cada uma delas vestisse
um conjunto de blusa e bermuda de elastano, para posterior captura fotográfica de seus
corpos. Os corpos, conforme sugere Iida (2005), tomaram a posição anatômica (corpo em pé,
reto, com braços para baixo, ao longo do corpo e com as palmas da mão viradas para frente) e
foram fotografados no lado anterior (frente), posterior (costas) e lateral. Capturadas as
72

imagens a pesquisadora desenhou sobre elas, com ajuda do software CorelDRAW, o contorno
dos corpo e sobrepôs o contorno de cada um deles com a escala de biótipos de Thompson e
Gray (2006), confirmando assim, se apresentavam ou não sobrepeso. Após a captura das
imagens, foram coletadas as medidas corporais de cada participante (APÊNDICE C) com
referência nos pontos de medidas propostos pela NBR 15127 (2004) e necessários para a
construção dos diagramas do corpo superior feminino proposto por Heinrich (2005). Por fim,
perguntou-se para as candidatas qual tamanho de manequim elas usavam.
Desta forma, foi determinada a composição final do grupo focal, sendo composto por
5 participantes. Para cada uma delas foi atribuído um codinome, sendo eles: Corpo 1, Corpo
2, Corpo 3, Corpo 4 e Corpo 5.

4.2.2 Construção dos diagramas de modelagem

Com base nos valores de medidas coletadas do grupo focal deu-se então, a primeira
fase de construção das modelagens com base nos diagramas de Heinrich (2005). Como foi
mencionado no capítulo 3, após estudos iniciais, verificou-se que os resultados poderiam ser
mais consistentes se os moldes fossem construídos não só até a altura da cintura, mas até a
altura do quadril. Isto porque o acúmulo de gordura muitas vezes se dá na região do abdômen,
que tem sua extensão ultrapassando, para baixo e para cima, a região da cintura.
Seguindo este objetivo foi preciso pesquisar como Heinrich (2005) propõe a adaptação
do alongamento do diagrama do corpo feminino até a altura do quadril. Dessa forma, Heinrich
(2005) explica como adaptar o molde do corpo básico para um vestido (Anexo C). Para o
presente trabalho esta informação é muito importante, visto que como se tem por objetivo
alongar o molde superior do corpo feminino até o quadril, fazem-se necessárias breves
modificações, dentre elas:
i. alongar o centro da frente ou centro das costas do molde do corpo superior, até a
altura desejada (altura do quadril);
ii. posicionar um dos vértices de 90º do esquadro no centro frente ou centro costas, até a
altura do quadril, onde, a partir desse ponto deve-se marcar uma reta perpendicular
ao centro frente ou centro costas, com a medida de ¼ do contorno do quadril;
iii. ligar através de curva convexa a lateral da cintura com a lateral do quadril; alongar as
pences da cintura (do molde do corpo) até 5 cm acima da altura do quadril,
invertendo suas formas.
73

Tendo assim, as informações fundamentais para construção desse diagrama, deu-se a


sequencia de construí-los, de forma individual, conforme as medidas dos Corpos 1 ao 5. Após
os moldes ficarem prontos eles tiveram seus contornos e marcações transportados para o
tecido, onde foram acrescentadas margens de costura de 1 cm e uma margem especial de 3 cm
ao longo de todo o centro das costas, possibilitando uma medida excedente caso as peças
ficassem pequena em algum ponto, realizando-se finalmente o corte. Em seguida, a
pesquisadora deu continuidade ao processo, costurando as peças exatamente sobre as
marcações que foram feitas sobre o tecido, possibilitando que os protótipos ficassem
perfeitamente fiéis às determinações dos diagramas.
Assim sendo, todos os cinco protótipos ficaram prontos para serem experimentados.
No entanto a pesquisadora questionou-se quanto à aplicação das medidas corporais
(particulares) das participantes na construção dos diagramas, pensando que ao adquirir uma
peça numa loja, as roupas têm suas medidas oriundas de tabelas de medidas padronizadas e
não sob-medida como estava sendo feito. Desta maneira novos moldes foram construídos,
desta vez enquadrando cada um dos corpos participantes em um dos tamanhos de manequim
da tabela de medidas proposta (TABELA 11) pela presente pesquisa.
Totalizando dez protótipos, dois para cada corpo, foi contatado o grupo focal para a
primeira prova. Os encontros aconteceram individualmente e cada um dos corpos provou
primeiramente os protótipos oriundos de suas próprias medidas, chamados de protótipo 1A e
em segundo lugar os protótipos oriundos da tabela de medidas proposta, chamados de 1B. Os
corpos vestiram à blusa e bermuda de elastano, utilizadas no primeiro encontro, vestindo logo
após os respectivos protótipos. Sequencialmente foram realizadas marcações nas peças e
seguiu-se para os registros fotográficos das vistas anterior, lateral e posterior.
Após o encontro com todas as envolvidas no grupo focal, a pesquisadora reproduziu
todos os moldes num segundo papel, preservando-os, e desenhou sobre as primeiras
modelagens, os ajustes marcados na prova. Corrigidas as modelagens, elas foram desenhadas
em vermelho, sobre os moldes preservados, possibilitando que se pudessem visualizar quais
modificações os diagramas originais sofreram.
Por fim, as modificações sofridas nos moldes originais tiveram seus resultados
transportados para uma tabela, onde se identificou os principais ajustes sofridos nos dez
protótipos, possibilitando assim obter parâmetros para a adaptação dos diagramas do corpo
superior feminino, para corpos com sobrepeso.
74

5 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS COLETADOS

O capítulo que se segue está destinado a mostrar como foi realizada a parte prática da
pesquisa e quais foram os resultados obtidos com ela.

5.1 GRUPO FOCAL E CRUZAMENTO COM A ESCALA DE BIÓTIPOS DE TOMPSON


E GRAY

A escala de biótipos de Thompson e Gray (2006, apud Heinrich 2009), é composta por
nove biótipos diferentes, seguindo do sujeito sem acúmulo de gordura até o que apresenta
grande volume de gordura corporal. Ela apresenta os biótipos para o gênero feminino e
masculino. Como o trabalho visa trabalhar apenas o gênero feminino será exposta apenas a
escala desse gênero. Além disso, a escala não indica a partir de qual posição é iniciada a faixa
de sobrepeso, presumindo-se, então, que ela se dá entre as posições médias. Desta forma,
acredita-se, até mesmo por analisar a representação gráfica do abdômen, que a faixa de
sobrepeso inicia-se na posição 6.
A seguir serão apresentadas as imagens dos corpos das participantes da pesquisa que
foram identificadas com a nomenclatura de CORPO, variando do número 1 ao 5, conforme a
ordem sequencial que a pesquisadora realizou às primeiras entrevistas. As imagens adotam a
posição anatômica, que conforme Iida (2005) esclarece, é a posição do corpo em pé, ereto,
com os braços para baixo, ao longo do corpo e com as palmas das mãos viradas para frente.
Objetivado uma melhor visualização dos corpos estudados, as imagens foram capturadas no
lado anterior (frente), lateral e posterior (costas).
Após as imagens serem coletadas foram realizados os contornos, no lado anterior de
cada corpo estudado, com linha de cor vermelha, respeitando suas alturas e larguras. Tendo
como referência o contorno de cada corpo estudado, foi possível realizar o cruzamento deles
com a tabela de biótipos de Thompson e Gray (2006, apud Heinrich 2009), diminuindo ou
aumentado as imagens, diagonalmente, de forma que elas não perdessem as proporções
originais, objetivando o encaixe delas na estatura apresentada pela tabela de biótipos. Logo
após a definição da estatura, os contornos dos corpos (contornos em vermelho) foram
sobrepostos na escala de biótipos para verificar em qual largura eles se encontravam,
verificando-se, assim, se apresentavam sobrepeso e se poderiam participar ou não do grupo
focal.
75

Figura 17– Corpo 1

Fonte: Autora da presente dissertação.

Figura 18 – Contorno do Corpo 1

Fonte: Autora.

Figura 19 – Cruzamento do Corpo 1 com escala de biótipos

Fonte: Thompson e Gray 2006, apud Heinrich 2009.


76

O corpo 1 possui peso de 70 Kg e altura corporal de 1,57 m, totalizando um IMC de


28,3, enquadrando-se assim na faixa de sobrepeso. Ao delinear o corpo da participante e fazer
o cruzamento com a escala de biótipos é possível perceber que ela está na posição de número
8, tendo um corpo com excedente de tecido adiposo e confirmando a indicação do IMC
quanto a sobrepeso.

Figura 20 – Corpo 2

Fonte: Autora da presente dissertação.

Figura 21 – Contorno do Corpo 2

Fonte: Autora da presente dissertação.


77

Figura 22 – Cruzamento do Corpo 2 com escala de biótipos

Fonte: Thompson e Gray 2006, apud Heinrich 2009.

O corpo 2 possui peso de 71,8 Kg e altura corporal de 1,66 m, gerando um IMC de


26,1, também sendo enquadrando na faixa de sobrepeso. Ao delinear este corpo e fazer o
cruzamento com a escala de biótipos foi verificado que ele está na posição de número 7,
confirmando a indicação do IMC em relação ao sobrepeso.

Figura 23 – Corpo 3

Fonte: Autora da presente dissertação

Figura 24 – Contorno do Corpo 3

Fonte: Autora da presente dissertação


78

Figura 25 – Cruzamento do Corpo 3 com escala de Biótipos

Fonte: Thompson e Gray 2006, apud Heinrich 2009.

O corpo 3 possui peso de 67,7 Kg e altura corporal de 1,59 m, totalizando um IMC de


26,8, estando dentro da faixa de sobrepeso. Ao realizar o contorno do corpo da participante e
aplicar o cruzamento com a escala de biótipos foi verificado que ela está na posição de
número 8. Apesar do IMC do corpo 3 ser apenas 0,7 pontos a mais que o corpo 2, ele
encontra-se uma faixa acima do corpo 3 na escala de biótipos de Thompson e Gray (2006,
apud Heinrich 2009), onde também é confirmado o sobrepeso.
Figura 26 – Corpo 4

Fonte: Autora da presente dissertação.

Figura 27 – Contorno do Corpo 4

Fonte: Autora da presente dissertação.


79

Figura 28 – Cruzamento do Corpo 4 com escala de biótipos

Fonte: Thompson e Gray, 2006, apud Heinrich, 2009.

O corpo 4 tem como peso 74 kg e altura corporal de 1,64 m, resultando num IMC de 27,6,
enquadrando-se assim na faixa de sobrepeso. Para verificar o sobrepeso seu contorno corporal foi
igualmente delineado e realizado o cruzamento com a escala de biótipos. Uma vez aplicado sobre a
escala de biótipos foi verificado que apesar de apresentar um IMC de 27,6, ou seja, maior que o
corpo 3 (com IMC de 26,8), ele encontra-se na faixa 7, enquanto que o corpo 3 ocupa a faixa 8.
Contudo também é confirmado o estado de sobrepeso no corpo 4.

Figura 29 – Corpo 5

Fonte: Autora da presente pesquisa

Figura 30 - Contorno do Corpo 5

Fonte: Autora da presente pesquisa


80

Figura 31 – Cruzamento do Corpo 5 com escala de biótipos

Fonte: Thompson e Gray, 2006, apud Heinrich, 2009.

O último corpo analisado, o corpo 5, possui peso de 71,5 Kg e altura corporal de 1,61
m, totalizando um IMC de 27,6, enquadrando-se também na faixa de sobrepeso, assim como o
corpo 4, que possui exatamente o mesmo IMC. Ao delinear o corpo da participante e fazer o
cruzamento com a escala de biótipos foi verificado que ele também ocupa a posição número 7
e a indicação do IMC sobre o sobrepeso é confirmada.
A seguir dá-se as imagens dos corpos 1 ao 5 vistos em conjunto.
Figura 32 – Cruzamento do Corpo 5 com escala de biótipos

Corpo 1 Corpo 2 Corpo 3 Corpo 4 Corpo 5

Fonte: Autora da presente dissertação.

Com base no IMC e nos cruzamentos com a escala de biótipos de Thompson e Gray
(2006, apud Heinrich 2009) foi comprovado, que os corpos escolhidos para participar do
grupo focal, apresentam sobrepeso. Dessa maneira dar-se-á a explicação de como foi
conduzida a primeira fase da experimentação da dissertação.

5.2 DIAGRAMAS CONVENCIONAIS PARA MULHERES COM SOBREPESO

Para a realização da experimentação foi adotado, como já foi referido, o diagrama de


modelagem da autora Heinrich (2005). No entanto, como é preciso relacionar as medidas
corporais para poder produzir uma modelagem com base no diagrama, foram coletadas, em
81

cada um dos cinco corpos participantes do experimento, as medidas necessárias para a


construção deles. Esses pontos de medidas foram citados ao longo do Capítulo 3 e são
denominados como: comprimento consolidado-ombro, comprimento do decote frente,
comprimento do decote costas, comprimento do tronco frente à cintura, comprimento lateral,
extensão lateral entre a cintura e o baixo quadril, etc.
Com base nos pontos de medidas necessárias para a construção do diagrama do corpo
feminino, dado por Heinrich (2005), foram coletadas as medidas de cada participante e
realizadas as modelagens dos corpos para cada um dos cinco corpos de forma individual.
Feita a construção (APÊNDICE D), os moldes foram transportados para o tecido, onde foram
acrescentadas margens de costura, viabilizando assim a costura entre as partes da modelagem
e onde foram feitas as marcações da pences, que servem para que a peça de roupa seja melhor
modelada junto ao corpo. Para que a peça ganhasse perfeita fidelidade à construção dos
diagramas, no avesso do tecido foram marcadas a lápis todos os limites e marcações da
modelagem. Essas marcações serviram para que as costuras fossem realizadas exatamente nas
posições originais determinadas. Além das margens e marcações de pences foi acrescentado
em todo o centro das costas (desde o decote até a barra) uma largura de 3 cm, tanto no lado
esquerdo como no direito da peça, prevendo possíveis acréscimos ou compensações de
medidas nos protótipos.
As participantes da pesquisa vestiram a mesma blusa e bermuda em elastano que
haviam vestido para a captura da imagem de seus corpos e por cima dessas peças, foram
experimentados os protótipos referentes às modelagens. Foram capturadas imagens de seus
corpos na posição do lado anterior (frente), lateral e posterior (costas), servindo para que a
visualização do caimento das peças nos corpos pudessem ser vista em ângulos importantes
para posteriores análises das modelagens. Nessa primeira fase, como foram utilizados
diagramas padronizados combinados com medidas individuais, foi possível verificar o
caimento e a forma que o produto da construção dos diagramas de modelagem tem ao
envolver o corpo. Visando uma melhor acomodação corporal, foram feitas intervenções, por
meio de marcações de alfinetes, que possibilitaram que a peça contornasse de maneira mais
eficiente e cômoda aos corpos, eliminando excessos de tecido e prevendo possíveis
acréscimos de medidas em áreas específicas.

Abaixo serão apresentadas as imagens dos protótipos nos corpos correspondentes:


82

Figura 33 – Primeira prova de protótipos do Corpo 1

Lado Anterior Lateral Lado Posterior

Intervenção pence do ombro Intervenção Cintura Lateral Intervenção Cintura Costas


Fonte: Autora da presente dissertação.

O protótipo sofreu intervenções com medida de: 2 cm de profundidade na metade da


altura da pence superior frente, que se encaminha do ombro até a altura do busto; e 10 cm de
profundidade na altura do centro costas, posicionada na cintura e seguindo até a frente da
peça, assim como nas laterais, na posição do quadril. Na medida excedente de 3 cm,
acrescentada ao longo do comprimento do centro das costas de todos os protótipos, houve a
necessidade de aprofundamento de 1 cm na altura do decote costas, relaxamento de 1,5 cm na
altura da cintura e 0,5 cm na altura do quadril. No entanto a maior consideração a ser feita é
no excesso de tecido que se formou no centro das costas na altura da cintura. Para que este
excesso seja eliminado ele teve que ser marcado do centro das costas, passando pela lateral,
avançando a pence vertical da cintura frente e quase encontrando o centro da frente, o que
ocasionou um deslocamento vertical de 6 cm na barra da peça na parte das costas.

A seguir pode ser vista a prova do corpo 2:


83

Figura 34 – Primeira prova de protótipos do Corpo 2

Lado Anterior Lateral Lado Posterior

Intervenção no ombro Necessidade de Pence Intervenção Cintura Costas


Fonte: Autora da presente dissertação.

O protótipo 2 também sofreu diferentes intervenções. No ombro do lado da cava


(medida ombro-cintura), foi necessário aprofundamento com 3 cm de medida, diminuição
vertical de 11 cm no centro costas, na altura da cintura, seguindo horizontalmente até a lateral
da peça. Na medida excedente de 3 cm, acrescentada ao longo do comprimento do centro das
costas de todos os protótipos, houve a necessidade de relaxamento de 1 cm na altura da
cintura e na altura do quadril. Como na parte da frente fez-se necessária a inserção de uma
pence com 2 cm de largura abaixo do abdômen, diminuindo assim a circunferência total da
barra, nas costas esta medida teve que ser compensada. Assim como no Corpo 1, a maior
consideração percebida foi o excesso de tecido que se formou no centro das costas na altura
da cintura. Para que esse excesso fosse eliminado ele teve que ser marcado do centro das
costas até a lateral da peça, ocasionando um deslocamento vertical de 6 cm na barra da peça
na parte das costas.

Prova do protótipo do corpo 3:


84

Figura 35 – Primeira prova de protótipos do Corpo 3

Lado Anterior Lateral Lado Posterior

Intervenção na cava frente Intervenção Cintura Lateral Intervenção Cintura Costas

Fonte: Autora da presente dissertação.

O protótipo sofreu ajustes com medida de: 2,5 cm de profundidade na cava da frente,
assim como na cava das costas; diminuição de 12 cm de profundidade na altura do centro
costas, posicionada na cintura e seguindo até pence vertical da cintura frente. Na medida
excedente de 3 cm, acrescentada ao longo do comprimento do centro das costas de todos os
protótipos, houve a necessidade relaxamento de 1 cm tanto na altura da cintura como na
altura do quadril. Da mesma forma que aconteceu nos Corpos anteriores, a maior
consideração a ser feita é no excesso de tecido que se formou no centro das costas na altura da
cintura. Para que este excesso fosse eliminado ele teve que ser marcado do centro das costas,
passando pela lateral e avançando até a pence vertical da cintura da frente, ocasionando um
deslocamento vertical de 5 cm na barra da peça na parte das costas.

Segue aprova do corpo 4:


85

Figura 36 – Primeira prova de protótipos do Corpo 4

Lado Anterior Lateral Lado Posterior

Intervenção na cava frente Intervenção Cintura Lateral Intervenção Cintura Costas

Fonte: Autora da presente dissertação.

O protótipo do corpo 4 também precisou ser ajustado. No ombro, do lado da cava, foi
preciso diminuir em 4 cm a medida ombro-cintura, além disso, na cava frente foi marcado um
excesso de medida de 3 cm. Verticalmente no centro costas, posicionado na altura da cintura,
um excesso de 12 cm foi constatado, este ajuste foi marcado e avançou longitudinalmente, até
zerar sua profundidade, em direção à pence da cintura frente. Na largura do centro costas,
houve a necessidade de relaxamento de 1,5 cm na altura da cintura. A dilatação do abdômen
ocasionou a necessidade de ajustes na barra frente e compensação, com a mesma medida, na
barra costas. O grande deslocamento do centro costas (altura da cintura) fez com que o
protótipo tivesse a barra das costas movimentada. Para compensar tal fato seria preciso o
acréscimo de 5 cm de medida na altura do centro, na posição da barra.

Prova de protótipo no corpo 5:


86

Figura 37 – Primeira prova de protótipos do Corpo 5

Lado Anterior Lateral Lado Posterior

Intervenção abaixo do abdômen Intervenção no ombro Intervenção Cintura Costas

Fonte: Autora da presente dissertação.

O protótipo sofreu intervenções com medida de 3 cm de profundidade na altura do


ombro do lado da cava (medida ombro-cintura), sem modificar a profundidade do ombro na
altura do decote. Diminuição de 7 cm de profundidade na altura do centro costas, posicionada
na cintura e seguindo até a pence vertical da cintura na frente. Em decorrência disso, seria
preciso prolongar verticalmente o centro costas, na altura da barra, em 4 cm. Na medida
excedente de 3 cm, acrescentada ao longo do comprimento do centro das costas de todos os
protótipos, houve a necessidade de relaxamento de 1 cm na metade da altura entre a cintura e
o decote costas, 1,5 cm na altura da cintura e 1,5 cm na altura do quadril. Por causa da
dilatação do abdômen, houve um excesso de tecido na barra frente, sendo necessário a
diminuição de 2 cm para que a peça encostasse no perímetro do corpo.
Após a análise visual de todas as provas dos protótipos nos Corpos correspondentes
foi possível verificar a necessidade de diferentes intervenções nas peças, para que a
modelagem se adapte melhor ao corpo das usuárias. Houve diferentes sinalizações de onde
deveriam ser realizadas essas intervenções, que se deram de forma geral na altura do ombro-
cintura, na cava frente e/ou costas, no acréscimo de medidas na circunferência da cintura
87

(posição do centro das costas), acréscimo de medidas na circunferência da barra, na posição


das costas e no decréscimo de medidas na circunferência da barra, na posição da frente (na
altura da pence vertical que vai da cintura até 5 cm da barra). Contudo foi possível perceber
que houve excesso de medidas em todas as peças na altura da cintura costas, variando entre 7,
10, 11 e 12 cm e fazendo com que a altura do centro costas fosse diminuída, acarretando na
necessidade de compensação de medida na barra do centro costas, que variou entre 4, 5 e 6
cm.

Figura 38 – Excesso de medida vertical no centro costas

Corpo 1 Corpo 2 Corpo 3 Corpo 4 Corpo 5

Fonte: Autora da presente dissertação.

No entanto, após a realização de todas essas provas, surgiram dúvidas se essas


intervenções demarcadas estavam originando-se pela necessidade da adaptação dos diagramas
tradicionais para corpos com sobrepeso ou se estavam surgindo pelo emprego das medidas
individuais de cada corpo estudado. Como o objetivo da pesquisa não é a execução de
modelagens sob-medida, viu-se a necessidade de executar novamente os diagramas de
Heinrich (2005), mas com medidas corporais proveniente de tabelas com medidas
padronizadas.

5.2.1 Diagramas convencionais para mulheres com sobrepeso versus medidas corporais
tabeladas

A realização das modelagens se deu da mesma forma que na primeira fase da


experimentação. A diferença, porém, foi na utilização das medidas corporais para a
construção dessas modelagens. Na primeira etapa os corpos tiveram suas medidas coletadas e
posteriormente foram executados os diagramas de modelagem. Na segunda etapa, para a
construção dos diagramas, foi utilizada a tabela de medidas padronizada sugerida no Capítulo
88

3 (TABELA 11). Como é muito raro que uma pessoa de determinado tamanho de manequim
tenha exatamente o mesmo número de medida em todos os pontos de medidas disponíveis na
tabela, cada um dos corpos participantes na experimentação foi enquadrado num dos números
de manequim da tabela. O enquadramento foi composto pela verificação das medidas das três
principais circunferências do corpo (busto, cintura e quadril) das participantes, sendo
posteriormente comparadas com a tabela de medidas sugerida pela autora.
O Corpo 1 possuía no contorno do busto e da cintura, exatamente o mesmo valor de
circunferência desses pontos para o tamanho 44 da tabela de medidas, sendo assim utilizado o
referido tamanho de manequim para a construção dos diagramas de modelagem. Como a
circunferência do quadril do corpo 1 tinha a medida maior que a sugerida nesse ponto de
medida pela tabela, foi feita a adaptação do diagrama para circunferência da modelo,
permitindo assim que a peça coubesse no contorno do corpo da usuária. O Corpo 2 teve os
valores de circunferência da cintura e do quadril iguais aos apresentados pela tabela de
medidas no manequim de tamanho 46, contudo a circunferência do busto da modelo era 3 cm
menor que o da tabela, fato que não compromete a vestibilidade do protótipo. O Corpo 3
continha as medidas de circunferência diversificadas, a medida do busto ficava entre o
tamanho 48 e 50 da tabela de medidas proposta, a cintura entre os tamanhos 46 e 48 e o
quadril entre os tamanhos 44 e 46. Desta forma foi escolhido construir o diagrama com base
na maior circunferência apresentada (no tamanho 50), para que coubesse no corpo e desde o
início ter consciência que a peça precisaria ser ajustada na cintura e quadril. O Corpo 4 foi o
que apresentou os três valores de medidas mais próximas ao da tabela proposta, apenas
divergindo em 1 cm a menos (na circunferência total) que o da tabela, nos pontos do busto e
cintura. Sendo enquadrado no tamanho 48. Por fim, o Corpo 5 foi outro que apresentou
medidas diversificadas. A medida do busto da participante ficou entre os manequins 44 e 46
da tabela, a cintura entre o 46 e 48 e o quadril entre o 44 e 46. Como o objetivo não era
executar peças sob-medida foram escolhidos os tamanhos que mais se adequaram com as
medidas do Corpo, no caso o tamanho 46, sendo necessária a adaptação da medida de cintura
(que era 3 cm maior que a apresentada no tamanho 46).
Como foi mencionado, é muito difícil uma pessoa apresentar valores idênticos para
todos os pontos de medidas indicados para o mesmo manequim. Este seria o principal motivo
da usuária vestir uma blusa de um tamanho e uma calça de outro, da mesma confecção. Foi
pensando nisto que quando foi feita a primeira entrevista no grupo focal, pergunto-se qual era
o tamanho de manequim que a participante vestia quando comprava roupas. O corpo 1
89

indicou que vestia o tamanho 44, que foi onde a pesquisadora a enquadrou na tabela sugerida. Já o
Corpo 2 mencionou que usava o tamanho 44, sendo que a pesquisadora a enquadrou no tamanho
46. A resposta do Corpo 3 foi mais abrangente, indicando que vestia tamanho 46 para blusa e
tamanho 42 para calça, fato comprovado ao se tentar encaixar as medidas deste corpo na tabela
sugerida, já que foi constatado que a circunferência do busto e cintura pertenciam a um tamanho
de manequim e a circunferência do quadril a outro. Para o Corpo 4, sua indicação de manequim
era de tamanho 46, tendo coincidido com o enquadramento da pesquisadora. A resposta do Corpo
5 foi a mais intrigante, mencionando que vestia tamanho 40 para blusa e tamanho 42 para calça,
tendo a pesquisadora enquadrado suas medidas no tamanho 46 e ainda assim precisando adaptar a
circunferência da cintura em 3 cm para mais. Além da comprovação de que os corpos podem se
encaixar nas medidas de dois manequins diferentes, um manequim para blusa e outro para calça, é
possível perceber que existe uma desconexão entre o manequim que a pessoa acha que veste e
qual realmente deveria utilizar. Isto se dá pela percepção corporal que cada indivíduo tem de si
mesmo.
A seguir serão apresentadas as imagens das provas dos protótipos feitas a partir dos
diagramas de modelagem com as medidas padronizadas, verificando sua vestibilidade nos corpos
estudados.

Figura 39 – Segunda prova de protótipos do Corpo 1

Lado Anterior Lateral Lado Posterior

Intervenção pence do ombro Intervenção Cintura Lateral Intervenção Cintura Costas


Fonte: Autora da presente dissertação.
90

O protótipo sofreu intervenções com medidas de: 2 cm de profundidade na metade da


altura da pence superior frente, que se encaminha do ombro até a altura do busto; de 10 cm de
profundidade na altura do centro costas, posicionada na cintura e seguindo até a pence vertical
da cintura frente. Na medida excedente de 3 cm, acrescentada ao longo do comprimento do
centro das costas de todos os protótipos, houve a necessidade de aprofundamento de 1 cm na
altura do decote costas, relaxamento de 1 cm na altura da cintura, relaxamento de 3 cm a 16
cm acima do quadril e relaxamento de 1 cm na altura do quadril. Em função do dilatamento
do abdômen, houve excesso de tecido na barra frente, sendo necessária a diminuição de 2 cm
para que a peça se encostasse ao perímetro do corpo. No entanto a maior consideração a ser
feita é no excesso de tecido que se formou no centro das costas na altura da cintura. Para que
esse excesso fosse eliminado ele teve que ser marcado do centro das costas, passando pela
lateral e avançando até a pence vertical da cintura frente, o que ocasionou um deslocamento
vertical de 7 cm na barra da peça na parte das costas.
Os pontos comuns entre as intervenções consideradas nos Protótipos 1 e 2 do Corpo 1
foram: aprofundamento da pence vertical do ombro até o busto; na medida excedente de 3 cm,
acrescentada ao longo do comprimento do centro costas de todos os protótipos com o
afunilamento de 1 cm na altura do decote costas e relaxamento na altura da cintura e quadril;
diminuição de 10 cm na altura do centro costas, posicionada da cintura até a frente da peça;
deslocamento vertical da barra costas, ficando entre 6 e 7 cm respectivamente. Na construção
do segundo protótipo foi utilizada a tabela de medidas proposta ao longo da dissertação,
escolhendo-se para o Corpo 1 o tamanho de manequim 44. Como o Corpo 1 possuía, no
contorno do busto e da cintura, exatamente o mesmo valor de circunferência que estes pontos
para o tamanho 44 e a circunferência do quadril da tabela foi adaptada para mais, com a
finalidade de servir no corpo, houve uma maior probabilidade (em função da similaridade das
medidas) que os protótipos 1 e 2 tivessem caimento parecidos. Sendo o fato constatado pelas
marcações nas peças.
Segunda prova do corpo 2:
91

Figura 40 – Segunda prova de protótipos do Corpo 2

Lado Anterior Lateral Lado Posterior

Intervenção pence do ombro Intervenção Cintura Lateral Intervenção Cintura Costas

Fonte: Autora da presente dissertação.

Na medida excedente de 3 cm, acrescentada ao longo do comprimento do centro das


costas, houve a necessidade de relaxamento de 3 cm, tanto na altura da cintura como na altura
do quadril. O relaxamento necessário do centro das costas, na altura do quadril, deu-se em
função da pence de 3 cm que foi preciso marcar abaixo do abdômen, na barra frente, para que
a peça conseguisse se aproximar ao perímetro do corpo. Além disso houve a necessidade de
ajustes de aprofundamento de 2 cm na altura do ombro do lado da cava (medida ombro-
cintura), aprofundamento de 2 cm na metade da altura da pence do ombro-busto. O decote
frente precisaria ser cavado em 2,5 cm no centro frente e o centro costas precisaria ter sua
altura diminuída em 12 cm, na posição da cintura seguindo até a pence vertical da cintura
frente. Assim como no Corpo 2 a maior consideração a ser feita é no excesso de tecido que se
formou no centro das costas na altura da cintura. Em função do excesso de tecido que
Os pontos comuns entre as intervenções sofridas pelos Protótipos 1 e 2 do Corpo 2
foram: aprofundamento da medida ombro-cintura, variando entre 2 e 3 cm respectivamente;
na medida excedente de 3 cm, acrescentada ao longo do comprimento do centro costas de
todos os protótipos, com relaxamento de 1 cm e 3 cm, na cintura e na altura do quadril
respectivamente; diminuição de 11 cm na altura do centro costas até a lateral do protótipo 1 e
92

diminuição de 12 cm na altura do centro costas do protótipo 12, porém até a pence vertical da
cintura frente; deslocamento vertical das costas entre 6 cm e 5 cm, respectivamente;
necessidade de pence de 2 cm e 3 cm na barra abaixo do abdômen. Na construção do segundo
protótipo foi utilizada a tabela de medidas proposta ao longo da dissertação, escolhendo-se
para o Corpo 2 o tamanho de manequim 46. Na localização da pence do ombro-cintura, o
protótipo 2 precisou ser ajustado, fato que não ocorreu no primeiro protótipo. Isto pode ser
atribuído ao fato de terem sido utilizadas as medidas do manequim tamanho 46 para todos os
pontos de medidas e como foi visto anteriormente, a circunferência do busto do Corpo 2 era 3
cm menor que a do tamanho 46 da tabela, ocasionando assim excesso de tecido.
Segue a prova do corpo 3:

Figura 41 – Segunda prova de protótipos do Corpo 3

Lado Anterior Lateral Lado Posterior

Intervenção pence do
Intervenção Cintura Lateral Intervenção Cintura Costas
ombro
Fonte: Autora da presente dissertação.

O protótipo sofreu intervenções com medidas de: 2 cm de diminuição no comprimento


consolidado-ombro; diminuição de 2,5 cm de profundidade na metade da altura da cava
costas, zerando medida do ponto da cava em direção perpendicular ao centro costas;
diminuição de 10 cm de profundidade na altura do centro costas, posicionada na cintura e
93

seguindo até pence vertical da cintura frente. Na medida excedente de 3 cm, acrescentada ao
longo do comprimento do centro das costas de todos os protótipos, houve a necessidade
relaxamento de 1cm na altura do quadril. Em função da dilatação do abdômen houve
necessidade de pence de 2 cm na barra da frente. Da mesma forma que aconteceu nos Corpos
anteriores, a maior consideração a ser feita é no excesso de tecido que se formou no centro
das costas na altura da cintura. Para que esse excesso fosse eliminado ele teve que ser
marcado do centro das costas, passando pela lateral e avançando até a pence vertical da
cintura da frente, ocasionando um deslocamento vertical de 5 cm na barra da peça na parte das
costas.
Existiram pontos comuns que precisaram ser marcados Protótipos 1 e 2 do Corpo 3.
Na medida excedente de 3 cm, acrescentada ao longo do comprimento do centro costas de
todos os protótipos, os protótipos sofreram relaxamento de 1 cm na altura do quadril;
diminuição de 12 cm e 10 cm, respectivamente, na altura do centro costas até a pence vertical
da cintura frente; deslocamento vertical das costas de 5 cm. Nas duas peças a cava costas
necessitou de intervenções, onde foi marcado um excesso de 2,5 cm de medida na metade da
altura da cava, sendo que no primeiro protótipo a medida foi zerada a 10 cm do centro costas
e no segundo, exatamente no centro costas. Na construção do segundo protótipo foi utilizada a
tabela de medidas proposta ao longo da dissertação, escolhendo-se para o Corpo 3 o tamanho
de manequim 50. Na localização da pence do ombro-cintura, o protótipo 2 precisou ser
ajustado, fato que não ocorreu no primeiro protótipo. Isto pode ser atribuído ao fato de ter
sido utilizado o tamanho de manequim 50 para a construção do segundo protótipo, no entanto
a medida “comprimento consolidado-ombro” apresentada na tabela é 3 cm maior que a
medida do mesmo ponto no Corpo 3, podendo ter ocasionando excesso de tecido. O
surgimento da pence localizada na barra frente, abaixo do abdômen, pode ser ligado ao fato da
circunferência do quadril do Corpo 3 ser menor que a circunferência do quadril do manequim
50.
Segunda prova do corpo 4:
94

Figura 42 – Segunda prova de protótipos do Corpo 4

Lado Anterior Lateral Lado Posterior

Intervenção no abdômen Intervenção Cintura Lateral Intervenção Cintura Costas

Fonte: Autora da presente dissertação.

Surgiu necessidade de marcar o excesso de 3 cm de medida na altura do ombro do


lado da cava, sem modificar a profundidade do ombro na altura do decote; diminuição de 8
cm de profundidade na altura do centro costas, posicionada na cintura e seguindo até a pence
vertical da cintura na frente. No centro costas, na posição da cintura o protótipo precisaria de
1,5 cm de relaxamento. Na barra frente, em função do excesso de tecido causado pelo volume
do abdômen, fez-se necessário marcar o excesso de 2 cm de medida. No Corpo 4 a maior
consideração a ser feita também se deu no excesso de tecido que se formou no centro das
costas, na altura da cintura. Para a eliminação de tal excesso, foram feitos ajustes do centro
das costas até a pence vertical da cintura na frente, ocasionando um deslocamento vertical de
5 cm na barra da peça na parte das costas.
Os pontos comuns entre as intervenções sofridas pelos Protótipos 1 e 2 do Corpo 4
foram: aprofundamento da medida ombro cintura em 4 cm e 3 cm, respectivamente; na
medida excedente de 3 cm, acrescentada ao longo do comprimento do centro costas de todos
95

os protótipos, sofrendo relaxamento de 1 cm na altura da cintura; diminuição de 12 cm e 8


cm, respectivamente, na altura do centro costas até a pence vertical da cintura frente;
deslocamento vertical das costas em 5 cm. Na construção do segundo protótipo foi utilizada a
tabela de medidas proposta ao longo da dissertação, escolhendo-se para o Corpo 4 o tamanho
de manequim 48. Como o Corpo 4 tinha as medidas quase idênticas à proposta pela tabela, o
caimento da peça dos protótipos 1 e 2 ficou semelhante, divergindo basicamente entre a
diminuição da altura do centro das costas, onde no primeiro o valor ficou em 12 cm e no
segundo em 8cm.
Protótipo 2 do corpo 5:

Figura 43 – Segunda prova de protótipos do Corpo 5

Lado Anterior Lateral Lado Posterior

Intervenção no abdomên Intervenção Cintura Lateral Intervenção Cintura Costas

Fonte: Autora da presente dissertação.

As considerações a serem feitas foram: marcação da necessidade de aprofundar em 3


cm a medida ombro-cintura e pence de 2,5 cm na cava das costas. O comprimento
96

consolidado-ombro precisou ser reduzido em 3 cm, assim como a altura do centro costas na
posição da cintura, onde foi marcada a redução de 8 cm, seguindo até a pence vertical da
frente. A barra frente sofreu ajustes de largura de 2 cm abaixo do abdômen, o que ocasionou a
necessidade de aumentar em 1,5 cm a largura barra costas. Na cintura costas o protótipo
precisaria ter relaxamento de medida de 1,5 cm. No Corpo 5, assim como nos outros corpos, a
maior consideração a ser feita também se deu no excesso de tecido que se formou no centro
das costas, na altura da cintura. Para a eliminação de tal excesso, foram feitos ajustes do
centro das costas até a pence vertical da cintura na frente, ocasionando um deslocamento
vertical de 5 cm na barra da peça na parte das costas.
Os pontos comuns entre as intervenções sofridas pelos Protótipos 1 e 2 do Corpo 5
foram: aprofundamento de 3 cm da medida ombro cintura; na medida excedente de 3 cm,
acrescentada ao longo do comprimento do centro costas de todos os protótipos, sofreu
relaxamento de 1,5 cm na altura da cintura e quadril; diminuição de 7 cm e 8 cm,
respectivamente, na altura do centro costas até a pence vertical da cintura frente;
deslocamento vertical das costas em 4 cm e 5 cm respectivamente. Na construção do segundo
protótipo foi utilizada a tabela de medidas proposta ao longo da dissertação, escolhendo-se
para o Corpo 5 o tamanho de manequim 46. No segundo protótipo, o surgimento de pence na
altura da cava costas pode estar relacionado com o valor atribuído ao comprimento do tronco
frente à cintura (medida fundamental para marcar a altura das costas), que na Tabela de
medidas sugerida fica 4 cm maior que na medida coletada do Corpo 5, fazendo com que ao
provar a peça na modelo sobrasse tecido. Assim como a redução de 3 cm no comprimento
consolidado-ombro, que na Tabela de medidas ficava 3,4 cm maior que a medida coletada no
Corpo 5.
Para todos os Corpos utilizados ao longo da experimentação as peças precisaram ser
alteradas em pontos alternados, no entanto alguns deles precisaram ser marcados
unanimemente. Abaixo segue uma tabela resumida dos pontos e medidas marcadas nos
protótipos 1 e 2 dos Corpos 1 ao 5.
97

Tabela 12– Tabela comparativa das alterações nos protótipos 1 e 2 dos Corpos 1 ao 5

Corpo 1 Corpo 2 Corpo 3 Corpo 4 Corpo 5


Prova Prova Prova Prova Prova Prova
Prova 1 Prova 2 Prova 1 Prova 2
1 2 1 2 1 2
Metade da altura da pence
2 cm 2 cm --- 2 cm --- --- --- --- --- ---
superior frente
Altura do Centro Costas,
posicionado na cintura 10 cm 10 cm 11 cm 12 cm 12 cm 10 cm 12 cm 8 cm 7 cm 8 cm
costas
- 1 cm
decote + 1 cm
- 1 cm + 1 cm na
decote cintura metade + 1,5
Medida excedente de 3 + 1,5 + 3 cm + 1 cm + 3 cm + 1 cm do cm
+ 1,5 + 1,5
cm ao longo do cm na cintura cintura cintura + 1 cm decote- cintura
cm cm
comprimento do Centro cintura metade + 1 cm + 3 cm + 1 cm quadril cintura + 1,5
cintura cintura
Costas + 0,5 da quadril quadril quadril + 1,5 cm cm
cm cintura- cintura quadril
quadril quadril + 1,5 cm
+ 1 cm quadril
quadril
Deslocamento vertical da
6 cm 7 cm 6 cm 5 cm 5 cm 5 cm 5 cm 5 cm 4 cm 5 cm
Barra Costas
Medida Ombro-Cintura --- --- 3 cm 2 cm --- --- 4 cm 2,5 cm 3 cm 2,5 cm
Pence barra abaixo do
--- 2 cm 2 cm 3 cm --- 2 cm 2 cm 2 cm 2 cm 2 cm
abdômen
Profundidade da cava
--- --- --- --- 2,5 cm 2,5 cm --- --- --- 2,5 cm
frente
Profundidade da cava
--- --- --- --- 2,5 cm 2,5 cm --- --- --- 2,5 cm
costas
Descer decote frente --- --- --- 2,5 cm --- --- --- --- --- ---
Comprimento
--- --- --- --- --- 2 cm --- --- --- 3 cm
consolidado-ombro

Fonte: Autora da presente dissertação.

Acomodando os valores obtidos até o presente momento em uma tabela comparativa é


possível perceber quais foram os pontos que sofreram maiores modificações ao vestir os
protótipos nos Corpos estudados. Em todos os casos as peças tiveram a altura do centro
costas, posicionada na cintura, alterada, assim como o deslocamento vertical da barra costas e
a medida excedente de 3 cm ao longo do comprimento do centro costas. Neste último ponto,
as modificações se deram em 90% na cintura e 80% no quadril. Outro local com alterações
significativas foi o surgimento da necessidade de uma pence na barra frente, abaixo do
abdômen.
A necessidade de marcar nos protótipos o acúmulo de tecido formado na posição da
cintura, no centro das costas, provavelmente se deu em função da alteração postural causada
pela dilatação do abdômen. Knoplich (2002 p.162) adverte que, “o aumento do peso causa
um desequilíbrio da postura da pessoa, devido ao aumento da barriga (...) que resulta num
aumento da curvatura da região cervical e lombar.”
98

A seguir será apresentado como estes valores de medidas foram marcados e alterados
nas modelagens dos protótipos 1 e 2 dos Corpos 1 ao 5, possibilitando assim alterações nos
diagramas oriundos de Heinrich (2005) para corpos com sobrepeso e dar continuidade ao
passo seguinte, proposto no esquema de pesquisa.

5.3 DIAGRAMAS ADAPTADOS PARA MULHERES COM SOBREPESO

Para que fosse possível visualizar nas modelagens, quais deveriam ser as modificações
feitas nos diagramas, foi necessário desenhar a construção do molde original e sobrepor o
molde correspondente com as alterações realizadas. As imagens a seguir foram vetorizadas e
apresentam a interpretação de um dos diagramas (Corpo 5 – protótipo 1A). A primeira (figura
46), é composta pela modelagem do Corpo 5, com as medidas coletadas do respectivo Corpo.
A segunda (figura 47), possui demarcações em vermelho de onde deveriam ser feitas as
alterações, depois da prova do protótipo, no Corpo 5. Por fim, a terceira (figura 48), mostra a
sobreposição do molde original (em preto) com as modificações que ele sofreu após os ajustes
da modelagem (em vermelho).

Figura 44 – Vetorização do molde da prova 1ª do corpo 5

Fonte: Autora da presente dissertação.


99

Figura 45 – Demarcações das modificações do Molde da prova 1A do Corpo 5

Fonte: Autora da presente dissertação.

Figura 46 – Sobreposição do molde original da prova 1A com as modificações que


ele sofreu após os ajustes de modelagem.

Fonte: Autora da presente dissertação.


100

A imagem fotográfica da interpretação do diagrama, formando a modelagem do Corpo


5, na prova 1, encontra-se no APÊNDICE E. Como foi relatado anteriormente, existiram
locais nos protótipos que apresentaram variações mais recorrentes, sendo eles: altura do
centro costas, posicionada na cintura costas; deslocamento vertical da barra costas; acréscimo
de largura na cintura do centro costas; acréscimo de largura na barra do centro costas;
surgimento de pence na barra frente, abaixo do abdômen. Por estes motivos, as modelagens
oriundas após as intervenções realizadas nos moldes originais, tiveram, em sua maioria, os
mesmos deslocamentos. Houve deslocamento do molde da frente, da cintura para baixo,
fazendo com que a lateral subisse e com que a pence vertical da cintura até a barra frente
precisasse ser aberta. Foi somado à abertura da pence mencionada o valor de 2 cm, que como
foi visto na Tabela 13, foi o valor numérico que precisou ser marcado em 70% dos protótipos.
Na modelagem das costas houve uma maior modificação. Da cintura para baixo a modelagem
foi deslocada do sentido lateral para o centro das costas, sendo necessário também acrescentar
medida na barra do centro das costas. Dessa maneira, foi possível perceber que a pence da
cintura-quadril se deslocou juntamente com o molde.
Feitas essas constatações foi preciso chegar as considerações parciais sobre quais os
valores de medidas seria atribuídos para o deslocamento, em cada uma das intervenções
relatadas, uma vez que para cada um dos Corpos estudados os valores foram diferentes. Foi
observado então que na prova dos protótipos 1 e 2, 80% dos protótipos tiveram a redução da
altura do centro costas, na posição da cintura, marcadas até a pence vertical da frente, sendo
este um indicativo de que esta alteração deveria ocorrer até esta posição. Assim, excluiu-se
nas provas dos protótipos 1, os Corpos 1 e 2. Dos corpos restantes dos protótipos 1, o que
apresentou menos alterações de medidas foi o Corpo 5, além de ser o que teve a menor
medida de redução na altura do centro das costas, na posição da cintura. Sendo ele então
selecionado para análise final. Nas provas dos protótipos 2, o Corpo 4 foi o que menos
apresentou modificações, assim como foi o que teve a menor medida de redução na altura do
centro das costas, na posição da cintura. Sendo ele também escolhido para as análises finais.
A menor redução na altura do centro das costas, na posição da cintura, pareceu ser um fator
delimitante, já que os diagramas de moldes para corpos com sobrepeso não visam ser feitos
sob-medida e sim atender um maior número de público.
Escolhidos o protótipo 1 do Corpo 5 e o protótipo 2 do Corpo 4, foi realizada uma
análise de como os deslocamentos poderiam ser transferidos para os diagramas. Assim foi
montado um diagrama que respeitasse as considerações anteriores, sendo destinado para
101

corpos com sobrepeso. A seguir será apresentado o diagrama para corpos com sobrepeso e a
explicação sobre a escolha de determinadas medidas.
A sequência dos passos seguidos por Heinrich (2005) para a construção dos diagramas
procurou ser a mesma para os diagramas de corpos femininos com sobrepeso. Contudo, em
função de algumas modificações, como o alongamento do corpo até a altura do quadril, ou
pelas peculiaridades dos corpos com sobrepeso, a sequência da construção teve que ser
alterada.
No capítulo 3 foi visto que o diagrama de modelagem é construído com base em uma
Tabela de Medidas, sendo dividido entre lado anterior e posterior e subdividido entre lado
esquerdo e direito. Na bibliografia que apresenta o diagrama de Heinrich (2005) é também
sugerida uma Tabela de Medidas com base em estudos da autora, que para facilitar a
construção e tendo o intuito da melhor adaptação ao perímetro dos corpos, desmembra alguns
pontos de medidas, dando origem a outros. É o caso dos pontos circunferência busto e cintura,
que para o presente trabalho seguem a sugestão das nomenclaturas das normas da ABNT
15127 (2004) e passam a serem nominados de: perímetro do tórax/peito e perímetro da
cintura. Visualizando a Tabela de Medidas de Heinrich (2005), Anexo D, é possível verificar
que ela é dividida entre Medidas Fundamentais (circunferência do busto, cintura e quadril),
Corpo-frente, Corpo-costas, Manga e Calça. Para Heinrich (2005), Corpo-frente e Corpo-
Costas corresponde ao tronco feminino, até a altura da cintura e é dividido em duas partes
(frente e costas). Essa divisão é dada por que, para a autora, o perímetro do busto ganha mais
extensão na parte da frente, em decorrência ao volume dos seios e consequentemente menos
extensão na parte das costas. No sentido de acompanhar as modificações anteriores, ocorre
também a divisão do perímetro da cintura, apresentando a Tabela de Medidas, além dos
pontos largura do busto da frente e das costas, os pontos cintura da frente e cintura das costas.
Assim, a tabela da autora divide a circunferência do busto em duas partes e acrescenta o valor
de 2,6 cm para a largura total do busto frente e subtrai os mesmos 2,6 cm para a largura total
das costas, divide a circunferência da cintura em duas partes e acrescenta o valor de 2 cm para
a largura total da cintura frente e subtrai os mesmos 2 cm para a largura total da cintura
costas.
Visando facilitar a construção dos diagramas para corpos com sobrepeso, de maneira
que qualquer sujeito que se disponibilize a construi-los, possa aplicar suas medidas
particulares ou provenientes de qualquer outra Tabela de Medidas, tais considerações, como
102

divisão do perímetro do busto ou cintura e acréscimo ou decréscimo de medidas será dado ao


longo da construção do diagrama.
O diagrama é iniciado demarcando o comprimento do corpo frente e a largura do busto
frente, segue por determinar altura e largura do decote, assim como a altura e separação entre
as papilas mamárias, conforme propõe Heinrich (2005). Ao ajustar 1,5 cm na largura da
cintura o diagrama para corpos com sobrepeso sofre sua primeira alteração. Mediante aos
dados visualizados e medidos nas provas dos protótipos 1 e 2 dos Corpos 1 ao 5, foi possível
identificar parâmetros que possibilitassem constatar que as peças sofreram alterações na altura
do centro das costas, na posição da cintura, seguindo pela lateral até a pence vertical da
cintura frente. Dessa maneira a maioria dos protótipos teve que ser reduzido, na altura lateral
da peça, o valor de 2,5 cm, inclusive o protótipo 1 do Corpo 5 e o protótipo 2 do Corpo 4, que
foram os escolhidos para apresentarem parâmetros de valores de referência para o diagrama
dos corpos com sobrepeso. Servindo esse dado numérico como elemento relevante na
sugestão de deslocamento desse ponto no diagrama estudado. Assim, além do ajuste de 1,5
cm na largura da cintura (proposta por Heinrich, 2005), houve a redução da altura lateral, na
posição da cintura, de 2,5 cm. Tal acontecimento fez com que, da cintura para baixo, até a
altura do quadril (extensão lateral entre a cintura e o quadril), o prolongamento da pence
vertical da cintura ganhasse uma abertura em sua extremidade inferior. Outra verificação
analisada nas provas dos protótipos foi que em 80% dos casos houve excesso de tecido
localizado na barra, na posição da pence vertical da frente, sendo que em 87,5% destes o
excesso ficava em 2 cm. O acúmulo de tecido foi vinculado à dilatação do abdômen e para ser
eliminado o novo diagrama absorve-o na abertura que a pence vertical da frente ganha na
barra. Para que a abertura fique com largura equilibrada ela é dividida em duas partes,
ajustando-se então 1 cm no lado esquerdo e o outro 1 cm do lado direito. Essas intervenções
aparecem na construção do diagrama dos passos 24-25 até 28-30.
Finalizado ao lado anterior é dado início ao lado posterior e assim como o diagrama de
Heinrich (2005), o desenvolvimento do lado posterior é iniciado pela base. É solicitado que o
intérprete o inicie afastando-se em 2 cm do molde da frente, para que não haja sobreposição
de um lado sobre o outro, ficando então a lateral do molde da frente ao lado da lateral do
molde das costas. A partir daí é requerido que seja marcado, após o afastamento de 2 cm do
lado anterior, a medida de ¼ da circunferência do quadril mais 2 cm, que são os mesmos 2 cm
subtraídos na barra frente e que precisam ser novamente incorporados ao diagrama para que o
perímetro do quadril permaneça com seu valor original. Da mesma forma que o diagrama da
103

frente sofreu alterações em decorrência do excesso de medidas vertical ao longo da altura do


centro costas, na posição da cintura, também aconteceu com o lado das costas. Esse
deslocamento vertical ao longo da altura do centro costas, influenciou no deslocamento
horizontal da barra das costas, que variou entre 4 cm e 7 cm ao longo da prova de todos os
protótipos, tendo como valores médios entre 5 cm e 6 cm. No entanto, nos protótipos em que
menos houve modificações, protótipo 1 do Corpo 5 e protótipo 2 do Corpo 4, os valores
ficaram entre 5cm e 4 cm respectivamente, sendo então adotado o valor de deslocamento de 5
cm, que foi o mais recorrente no comparativo entre os valores médios de todos os protótipos e
os valores dos protótipos escolhidos como referência.
Retomando a explicação sobre a construção do lado posterior, foi definido que 5 cm
da medida de ¼ do perímetro do quadril seria destinado ao deslocamento vertical sofrido na
altura das costas, fazendo com que este valor de medida fosse marcado da extremidade oposta
à lateral das costas, para dentro. A partir da marcação destes 5 cm é que é feita a linha vertical
que irá formar o centro das costas e é onde serão marcadas as alturas de extensão lateral da
cintura e o baixo quadril e a altura do corpo costas. Na parte superior do corpo costas o
diagrama para corpos com sobrepeso segue as mesmas orientações apresentadas por Heinrich
(2005), tendo ele sofrido alterações apenas na parte inferior. Uma vez construído o diagrama
para corpos com sobrepeso, foi constatado que a pence vertical das costas, também
acompanhou o deslocamento sofrido pelo centro das costas, alterando seu ângulo em 2 cm em
direção ao centro costas.
Realizadas tais modificações, segue-se a sugestão dos passos a serem seguidos para a
construção do diagrama para corpos com sobrepeso, assim como a visualização gráfica do
mesmo.

5.4 VERIFICAÇÃO DA VESTIBILIDADE DOS DIAGRAMAS PARA MULHERES


COM SOBREPESO

Após a construção dos diagramas para mulheres com sobrepeso, foram novamente
realizados protótipos referentes às medidas corporais particulares das participantes, chamados
de protótipos 2A, assim como protótipos referentes às medidas oriundas na tabela de medidas
proposta no Capítulo 3. O enquadramento ao tamanho de manequim foi exatamente o mesmo
realizado na construção dos protótipos 1B, incluindo as eventuais adaptações que se fizeram
104

necessárias em alguns pontos de medidas para determinado Corpo. Os protótipos oriundos das
Tabelas de Medidas ganharam a nomenclatura de 2B.
A seguir seguem-se as imagens dos Corpos 1 ao 5, vestido as peças:

Figura 47 – Terceira prova de protótipos do Corpo 1

Lado Anterior Lateral Lado Posterior

Fonte: Autora da presente dissertação.

O protótipo 2A vestiu perfeitamente o Corpo 1, necessitando apenas de aumento de 1


cm na largura da cintura no centro costas. Para se verificar a evolução dos resultados obtidos,
abaixo serão disponibilizadas novamente as imagens da prova 1A e será feito um breve
comparativo entre as provas 1A e 2A.

Figura 48 – Primeira prova de protótipos do Corpo 1, lado anterior, lateral e posterior

Lado Anterior Lateral Lado Posterior


Fonte: Autora da presente dissertação.

Diferentes melhorias podem ser vistas ao comparar os protótipos 1A e 2A. A pence


vertical do ombro-busto não apresentou excesso de medidas como aconteceu na primeira
prova, o centro costas foi alfinetado do decote até a barra, necessitando ser alargado apenas
em 1 cm na altura da cintura do centro costas. No entanto, a mudança mais significativa se
105

deu com a eliminação do excesso de tecido formado no centro das costas, na posição da
cintura. Nas imagens do lado posterior e lateral da figura 49 é possível verificar como o
protótipo 2A adaptou-se perfeitamente aos contornos corporais do Corpo 1 na região lombar,
em função da adaptação do diagrama ao equilíbrio da coluna vertebral dos corpos com
sobrepeso.
A seguir serão novamente disponibilizadas as imagens do Corpo 1. Contudo a
participante estará vestindo as peças da prova 2B.

Figura 49 – Quarta prova de protótipos do Corpo 1

Lado Anterior Lateral Lado Posterior


Fonte: Autora da presente dissertação.

O protótipo 2B, que teve seu diagrama construído a partir de valores oriundos da
sugestão da Tabela de Medidas padronizada, não vestiu com perfeição o Corpo 1. Surgiu
excesso de tecido na frente superior, do decote até a altura do busto, ocasionando o
aprofundamento de 2 cm (na metade da altura) da pence ombro-busto. Houve a necessidade
de eliminar excesso de 1,5 cm de medida na largura do decote das costas, assim como o
excesso de 6 cm na altura do centro das costas, na posição da cintura costas. Na largura da
cintura costas constatou a necessidade de aumento de 1 cm.
Para poder traçar uma melhor análise da prova 2B, abaixo serão disponibilizadas as
imagens da prova 1B.
106

Figura 50 – Segunda prova de protótipos do Corpo 1, lado anterior, lateral e posterior

Lado Anterior Lateral Lado Posterior


Fonte: Autora da presente dissertação.

No comparativo das provas 1B e 2B, percebe-se que os dois protótipos sofreram


intervenções com medida de 2 cm de profundidade na metade da pence superior frente. No
centro das costas os dois protótipos apresentaram excesso de tecido na largura do decote
costas e na altura do centro costas, na posição da cintura. Considerações como necessidades
de pence na barra frente e aumento de medidas do centro costas, na largura da cintura e
largura do quadril, sofridos no protótipo 1B, foram eliminadas no protótipo 2B.
Na segunda fase, diagramas adaptados para corpos com sobrepeso, obteve-se sucesso
com moldes construídos sob-medida. No entanto, este não é o objetivo do presente trabalho e
sim propor um diagrama padronizado para corpos com sobrepeso. Para os moldes construídos
com as medidas da Tabela, as alterações foram menos significativas. Assim é provável que ao
se utilizarem medidas provenientes de Tabelas de Medidas padronizadas, os moldes não irão
acomodar-se ao corpo com a idêntica perfeição que se adaptam quando as medidas aplicadas
são tomadas diretamente do corpo que se deseja representar (sob-medida). Neste sentido será
preciso analisar as provas dos protótipos 2B nos outros corpos participantes da pesquisa.

A seguir são apresentadas as imagens das provas 2A e 2B do Corpo 2.

Figura 51 – Terceira prova de protótipos do Corpo 2

Lado Anterior Lateral Lado Posterior


Fonte: Autora da presente dissertação.
107

O protótipo 2A vestiu adequadamente o Corpo 2. No entanto, houve a necessidade de


marcar o excesso de medida de 3 cm, surgida na posição ombro-cintura, além de precisar
aumentar em 1 cm a largura da cintura no centro costas. Para facilitar a análise abaixo serão
disponibilizadas novamente as imagens da prova 1A e será feito um breve comparativo entre
as provas 1A e 2A.

Figura 52 – Primeira prova de protótipos do Corpo 2, lado anterior, lateral e posterior

Lado Anterior Lateral Lado Posterior


Fonte: Autora da presente dissertação.

No comparativo das provas 1A e 2A, percebe-se que os dois protótipos sofreram


intervenções com medida de 3 cm de profundidade na altura do ombro do lado da cava
(medida ombro-cintura), sem modificar a profundidade do ombro na altura do decote. No
centro das costas os dois protótipos apresentaram a necessidade de acréscimo de 1 cm na
largura da cintura, no centro das costas. Apesar do protótipo 2A apresentar rugas na altura do
centro costas, posicionada na cintura, não foi preciso marcar excesso de medida diminuindo a
altura do centro costas, pois se acredita que as rugas são provenientes da pouca quantidade de
tecido ao contorno do perímetro da cintura. Considerações como necessidades de pence na
barra frente sofridos no protótipo 1A, foram eliminadas no protótipo 2A.

Segue a prova 2B do Corpo 2:


108

Figura 53 – Quarta prova de protótipos do Corpo 2

Lado Anterior Lateral Lado Posterior


Fonte: Autora da presente dissertação.

O protótipo 2B não vestiu adequadamente o Corpo 2. No lado da cava, foi preciso


marcar excesso de 2 cm de profundidade na altura do ombro (medida ombro-cintura), sem
modificar a profundidade do ombro na altura do decote. Contudo, a consideração mais
relevante se deu na circunferência entre a altura da cintura e do quadril, onde, na terça parte
dessa altura, de cima para baixo, fez-se a necessidade de aumento de 4 cm de medida. Na
sequencia serão disponibilizadas as imagens da prova do protótipo 1B, visando uma melhor
compreensão do fato.

Figura 54 – Segunda prova de protótipos do Corpo 2, lado anterior, lateral e posterior

Lado Anterior Lateral Lado Posterior


Fonte: Autora da presente dissertação.

No comparativo das provas 1B e 2B, percebe-se que os dois protótipos sofreram


marcações com medida de 2 cm de profundidade na altura do ombro do lado da cava (medida
ombro-cintura), sem mudar a profundidade do ombro na altura do decote, assim como falta de
medida de circunferência entre a cintura e a altura do quadril. Intervenções como
necessidades de pence na barra frente e surgimento de excesso de medida na altura do centro
costas, posição da cintura, foram eliminadas no protótipo 2B, em função da adaptação do
diagrama ao equilíbrio da coluna vertebral dos corpos com sobrepeso.
109

O diagrama adaptado para corpos com sobrepeso, teve sucesso com a construção do
molde com as medidas coletadas do Corpo 2. Caso a modelagem fosse feita a partir da Tabela
de Medidas Padrão sugerida, seria preciso corrigi-la, acrescentando medidas na circunferência
entre a altura da cintura e do quadril. Nas duas fases foi preciso marcar o excesso de tecido
formado na altura do ombro do lado da cava (medida ombro-cintura).
Seguem-se as provas dos protótipos do Corpo 3.

Figura 55 – Terceira prova de protótipos do Corpo 3

Lado Anterior Lateral Lado Posterior


Fonte: Autora da presente dissertação.

O protótipo 2A vestiu adequadamente o Corpo 3, surgindo sobra de tecido na pence


vertical da cintura-quadril frente e na cava costas. No entanto, para se verificar a evolução
dos resultados obtidos, abaixo serão disponibilizadas novamente as imagens da prova 1A e
será feito um breve comparativo entre as provas 1A e 2A.

Figura 56 – Primeira prova de protótipos do Corpo 3, lado anterior, lateral e posterior

Lado Anterior Lateral Lado Posterior


Fonte: Autora da presente dissertação.

Diversas melhorias podem ser vistas ao comparar os protótipos 1A e 2A. No molde


para corpos com sobrepeso, a pence da cava frente não sofreu intervenções de largura como
aconteceu na primeira prova e surgiu necessidade de aumentar 1 cm de largura, apenas na
altura da cintura do centro costas. Assim como nas outras provas 2A e 2B, a mudança mais
significativa se deu com a eliminação do excesso de tecido formado no centro das costas, na
110

posição da cintura, em função da adaptação do diagrama ao equilíbrio da coluna vertebral dos


corpos com sobrepeso. Nas imagens do lado posterior e lateral da figura 57 é possível
verificar como o protótipo 2A adaptou-se perfeitamente aos contornos corporais do Corpo 3,
na região lombar, em função da adaptação do diagrama ao equilíbrio da coluna vertebral dos
corpos com sobrepeso. A pence da cava costas, continuou existindo na prova 2A, assim como
sua profundidade, que foi de 2,5 cm, tanto na prova 1A como na 2A.
A seguir serão novamente disponibilizadas as imagens do Corpo 3. No entanto, a
participante estará vestindo as peças da prova 2B.

Figura 57 – Quarta prova de protótipos do Corpo 3

Lado Anterior Lateral Lado Posterior


Fonte: Autora da presente dissertação.

O protótipo 2B, que teve seu diagrama construído a partir de valores oriundos da
sugestão da Tabela de Medidas padronizada, vestiu adequadamente o Corpo 3. Surgiu excesso
de tecido na frente superior, do decote até a altura do busto, ocasionando o aprofundamento
da pence ombro-busto. Houve a necessidade de eliminar excesso de 1,5 cm de medida na
altura da cava costas e excesso de 2,5 cm na largura do ombro (consolidado-ombro).
Para poder traçar uma melhor análise da prova 2B, abaixo serão disponibilizadas as
imagens da prova 1B.

Figura 58 – Segunda prova de protótipos do Corpo 3, lado anterior, lateral e posterior

Lado Anterior Lateral Lado Posterior


Fonte: Autora da presente dissertação.
111

No comparativo das provas 1B e 2B, percebe-se que os dois protótipos sofreram


intervenções no comprimento consolidado-ombro, necessidade de aprofundamento da pence
vertical do ombro-busto, para eliminar excesso de tecido entre decote e busto, além de
surgimento de pence na altura da cava costas. Considerações como necessidades de pence na
barra, frente aumento de medidas na largura do centro costas, diminuição da altura do centro
costas, na posição da cintura, sofridos no protótipo 1B, foram eliminadas no protótipo 2B.
Na segunda fase, diagramas adaptados para corpos com sobrepeso, obteve-se sucesso
tanto como nos moldes construídos sob-medida, como nos feitos a partir da Tabela de
Medidas Padronizada sugerida. Sendo preciso corrigir os protótipos das provas 1B e 2B,
apenas conforme as particularidades corporais do Corpo 3.
A seguir dar-se-á as imagens e resultados das provas do Corpo 4:
Figura 59 – Terceira prova de protótipos do Corpo 4

Lado Anterior Lateral Lado Posterior


Fonte: Autora da presente dissertação.

O protótipo 2A vestiu satisfatoriamente o Corpo 4, surgindo sobra de tecido de 4 cm


na altura do ombro do lado da cava (medida ombro-cintura); necessidade de acréscimo de 1
cm na largura da cintura no centro costas; e sobra de 1 cm de tecido na barra frente. Para se
verificar a evolução dos resultados obtidos, abaixo serão disponibilizadas novamente as
imagens da prova 1A e será feito um breve comparativo entre as provas 1A e 2A.

Figura 60 – Primeira prova de protótipos do Corpo 4, lado anterior, lateral e posterior

Lado Anterior Lateral Lado Posterior


Fonte: Autora da presente dissertação.
112

Diferentes melhorias podem ser vistas ao comparar os protótipos 1A e 2A. Os dois


protótipos sofreram intervenções com medida de 4 cm de profundidade na altura do ombro do
lado da cava (medida ombro-cintura), sem modificar a profundidade do ombro na altura do
decote. A pence da barra frente diminuiu de 2 cm na peça 1A para 1 cm na 1B, a necessidade
de aumento da largura do centro costas na posição da cintura também diminuiu, indo de 1,5
cm para 1 cm respectivamente. Contudo, a mudança mais significativa se deu com a
eliminação do excesso de tecido formado no centro das costas, na posição da cintura. Nas
imagens do lado posterior e lateral é possível verificar como o protótipo 2A adaptou-se
perfeitamente aos contornos corporais do Corpo 4, na região lombar.
Dando continuidade às análises segue-se a prova 2 do Corpo 4:

Figura 61 – Quarta prova de protótipos do Corpo 4

Lado Anterior Lateral Lado Posterior


Fonte: Autora da presente dissertação.

O protótipo 2B vestiu satisfatoriamente o Corpo 4, surgindo sobra de tecido de 2 cm


na altura do ombro do lado da cava (medida ombro-cintura) e necessidade de acréscimo de 1
cm na largura da cintura no centro costas. Para se verificar a evolução dos resultados obtidos,
abaixo serão disponibilizadas novamente as imagens da prova 1B e será feito um breve
comparativo entre as provas 1B e 2B.

Figura 62 – Segunda prova de protótipos do Corpo 4, lado anterior, lateral e posterior

Lado Anterior Lateral Lado Posterior


Fonte: Autora da presente dissertação.
113

No comparativo das provas 1B e 2B, percebe-se que os dois protótipos sofreram


intervenções de 2 cm na altura do ombro do lado da cava (medida ombro-cintura) e
necessidade de acréscimo de 1 cm de medida na largura da cintura no centro das costas.
Considerações como necessidades de pence na barra frente e diminuição da altura do centro
costas, na posição da cintura, sofridos no protótipo 1B, foram eliminadas no protótipo 2B.
Na segunda fase, diagramas adaptados para corpos com sobrepeso, obteve-se sucesso
tanto como nos moldes construídos sob-medida, como nos feitos a partir da Tabela de
Medidas Padronizada sugerida. Sendo preciso corrigir os protótipos das provas 1B e 2B,
apenas conforme as particularidades corporais do Corpo 4.

A seguir será apresentada as provas 2 do Corpo 5:

Figura 63 – Terceira prova de protótipos do Corpo 5

Lado Anterior Lateral Lado Posterior


Fonte: Autora da presente dissertação.

O protótipo 2A vestiu perfeitamente o Corpo 5, surgindo sobra de tecido de 3 cm na


altura do ombro do lado da cava (medida ombro-cintura). Para se verificar a evolução dos
resultados obtidos, abaixo serão disponibilizadas novamente as imagens da prova 1A e será
feito um breve comparativo entre as provas 1A e 2A.

Figura 64 – Primeira prova de protótipos do Corpo 5, lado anterior, lateral e posterior

Lado Anterior Lateral Lado Posterior


Fonte: Autora da presente dissertação.
114

Diferentes melhorias foram verificadas ao comparar os protótipos 1A e 2A. O excesso


de tecido de 3 cm surgido na altura do ombro do lado da cava (medida ombro-cintura) do
protótipo 2A, continuou com o mesmo valor que no protótipo 1A. Porém esta foi à única
intervenção feita no protótipo 2A, considerações como pence na barra frente, aumento da
largura costas ou diminuição da altura do centro costas, na posição da cintura, não surgiram
neste protótipo. Nas imagens do lado posterior e lateral da figura 65, é possível verificar
como o protótipo 2A adaptou-se perfeitamente aos contornos corporais do Corpo 5, na região
lombar.

A seguir serão novamente disponibilizadas as imagens do Corpo 1. Contudo a


participante estará vestindo as peças da prova 2B.

Figura 65 – Quarta prova de protótipos do Corpo 5

Lado Anterior Lateral Lado Posterior


Fonte: Autora da presente dissertação.

O protótipo 2B, que teve seu diagrama construído a partir de valores oriundos da
sugestão da Tabela de Medidas Padronizada, vestiu adequadamente o Corpo 5. Contudo,
surgiu excesso de tecido de 3,5 cm na altura do ombro do lado da cava (medida ombro-
cintura) e constatou-se a necessidade de diminuir o comprimento consolidado-ombro em 2,5
cm.
Para poder traçar uma melhor análise da prova 2B, seguem disponibilizadas as
imagens da prova 1B.
115

Figura 66 – Segunda prova de protótipos do Corpo 5, lado anterior, lateral e posterior

Lado Anterior Lateral Lado Posterior


Fonte: Autora da presente dissertação.

No comparativo das provas 1B e 2B, verificou-se que os dois protótipos sofreram


intervenções de medida na altura do ombro do lado da cava (medida ombro-cintura), sem
modificar a profundidade do ombro na altura do decote, no protótipo 1B o valor ficou em 2,5
cm e no 2B em 3,5 cm. O comprimento consolidado-ombro também precisou ser alterado
tanto no protótipo 1B como no 2B, ficando com medidas de 2,5 cm nos dois casos.
Considerações como necessidades de pence na barra frente, aumento de medidas ao longo do
centro costas e diminuição da altura do centro das costas na posição da cintura, sofridos no
protótipo 1B, foram eliminadas no protótipo 2B.
Na segunda fase, diagramas adaptados para corpos com sobrepeso, é possível afirmar
que houve sucesso com o molde construído sob-medida e com o molde realizado a partir da
Tabela de Medidas Padrão sugerida. As intervenções marcadas nas provas são provenientes
das particularidades de cada corpo.
Como na primeira fase de experimentação, a seguir é fornecida uma tabela
comparativa com as intervenções sofridas nos protótipos 1B e 2B, na prova dos Corpos 1 ao
5, objetivando verificar se o diagrama proposto para corpos com sobrepeso ainda precisa de
ajustes.

Tabela 13 – Tabela comparativa das alterações nos protótipos 3 e 4 dos Corpos 1 ao 5

Corpo 1 Corpo 2 Corpo 3 Corpo 4 Corpo 5


Prova Prova Prova Prova Prova Prova Prova Prova Prova Prova
1 2 1 2 1 2 1 2 1 2
Metade da altura da pence superior frente --- 2 cm --- --- --- 1 cm --- --- --- ---
Altura do Centro Costas, posicionado na
--- 6 cm --- --- --- --- --- --- --- ---
cintura costas

continua
116

Continuação
Corpo 1 Corpo 2 Corpo 3 Corpo 4 Corpo 5
+ 1 cm
-1,5 cm
cintura
largura
do
Medida excedente de 2 cm ao longo do + 1 cm + 1 cm + 4 cm + 1 cm + 1 cm + 1 cm
decote --- --- ---
comprimento do Centro Costas cintura cintura entre cintura cintura cintura
cintura
+ 1cm
e
cintura
quadril

3,5
Medida Ombro-Cintura --- --- 3 cm 2 cm --- --- 4 cm 2 cm 3 cm
cm
Pence barra abaixo do abdômen --- --- --- --- --- --- 1 cm --- --- ---
2,5 1,5
Profundidade da cava costas --- --- --- --- --- --- --- ---
cm cm
2,5 2,5
Comprimento consolidado-ombro --- --- --- --- --- --- --- ---
cm cm
Pence meio do abdômen --- --- --- --- 1 cm --- --- --- --- ---

Fonte: Autora da presente dissertação.

Verificando os valores obtidos na tabela comparativa é possível perceber quais foram


os pontos que sofreram maiores modificações ao vestir os protótipos nos Corpos estudados.
Em 70% dos casos as peças necessitaram de aumento da largura da cintura no centro das
costas e em 60% dos casos diminuição da altura do ombro cintura, oscilando entre 2 cm a
4cm. Outros pontos de medidas variaram inexpressivamente para que fossem consideradas
modificações no novo diagrama proposto. Considerando que uma modelagem nunca pode
ficar menor que o perímetro do corpo, a alteração de aumento de 1 cm na largura do centro
costas, na posição da cintura será relevante para a alteração do diagrama proposto. Contudo,
no ponto de medida ombro-cintura tal intervenção não será feita, pois caso seja realizada é
possível que a peça não vista adequadamente em corpos que a medida ombro-cintura seja
maior. Ao observar a tabela 11, é visível a diminuição de intervenções que precisaram ser
feitas nos moldes construídos a partir dos diagramas específicos para corpos com sobrepeso.
Após ampla análise dos protótipos oriundos dos diagramas de Heinrich (2005), nas
medidas coletadas dos Corpos 1 ao 5 e do enquadramento destes corpos na Tabela de Medidas
Padrão proposta pelo presente trabalho, foi possível identificar parâmetros que pudessem
ajudar na formação de diagramas específicos para corpos com sobrepeso. Objetivando
resultados consistentes após a construção deste novo diagrama, foram realizados novos
protótipos, aplicando a eles exatamente os mesmos valores de medidas aplicados na primeira
fase, ou seja, medidas coletadas dos Corpos 1 ao 5 e do enquadramento destes corpos na
Tabela de Medidas Padrão sugerida pelo presente trabalho. Com estes resultados foi possível
117

identificar que os novos diagramas possibilitam a construção de peças que cubram


adequadamente as particularidades comuns dos corpos com sobrepeso, tais como o volume do
abdômen e o equilíbrio da coluna vertebral. Em relação ao abdômen foi possível verificar que
em decorrência do aumento de seu volume, houve o surgimento de excesso de tecido abaixo
dele, na barra frontal de todos os protótipos que não estavam adaptados para os corpos com
sobrepeso. Já os moldes provenientes dos diagramas de Heinrich (2005), como não estavam
modelados para corpos com sobrepeso, tiveram o comprometimento do caimento da peça
sobre o corpo na posição da coluna vertebral (região lombar), em função da não adaptação
deles para as particularidades desses corpos. Ao remodelá-los foi possível eliminar o excesso
de tecido formado na região lombar, que provavelmente se originou em decorrência da
alteração do ponto de equilíbrio da coluna cervical em função do volume abdominal.
A seguir são disponibilizadas as imagens dos Corpos 1 ao 5 para se verificar a
distribuição dos volumes e equilíbrio corporal.

Figura 67- Distribuição dos volumes e equilíbrio corporal dos Corpos 1 ao 5

Corpo 1 Corpo 2 Corpo 3 Corpo 4 Corpo 5


Fonte: Autora da presente dissertação.

Assim, no APÊNDICE F e a seguir, o passo-a-passo e o gráfico para a construção do


diagrama para corpos femininos com sobrepeso encontram-se corrigidos e disponibilizados,
aspirando contribuir ao meio acadêmico.
118

5.5 DIAGRAMA DA BASE SUPERIOR DO CORPO FEMININO PARA CORPOS COM


SOBREPESO

TRAÇADO DO MOLDE BÁSICO DO 5-16 – Una com uma linha, definindo a linha do
CORPO FEMININO COM SOBREPESO ombro do molde;
14-17 – Coloque o valor da tabela abaixo,
FRENTE esquadrando pela linha 3-4. Esta medida definirá a
1-2 – Marque a medida do comprimento do profundidade da cava da frente;
tronco frente à cintura; Tam 44 46 48 50 52
2-3 – Determine ¼ do perímetro do tórax/peito 14-15 5,7 6 6,3 6,6 6,9
mais 1,3 cm;
3-4 – Marque a medida do comprimento do 17-18 – Esquadre uma linha, usando como
tronco frente à cintura; referência a linha dos pontos 14-17, até encontrar
1-5 – Marque ½ largura do decote da frente; alinha do ombro do molde;
1-6 – Determine o comprimento do decote da 19 – Meça a linha 17-18 e calcule 1/3 desta
frente; medida, o valor encontrado marque de 17-19;
Una os pontos 5-6 com uma curva formando o 16-19-14 – Una com curva formando a cava da
decote frente; frente;
7 – Marque o ponto 7 na metade da medida de 6- 20 – Marque na metade da reta 5-16, este ponto
2 (centro-frente); será o centro da pence;
7-8 – Coloque ½ da largura entre papilas 20-21 e 20-22 – Meça a linha 5-16 e subtraia o
mamárias; valor do comprimento consolidado-ombro. Para
O ponto 8 representa o ponto do busto; cada lado do centro da pence (ponto 20), coloque
8-9 – Esquadrar a linha 7-8, até encontrar a linha metade deste valor;
2-3; 8-20 e 8-22 – Una com retas formando a pence do
3-10 – Coloque 1,5 cm; ombro;
10-11 – Suba 2,5 cm em linha esquadrada.Usar 2-23 – Marque a extensão lateral entre a cintura e
como referência a linha 2-3; o quadril;
Meça a linha 2-10 e diminua do valor encontrado, 23- 24 – Marque a mesma medida de 2-9;
a medida de ¼ do perímetro da cintura mais 1 24-25 – Marque 1 cm;
cm; Prolongar a linha 23-24 em aproximadamente 10
Coloque metade da diferença para cada lado de 9; cm;
8-12, 8-13 e 11-13 – Unir com linha reta 26 – Marcar a extensão lateral entre a cintura e o
formando a pence da cintura; baixo quadril. Para isto, esquadrar linha reta,
11-14 – Marque a medida do comprimento usando como referência a linha 11-13. Após unir
lateral, através de linha inclinada, estando o ponto os pontos 11-26 com linha curva;
14 junto da linha 3-4. (Posicione a régua com seu Calcular ¼ do perímetro do baixo quadril
ponto Zero ao ponto 11 do molde e marque a subtraindo desta medida o valor de 23-25 e
medida do comprimento lateral onde esta subtraindo também 1 cm;
encontrar a linha 3-4); 26-27 – O resultado da subtração anterior marcar
3-15 – Marque a medida do comprimento ombro- de 26-27. (Posicione a régua com seu ponto Zero
cintura; ao ponto 26 do molde e o resultado encontrado
15-16 – Esquadre 1,3 cm, usando como onde este encontrar a linha feita do prolongamento
referência a linha 3-4; dos pontos 23-24);
28 – Marcar na metade de 9-24;
28-29 – Marcar 1 cm;
119

28-30 – Marcar 2 cm; molde e marque a medida do comprimento lateral


12-29-25 e 13-30-27 – Unir formando dando onde esta encontrar a linha 36-44);
continuidade à pence da cintura. 45-46 – Marque o ponto 46 sobre a reta 35-38.
COSTAS Para isto, esquadrar linha reta, usando como
31-32 – Marcar 2 cm; referência a linha 36-44 e o ponto 45;
32-33 – Determinar ¼ do contorno do quadril 46-47 – Coloque a ½ da largura entre papilas
mais 2 cm; mamárias mais 0,5 cm;
33-34 – Marcar 5 cm; 48 – Marcar na metade de 39-43;
34-35 - Marcar a extensão lateral entre a cintura 48-49 e 48 50 – Para cada lado de 48 marque
e o baixo quadril. Para isto, esquadrar linha reta, metade de 1,6 (valor da pence do ombro costas);
usando como referência a linha 32-34; 47-50 – Una com reta auxiliar;
35-36 - Determine ¼ do perímetro do tórax/peito 50-51 – Partindo do ponto 50, marque o ponto 51,
menos 1,3 cm; colocando 7 cm;
36-37 – Marque 1 cm; 49-51 e 50-51 – Una com linha reta formando a
37-32 – Una com linha reta, conferindo (partindo pence do ombro costas;
do ponto 37) se o comprimento da linha é Marque o ponto 52 partindo do ponto 45 com o
correspondente à medida da extensão lateral valor da tabela abaixo. Esta medida definirá a
entre cintura e quadril. Após correção, una os profundidade da cava das costas;
pontos com linha curva; Tam 44 46 48 50 52
33-35 – Una os pontos com linha reta, conferindo 45-52 3,9 4,2 4,5 4,8 5,1
(partindo do ponto 35) se o comprimento da
linha é correspondente à medida da extensão Marque 53 num ângulo de 45° em relação à reta
lateral entre a cintura e quadril. 45-46, partindo do ponto 52 , medindo 1,5 cm;
35-X – Marque 1 cm. Una os pontos com linha 43-53-45 - Una com curva formando a cava das
curva; costas;
35-38 - Marque a medida do comprimento do 47-54 - Marque o ponto 54 sobre a reta 35-37.
tronco frente à cintura; Para isto, esquadrar linha reta, usando como
38-39 - Marque ½ da largura do decote das referência a linha 46-45 e o ponto 47;
costas; Meça a linha 35-37 e diminua do valor
38-40 - Determine o comprimento do decote das encontrado, a medida de ¼ do perímetro da cintura
costas; menos 1 cm;
40-41 – Marque ½ largura do decote das costas; Coloque metade da diferença para cada lado de 54;
39-40 – Una com curva formando o decote das 54-57 - Marque o ponto 57 a partir do ponto 54.
costas; Para isto, esquadrar linha reta, usando como
X-38 – Una com uma reta; referência a linha 35-37, determinando o valor de
Marque o ponto 42 1 cm acima do ponto 15, na 15 cm entre 54-57;
linha 3-4; 57-58 – Marque o ponto 58 a partir do ponto 57.
39-42 – Una com linha reta; Para isto, esquadrar linha reta, usando como
39-43 – Marque o ponto 43 colocando a medida referência a linha 54-57, determinando o valor de
do comprimento consolidado-ombro mais 1,6 cm 2 cm entre 57-58;
(pence do ombro costas); 47-55-58-56-47 – Una formando a pence vertival
36-44 – Marque a medida do comprimento do das costas;
tronco frente à cintura. Para isto, esquadrar linha Marque o sentido do fio do tecido paralelamente
reta, usando como referência a linha 35-36; ao Centro da Frente e ao Centro das Costas
37-45 - Marque a medida do comprimento
lateral, através de linha inclinada, estando o
ponto 45 junto da linha 35-36. (Posicione a régua
com seu ponto zero ao ponto 37 do
120

Figura 68 - Diagrama da base superior do corpo feminino para sobrepeso


121

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em virtude dos aspectos mencionados ao longo dessa dissertação, constatou-se que os


estudos sobre Design são muito relevantes para a sociedade como um todo. Cabe ao designer
incluí-los em seus projetos, estudos e levantamentos sobre diferentes áreas, a fim de agregar
aos produtos qualidades que satisfaçam o usuário não apenas esteticamente, mas também, em
suas funções prático-técnicas. Sendo assim, a partir do tema proposto para esta pesquisa –
“Parâmetros para construção de blocos básicos de modelagem industrial no vestuário para
corpos femininos com sobrepeso” – foram definidos diferentes assuntos que o trabalho
deveria abordar para que tivesse uma estrutura sólida e cumprisse seus objetivos.
A fundamentação teórica, referenciada nos capítulos 2 e 3, forneceu o lastro teórico do
trabalho, apresentando conceitos e informações sobre Design, Ergonomia, Corpo, Sobrepeso,
Tabela de Medidas e Modelagem Industrial. A revisão de literatura sobre Ergonomia mostrou
que ela possui uma importante aplicação para o projeto e elaboração do vestuário, em virtude
de seus princípios estarem relacionados com a melhoria do conforto, bem-estar e saúde de
seus usuários.
As pessoas buscam e adquirem produtos que atendam além de funções estéticas e
simbólicas, funções práticas, diretamente relacionadas com questões de uso, ligada por sua
vez principalmente à ergonomia física e a questões técnicas. A ergonomia física, que se ocupa
entre outros assuntos da antropometria, nos foi fundamental para verificar a interação do
sujeito com o vestuário, levando em consideração formas e tamanhos.
O trabalho desenvolvido verifica variações corporais dentro do mesmo sexo, trazendo
definições classificatórias sobre biótipos, de diferentes estudiosos e adotando a escala dos
autores Thompson e Gray. A escala, por apresentar nove padrões biótipos, tanto femininos
quanto masculinos, com diferenças entre si, mostrou ser mais completa na ajuda da
identificação análogo-visual de mulheres com sobrepeso. Classificação esta que contou com o
enquadramento prévio do grupo focal na faixa de sobrepeso, definida pelo IMC de cada
participante. Tais classificações tornaram-se fundamentais, pois delimitaram parâmetros para
a identificação de mulheres que estejam com sobrepeso, tornando possível, a partir dos
resultados obtidos, direcionar a construção de diagramas de modelagem industrial para estes
corpos.
A indústria de vestuário adota Tabelas de Medidas Padronizadas para a construção de
roupas, visando projetar produtos dimensionados para faixas de população. Juntamente com
122

as Tabelas de Medidas, é necessário trabalhar com diagramas de modelagem que


possibilitarão a representação bidimensional de um corpo que é tridimensional. No entanto os
resultados obtidos, por serem utilizados diagramas também padronizados, correspondem à
representação de corpos sempre com o mesmo formato, não respeitando as diferenças
corporais principalmente de pessoas que apresentam acúmulo de gordura em regiões corporais
específicas. Nesse sentido, o trabalho verifica a vestibilidade de diagramas de modelagem
industriais padronizados, em corpos que se encontram com sobrepeso, prevendo a
identificação de parâmetros que possam ser incorporados aos diagramas existentes para dar
origem a novos diagramas especificamente projetados para as formas corporais desse grupo
de pessoas.
Para tanto foi delimitado um grupo focal, de quem a pesquisadora coletou medidas
individuais, dos pontos de medidas necessários para a construção de diagramas de modelagem
industrial do corpo feminino. Os diagramas foram testados, tanto com o cruzamento das
medidas corporais individuais das participantes, como com o cruzamento das medidas
disponibilizadas na tabela de medidas sugerida pela autora, montada após comparações entre
tabelas dadas por três referências bibliográficas pré-escolhidas, juntamente com as normas
NBR 13377 e NBR 15127 da ABNT. Cada referência bibliográfica sugeria também um
diagrama, no entanto, apenas um deles foi escolhido para a aplicação dos testes, sendo ele o
que mais apresentou valores atribuídos aos pontos de medidas fundamentais na Tabela de
Medidas sugerida.
As análises das provas dos protótipos 1 e 2, feitas a partir de diagramas e adotando
valores provenientes das medidas individuais das participantes e da Tabela de Medidas
proposta, respectivamente, indicaram excesso ou falta de medida em alguns locais nos
protótipos. Servindo assim como fundamento para que surgisse a identificação dos primeiros
parâmetros que os diagramas deveriam sofrer. Uma vez corrigido o diagrama base original,
foi dado seguimento para a segunda fase do experimento, composta pela testagem se o novo
diagrama adaptava-se ao corpo do grupo focal. Aplicando novamente as medidas individuais
e as provenientes da Tabela de Medidas proposta para a construção dos diagramas, foram
originados os protótipos 3 e 4, novamente experimentados pelas participantes. Com isto foi
possível perceber a grande evolução que as modelagens tiveram, podendo então se comprovar
que o diagrama de modelagem pode e deve ser adaptado para diferentes formas corporais
objetivando melhor vestibilidade e conforto. Como parâmetros para a construção de blocos
básicos de modelagem industrial no vestuário para corpos com sobrepeso, identificaram-se as
123

alterações dos protótipos oriundos de diagramas padronizados, a Tabela de Medidas que


auxiliou no desenvolvimento das modelagens e os passos para a construção dos diagramas.
Com eles foi possível desenvolver um diagrama de modelagem para vestuário feminino,
destinado a atender as particularidades de determinado grupo de pessoas.
Por todo o exposto, é imprescindível que ao modelar uma roupa, além da utilização da
Tabela de Medidas, o profissional, no momento da construção dos diagramas básicos, tenha
conhecimento sobre as formas corporais do grupo ao qual a peça será destinada, prevendo
neles alterações que permitam ao produto final permear adequadamente às formas corporais,
possibilitando conforto e bem-estar. Como resultado, o APÊNDICE F, apresenta o referido
diagrama do corpo feminino para mulheres com sobrepeso, que foi construído a partir de
experimentações em mulheres nessa condição, testado tanto com o cruzamento de medidas
provenientes de Tabela de Medidas padronizada, como com as medidas coletadas
individualmente (sob-medida), garantindo assim sua eficiência.
Ao longo do trabalho, portanto, contemplam-se os objetivos específicos, pois foi
esclarecido que as tabelas de medidas disponíveis nas bibliografias nacionais consideram sim
corpos de mulheres com sobrepeso, mas devem ter suas faixas de numeração aumentadas até
os tamanhos propostos pela NBR 13377; foi comprovado que os diagramas de modelagem
devem ser adaptados para mulheres com sobrepeso; e que o aprimoramento da construção dos
diagramas de modelagem do corpo base feminino para corpos com sobrepeso foi realizado.
Reforçando ainda mais a importância do trabalho, ao longo dele foram citados dados
da última pesquisa divulgada pelo IBGE, em que 48% das mulheres brasileiras estão com
sobrepeso. Os resultados obtidos pela experimentação nos levam a crer que esta grande
parcela de mulheres possivelmente têm dificuldades em encontrar roupas que se adaptem
adequadamente aos seus corpos, uma vez que as roupas são construídas a partir de diagramas
básicos.
Conclui-se, portanto, que a determinação de parâmetros para a construção de blocos
básicos para corpos femininos com sobrepeso traz uma nova perspectiva acerca de um
processo de intervenção ergonômica na modelagem industrial do vestuário, prevendo
melhorias em produtos, gerando satisfação, atendendo funções práticas e proporcionando
maior conforto e bem-estar.
A autora acredita que assim como o estudo foi realizado para atender corpos que
apresentassem sobrepeso, também possa ser empregado para prever parâmetros para a
124

construção de blocos básicos de modelagem industrial no vestuário para corpos femininos


com obesidade.
125

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APÊNDICES

APÊNDICE A - Variação de valores entre pontos de medidas das tabelas de Senac (1995), Heinrich
(2005) e Saggese (2008)

Senac (1995) cm

Variação
Medida do Corpo Tamanho
(cm)
38 40 42 44
Comprimento consolidado - ombro --- --- --- --- ---
Comprimento de ombro a ombro 35 36 37 38 1
Comprimento do decote da frente --- --- --- --- ---
Comprimento do decote das costas --- --- --- --- ---
Comprimento do tronco frente à cintura --- --- --- --- ---
Comprimento lateral --- --- --- --- ---
Extensão do tronco posterior 41,5 42 42,5 43 0,5
Extensão lateral entre a cintura e o baixo quadril 20 20 20 20 0
Largura do decote da frente --- --- --- --- ---
Largura do decote das costas --- --- --- --- ---
Largura entre papilas mamárias 18 19 20 21 1
Perímetro da cintura 64 68 72 76 4
Perímetro do baixo quadril 92 96 100 104 4
Perímetro do tórax/peito 84 88 92 96 4

Heinrich (2005) cm

Variação
Medida do Corpo Tamanho
(cm)
38 40 42 44
Comprimento consolidado - ombro 12 12,3 12,6 12,9 0,3
Comprimento de ombro a ombro 40,4 42,4 44,4 46,4 2
Comprimento do decote da frente 6,75 7 7,25 7,5 0,25
0,25 a cada
Comprimento do decote das costas 2,5 2,5 2,75 2,75
2 tamanhos
Comprimento do tronco frente à cintura 43,5 44,5 45,5 46,5 1
Comprimento lateral 20 20,5 21 21,5 0,5
Extensão do tronco posterior --- --- --- --- ---
Extensão lateral entre a cintura e o baixo quadril 18 18 20 20
130

1 a cada 2
Largura do decote da frente 12 13 14 14
tamanhos
0,5 a cada 2
Largura do decote das costas 6,5 7 7,5 7,5
tamanhos
Largura entre papilas mamárias 16 17 18 20 1
Perímetro da cintura 66 70 74 78 4
Perímetro do baixo quadril 90 94 98 102 4
Perímetro do tórax/peito 86 90 94 98 4

Duarte e Saggese (2008) cm

Variação
Medida do Corpo Tamanho
(cm)
38 40 42 44
0,5 a cada 2
Comprimento consolidado - ombro 12,2 12,7 13,3 13,3
tamanhos
Comprimento de ombro a ombro 38 39 40 41 0,5
Comprimento do decote da frente --- --- --- --- ---
Comprimento do decote das costas --- --- --- --- ---
0,5 a cada 2
Comprimento do tronco frente à cintura 44 45 45 45,5
tamanhos
Comprimento lateral 21 21,5 21,5 21,8 ---
0,5 a cada 2
Extensão do tronco posterior 43,5 44,5 44,5 45
tamanhos
Extensão lateral entre a cintura e o baixo quadril --- --- --- --- ---
Largura do decote da frente --- --- --- --- ---
Largura do decote das costas --- --- --- --- ---
Largura entre papilas mamárias 9 10 10 10
Perímetro da cintura 64 68 72 76 4
Perímetro do baixo quadril 92 96 100 104 4
Perímetro do tórax/peito 84 88 92 96 4
131

APÊNDICE B – Termo de consentimento

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

VOCÊ está sendo CONVIDADA a participar de uma pesquisa desenvolvida pelo Curso de Mestrado
em Design do Centro Universitário Ritter dos Reis – Uniritter. Os pesquisadores responsáveis são Luciana
Borges Soares e Prof. Orientadora Daiane Plestch Heinrich.

O OBJETIVO deste trabalho é propor diagramas de modelagem, da base superior do corpo feminino,
que contemple corpos com sobrepeso.

COMO FAREMOS ISSO?

Através de questionários, medições do corpo das participantes, e ainda, através de provas de


protótipos de modelagem (peça de roupa).

1. Questionários, registrados na forma escrita e/ou por e-mail;


2. Entrevistas individuais estruturadas, medições dos corpos, e registro do corpo através de fotografia
vestido com top e bermuda de lycra;
3. Prova das peças piloto e registro fotográfico;
4. Análise das peças nas participantes, marcações de possíveis alterações nas peças e registro
fotográfico.

A SUA PARTICIPAÇÃO CONSISTIRÁ NAS DUAS FORMAS ABAIXO:

1. QUESTIONÁRIO: Respondendo ao questionário de forma escrita ou por e-mail.


2. GRUPO FOCAL:

- Disponibilizando-se a que a pesquisadora faça a medição corporal da participante e fotografe-a,


utilizando peças de roupas de lycra que preservem o corpo da participante. Isto se dará em dias
marcados e locais combinados entre as partes.

- Disponibilizando-se a provar os protótipos (peça de roupa) e que a pesquisadora execute marcações


nos protótipos, ainda assim, que a pesquisadora fotografe a participante.

- Para preservar a imagem da participante a pesquisadora compromete-se em inserir as imagens do


corpo da participante na presente pesquisa, sem mencionar o nome ou mostrar o rosto da participante.

Página 1 de 2
132

Marque as opções relacionadas à sua participação:

( ) Questionário

( ) Grupo focal

ATENÇÃO:

- A sua participação neste estudo é totalmente voluntária.

- As medições, prova de protótipos ou fotografias poderão gerar desconforto, por isso, mesmo que tenha
concordado em participar desta pesquisa, você poderá desistir a qualquer momento, sem ter que dar qualquer
justificativa ou explicação.

- Todas as informações de identificação pessoal coletadas serão mantidas de forma confidencial.

- O seu nome não será vinculado aos resultados desse estudo quando os mesmos forem publicados.

- As informações sobre a pesquisa serão utilizadas apenas pelo grupo de pesquisadores deste projeto.

- Somente a Mestranda-Pesquisadora e sua Professora Orientadora terão acesso às informações


coletadas na pesquisa. Garantindo a preservação do anonimato, da intimidade e da privacidade dos sujeitos de
pesquisa em eventual exposição e/ou publicação dos resultados.

- Sinta-se à vontade para solicitar quaisquer esclarecimentos antes de decidir sobre sua participação no
estudo.

PARA DEMAIS INFORMAÇÕES você poderá entrar em contato com Luciana Borges Soares pelo
telefone (51) 81218287, ou através do e-mail: luborges82@terra.com.br .

É importante ressaltar que o Comitê de Ética em Pesquisa do UniRitter foi consultado e aprovou o
projeto, e também pode auxiliar a esclarecer alguma dúvida que você tiver, pelo e-mail:
cepuniritter@uniritter.edu.br .

Eu, ___________________________________________________________ declaro ter lido e


compreendido o conteúdo do presente Termo de Consentimento e concordo em participar desse estudo de forma
livre e esclarecida. Também declaro ter recebido cópia deste termo.

____________________________________________________.

Assinatura da participante

Data ___/___/___

______________________________________________________.

Luciana Borges Soares

Data ___/___/___

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133

APÊNDICE C – Valores de medidas coletadas dos Corpos 1 ao 5


134

APÊNDICE D – Construção do protótipo

Frente da peça vista pelo Lateral da peça vista pelo Pence superior ombro-busto
avesso avesso vista pelo avesso

Acréscimo de 3 cm ao longo do Acréscimo de 3 cm ao longo do


Costas da peça vista pelo
centro costas visto pelo lado centro costas e pence costas
avesso
avesso vistos pelo lado avesso
135

APÊNDICE E – Imagem da modelagem do Corpo 5


136

APÊNDICE F – Diagrama da base superior do corpo feminino para corpos com


sobrepeso

TRAÇADO DO MOLDE BÁSICO DO CORPO 5-16 – Una com uma linha, definindo a linha do ombro
FEMININO COM SOBREPESO do molde;

14-17 – Coloque o valor da tabela abaixo, esquadrando


pela linha 3-4. Esta medida definirá a profundidade da
FRENTE cava da frente;

1-2 – Marque a medida do comprimento do tronco frente Tam 44 46 48 50 52


à cintura; 14-15 5,7 6 6,3 6,6 6,9

2-3 – Determine ¼ do perímetro do tórax/peito mais 1,3


cm; 17-18 – Esquadre uma linha, usando como referência a
linha dos pontos 14-17, até encontrar alinha do ombro do
3-4 – Marque a medida do comprimento do tronco frente molde;
à cintura;
19 – Meça a linha 17-18 e calcule 1/3 desta medida, o
1-5 – Marque ½ largura do decote da frente; valor encontrado marque de 17-19;

1-6 – Determine o comprimento do decote da frente; 16-19-14 – Una com curva formando a cava da frente;

Una os pontos 5-6 com uma curva formando o decote 20 – Marque na metade da reta 5-16, este ponto será o
frente; centro da pence;

7 – Marque o ponto 7 na metade da medida de 6-2 20-21 e 20-22 – Meça a linha 5-16 e subtraia o valor do
(centro-frente); comprimento consolidado-ombro. Para cada lado do
centro da pence (ponto 20), coloque metade deste valor;
7-8 – Coloque ½ da largura entre papilas mamárias;
8-20 e 8-22 – Una com retas formando a pence do ombro;
O ponto 8 representa o ponto do busto;
2-23 – Marque a extensão lateral entre a cintura e o
8-9 – Esquadrar a linha 7-8, até encontrar a linha 2-3; quadril;
3-10 – Coloque 1,5 cm; 23- 24 – Marque a mesma medida de 2-9;
10-11 – Suba 2,5 cm em linha esquadrada.Usar como 24-25 – Marque 1 cm;
referência a linha 2-3;
Prolongar a linha 23-24 em aproximadamente 10 cm;
Meça a linha 2-10 e diminua do valor encontrado, a
medida de ¼ do perímetro da cintura mais 1 cm; 26 – Marcar a extensão lateral entre a cintura e o baixo
quadril. Para isto, esquadrar linha reta, usando como
Coloque metade da diferença para cada lado de 9; referência a linha 11-13. Após unir os pontos 11-26 com
linha curva;
8-12, 8-13 e 11-13 – Unir com linha reta formando a
pence da cintura; Calcular ¼ do perímetro do baixo quadril subtraindo
desta medida o valor de 23-25 e subtraindo também 1 cm;
11-14 – Marque a medida do comprimento lateral,
através de linha inclinada, estando o ponto 14 junto da 26-27 – O resultado da subtração anterior marcar de 26-
linha 3-4. (Posicione a régua com seu ponto Zero ao 27. (Posicione a régua com seu ponto Zero ao ponto 26
ponto 11 do molde e marque a medida do comprimento do molde e o resultado encontrado onde este encontrar a
lateral onde esta encontrar a linha 3-4); linha feita do prolongamento dos pontos 23-24);
3-15 – Marque a medida do comprimento ombro-cintura; 28 – Marcar na metade de 9-24;
15-16 – Esquadre 1,3 cm, usando como referência a linha 28-29 – Marcar 1 cm;
3-4;
137

28-30 – Marcar 2 cm; molde e marque a medida do comprimento lateral onde


esta encontrar a linha 36-44);
12-29-25 e 13-30-27 – Unir formando dando
continuidade à pence da cintura. 45-46 – Marque o ponto 46 sobre a reta 35-38. Para isto,
esquadrar linha reta, usando como referência a linha 36-
COSTAS 44 e o ponto 45;

31-32 – Marcar 2 cm; 46-47 – Coloque a ½ da largura entre papilas mamárias


mais 0,5 cm;
32-33 – Determinar ¼ do contorno do quadril mais 2 cm;
48 – Marcar na metade de 39-43;
33-34 – Marcar 5 cm;
48-49 e 48 50 – Para cada lado de 48 marque metade de
34-35 - Marcar a extensão lateral entre a cintura e o 1,6 (valor da pence do ombro costas);
baixo quadril. Para isto, esquadrar linha reta, usando
como referência a linha 32-34; 47-50 – Una com reta auxiliar;

35-36 - Determine ¼ do perímetro do tórax/peito menos 50-51 – Partindo do ponto 50, marque o ponto 51,
1,3 cm; colocando 7 cm;

36-37 – Marque 1 cm; 49-51 e 50-51 – Una com linha reta formando a pence do
ombro costas;
37-32 – Una com linha reta, conferindo (partindo do
ponto 37) se o comprimento da linha é correspondente à Marque o ponto 52 partindo do ponto 45 com o valor da
medida da extensão lateral entre cintura e quadril. Após tabela abaixo. Esta medida definirá a profundidade da
correção, una os pontos com linha curva; cava das costas;

33-35 – Una os pontos com linha reta, conferindo Tam 44 46 48 50 52


(partindo do ponto 35) se o comprimento da linha é 45-52 3,9 4,2 4,5 4,8 5,1
correspondente à medida da extensão lateral entre a
cintura e quadril.
Marque 53 num ângulo de 45° em relação à reta 45-46,
35-X – Marque 1 cm. Una os pontos com linha curva; partindo do ponto 52 , medindo 1,5 cm;

35-38 - Marque a medida do comprimento do tronco 43-53-45 - Una com curva formando a cava das costas;
frente à cintura;
47-54 - Marque o ponto 54 sobre a reta 35-37. Para isto,
38-39 - Marque ½ da largura do decote das costas; esquadrar linha reta, usando como referência a linha 46-
45 e o ponto 47;
38-40 - Determine o comprimento do decote das costas;
Meça a linha 35-37 e diminua do valor encontrado, a
40-41 – Marque ½ largura do decote das costas; medida de ¼ do perímetro da cintura menos 1 cm;

39-40 – Una com curva formando o decote das costas; Coloque metade da diferença para cada lado de 54;

X-38 – Una com uma reta; 54-57 - Marque o ponto 57 a partir do ponto 54. Para isto,
esquadrar linha reta, usando como referência a linha 35-
Marque o ponto 42 1 cm acima do ponto 15, na linha 3-4; 37, determinando o valor de 15 cm entre 54-57;
39-42 – Una com linha reta; 57-58 – Marque o ponto 58 a partir do ponto 57. Para
isto, esquadrar linha reta, usando como referência a linha
39-43 – Marque o ponto 43 colocando a medida do
54-57, determinando o valor de 2 cm entre 57-58;
comprimento consolidado-ombro mais 1,6 cm (pence do
ombro costas); 47-55-58-56-47 – Una formando a pence vertival das
costas;
36-44 – Marque a medida do comprimento do tronco
frente à cintura. Para isto, esquadrar linha reta, usando Marque o sentido do fio do tecido paralelamente ao
como referência a linha 35-36; Centro da Frente e ao Centro das Costas.
37-45 - Marque a medida do comprimento lateral, através
de linha inclinada, estando o ponto 45 junto da linha 35-
36. (Posicione a régua com seu ponto zero ao ponto 37 do
138

APÊNDICE G - – Diagrama da base superior do corpo feminino para sobrepeso


139

ANEXOS

ANEXO A – Imagem do diagrama do molde do corpo feminino


140

ANEXO B – Passo para construção do diagrama do corpo feminino


141
142
143

ANEXO C – Adaptação do diagrama do corpo feminino para extensão abaixo da linha


da cintura
144
145

ANEXO D – Tabela de medidas padrão industrial para Heinrich (2005)


146

ANEXO E – Aprovação do Projeto de Pesquisa pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP)


do UniRitter

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