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Porto Alegre
2013
DESIGN, EDUCAÇÃO E INOVAÇÃO
Porto Alegre
2013
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
S676p
CDU 687.021
LUCIANA BORGES SOARES
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PORTO ALEGRE
2013
RESUMO
The overall objective of the work is to propose modeling diagrams, of the upper base of the
female body, that include overweight bodies, considering the differences observed in the body
and providing greater comfort and wearability. To do so, the modeling diagrams of basic
industrial building blocks of the female body were analyzed, to make sure that they come in a
satisfactory and comfortable way for overweight bodies, proposing parameters for best fit of
modeling for these bodies. The research and its application are focused to an audience that
includes women between 20 and 40 years old, living in the city of Porto Alegre, RS which are
classified into the group of overweight people. The reason for choosing this subject is to
contribute for the Design, giving support to the project of a product that promotes greater
satisfaction, usability and adaptability to the user, thus respecting ergonomic aspects. As for
the theoretical and methodological perspective was adopted Dissertation Project, because it is
given a problem, in some technical aspect, signaled the relevance in solving it and from this, a
prototype is developed, serving as proof of concept for the solution of this problem. For the
implementation of data collection and information were used questionnaires, focus group,
body measurements and photographs of the participants. The organization of the resulting
data provided grounds to propose parameters for the construction of the basic blocks of
industrial modeling for overweight female bodies. Data analysis shows that traditional
modeling diagrams can be tailored to overweight bodies, bringing satisfactory results
concerned with the ergonomic interventions in the modeling industry, thus predicting
improvements to products. When developing a specific diagram bodies for overweight is
possible to see how the resulting prototype particularities adequately covers, for example,
abdominal swelling and balance of the spine. Bringing benefits to the user to satisfy him in
the care of practical functions related to the use and adaptability and providing comfort and
well-being.
1. INTRODUÇÃO...................................................................................................................13
2. DESIGN, ERGONOMIA, CORPO E SOBREPESO...........................................................17
2.1 Design.................................................................................................................................17
2.2 ERGONOMIA....................................................................................................................20
2.3 ERGONOMIA E DESIGN.................................................................................................23
2.4 ANTROPOMETRIA..........................................................................................................25
2.5 CORPO...............................................................................................................................30
2.5.1 Esqueleto.........................................................................................................................31
2.5.2 Acúmulo de gordura corporal......................................................................................32
2.6 OBESIDADE E SOBREPESO...........................................................................................35
2.6.1 Sobrepeso na atualidade................................................................................................38
2.6.1.1 Sobrepeso e altura da população brasileira...................................................................41
3. CORPO, TABELAS DE MEDIDA E MODELAGEM...................................................44
3.1 MODELAGEM...................................................................................................................44
3.1.1 Modelagem plana...........................................................................................................47
3.2 CORPO VERSUS MODELAGEM....................................................................................52
3.2.1 Desenvolvimento da modelagem...................................................................................53
3.2.1.1 Construção dos diagramas............................................................................................60
3.3 TABELAS DE MEDIDAS.................................................................................................61
4. METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO........................................................................69
4.1 DESENHO DA PESQUISA...............................................................................................70
4.2 ABORDAGEM OPERACIONAL......................................................................................71
4.2.1 Grupo focal.....................................................................................................................71
4.2.2 Construção dos diagramas de modelagem...................................................................72
5. ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS COLETADOS...................................74
5.1 GRUPO FOCAL E CRUZAMENTO COM A ESCALA DE BIÓTIPOS DE
THOMPSON E GRAY......................................................................................................74
5.2 DIAGRAMAS CONVENCIONAIS PARA MULHERES COM SOBREPESO...............80
5.2.1 Diagramas convencionais para mulheres com sobrepeso versus medidas
corporais tabeladas........................................................................................................87
5.3 ADAPTAÇÃO DOS DIAGRAMAS PARA MULHERES COM SOBREPESO..............98
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1 INTRODUÇÃO
seu corpo de maneira adequada ou satisfatória. Esses seriam, em grande parte, os casos que
fogem das médias populacionais e se localizam em faixas extremas.
Ao projetar uma peça de roupa, são adotadas tabelas de medidas padronizadas que
apresentam valores para determinados pontos de medidas do corpo humano. Essas tabelas
expõem valores de medidas que seguem uma proporção de acréscimo ou decréscimo de um
tamanho para o outro. Assim, determinado ponto - como, por exemplo, a circunferência da
cintura -, tem seus valores acrescidos de 4 cm na circunferência total de uma faixa de
tamanho menor para outra maior. No entanto, as tabelas de medidas padronizadas não
preveem que o abdômen de uma pessoa que está numa faixa de medida maior, pode evoluir
mais do que a proporção de 4 cm de um tamanho para outro, já que estas tabelas consideram
apenas números e não forma corporal. Fato que deve ser tomado como alerta já que ao
engordar, muitas vezes as pessoas têm seu abdômen dilatado, fazendo com que a
circunferência da região abdominal aumente em uma proporção maior que em outras partes
do corpo.
Ao ter em mãos as tabelas de medidas é possível realizar os diagramas (ANEXO A) de
modelagem, que serão a representação bidimensional de um corpo que é tridimensional. Os
diagramas são realizados a partir de passo-a-passos sequenciais que resultarão em um molde,
sendo que, antes de executar peças diferenciadas é necessário construir moldes básicos,
compostos no caso de moldes femininos, por blusa, saia ou calça. Essas composição é dada ao
dividir o corpo em duas partes assimétricas, uma delas seria a parte superior do corpo
(blusas), abrangendo o tronco e a outra a parte inferior (calças ou saias), abrangendo os
membros inferiores. Os diagramas combinados com as tabelas de medidas padronizadas
permitirão que se construam modelagens capazes de atender a todas as faixas de tamanho.
Contudo, pelo fato dos diagramas seguirem os mesmos passos para todas as faixas de
tamanho da tabela de medidas, pode acontecer que o resultado, ou seja, o molde, não cobrir de
forma adequada ou confortável todos os corpos, considerando que os diagramas são
executados a partir de tabelas que não preveem a adequação de diferentes formas corporais.
Desse modo, é provável que corpos com peculiaridades diferentes devam ser estudados e
verificadas possibilidades de atribuir aos diagramas intervenções estruturais que ajudem numa
melhor adequação das peças ao corpo.
Pessoas com sobrepeso pode ser um dos casos que mereçam ser estudados de modo
específico, em relação à construção de diagramas de modelagem. Apesar da indústria precisar
ter um padrão para atender um número maior da população, o fato de que cada vez mais
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cresce o número de pessoas obesas na sociedade, não deve ser deixado de lado. Com uma
considerável parcela da população apresentando sobrepeso, a preocupação em verificar se os
diagramas de modelagem estão atendendo as particularidades corporais desses indivíduos não
deve ser negligenciada.
Pensando nesses aspectos, o problema central desta pesquisa incide em verificar
parâmetros para a construção de blocos básicos de modelagem industrial, no vestuário para
corpos femininos com sobrepeso, considerando as diferenças corporais verificadas e
proporcionando maior conforto e vestibilidade.
Desse modo, o objetivo geral deste trabalho é analisar como as modelagens do corpo
superior feminino, oriundas de diagramas padronizados acomodam-se ao longo do perímetro
de corpos com sobrepeso, servindo assim como norteadoras para que se estabeleçam
parâmetros para propor um diagrama de modelagem para corpos com esta característica.
Os objetivos secundários consistem em: (i) investigar se as Tabelas de Medida
disponíveis nas bibliografias nacionais abrangem as medidas de mulheres com sobrepeso; (ii)
avaliar se os diagramas de modelagem propostos em bibliografias nacionais contemplam com
eficiência as formas corporais de mulheres com sobrepeso; (iii) aprimorar a construção dos
diagramas de modelagem do corpo base feminino, propondo a consideração de elementos que
permitam executar moldes básicos que contemplem corpos com sobrepeso.
Dentre as ações dos objetivos secundários, para alcançar o alvo, encontram-se: (i)
revisão bibliográfica sobre Tabelas de Medidas nacionais, orientadas para mulheres; (ii)
proposta de uma Tabela de Medidas unificada que abranja tamanho de manequim maiores;
(iii) experimentação dos protótipos de modelagem do corpo superior feminino, resultantes dos
diagramas de modelagem de uma das bibliografias nacionais, adequando à eles as medidas
pessoais coletadas de cada participante do grupo focal; (iv) experimentação dos protótipos de
modelagem do corpo superior feminino, resultantes dos diagramas de modelagem de uma das
bibliografias nacionais, adequando a eles as medidas oriundas da tabela de medidas proposta
pela pesquisadora; (v) análise dos dados coletados; (vi) proposta de diagramas específicos
para mulheres com sobrepeso e validação através de nova prova dos protótipos no grupo
focal.
A pesquisa, quanto à natureza, pode ser considerada como Pesquisa Qualitativa. As
sessões deste trabalho se estruturam da seguinte forma:
Revisão de Literatura – abrange os capítulos 2 e 3, relacionados a Design,
Ergonomia, Corpo, Sobrepeso e a Corpo, Tabela de Medidas e Modelagem para vestuário.
16
2.1 DESIGN
projeto para segundo. Assim, o designer precisa dar relevância ao que está acontecendo no
mundo, informar-se, verificar para quem e quais são as condições de uso do seu projeto. Para
o autor “as condições econômicas, técnicas, sociais e culturais é que influenciam o design e a
estática dos objetos.” (SCHNEIDER 2010, p.263).
Para Bonsiepe (2011), o designer precisa pesquisar e experimentar para então
descobrir fundamentos, usando as ferramentas existentes para novas aplicações, possibilitando
assim, ser um cientista inovador. Cabe a ele intervir na realidade com atos projetuais,
ultrapassando problemas. Bonsiepe (2012) ainda esclarece que, pode-se e deve-se gerar
conhecimento e realizar pesquisas na área de design, mesmo o design sendo caracterizado por
ter um olhar projetual voltado para o mundo, e a ciência encarando-o pela perspectiva do
reconhecimento. Sendo assim, para o autor, “o design tem como função integrar a ciência e a
tecnologia na vida cotidiana da sociedade.” (BONSIEPE 2012 p. 24).
Pelo fato do designer possibilitar essas inúmeras experiências ele precisa estudar
diferentes áreas, integrando em seus projetos pesquisas que sejam condizentes com os
objetivos finais, a fim de sustentar e promover maior segurança de sucesso na satisfação,
produtividade, usabilidade, do produto final. Bonsiepe (2011, p.231) defende que o design
não pode ignorar a ciência, não podendo renunciar da pesquisa sobre conteúdos relevantes e
que “aquele que confiar somente em sua sensibilidade e suposta criatividade, não chegará
muito longe e poderá fracassar”.
Schneider (2010) aponta distinções sobre pesquisa em design, dividindo-a em duas
categorias principais: pesquisa sobre design e pesquisa através do design. A primeira delas
trata sobre “a investigação da disciplina Design”, investigando, por exemplo, sobre a história,
estética e teoria do design, atuando de fora, sendo o pesquisador um observador. A segunda
trata-se de uma pesquisa de projeto ou desenvolvimento. O autor (SCHNEIDER 2010, p. 274)
ainda revela que o desenvolvimento através do design:
[...] designa o desenvolvimento planejado, criativo, sistemático de visualizações, por
um lado, de processos de interação e de mensagens de diferentes atores sociais, e de
outro, de diversas funções de objetos de uso e sua adequação às necessidades dos
usuários ou aos efeitos sobre os usuários.
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Schneider (2010) acrescenta que para ser realizada a pesquisa através do design possui
diferentes fases, “fase de informação e pesquisa, fase analítica, fase de projeto, fase de
decisão, fase de concretização”. Nas diferentes fases da pesquisa muitas vezes é necessário
aplicar conhecimentos e resultados de diferentes áreas, tornando-a, na maioria dos casos,
interdisciplinar.
Nas diferentes fases da pesquisa através do design, são avaliados e aplicados, de
acordo com a necessidade, conhecimentos e resultados de pesquisas das ciências
sociais e da engenharia, da ergonomia, da psicologia cognitiva, da semiótica, da
politologia etc. (SCHNEIDER 2011, p. 275).
Schneider (2010) também expõe que o design tem uma constituição transdisciplinar e
interdisciplinar, o que o torna por vezes complexo. Meyer (2008) relaciona os argumentos de
(Bomfim, Love e Friedman) e conclui que existe um aparente consenso entre eles, de que “o
design somente pode ser apreendido enquanto teoria se residir num grupo de ordem inter ou
transdisciplinar”, para tanto, o design deve “combinar conhecimentos pertencentes a diversas
áreas científicas”. (BOMFIM, 1997, p.29 apud MEYER 2008).
Muitas vezes surge a dúvida do que seria então inter e transdisciplinar. Santos (1995)
explica que interdisciplinaridade é quando se transfere o método de uma disciplina para outra,
já transdisciplinaridade não é uma disciplina e nem a transferência de um método, ela é
emergente da confrontação disciplinar, o que faz com que surjam novos dados que as
articulam entre si e que resultam em novos olhares.
O presente estudo reside no grupo de ordem inter e transdisciplinar, visto que estuda o
método de diferentes disciplinas, como por exemplo, a Ergonomia. Além de transferi-lo para
outra disciplina (inter), o Design, a confrontação faz com que surjam novos dados e olhares,
mantendo-se aberta perante o desconhecido (trans). Ao participar dessas articulações o estudo
visa encontrar soluções a partir da ação do designer, colaborando com o meio.
Para Bonsiepe (2011, p. 36-37) “cabe ao designer intervir na realidade com atos
projetuais, superando as dificuldades e não se contentando apenas com uma postura crítica
frente à realidade e persistindo nessa posição”. Ao inserir mudanças o designer tem o poder
20
de tentar mudar a realidade vigente e ao mesmo tempo não pode distanciar-se dela,
verificando suas necessidades, o impacto sobre as mudanças, a fim de contribuir cada vez
mais com o meio.
Para propor parâmetros para a construção de blocos básicos de modelagem industrial,
adaptados para condições específicas do corpo humano, ou seja, para o usuário, o design irá
precisar buscar embasamento na ergonomia, que estuda a relação do homem-tarefa-máquina.
Essa ciência busca aprimorar o conforto, segurança e eficiência, procurando maximizar a
satisfação e bem-estar do homem com o trabalho.
2.2 ERGONOMIA
ao que esteja relacionado ao homem e sua relação com o trabalho. Nesse ambiente, estão
disponíveis inúmeros objetos fabricados de diferentes maneiras e objetivos, contudo, cabe à
ergonomia agregar, através de estudos, valores como o conforto, a fim de promover a
satisfação dos usuários. Conforme Moraes (2008), “pela perspectiva da ergonomia, a
satisfação do usuário na interação com os produtos está ligada à usabilidade e a termos de
conforto físico”.
Guimarães (2006 p.1) traz contribuições valiosas relatando que inicialmente a
ergonomia concentrou-se na coleta de dados antropométricos, com o intuito de acomodar
satisfatoriamente diversos indivíduos, posteriormente “expandiu sua preocupação para força,
alcance, questões fisiológicas e psicológicas implicadas no trabalho (...) e mais recentemente,
questões que importam ao processo de informação e cognição, tendo em vista a disseminação
de sistemas informatizados.”. No entanto, hoje a indústria não separa mais segurança e saúde
do projeto e produção como separava na indústria tradicional. Antes segurança e saúde eram
responsabilidades do departamento de pessoal, enquanto projeto e produção eram
responsabilidades do departamento de Pesquisa e Desenvolvimento. Segundo a autora, isto se
deu pelo fato de hoje, existir um grande número de usuários (principalmente em países mais
desenvolvidos) que já dispõe de artigos considerados básicos, passando-se então a exigir bem
mais qualidade dos produtos. Sendo assim, a diferenciação do produto não fica apenas voltada
com base na tecnologia e sim na qualidade para o usuário externo (usuário final) e interno
(operário que atua na fabricação do produto). O externo adquire produtos que melhor atenda
funções práticas, estéticas e simbólicas enquanto o usuário interno, ao trabalhar em um
sistema melhor resolvido, produz mais e melhor. A função prática estaria relacionada com
questões de uso, estando principalmente ligada à ergonomia física e questões técnicas,
enquanto a função estética estaria relacionada ao conceito de belo e a função simbólica
serviria como símbolo.
A qualidade dos produtos deve ser avaliada conforme sua usabilidade. A autora
acredita que a usabilidade pode ser verificada “‘vivenciando o produto’ e medindo a reação
24
subjetiva das pessoas (gosta, não gosta...), usando-se o produto e medindo-se a reação
objetiva das pessoas (facilidade de uso, acesso, movimentação etc.)”. No entanto devem ser
considerados todos os seus usuários, sejam eles crianças, idosos, altas, baixas, muito gordas,
muito magras, e não apenas os consumidores “médios”. Em relação aos produtos de moda
Martins (2008, p. 325) contribui dizendo que “a usabilidade representa a interface que
possibilita a utilização eficaz dos produtos, tornando-os agradáveis e prazerosos durante o
uso”.
Para Mont’Alvão (2008) a integração da Ergonomia ao Design contribui para a
qualidade de vida, aumentam o bem-estar e desempenho dos produtos, já que a primeira
estuda o comportamento e reação do homem com o trabalho, levando em consideração o
ambiente e sua interatividade com os objetos e a segunda a funcionalidade e atratividade dos
artefatos. Ainda para ela, a junção de Ergonomia com Design estimula a interação de “teoria
na prática”, possibilitando a transformação de dados ergonômicos e garantido “a satisfação
dos requisitos ergonômicos nos projetos de design.” (MONT’ALVÃO, 2008, p. 20).
Contudo fica importante ressaltar que o Design preocupa-se em respeitar
recomendações ergonômicas e princípios de usabilidade, fazendo com que seu produto tenha
valor agregado e atenda as atividades práticas da vida cotidiana, enquanto a Ergonomia encara
a satisfação do usuário pelo resultado de um produto ergonomicamente bem projetado.
2.4 ANTROPOMETRIA
O corpo humano é a estrutura física do homem, ele é constituído por diferentes aspectos
que o fazem com que cada indivíduo seja único. Na constituição de um novo indivíduo,
características étnicas e genéticas são combinadas, fazendo com que cada sujeito seja
particular sob inúmeros aspectos. Conforme Castilho e Martins (2008), “tais diferenças
podem ser entendidas como traços distintivos entre as raças que se particularizam por
singularidades fisionômicas e anatômicas”.
A antropometria estuda a forma e o tamanho do corpo humano, assim sendo, sua
finalidade é tratar das medidas físicas do corpo humano. O método baseia-se na mensuração
para a coleta de dados de indivíduos e na análise quantitativa das dimensões do corpo
humano. Esses dados irão representar as propriedades físicas do grupo. Segundo Guimarães
(2004), os dados antropométricos são base para a concepção ergonômica de produtos, quer
como bens de consumo ou capital. A antropometria originou-se com os gregos e egípcios na
antiguidade, onde estes estudavam maneiras de medir diversos corpos, valendo-se de unidades
de medidas partes do próprio corpo.
Segundo Tilley (2005), o campo é geralmente descrito como tendo origem na
antropometria física, disciplina que surgiu no século XIX e que, entre outras coisas, enfoca as
diferenças físicas entre pessoas de etnias distintas. Conduzindo para uma explicação
complementar, Marco Polo, navegador italiano, entre 1273 e 1295 em suas diversas viagens
pelo mundo fez várias observações, constatando que haviam diversas “raças”, povos e
culturas existentes, bem como diferenças de tamanho e estrutura corporal que eram
significativas, podendo ser consideradas precursoras da Antropologia Física. (PETROSKI,
1999; ROEBUCK, 1975 apud FOPPA, 2004, p. 27). No entanto, Guimarães (2004) expõem
que foi apenas na década de 40 do século passado, que a preocupação com a antropometria –
ganhou impulso, já que um erro no superdimensionamento de alguns centímetros em
determinado produto, poderia significar aumentos extravagantes nos custos de produção de
centenas de milhares de um mesmo produto.
Para a realização das medidas corporais existem posições padronizadas e definidas de
modo que as medidas possam ser comparadas e repetidas da mesma forma em diferentes
tempos ou espaços. Como fator determinante tem-se, além de como executar as medições, o
número de amostra que o pesquisador tomará como base. Tilley (2005) argumenta que quanto
maior o número da amostra, ou seja, quanto maior o número de pessoas que forem medidas,
mais válidos os dados obtidos.
26
Contudo, as variações antropométricas são inúmeras. Iida (2005) expõe que elas
podem estar relacionadas com a diferença entre os sexos, com o mesmo sexo, etnias,
adaptação climática, nutrição, qualidade de vida e podem ocorrer ao longo da vida de um
indivíduo, conforme sua idade se modifica. Os homens, em relação às mulheres, costumam
ser mais largos, na parte superior do corpo, apresentam também a cabeça maior, os braços
mais compridos e pés e mãos maiores, assim como têm mais músculos que gordura.
Existem também variações dentro do mesmo sexo. Essas variações acontecem, pois
cada pessoa tem um tipo físico ou biótipo diferente. Uma pessoa pode apresentar um tipo
físico específico ou uma combinação entre eles. Conforme Iida (2005), William Sheldon
estudou na década de 40, do século passado, os dados antropométricos de 4 mil estudantes
americanos, complementando seu trabalho através de fotografias de cada um destes
estudantes. A partir desse estudo determinou três tipos diferentes de características
dominantes desses sujeitos: o Endorfomo, o Mesorfomo e o Ectomorfo.
que “estudos das características da imagem corporal vem sendo realizados e utilizados nos
mais diversos campos de aplicação do design, sobretudo para a área da moda”. A autora
ainda apresenta imagens de estudo realizado por Thomson e Gray (1995, apud Heinrich 2009)
do qual resulta uma escala de nove padrões biótipos, feminino e masculino, com diferenças
entre si, como pode ser visto abaixo:
atinge o ponto máximo em torno dos 20 anos e permanece praticamente inalterada dos 20 aos
50 anos. Tilley (2005) contribui dizendo que algumas modificações se devem ao
envelhecimento, a alimentação, pelos movimentos e pelo meio ambiente.
Diferentes etnias apresentam diferentes medidas antropométricas. Iida (2005) expõe
que diversos estudos antropométricos, realizados durante várias décadas, comprovaram a
influência da etnia nas variações das medidas antropométricas. Também relaciona as etnias
como fator de preocupação e estudo visto que, com o aumento do comércio internacional, os
produtos devem ser fabricados em diversas versões ou ter regulagens suficientes para se
adaptar às diferenças antropométricas de diversas populações. Ainda, segundo o autor, é
importante levar em consideração aspectos como profissão, faixa etária e as condições nas
quais as medidas foram tomadas, verificando se os indivíduos estavam vestidos ou calçando
sapatos por exemplo.
No entanto, o mais aconselhável é não realizar levantamentos antropométricos
caseiros. Guimarães (2004) explica que o primeiro erro seria o amostral, já que um
levantamento antropométrico requer um plano amostral, onde são considerados o tamanho da
amostra, que deve ser representativa da população enfocada. O segundo erro seria o não
amostral, que advém de procedimentos viciados, incompletos e diversificados do pessoal
técnico envolvido na pesquisa. A autora explana a dificuldade da definição de quais medidas
utilizar e defende a utilização de dados estrangeiros, caso não se possa realizar um
levantamento com um número considerável e ideal de indivíduos.
A indústria visa guarnecer o mercado com produtos executados em larga escala, sendo
fundamental para isto, o estabelecimento de padrões de medidas, para que os produtos
atendam um maior número de consumidores e sejam mais acessíveis economicamente.
Guimarães (2004) explica que é necessário, ao projetar, escolher qual percentil1 será aplicado,
1
“Os percentis mostram a frequência acumulada (número de casos) para valores encontrados em cada variável
antropométrica, indicando a porcentagem de indivíduos da população que possuem uma medida
29
tomando como exemplo o acesso a uma prateleira e tendo como variável o comprimento do
braço. Para que a prateleira seja alcançada por 95% da população, ela deve ser colocada a
altura mínima de uma pessoa que apresente percentil 5%; assim, todas as outras conseguirão
alcançá-la. Contudo, a autora esclarece que geralmente são adotadas medidas que se adequem
a 90% da população (percentis 5 a 95), onde “a parte da população de percentil inferior a 5%
e superior a 95% terá que se adequar de alguma maneira às condições oferecidas”.
(GUIMARÃES 2004, p.13).
Em relação a determinados produtos, a padronização generalizada, causa
comprometimento do acesso destas mercadorias para grande parcela populacional. Iida (2005)
aponta que, “essa adaptação ao usuário torna-se crítico no caso de produtos de uso individual,
como o vestuário (...).”. O autor emprega cinco princípios para a aplicação das medidas
antropométricas que auxiliam numa maior adaptação dos produtos para seus usuários, sendo
eles: projetos dimensionados para a média da população; projetos dimensionados para um dos
extremos da população; projetos dimensionados para faixas da população; projetos
apresentam dimensões reguláveis e projetos adaptados ao indivíduo.
O terceiro princípio, projetos dimensionados para faixas da população, é um dos
determinantes principais desta dissertação. Iida (2005, p. 139) expõe que são produtos
fabricados em diversos tamanhos, de maneira que acomodem determinada parcela da
população, sendo o caso de peças de roupas fabricadas em dimensões P (pequeno), M (médio)
e G (grande), podendo ter suas faixas alteradas à medida que as peças necessitem de uma
melhor adaptação aos corpos dos usuários. O autor complementa a informação ao expor que
esses produtos são fabricados em tamanhos discretos, para aumentar o conforto do usuário e
ao mesmo tempo não aumentar de forma significativa o custo de fabricação. Esclarecendo
ainda que algumas pessoas irão sentir-se mais confortáveis que outras pessoas ao utilizar o
mesmo produto, dependendo da proximidade de suas medidas com os tamanhos disponíveis
no mercado.
Encontram-se duas formas de obtenção de medidas antropométricas, a estática e
dinâmica. A primeira delas tem referência em medidas tomadas com corpos estáticos, quando
a mobilidade do usuário é pequena. Para Norton e Olds (2005, p. 257) as medições estáticas
podem ser adquiridas em posicionamento-padrão, seja sentado ou em pé. Na posição em pé a
antropométrica de um certo tamanho ou menor que este tamanho [...] O valor do percentil 95 para estatura
indica que 95% da população tem uma medida de estatura menor ou igual ao percentil 95 e que 5% possui
estatura com valor maior. Uma medida do percentil 5 indica que 5% da população possui esta medida com
valor menor o igual à deste percentil e que 95% possui esta medida com valor maior.” (GUIMARÃES, 2004,
p. 12-13).
30
pessoa precisa estar com os pés juntos, olhando para frente e mantendo os braços relaxados ao
longo do corpo. No segundo os corpos devem executar movimentos previamente
determinados para a realização de movimentos e alcance determinados. Os autores ainda
esclarecem que o trabalhador precisa interagir dinamicamente com o seu local de trabalho, já
que os dados antropométricos são diretamente ligados às condições em que a tarefa é
realizada. Na secção seguinte serão apresentados estudos sobre o corpo, levando em
consideração os planos para registros de movimentos.
2.5 CORPO
O corpo humano, estudado nesta dissertação, adotará a posição anatômica, que segundo
Iida (2005) é a posição do corpo em pé, ereto, com os braços para baixo, ao longo do corpo e
com as palmas da mão viradas para frente. Nessa posição o corpo é dividido em diversos
planos que, conforme o autor, são planos triortogonais para registro de movimentos. Abaixo é
apresentada a ilustração da posição corporal mencionada:
Conforme a ilustração o corpo pode ser dividido em vários planos, o primeiro deles é
vertical, separando o lado esquerdo do lado direito, chamado de plano sagital ou sagital de
simetria. Guimarães (2004) acrescenta que todos os planos paralelos ao plano sagital são
também chamados de sagitais, o lado esquerdo seria o plano sagital esquerdo e o direto, por
sua vez, plano sagital direito. Outra divisão vertical pode ser realizada, separando o corpo
entre o lado anterior e posterior, segundo Norton e Olds (2005) esse seria o plano coronal ou
frontal. Já para Guimarães (2004) a nomenclatura desses planos seria a de plano frontal
31
anterior, para o lado da frente e lado frontal posterior para o lado traseiro. Existe outra divisão
que separa o corpo humano, no entanto seria uma divisão horizontal, paralela ao chão, que o
dividiria para Guimarães (2004), entre plano transversal superior e plano transversal inferior e
para Norton e Olds (2005) entre plano transverso ou horizontal, superior e posterior.
Independente da nomenclatura adotada a divisão está relacionada entre a parte superior e
inferior do corpo e entre o lado anterior e posterior.
2.5.1 Esqueleto
O indivíduo nasce e acumula gordura ao longo de sua vida. Norton e Olds (2005)
explicam que no primeiro ano de nascimento o corpo apresenta níveis de gordura altos,
diminuindo a níveis mais baixos entre seis e oito anos de idade, aumentando
progressivamente durante os anos de desenvolvimento. Hall (2011) acrescenta que a
velocidade de formação de novos adipócitos é especialmente rápida nos primeiros anos de
vida e na medida em que o armazenamento adiposo aumenta, também aumenta o número de
adipócitos. Sugerindo que a supernutrição das crianças (especialmente no primeiro ano de
vida), possa levar à obesidade ao longo da vida do indivíduo. Os adipócitos multiplicam-se
rapidamente já nos últimos três meses de vida dentro do útero, até os seis meses de vida após
o nascimento. A partir de então, o ritmo é diminuído até entre os onze e treze anos,
aumentando lentamente até os vinte anos de idade. A partir dessa idade, as células de gordura
permanecem com a quantidade estabilizada, contudo podem variar de tamanho, cada vez que
a pessoa engorda as células se enchem e cada vez que emagrece elas diminuem. Dessa forma
uma criança gorda tem muito mais células de gordura que uma criança magra, e ao chegar à
vida adulta possui uma maior probabilidade de engordar, é o que explica Nogueira (1992).
O autor completa que o casamento, os anticoncepcionais, gravidez e menopausa são os
principais fatores que fazem com que a mulher venha a consumir mais calorias e engordar.
As pessoas adultas têm muitas razões para ganhar peso, principalmente as mulheres:
i. O casamento faz engordar. As mulheres casadas, mesmo não tendo filhos, em
geral, são mais gordas que as solteiras da mesma idade.
ii. Anticoncepcionais. Eles só aumentam a retenção de líquidos. Esse excesso de
peso deve desaparecer quando a mulher para de tomar a pílula. Infelizmente,
porém, algumas mulheres não conseguem mais voltar ao peso anterior, mesmo
quando param de tomar a medicação.
iii. Gravidez. Esta é realmente uma fase crítica. [...] Em média, dois anos depois da
primeira gravidez, ela está dois quilos mais pesada do que estaria se nunca
estivesse engravidado.
iv. Menopausa. [...] Muitas mulheres passam a ganhar peso mais aceleradamente
após a menopausa. (NOGUEIRA, 1992, p. 42).
33
Visto isso, é importante salientar que o IMC não deve ser utilizado exclusivamente
para quantificar gordura, pois, em geral, o aumento de massa populacional está relacionado ao
aumento de gordura corporal, mas deve ser analisado individualmente, já que também pode se
dever ao fato do aumento de massa muscular. Assim, Hall (2011 p. 894) contribui ao
esclarecer que “a obesidade é, em geral, definida como 25% ou mais de gordura corporal
total, em homens, e 35% ou mais, em mulheres”.
Para Vaz, Diemen e Trindade (2011), pelo IMC podem-se levar em consideração
fatores potencialmente importantes como a estatura corporal ou a massa corporal magra e é
relativamente pouco alterado pela estatura. O autor ainda alerta sobre a diferença de
sobrepeso e obesidade, onde sobrepeso estaria ligado ao excesso de peso e a obesidade ao
excesso de gordura corporal. No entanto, essas duas palavras podem ser definidas
operacionalmente em termos de índice de massa corporal. Assim como eles, Hall (2011)
acrescenta que a porcentagem de gordura corporal pode ser estimada por vários métodos, tais
como a medida da espessura da prega cutânea, pesagem subaquática, entre outros, mas são
métodos raramente utilizados na prática clínica, onde o IMC é o cálculo mais empregado.
Nogueira (1992) apresenta uma tabela que relaciona a altura de mulheres com os pesos
mínimos e máximos ideais. Contudo, o autor defende que a tabela serve apenas como
referência, ajudando as pessoas a perceberem que realmente não estão tão fora do padrão
como pensam, além de informar que a estatura óssea, a musculatura mais desenvolvida, entre
outro fatores, podem influenciar no peso.
35
A obesidade é uma doença crônica de preocupação crescente, por estar aumentando cada
vez mais em termos quantitativos. Vaz, Diemen e Trindade (2011) dizem que a doença pode
ser vista como uma epidemia global e tem aumentado em crianças, adolescentes e adultos nos
últimos 20 anos. Seus principais geradores se dão ao aumento da quantidade de alimentos
ingeridos e ao sedentarismo. Contudo, também pode estar relacionada a fatores genéticos,
comportamentais, físicos e psicológicos. Em relação à ingestão de alimentos, o baixo custo e
as altas taxas de calorias em alguns deles, têm afetado às populações mais pobres. Para Hall
(2011) o rápido aumento da doença em pouco tempo, enfatiza a função importante do estilo
de vida e dos fatores ambientais, visto que não poderiam ter ocorrido tão rapidamente levando
em consideração apenas fatores genéticos.
O aumento da obesidade cresce em proporções gerais pelo planeta. Hall (2011) cita que
em crianças e adultos, os Estados Unidos e em muitos países industrializados, aumentou mais
de 30% ao logo da década passada. Nos Estados Unidos aproximadamente, 65% dos adultos,
estão acima do peso e 33% dos adultos são obesos. Os autores Vaz, Diemen e Trindade (2011
p. 761) também relatam resultados de pesquisa realizados para verificar a porcentagem de
pessoas com sobrepeso pelo mundo e expõe que, através de pesquisas do Center for Diease
Control and Prevention2, a obesidade tem aumentados nos Estados Unidos também entre
crianças e adolescentes. Ainda conforme os autores (p.761), mais da metade da população
européia encontra-se com sobrepeso e até 30% estão obesos (IMC maior ou igual a 30
Kg/m²), 10% dos homens e 11% das mulheres estão obesos na Bélgica (1989 a 1996), 23%
em ambos os sexos no Reino Unido (1989 a 1995), 11% e 23% em homens e mulheres
respectivamente no México (1995), 14% em homens e 49% em mulheres na África do Sul
(1995). Freire (2011) cita dados obtidos por pesquisas realizadas no Brasil através da
SBCBM (Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica) em 2007, onde mostra
que 51% da população nacional tem sobrepeso. Dentre essa porcentagem 51% são mulheres, e
dessas mulheres 14% são obesas.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou em 2008-2009 uma
pesquisa denominada de Orçamentos Familiares 2008-2009, onde identificou dados
antropométricos e estado nutricional de crianças, adolescentes e adultos no Brasil. Na
2
Agência do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos. Disponível em:
<http://www.cdc.gov/>. Acesso em: 10 dez. 2012.
37
pesquisa são disponibilizados dados que apontam o percentual da população brasileira, acima
de 20 anos, que se encontra na faixa de sobrepeso:
Freire (2011) alerta que dados apresentados pela OMS (Organização Mundial da
Saúde) indicam que mais de 1 bilhão de pessoas no mundo apresentam sobrepeso, delas, pelo
menos 300 milhões possuem algum grau de obesidade. A obesidade pode estar relacionada
por diversas causa e ter seus depósitos de gordura localizados em diferentes áreas do
organismo humano.
Segundo Vaz, Diemen e Trindade (2011), a obesidade central (andróide) está
relacionada à mortalidade significativamente maior que a obesidade periférica (ginecóide). Na
andróide a gordura é predominantemente acumulada na parte superior do corpo, sendo o caso
mais grave, enquanto, na ginecóide a gordura acumula-se na parte inferior do corpo. Diversos
problemas e doenças estão ligados à obesidade, entre eles o diabete tipo II, hipertensão,
fibrilação atrial, cálculos biliares, osteoartite em diversas articulações, principalmente nos
joelhos e tornozelos, apneia do sono, certas formas de câncer (esôfago, cólon e reto, fígado,
38
vesícula, pâncreas, rim, próstata nos homens, mama, útero, colo uterino e ovários nas
mulheres), alterações endócrinas, entre outros.
Para determinar se um paciente está com sobrepeso ou obeso, são necessários estudos
clínicos e laboratoriais. Vaz, Diemen e Trindade (2011) citam que a avaliação deve incluir
inicialmente o cálculo do IMC, medida de circunferência abdominal, medida do quadril e
avaliação de risco clínico geral.
Para os autores Vaz, Diemen e Trindade (2011), a circunferência abdominal deve ser
medida ao nível da cicatriz umbilical, com o paciente em pé, destinando valores máximos de
88 cm para as mulheres e 102 cm para homens. No entanto, para a América latina os valores
são diferentes, em função da etnia, atingindo até 80 cm para mulheres e 90 cm para homens.
Acima destes valores os pacientes são considerados com obesidade abdominal (central,
visceral, androide ou do tipo masculino).
A obesidade durante muito tempo foi considerada como bela: em um tempo onde a
escassez de alimentação era um fator social, ser gordo significava riqueza. Enquanto a
nobreza gozava de excesso de alimentos, apresentando corpos arredondados, as classes menos
abastadas sofriam pela falta de alimentação, fator refletido em corpos magros. Para Stenzel
(2003), o século XIX foi um marco, onde a abundância do corpo e abundância da comida
estavam relacionadas ao poder social, porém a partir da metade do século os padrões de
etiqueta passaram a dar ênfase aos hábitos alimentares e encarar o auto-controle alimentar
como virtude. Segundo o autor, foi a partir de 1903 que revistas e jornais científicos
começaram a publicar estudos sobre o assunto, ao mesmo tempo, as revistas de moda
começaram a divulgar colunas com o tema obesidade e associar a proporção da altura com o
peso como sinônimos de beleza.
Porém, foi no século XX que o tema teve maior importância, relacionando a obesidade
com o desenvolvimento de diversas doenças e atribuindo-a inicialmente como consequência
da ingestão excessiva de alimentos. Posteriormente, em alguns casos, aos fatores genéticos.
Para Felippe (2003), foi no século XX que houve a inversão dos valores atribuídos à gordura
corporal ao ter acesso a informações, educação, tratamentos médicos e aos alimentos com
valores nutricionais equilibrados. Por consequência, as classes mais abastadas tornaram-se
39
mais magras e as classes inferiores mais gordas, por terem agora maior acesso à alimentação e
a alimentos com altos valores energéticos.
Junto com a mudança de padrões estéticos entre as classes sociais, o século XX contou
com a massiva influência da mídia, tornando-os cada vez mais rígidos. Stenzel (2003) relata
que a indústria da estética e do emagrecimento é um dos mercados mais lucrativos, gerando
33 bilhões de dólares. No entanto, o contraditório é que apesar da mídia divulgar a magreza
como padrão de beleza, o número de mulheres com sobrepeso cresce vertiginosamente. A
autora acima citada relata (p.61) estudos de uma revista chamada Colors Magazine, que
dedicou uma edição especial à obesidade. Uma das reportagens trata sobre a contradição entre
o ideal de beleza apresentado e ambicionado pelas mulheres e a verdadeira realidade
encontrada. A reportagem mostra uma boneca com formas arredondadas com o slogan:
“There are 3 billion women Who don´t look like supermodels and only 8 who do.”, sendo que
a escritora traduz como: “Existem três bilhões de mulheres que não se parecem com
supermodelos, e somente oito que se parecem”. A reportagem reforça a teoria de que apesar
da mídia insistir em estereotipar o ideal de beleza magro, existe um vasto público que não se
encaixa nessa condição.
A colocação é reforçada por Ribeiro (2011, p. 27), que após estudar as campanhas
publicitárias da marca Dove3, afirma que “as mulheres desejam que a beleza não tenha
padrões tão rígidos como os divulgados pela mídia”. A autora descreve as pesquisas
realizadas pela marca, que tem por finalidade divulgar a beleza “real” da mulher, ou seja,
3
Marca de produtos de beleza pessoal, pertencente à Companhia Unilever. Disponível em:
<http://www.unilever.com.br/Images/Dove_tcm95-106355.pdf>. Acesso em: 10 dez. 2012.
40
mulheres comuns, trabalhadoras, estudantes, mães. Dentro de diversas campanhas uma delas
tratava-se exclusivamente de mulheres com sobrepeso. Essa campanha recebeu o nome de
“Concurso Cultural Dove Minhas Curvas Minha História”.
Aos poucos é possível perceber uma pequena mudança no foco exclusivo da mídia em
divulgar produtos apenas para mulheres magras, no entanto essa cultura deveria espalhar-se
para diferentes áreas da sociedade. Felippe (2003) aponta as dificuldades que obesos
encontram nas coisas mais simples do cotidiano, como sentar numa cadeira de cinema (que
possui laterais fixas) ou de ônibus, mobiliários esses que limitam sua usabilidade por pessoas
desse grupo. Além disso, os padrões estéticos impostos pela sociedade fazem com que a
maioria das marcas de moda têxtil sejam voltadas para mulheres magras. Para as “gordinhas”
são reservadas marcas menos populares e que apresentam coleções com cortes mais
tradicionais, ou seja, retos, largos, sem delinear o formato do corpo e com cores discretas.
A superioridade atribuída a “magra” faz com que ela tenha mais acesso ao mundo de
consumo, por exemplo, pois é para ela que são confeccionadas as roupas da moda. A
indústria da moda alimenta esta superioridade, bem como a suposta superioridade
das “magras” alimenta ainda mais a moda. É um movimento de retroalimentação
que garante a superioridade, mantendo o obeso excluído de tudo isto. (STENZEL
2003, p.103).
Com um número cada vez mais acentuado de pessoas com sobrepeso a sociedade deve
pensar em desenvolver alternativas que incluam recursos para que esses indivíduos tenham os
mesmos direitos e acessos que os demais. Mudanças generalizadas são necessárias, como
41
projetar mobiliários mais largos, oferecer esse tipo de mobília em locais públicos, pensar na
largura das roletas do ônibus, desenvolver produtos de vestuário que estejam na moda e que
cubram de maneira eficiente e confortável o corpo. Felippe (2003) defende que é necessário
um trabalho multidisciplinar para libertar essas pessoas e incluí-las na sociedade,
proporcionando para elas autonomia e qualidade de vida.
Para que o IMC seja calculado são necessárias medidas de altura e peso da amostra e
como já foi mencionado anteriormente, o IMC correspondente às pessoas que se encontram
com sobrepeso que varia entre 25 a 29,9. Dados da pesquisa do IBGE, separados por faixa de
idade e sexo e determinam a estatura e peso da população, onde em momentos posteriores são
utilizados para verificar o crescimento e ganho de peso no desenvolvimento corporal, além do
comparativo entre diferentes pesquisas ao longo do tempo sobre déficit de peso, excesso de
peso e obesidade.
Para a presente pesquisa foi escolhida a faixa etária que abrange dos 20 aos 40 anos de
idade. Desta maneira são apresentadas, a seguir, dados da pesquisa do IBGE sobre a altura e
peso de mulheres dentro desse grupo.
42
Para a idade que vai dos 20 aos 24 anos de idade a altura média da população é de 1,61
m, com peso de 57,8 Kg, aplicando a fórmula do IMC, tem-se um resultado de 22,31. Na
faixa etária que abrange entre os 25 aos 29 anos de idade, a altura média fica em 1,61 m, com
peso de 60,5 Kg, resultando num IMC de 23,63. Entre 30 aos 34 anos de idade a altura média
da população é de 1,60 m, com peso de 62 Kg, aplicando a fórmula do IMC, tem-se um
resultado de 24. Já para a faixa de idade de 35 aos 44 anos a média de altura e peso da
população é de 1,59 m com 63,8Kg, correspondendo a um IMC de 25. Com isso é possível
verificar que a média das mulheres brasileiras, dentro da faixa etária de 20 aos 40 anos,
encontra-se com IMC normal (20 a 24,9).
43
Como a pesquisa visa atingir mulheres que estejam com sobrepeso, ou seja, com IMC
entre 25 e 29,9, a seguir será apresentada uma tabela que relaciona as alturas de 1,59m,1,60m
e 1,61m, média da população feminina entre 20 aos 40 anos, com o IMC entre 25 e 29,9, faixa
de sobrepeso, dando como resultado o peso médio que mulheres nessa condição teriam.
ALTURA IMC
25 26 27 28 29 29,9
1,59 m 63,0 kg 65, 5 kg 68,0 kg 70,5 kg 73,0 kg 75,6 kg
1,60 m 64,0 kg 66,5 kg 69,1 kg 71,6 kg 74,2 kg 76,5 kg
1,61 m 64,75 kg 67,34 kg 69,9 kg 72,5 kg 75,1 kg 77,4 kg
3.1 MODELAGEM
Heinrich (2009) acrescenta que “a modelação plana costuma utilizar como base, moldes
que reproduzem a silhueta corporal de forma justa, bem rente ao corpo. Para obter tal efeito,
são traçados moldes básicos em papel, de forma geométrica, aplicando as medidas extraídas
de uma tabela pré-determinada”. Contudo, seu traçado pode ser realizado em superfície plana,
geralmente papel, ou através de softwares específicos, como por exemplo, o Computer aided
design/Computer aided manufacturing (CaD/CAM). Os procedimentos para a realização dos
moldes seriam basicamente os mesmos que realizados no papel, contudo modernizados,
facilitando a agilidade da produção, sua lucratividade e não ocupando espaço físico para o
armazenamento dos moldes.
corpo ou o manequim. Essa técnica é denominada como moulage4. Para Duburg (2012) na
moulage o ponto de partida é o tecido, enquanto na modelagem plana o corpo fica em
primeiro plano. A autora explica que na técnica de moulage o design e moldes são feitos
simultaneamente, onde o tecido é disposto em determinadas formas sobre um busto ou corpo
humano para criar o esboço de um design ou apenas uma primeira ideia. A partir daí são
realizadas eventuais correções e é possível que surjam novas ideias, criando assim um diálogo
com o tecido e permitindo liberdade, já que as únicas restrições são as formas do corpo e
material usado, ao contrário da modelagem bidimensional que é limitada a tamanhos, padrão e
cálculos.
A técnica de moulage permite a criação de peças de vestuário exclusivas, no entanto a
produção em série dessas peças seria muito onerosa para a confecção, levado-se em
consideração o tempo de construção e produção que elas demandam. Schacknat (apud
Duburg, 2012 p.15) expõe que algumas vezes esse processo é usado de forma simplificada no
prét-à-porter5, permitindo que os designers experimentem novas ideias e formas. O molde
seria realizado, através da técnica da modelagem plana, com medições e cálculos,
transportado para o tecido e assim ajustado e alterado em um manequim, por fim, seria
realizado um protótipo no tecido definitivo ou em um similar.
Os manequins, réplicas tridimensionais do corpo humano, são fundamentais para o
desenvolvimento da modelagem plana e da moulage. Eles podem ser encontrados em diversos
tamanhos de medidas, em escala real (1:1) ou até mesmo reduzida, propiciando
conhecimentos sobre o corpo, facilidade e agilidade ao modelista, que não precisa ter ao seu
dispor um modelo vivo, estabilidade nas medidas, etc. Os manequins ainda permitem a
visualização do corpo em diferentes ângulos, o estudo de suas proporções, o caimento ideal
do tecido, facilitando o processo de desenvolvimento do produto.
Souza (2008) contribui:
4
O termo francês “moulage” vem de moule, molde, e originalmente significa “dar forma a um objeto com o
auxílio de um molde”. Ou de modo geral, moldar algo. Moulage significa, portanto, modelagem. (DUBURG,
2012).
5
[Fr. “pronto para usar”; em ing., ready-to-wear.] Roupa comprada feita, pronta para vestir. (CATELLANI,
2003, p.342).
47
Os manequins serão citados por diversas vezes ao longo do presente trabalho, sendo
aliados no entendimento da técnica de modelagem plana. Essa técnica, modelagem plana
(bidimensional) industrial, foi à escolhida como instrumento de estudo no presente trabalho,
optando-se pela não utilização de software, ou seja, manual. O ponto determinante para tal
escolha se deu pelo fato de ainda ser a técnica mais utilizada na indústria têxtil, no contexto
atual.
Os modelos de uma peça de roupa podem ser produzidos para vestir um único
consumidor ou ser graduados e alterados para servir em usuários de diferentes
tamanhos. Em ambas as situações, o conhecimento completo e detalhado sobre
tamanho e graduação é essencial para qualquer designer que espera criar uma
vestimenta de bom caimento. Ser capaz de traduzir as proporções do corpo para o
papel, criando um vestuário tridimensional, requer muita prática e atenção
minuciosa aos detalhes. (FISCHER, 2010, p.16).
total do corpo)”. Como medidas verticais, têm-se as alturas do busto, cintura, da manga,
quadril, gancho, joelho e altura das pernas e como medidas horizontais têm-se as
fundamentais, assim como as circunferências do pescoço, busto, cintura, punho, quadril,
joelho etc. As medidas de circunferência fundamentais para a construção das modelagens são
as do busto (parte superior do corpo), cintura (ponto que divide a parte superior da inferior do
corpo) e quadril (parte inferior), essas são medidas em que determinarão a largura total que a
peça terá depois de construída. Caso a peça final, que foi desenvolvida para atender
determinado tamanho, fique com a circunferência inferior ao corpo proposto, ela não
conseguirá ser vestida.
Para dar início ao desenvolvimento dos moldes, é preciso que haja medidas horizontais.
Nesse caso as circunferências do busto, cintura e quadril, e medidas complementares, é que
determinarão as alturas do molde. As medidas fundamentais e complementares representadas
no plano, através do desenho de retas perpendiculares e paralelas, juntamente com as medidas
auxiliares, que determinarão a posição de certas larguras e pences, além de alturas
secundárias, permitirão que o diagrama seja formado de maneira eficiente. Abaixo estão
representadas as localizações de onde devem ser tomadas as medidas do corpo humano, para a
realização dos moldes:
As medidas para execução dos moldes podem ser adquiridas através da medição de
corpos selecionados, no caso da execução de uma peça sob medida, ou através de tabelas de
medidas pré-estabelecidas, disponíveis em bibliografias, normas sugeridas pela Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), sites, revistas, etc. A tabela de medidas é
fundamental para a indústria têxtil, conforme SENAC (2007 a), “tabela de medidas é um
conjunto de medidas necessárias para a construção das bases de modelagem.”. Torna-se
necessário estabelecer um padrão e ele pode ser obtido através da obtenção de medidas
antropométricas de um grande número da população, estabelecendo então uma média.
Como o Brasil não possui, ainda, uma padronização obrigatória nacional entre quais
medidas utilizar e quais seriam seus valores, cada bibliografia de modelagem de roupas
apresenta sua sugestão de tabela de medidas. No entanto, visando auxiliar e fortalecer a cadeia
têxtil, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, 1995) propôs a Norma Brasileira
(NBR) 13377 para padronizar os tamanhos de artigos do vestuário, em função das medidas do
corpo humano. A norma apresenta medidas para diversas peças de vestuário infantil,
masculino e feminino, contudo não contemplam as necessidades da indústria como um todo e
são utilizadas apenas como referência. No caso de medidas femininas a norma apresenta
apenas as medidas fundamentais da circunferência do busto e cintura, sendo insuficientes para
a construção dos moldes deste estudo.
50
Extensão do tronco posterior Comprimento do tronco (frente) à Extensão lateral entre a cintura e
cintura o baixo quadril
Comprimento consolidado
Comprimento de ombro a ombro Largura entre papilas mamárias
ombro, cotovelo e pulso
O presente trabalho utilizará os pontos de medidas sugeridos pela ABNT, que sejam
convenientes para a construção da base do corpo feminino e fará um levantamento
bibliográfico de quais valores de medidas são atribuídos a esses pontos de medida na
literatura. Antes disso, porém, será mostrado como um molde de vestuário do corpo é
realizado, a fim de filtrar os pontos de medidas necessários.
52
O corpo humano, como foi visto no capítulo anterior possui variações anatômicas em sua
postura. Para o desenvolvimento da pesquisa optou-se pela posição padrão (posição
anatômica). Assim sendo, os movimentos realizados pelo corpo são divididos em três planos:
plano sagital; plano frontal; plano transversal. O primeiro deles, plano sagital, é a divisão do
corpo em duas partes, uma direita e uma esquerda; o segundo, plano frontal, divide o corpo
entre frente e costas; o terceiro, plano transversal, divide o corpo em parte inferior e superior.
Os moldes são divididos conforme os movimentos realizados pelo corpo, no plano
transversal, têm-se as categorias: corpo, manga, saia e calça. A calça e saia correspondem à
parte inferior, o corpo à parte superior, a manga por sua vez, é realizada com a parte superior
e inferior unidas, pelo fato de, na maioria das peças, não apresentar costura horizontal na
altura do cotovelo (o que sugere o plano transversal) e por não influenciar no caimento da
peça. Aliados a isso, os moldes são ainda divididos entre frente e costas (plano frontal),
principalmente pelo corpo apresentar visíveis assimetrias entre esses lados. Respeitando a
divisão frontal ainda é preciso subdividir as modelagens em plano sagital, isso se dá pelo fato
do lado esquerdo e direito do corpo serem simétricos, não havendo necessidade de executar os
mesmos processos para construir os dois lados, bastando desenhar um deles e espelhar o
molde para obter o lado oposto.
6
“Peça-piloto é o nome dada à primeira peça executada de um determinado modelo. A modelagem desta peça é
feita de acordo com a tabela de medidas no tamanho base escolhido (tamanho 40,p.ex.).” (SENAC, 2007a).
54
conforto. Dessa maneira, antes de começar a fazer um molde, o modelista precisa, além das
medidas do corpo que está almejando vestir, de uma imagem da peça de roupa a ser
executada. Contudo, entre observar o desenho e construir um molde existe um caminho que
deve ser seguido para que o objetivo final seja alcançado de forma eficiente, ágil e
diminuindo as margens de erro.
Para facilitar o processo de construção, os moldes, segundo Heinrich (2005), podem
ser divididos entre três processos: molde básico (base); molde de trabalho (interpretado);
molde final. Os blocos básicos e/ou base são representações do corpo nu, precisam ter sido
estruturados com medidas exatas do corpo que se está querendo representar. Para Senac (2007
b) “as bases correspondem a uma “segunda pele”, isto é, possuem exatamente as medidas do
corpo, e não permitiriam nenhum movimento, caso fossem usadas como moldes.”. Dessa
maneira, a precisão da tomada de medidas dos corpos, aliada ao perfeito desenvolvimento dos
blocos básicos permitirão a excelente acomodação da peça ao perímetro do corpo. Na
modelagem feminina os moldes básicos são subdivididos em categorias distintas, que aliam o
formato do corpo com as peças fundamentais utilizadas pela indústria têxtil, sendo elas: o
corpo; calça; saia; manga. Conforme Fischer (2010) os moldes básicos são formatos
bidimensionais para um formato básico de peça de roupa, como por exemplo, a forma de um
corpete ou de uma saia ajustada, e possibilita ao designer utilizá-lo de estrutura para uma
posterior interpretação, executando um molde mais elaborado.
Os moldes básicos não precisam ser construídos todas as vezes que o modelista for
realizar uma modelagem. Eles podem ser feitos com as medidas correspondentes ao público
alvo da marca e transportados para papéis cartão (grossos), que permitirão que durem por
mais tempo em decorrência do desgaste do uso. A partir dos moldes básicos previamente
executados, o modelista desenha uma cópia, respeitando seus contornos e marcações, em uma
nova folha de papel e faz as interferências que a imagem de moda necessita, aumentando
volumes, agregando marcações de recortes, pregas, fornecendo folgas e ajustes. Assim, no
final desse processo, a modelagem contará com as larguras, alturas, desenho de recortes, e
marcações de complementos que serão agregados na peça depois de construída. O modelista
terá em mãos o projeto de modelagem, que ganhará forma após a separação das partes
55
A aplicação das técnicas de modelagem para obtenção do molde final, que virá a
compor uma peça de roupa, segue uma sequência específica de passos para sua
realização, iniciando pelo traçado dos moldes básicos (também chamados de caixa
de modelagem), de acordo com as medidas determinadas pela tabela-padrão da
empresa, seguidos das alterações realizadas sobre os moldes básicos, às quais
chamamos de interpretações de modelagem. Após a finalização dos moldes, quando
estes já estão com as devidas alterações e margens de costura, realiza-se a etapa que
denominamos de pilotagem, onde um protótipo ou peça-piloto é confeccionado
(cortado e montado) a fim de testar e aprovar a modelagem da peça. (HEINRICH,
2005, p.17).
Como objeto de estudo na dissertação, tem-se apenas o processo do molde básico e/ou
base, que deve permear o corpo com perfeição e conforto, sem apresentar volumes, rugas, ou
qualquer outro elemento que o faça afastar-se da função para a qual foi destinado. No entanto,
para conseguir uma perfeita acomodação dos moldes ao corpo, algumas intervenções devem
se realizadas na modelagem. Elas podem ser através de acréscimo ou decréscimo de medidas
em pontos específicos ou até mesmo na inserção de pences. As pences permitem que a
modelagem envolva o corpo de maneira mais eficaz. Como o corpo humano tem formatos
arredondados e possui volumes variados em locais diferentes, as pences servem para que uma
estrutura plana consiga aderir-se ao perímetro do corpo, respeitando os volumes existentes.
Elas são realizadas em locais côncavos ou convexos e devem ter seus limites e profundidades
desenhados sobre os moldes, permitindo que quando eles formem afastados do corpo e
acomodados novamente em um plano bidimensional, levem consigo estes desenhos, que são
informações de onde a peça deve ser costurada para que venha acomodar-se ao corpo por
completo. Fischer (2010, p.20) esclarece que, “as pences controlam o excesso de tecido para
criar forma na roupa.”. E que “a manipulação das pences é a parte mais criativa e flexível de
modelagem plana.”.
O molde do bloco básico do corpo divide-se entre frente e costas. Na modelagem
feminina, as pences têm grande importância, pois são através delas que será permitido ao
tecido adaptar-se ao corpo, visto que a mulher apresenta o volume dos seios. O bloco do
corpo frente apresentará duas pences de cada lado (esquerdo e direito), uma delas está
7
Identificada nos moldes por linhas ou pontos, a pence é um recorte ou dobra na forma triangular, que serve para
ajustar a roupa no corpo. (CATELLANI, 2003, p.602).
56
localizada no ponto médio do ombro e a outra na cintura. As duas pences são necessárias para
que o molde se acomode sobre o corpo e como os seios são o maior volume encontrado no
plano sagital superior, elas devem ter sua orientação conduzida para eles. A primeira delas,
iniciando na metade do ombro e tendo sua profundidade zerada ao chegar às papilas mamárias
e a segunda, começando na cintura e tendo sua profundidade e sua localização conduzida em
função das papilas mamária. Osório (2007) define a pence que vai do ombro até o busto como
“pence do busto” e a pence que vai da cintura até o busto como “pence da cintura”, atribuindo
as siglas de “P.B” para a posição das papilas mamárias. Abaixo, é apresentada uma ilustração
que demonstra onde as pences devem ser posicionadas no bloco básico do corpo frente.
O bloco do corpo costas também apresenta duas pences de cada lado (direito e
esquerdo), uma delas está localizada no ponto médio do ombro e a outra no ponto médio da
cintura. As pences das costas não se finalizam em ponto comum como acontece no bloco da
frente, elas são marcadas no ponto médio do ombro e tem sua profundidade orientada por uma
reta de 90º, baseada na linha reta do ombro. Conforme Osório (2007) a pence possibilita a
acomodação eficaz do tecido ao corpo em função do volume apresentado na região da
omoplata8. Já a pence da cintura é destinada ao ajuste de tecido em excesso, proveniente do
afunilamento do tórax em direção à cintura.
O estudo proposto pela dissertação verifica a construção de moldes básicos da parte
superior do corpo, ou seja, da cintura para cima. Contudo, após estudos iniciais, verificou-se a
importância de apresentar a construção dos moldes até a altura do quadril. Como já foi visto
anteriormente, as medidas de circunferência fundamentais para a construção dos moldes
básicos são, circunferência do busto, cintura e quadril. No entanto, tomar como base a
execução de moldes básicos, apenas da parte superior do corpo, para corpos com sobrepeso,
8
“Osso chato, delgado e triangular que forma a parte posterior do ombro; escápula”. (FERREIRA, 1986, p.
1223).
57
pode tornar o trabalho frágil, visto que as características desses corpos abrangem acúmulo de
gordura e um dos principais locais do corpo onde a gordura acumula-se ou em que o corpo
apresenta variação de medida é no abdômen. A circunferência da cintura, para os corpos
endomorfos é maior do que para os outros biótipos e tendo em vista, que o corpo continua da
cintura para baixo, alterando também medidas até a próxima medida fundamental de
circunferência, que corresponde ao quadril, julgou-se que o estudo dos moldes básicos para
esses tipos de corpos deva estender-se até esse ponto. Assim sendo, a construção dos moldes
básicos do corpo irá seguir até a circunferência do quadril.
Em relação às três medidas fundamentais de circunferência, a cintura é a que possui
menor perímetro, fazendo com que existam pences nesse local. Analisando o corpo da cintura
para cima, ou da cintura para baixo, a modelagem deve ajustar-se ao corpo, fazendo com que
na cintura a pence possua sua profundidade máxima, diminuindo-a ao se aproximar do busto e
do quadril, que correspondem aos maiores perímetros do corpo. A localização das pences da
cintura, tanto no molde da frente, quanto no molde das costas irá permanecer na mesma
posição que tinham no molde superior do corpo, apenas seguindo em direção à linha do
quadril e tendo sua profundidade zerada quando o excesso de tecido for eliminado e modelar
o corpo com precisão.
Como as pences possuem a finalidade de moldar um elemento plano a uma forma
tridimensional e como o corpo feminino possui elevações e reentrâncias, as pences podem ter
seu formato reto, côncavo ou convexo. Seguido a explicação de Osório (2007), “a pence
côncava ajusta a região abaixo da cintura quando o corpo apresenta saliência na barriga. Já a
pence convexa pode melhor ajustar a região do abdômen com a cintura no bloco do corpo da
frente.”. A imagem a seguir exemplifica a explicação sobre os formatos de pence:
Figura 13 – Pences
Além das diferenças de profundidades e formatos das pences nos blocos do corpo frente
e costas, é possível perceber outras variações entre eles. O decote frente é mais cavado que o
58
decote costas em função do pescoço ser inclinado para frente e para permitir maior conforto
ao seu movimento. As cavas frente e costas também possuem curvaturas desiguais. Nas costas
ela deve ser menos cavada, ou seja, deve ter mais tecido a fim de respeitar o movimento e
orientação dos braços. No bloco da frente, a cava deve ter sua curvatura mais acentuada,
contornando a anatomia corporal e facilitando os movimentos dos braços. Outra diferença
entre os blocos do corpo frente e costas feminino é sua largura, a frente tende a possuir uma
largura maior do que as costas em função dos seios.
Os moldes, além de todas as diferenças descritas anteriormente, precisam apresentar
elementos que possibilitem a todos os envolvidos no processo de construção das peças uma
eficaz comunicação. Nomenclaturas padronizadas devem ser agregadas às modelagens.
Conforme Heinrich (2005, p.24), a unificação da linguagem técnica utilizada pelos diversos
setores da empresa é de extrema importância para uma melhor organização e funcionamento
do sistema produtivo, além de evitar defeitos na produção das roupas, seja nos protótipos ou
na produção em escala para vendas. As nomenclaturas compreendem a identificação em todas
as partes que compõem o molde: nome do molde; referência; empresa; modelista; data; parte
do molde; tamanho; número de vezes que o molde deve ser cortado no tecido; localização da
posição do centro-frente ou centro-costas do corpo no molde; piques, que indicam os pontos
de junção entre partes do molde ou piques, permitindo que a peça seja costurada com
exatidão; sentido do fio reto9 para corte da peça; localização da dobra do tecido, indicando se
o molde deve ser cortado com o tecido dobrado. Outras identificações são necessárias, tais
como: localização de botões ou aviamentos específicos; caseados indicando a largura da
abertura que a casa deve ter para permitir a passagem do botão; embebido, indicando o quanto
uma maior quantidade de tecido que deve ser acomodada (através da costura) em outra, de
menor valor, sem que a costura fique franzida; e franzido10.
As imagens a seguir, exemplificam a nomenclatura de localização do botão, caseado
embebido e franzido:
9
Aspecto muito importante no corte do molde e na costura. Alinha-se ao urdume da fazenda na caixa vertical do
molde. (CATELLANI, 2003, p.575).
10
Franzir: Enrugar; preguear; dobrar em pequenas pregas, obtendo o pano bastante espaço. (CATELLANI,
2003, p. 575).
59
Figura 14 – Nomenclaturas
Os blocos básicos da frente e costas podem ser traçados lado a lado, contudo devem-se
respeitar as características anatômicas de cada um deles. Inicialmente trabalha-se com o bloco
da frente, fazendo um retângulo com as medidas do comprimento do corpo (vertical) e metade
da largura do busto frente. Finalizando o retângulo é possível perceber que o molde terá seu
desenho realizado dentro do retângulo em questão, já que os limites de alturas e larguras
corporais foram definidos. O mesmo processo dar-se-á no molde das costas. No ANEXO B é
possível verificar o passo a passo de modelagem do corpo básico desenvolvido por Heinrich
(2005).
A execução dos diagramas de modelagens contempla um formato padronizado de
corpo, levando em consideração que seria inviável para a indústria como um todo produzir
roupas em larga escala, respeitando cada variação corporal humana. Esse seria um trabalho
61
Comprimento de ombro a largura costas largura das costas largura nos ombros
ombro
Média entre
Medida do Medidas NBR Duarte e
Senac Heinrich valores
Corpo 13377 Saggese
(2007) (2005) existentes
(1995) (2008)
(cm)
Comprimento
consolidado - --- --- 12,9 13,3 13,1
ombro
Comprimento de
--- 38,0 46,4 41,0 41,7
ombro a ombro
Comprimento do
--- --- 7,5 --- 7,5
decote da frente
Comprimento do
--- --- 2,75 --- 2,75
decote das costas
Comprimento do
tronco frente à --- --- 46,5 45,5 46,0
cintura
Comprimento
--- --- 21,5 21,8 21,7
lateral
Extensão do
--- 43,0 ---- 45 44,0
tronco posterior
Extensão lateral
entre a cintura e --- 20,0 20 --- 20,0
o baixo quadril
Largura do
--- --- 14 --- 14,0
decote da frente
Largura do
--- --- 15 --- 15,0
decote das costas
Largura entre
papilas --- 21,0 20 20 20,3
mamárias
Perímetro da
78 76,0 78 76 77,0
cintura
Perímetro do
--- 104,0 102 104 103,3
baixo quadril
Perímetro do
94,0 96,0 98,0 96,0 96,0
tórax/peito
Fonte: Autora da presente dissertação.
anteriormente o tamanho do corpo refere-se ao manequim 44. Dessa maneira a tabela, para
esse número de manequim, ficaria com as seguintes medidas (em centímetros):
Tamanho 44
Comprimento
Comprimento Largura entre
consolidado - 13,1 21,7 20,3
lateral papilas mamárias
ombro
Comprimento de Extensão do tronco Perímetro da
41,7 44,0 77,0
ombro a ombro posterior cintura
Extensão lateral
Comprimento do Perímetro do
7,5 entre a cintura e o 20,0 103,3
decote da frente baixo quadril
baixo quadril
Comprimento do Largura do decote Perímetro do
2,75 14,0 96,0
decote das costas da frente tórax/peito
Comprimento do
Largura do decote
tronco frente à 46,0 15,0
das costas
cintura
Fonte: Autora da presente dissertação.
Contudo, a tabela 4 mostra que em relação à NBR 13377, o tamanho 44 veste apenas
até o manequim de tamanho M, deixando os manequins G e GG sem medidas definidas.
Assim sendo será apresentada uma tabela, que agregue os tamanhos G e GG, tal como sugere
a NBR 13377, ou seja, acrescentando a ela os tamanhos 46, 48, 50 e 52. No entanto, é preciso
verificar como as bibliografias trabalham com a graduação de suas tabelas de medidas, para
isso as tabelas de medidas das bibliografias Senac (1995), Heinrich (2005) e Duarte e Saggese
(2008), que encontram-se no APÊNDICE A, farão esse esclarecimento. Através dos valores
atribuídos a cada um dos pontos, será possível verificar qual a variação de valores (cm) entre
os tamanhos.
Para o Senac (1995), vários valores de medidas, atribuídos aos pontos de medidas aqui
estudados não são disponibilizados. Contudo, os valores de medidas variam uniformemente
de um tamanho para outro. Já para Heinrich (2005), ao analisar os pontos de medidas do
comprimento do decote costas, largura do decote frente e largura do decote costas, fez-se
necessário verificar os outros tamanhos de manequim que a bibliografia apresenta, pois esses
pontos variam suas medidas a cada dois tamanhos. Para o ponto de medida da extensão lateral
entre a cintura e o baixo quadril, ao verificar os outros tamanhos que a tabela trás, notou-se
que a partir do tamanho 42 o valor atribuído ao ponto permanece em 20 cm. Por fim, a tabela
de Saggese (2008), expõe valores de medidas que não se mostram proporcionais de um
tamanho para o outro. Assim, também se fez necessário utilizar como referência os outros
66
tamanhos que o autor oferece, para verificar se assim como Heinrich (2005) os pontos variam
a cada dois tamanhos. Em relação ao comprimento consolidado do ombro as medidas variam
com o acréscimo de 0,5 cm a cada dois tamanhos, a partir do tamanho 42. Para o
comprimento do tronco frente à cintura e extensão do tronco posterior elas variam de 0,5 cm a
cada dois tamanhos a partir de tamanho 40. No entanto ao tratar-se do comprimento lateral
não é possível verificar um acréscimo de medida uniforme.
O quadro a seguir compara as variações de medidas agregadas a cada ponto de medida
em relação às bibliografias citadas.
Alguns pontos de medidas, como os perímetros, variam com a mesma proporção entre
um tamanho para outro na visão dos diferentes autores. Existem pontos que estão presentes
apenas para Heinrich (2005) e outros, tais como comprimento consolidado do ombro,
comprimento ombro a ombro e comprimento do tronco frente à cintura, são citados por
Heinrich (2005) e Duarte (2008). Contudo seus valores são muito diferentes uns dos outros.
Dessa forma, o presente trabalho passará a adotar a variação de medidas do autor que maior
apresenta pontos de medidas para a construção dos diagramas, assim como adotará o passo a
passo do mesmo autor para a construção dos diagramas iniciais, que servirão de base para a
pesquisa. No caso do ponto de medida, extensão do tronco posterior, que não é
disponibilizado por Heinrich (2005) e que naturalmente não é necessário para que a
modelagem seja executada não será oferecido na tabela a seguir. Heinrich (2005) servirá de
modelo para as verificações sobre adaptações de em diagramas de modelagens para corpos
femininos com sobrepeso.
Dando continuidade ao estudo de contemplar nas tabelas de medidas manequins de
tamanhos maiores, será desenhada abaixo uma tabela que terá como tamanho inicial o 44, que
é o tamanho que todos os autores têm em comum e que já tiveram suas medidas definidas
(TABELA 6) através das médias de medidas apresentadas nas bibliografias até então
apresentadas. A partir disso serão agregados os tamanhos 46, 48, 50 e 52, sugeridos pela NBR
13377 e que não são tamanhos empregados de forma comum entre todas as tabelas
disponibilizadas pelas bibliografias aqui estudadas. Para a graduação das medidas serão
acrescentados valores conforme explicado no quadro anterior, formando uma nova tabela de
medidas, proposta pela autora:
continuação
Tabela de Medidas (cm) do tamanho 44 ao 52
44 46 48 50 52
Largura do decote da frente 14,0 15,0 15,0 16,0 16,0
Largura do decote das costas 15,0 16,0 16,0 17,0 17,0
Largura entre papilas mamárias 20,3 21,3 22,3 23,3 24,3
Perímetro da cintura 77 81,0 85,0 89,0 93,0
Perímetro do baixo quadril 103,3 107,3 111,3 115,3 119,3
Perímetro do tórax/peito 96 100,0 104,0 108,0 112,0
3 METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO
O presente trabalho tem como objetivo geral analisar como as modelagens do corpo
superior feminino, oriundas de diagramas padronizados acomodam-se ao longo do perímetro
de corpos com sobrepeso, servindo assim como norteadoras para que se estabeleçam
parâmetros para propor um diagrama de modelagem para corpos com esta característica. Para
isto foi feita uma investigação a respeito se as Tabelas de Medida disponíveis nas
bibliografias nacionais abrangem as medidas de mulheres com sobrepeso, além de uma
avaliação se os diagramas de modelagem propostos em bibliografias nacionais contemplam
com eficiência as formas corporais de mulheres com sobrepeso e ainda o aprimoramento da
construção dos diagramas de modelagem do corpo base feminino, propondo a consideração de
elementos que permitam executar moldes básicos que contemplem corpos com sobrepeso.
Definindo o caráter da pesquisa tem-se como enquadramento o caráter Crítico, onde o
problema parte de situações reais e tem-se por objetivo modificar a realidade através da ação.
Para Ribeiro e Zabadal (2010, p. 29), “o pesquisador crítico entende que sua participação no
fenômeno é vital para a solução”. Desta forma, o pesquisador identificou um possível
problema que se daria na dificuldade das mulheres com sobrepeso em encontrar roupas que
contemplassem suas formas e curvas, de maneira confortável e satisfatória, por não haverem,
na primeira fase da construção das modelagens (onde se define o tamanho do manequim
utilizado para a representação através da modelagem), diagramas que respeitem as
características particulares desses corpos. Assim sendo, tem-se uma situação real e o intuito
de modificar a realidade através da ação. Sendo o caráter da pesquisa crítico, ela irá utilizar
tanto a técnica qualitativa quanto quantitativa para o recolhimento e análise dos dados, no
entanto dará maior ênfase aos aspectos qualitativos. Conforme Silverman (2009, p. 55) uma
das maneiras principais de combinar a pesquisa quantitativa e qualitativa é, “engajar-se em
um estudo qualitativo que utilize dados quantitativos para localizar os resultados em um
contexto mais amplo”.
O tipo de investigação tem característica experimental, consistindo numa investigação
empírica e que tem como objetivo principal, segundo Marconi e Lakatos (2012, p. 72), “o
teste de hipóteses que dizem respeito a relações de tipo causa-efeito”, tendo as técnicas de
amostragem por objetivo, “possibilitar a generalização das descobertas a que se chega pela
experiência.” Para Ribeiro e Zabadal (2010, p.31), “não são medidas as características dos
objetos – o que seria um estudo descritivo –, mas as relações entre eles”.
70
imagens a pesquisadora desenhou sobre elas, com ajuda do software CorelDRAW, o contorno
dos corpo e sobrepôs o contorno de cada um deles com a escala de biótipos de Thompson e
Gray (2006), confirmando assim, se apresentavam ou não sobrepeso. Após a captura das
imagens, foram coletadas as medidas corporais de cada participante (APÊNDICE C) com
referência nos pontos de medidas propostos pela NBR 15127 (2004) e necessários para a
construção dos diagramas do corpo superior feminino proposto por Heinrich (2005). Por fim,
perguntou-se para as candidatas qual tamanho de manequim elas usavam.
Desta forma, foi determinada a composição final do grupo focal, sendo composto por
5 participantes. Para cada uma delas foi atribuído um codinome, sendo eles: Corpo 1, Corpo
2, Corpo 3, Corpo 4 e Corpo 5.
Com base nos valores de medidas coletadas do grupo focal deu-se então, a primeira
fase de construção das modelagens com base nos diagramas de Heinrich (2005). Como foi
mencionado no capítulo 3, após estudos iniciais, verificou-se que os resultados poderiam ser
mais consistentes se os moldes fossem construídos não só até a altura da cintura, mas até a
altura do quadril. Isto porque o acúmulo de gordura muitas vezes se dá na região do abdômen,
que tem sua extensão ultrapassando, para baixo e para cima, a região da cintura.
Seguindo este objetivo foi preciso pesquisar como Heinrich (2005) propõe a adaptação
do alongamento do diagrama do corpo feminino até a altura do quadril. Dessa forma, Heinrich
(2005) explica como adaptar o molde do corpo básico para um vestido (Anexo C). Para o
presente trabalho esta informação é muito importante, visto que como se tem por objetivo
alongar o molde superior do corpo feminino até o quadril, fazem-se necessárias breves
modificações, dentre elas:
i. alongar o centro da frente ou centro das costas do molde do corpo superior, até a
altura desejada (altura do quadril);
ii. posicionar um dos vértices de 90º do esquadro no centro frente ou centro costas, até a
altura do quadril, onde, a partir desse ponto deve-se marcar uma reta perpendicular
ao centro frente ou centro costas, com a medida de ¼ do contorno do quadril;
iii. ligar através de curva convexa a lateral da cintura com a lateral do quadril; alongar as
pences da cintura (do molde do corpo) até 5 cm acima da altura do quadril,
invertendo suas formas.
73
O capítulo que se segue está destinado a mostrar como foi realizada a parte prática da
pesquisa e quais foram os resultados obtidos com ela.
A escala de biótipos de Thompson e Gray (2006, apud Heinrich 2009), é composta por
nove biótipos diferentes, seguindo do sujeito sem acúmulo de gordura até o que apresenta
grande volume de gordura corporal. Ela apresenta os biótipos para o gênero feminino e
masculino. Como o trabalho visa trabalhar apenas o gênero feminino será exposta apenas a
escala desse gênero. Além disso, a escala não indica a partir de qual posição é iniciada a faixa
de sobrepeso, presumindo-se, então, que ela se dá entre as posições médias. Desta forma,
acredita-se, até mesmo por analisar a representação gráfica do abdômen, que a faixa de
sobrepeso inicia-se na posição 6.
A seguir serão apresentadas as imagens dos corpos das participantes da pesquisa que
foram identificadas com a nomenclatura de CORPO, variando do número 1 ao 5, conforme a
ordem sequencial que a pesquisadora realizou às primeiras entrevistas. As imagens adotam a
posição anatômica, que conforme Iida (2005) esclarece, é a posição do corpo em pé, ereto,
com os braços para baixo, ao longo do corpo e com as palmas das mãos viradas para frente.
Objetivado uma melhor visualização dos corpos estudados, as imagens foram capturadas no
lado anterior (frente), lateral e posterior (costas).
Após as imagens serem coletadas foram realizados os contornos, no lado anterior de
cada corpo estudado, com linha de cor vermelha, respeitando suas alturas e larguras. Tendo
como referência o contorno de cada corpo estudado, foi possível realizar o cruzamento deles
com a tabela de biótipos de Thompson e Gray (2006, apud Heinrich 2009), diminuindo ou
aumentado as imagens, diagonalmente, de forma que elas não perdessem as proporções
originais, objetivando o encaixe delas na estatura apresentada pela tabela de biótipos. Logo
após a definição da estatura, os contornos dos corpos (contornos em vermelho) foram
sobrepostos na escala de biótipos para verificar em qual largura eles se encontravam,
verificando-se, assim, se apresentavam sobrepeso e se poderiam participar ou não do grupo
focal.
75
Fonte: Autora.
Figura 20 – Corpo 2
Figura 23 – Corpo 3
O corpo 4 tem como peso 74 kg e altura corporal de 1,64 m, resultando num IMC de 27,6,
enquadrando-se assim na faixa de sobrepeso. Para verificar o sobrepeso seu contorno corporal foi
igualmente delineado e realizado o cruzamento com a escala de biótipos. Uma vez aplicado sobre a
escala de biótipos foi verificado que apesar de apresentar um IMC de 27,6, ou seja, maior que o
corpo 3 (com IMC de 26,8), ele encontra-se na faixa 7, enquanto que o corpo 3 ocupa a faixa 8.
Contudo também é confirmado o estado de sobrepeso no corpo 4.
Figura 29 – Corpo 5
O último corpo analisado, o corpo 5, possui peso de 71,5 Kg e altura corporal de 1,61
m, totalizando um IMC de 27,6, enquadrando-se também na faixa de sobrepeso, assim como o
corpo 4, que possui exatamente o mesmo IMC. Ao delinear o corpo da participante e fazer o
cruzamento com a escala de biótipos foi verificado que ele também ocupa a posição número 7
e a indicação do IMC sobre o sobrepeso é confirmada.
A seguir dá-se as imagens dos corpos 1 ao 5 vistos em conjunto.
Figura 32 – Cruzamento do Corpo 5 com escala de biótipos
Com base no IMC e nos cruzamentos com a escala de biótipos de Thompson e Gray
(2006, apud Heinrich 2009) foi comprovado, que os corpos escolhidos para participar do
grupo focal, apresentam sobrepeso. Dessa maneira dar-se-á a explicação de como foi
conduzida a primeira fase da experimentação da dissertação.
O protótipo sofreu ajustes com medida de: 2,5 cm de profundidade na cava da frente,
assim como na cava das costas; diminuição de 12 cm de profundidade na altura do centro
costas, posicionada na cintura e seguindo até pence vertical da cintura frente. Na medida
excedente de 3 cm, acrescentada ao longo do comprimento do centro das costas de todos os
protótipos, houve a necessidade relaxamento de 1 cm tanto na altura da cintura como na
altura do quadril. Da mesma forma que aconteceu nos Corpos anteriores, a maior
consideração a ser feita é no excesso de tecido que se formou no centro das costas na altura da
cintura. Para que este excesso fosse eliminado ele teve que ser marcado do centro das costas,
passando pela lateral e avançando até a pence vertical da cintura da frente, ocasionando um
deslocamento vertical de 5 cm na barra da peça na parte das costas.
O protótipo do corpo 4 também precisou ser ajustado. No ombro, do lado da cava, foi
preciso diminuir em 4 cm a medida ombro-cintura, além disso, na cava frente foi marcado um
excesso de medida de 3 cm. Verticalmente no centro costas, posicionado na altura da cintura,
um excesso de 12 cm foi constatado, este ajuste foi marcado e avançou longitudinalmente, até
zerar sua profundidade, em direção à pence da cintura frente. Na largura do centro costas,
houve a necessidade de relaxamento de 1,5 cm na altura da cintura. A dilatação do abdômen
ocasionou a necessidade de ajustes na barra frente e compensação, com a mesma medida, na
barra costas. O grande deslocamento do centro costas (altura da cintura) fez com que o
protótipo tivesse a barra das costas movimentada. Para compensar tal fato seria preciso o
acréscimo de 5 cm de medida na altura do centro, na posição da barra.
5.2.1 Diagramas convencionais para mulheres com sobrepeso versus medidas corporais
tabeladas
3 (TABELA 11). Como é muito raro que uma pessoa de determinado tamanho de manequim
tenha exatamente o mesmo número de medida em todos os pontos de medidas disponíveis na
tabela, cada um dos corpos participantes na experimentação foi enquadrado num dos números
de manequim da tabela. O enquadramento foi composto pela verificação das medidas das três
principais circunferências do corpo (busto, cintura e quadril) das participantes, sendo
posteriormente comparadas com a tabela de medidas sugerida pela autora.
O Corpo 1 possuía no contorno do busto e da cintura, exatamente o mesmo valor de
circunferência desses pontos para o tamanho 44 da tabela de medidas, sendo assim utilizado o
referido tamanho de manequim para a construção dos diagramas de modelagem. Como a
circunferência do quadril do corpo 1 tinha a medida maior que a sugerida nesse ponto de
medida pela tabela, foi feita a adaptação do diagrama para circunferência da modelo,
permitindo assim que a peça coubesse no contorno do corpo da usuária. O Corpo 2 teve os
valores de circunferência da cintura e do quadril iguais aos apresentados pela tabela de
medidas no manequim de tamanho 46, contudo a circunferência do busto da modelo era 3 cm
menor que o da tabela, fato que não compromete a vestibilidade do protótipo. O Corpo 3
continha as medidas de circunferência diversificadas, a medida do busto ficava entre o
tamanho 48 e 50 da tabela de medidas proposta, a cintura entre os tamanhos 46 e 48 e o
quadril entre os tamanhos 44 e 46. Desta forma foi escolhido construir o diagrama com base
na maior circunferência apresentada (no tamanho 50), para que coubesse no corpo e desde o
início ter consciência que a peça precisaria ser ajustada na cintura e quadril. O Corpo 4 foi o
que apresentou os três valores de medidas mais próximas ao da tabela proposta, apenas
divergindo em 1 cm a menos (na circunferência total) que o da tabela, nos pontos do busto e
cintura. Sendo enquadrado no tamanho 48. Por fim, o Corpo 5 foi outro que apresentou
medidas diversificadas. A medida do busto da participante ficou entre os manequins 44 e 46
da tabela, a cintura entre o 46 e 48 e o quadril entre o 44 e 46. Como o objetivo não era
executar peças sob-medida foram escolhidos os tamanhos que mais se adequaram com as
medidas do Corpo, no caso o tamanho 46, sendo necessária a adaptação da medida de cintura
(que era 3 cm maior que a apresentada no tamanho 46).
Como foi mencionado, é muito difícil uma pessoa apresentar valores idênticos para
todos os pontos de medidas indicados para o mesmo manequim. Este seria o principal motivo
da usuária vestir uma blusa de um tamanho e uma calça de outro, da mesma confecção. Foi
pensando nisto que quando foi feita a primeira entrevista no grupo focal, pergunto-se qual era
o tamanho de manequim que a participante vestia quando comprava roupas. O corpo 1
89
indicou que vestia o tamanho 44, que foi onde a pesquisadora a enquadrou na tabela sugerida. Já o
Corpo 2 mencionou que usava o tamanho 44, sendo que a pesquisadora a enquadrou no tamanho
46. A resposta do Corpo 3 foi mais abrangente, indicando que vestia tamanho 46 para blusa e
tamanho 42 para calça, fato comprovado ao se tentar encaixar as medidas deste corpo na tabela
sugerida, já que foi constatado que a circunferência do busto e cintura pertenciam a um tamanho
de manequim e a circunferência do quadril a outro. Para o Corpo 4, sua indicação de manequim
era de tamanho 46, tendo coincidido com o enquadramento da pesquisadora. A resposta do Corpo
5 foi a mais intrigante, mencionando que vestia tamanho 40 para blusa e tamanho 42 para calça,
tendo a pesquisadora enquadrado suas medidas no tamanho 46 e ainda assim precisando adaptar a
circunferência da cintura em 3 cm para mais. Além da comprovação de que os corpos podem se
encaixar nas medidas de dois manequins diferentes, um manequim para blusa e outro para calça, é
possível perceber que existe uma desconexão entre o manequim que a pessoa acha que veste e
qual realmente deveria utilizar. Isto se dá pela percepção corporal que cada indivíduo tem de si
mesmo.
A seguir serão apresentadas as imagens das provas dos protótipos feitas a partir dos
diagramas de modelagem com as medidas padronizadas, verificando sua vestibilidade nos corpos
estudados.
diminuição de 12 cm na altura do centro costas do protótipo 12, porém até a pence vertical da
cintura frente; deslocamento vertical das costas entre 6 cm e 5 cm, respectivamente;
necessidade de pence de 2 cm e 3 cm na barra abaixo do abdômen. Na construção do segundo
protótipo foi utilizada a tabela de medidas proposta ao longo da dissertação, escolhendo-se
para o Corpo 2 o tamanho de manequim 46. Na localização da pence do ombro-cintura, o
protótipo 2 precisou ser ajustado, fato que não ocorreu no primeiro protótipo. Isto pode ser
atribuído ao fato de terem sido utilizadas as medidas do manequim tamanho 46 para todos os
pontos de medidas e como foi visto anteriormente, a circunferência do busto do Corpo 2 era 3
cm menor que a do tamanho 46 da tabela, ocasionando assim excesso de tecido.
Segue a prova do corpo 3:
Intervenção pence do
Intervenção Cintura Lateral Intervenção Cintura Costas
ombro
Fonte: Autora da presente dissertação.
seguindo até pence vertical da cintura frente. Na medida excedente de 3 cm, acrescentada ao
longo do comprimento do centro das costas de todos os protótipos, houve a necessidade
relaxamento de 1cm na altura do quadril. Em função da dilatação do abdômen houve
necessidade de pence de 2 cm na barra da frente. Da mesma forma que aconteceu nos Corpos
anteriores, a maior consideração a ser feita é no excesso de tecido que se formou no centro
das costas na altura da cintura. Para que esse excesso fosse eliminado ele teve que ser
marcado do centro das costas, passando pela lateral e avançando até a pence vertical da
cintura da frente, ocasionando um deslocamento vertical de 5 cm na barra da peça na parte das
costas.
Existiram pontos comuns que precisaram ser marcados Protótipos 1 e 2 do Corpo 3.
Na medida excedente de 3 cm, acrescentada ao longo do comprimento do centro costas de
todos os protótipos, os protótipos sofreram relaxamento de 1 cm na altura do quadril;
diminuição de 12 cm e 10 cm, respectivamente, na altura do centro costas até a pence vertical
da cintura frente; deslocamento vertical das costas de 5 cm. Nas duas peças a cava costas
necessitou de intervenções, onde foi marcado um excesso de 2,5 cm de medida na metade da
altura da cava, sendo que no primeiro protótipo a medida foi zerada a 10 cm do centro costas
e no segundo, exatamente no centro costas. Na construção do segundo protótipo foi utilizada a
tabela de medidas proposta ao longo da dissertação, escolhendo-se para o Corpo 3 o tamanho
de manequim 50. Na localização da pence do ombro-cintura, o protótipo 2 precisou ser
ajustado, fato que não ocorreu no primeiro protótipo. Isto pode ser atribuído ao fato de ter
sido utilizado o tamanho de manequim 50 para a construção do segundo protótipo, no entanto
a medida “comprimento consolidado-ombro” apresentada na tabela é 3 cm maior que a
medida do mesmo ponto no Corpo 3, podendo ter ocasionando excesso de tecido. O
surgimento da pence localizada na barra frente, abaixo do abdômen, pode ser ligado ao fato da
circunferência do quadril do Corpo 3 ser menor que a circunferência do quadril do manequim
50.
Segunda prova do corpo 4:
94
consolidado-ombro precisou ser reduzido em 3 cm, assim como a altura do centro costas na
posição da cintura, onde foi marcada a redução de 8 cm, seguindo até a pence vertical da
frente. A barra frente sofreu ajustes de largura de 2 cm abaixo do abdômen, o que ocasionou a
necessidade de aumentar em 1,5 cm a largura barra costas. Na cintura costas o protótipo
precisaria ter relaxamento de medida de 1,5 cm. No Corpo 5, assim como nos outros corpos, a
maior consideração a ser feita também se deu no excesso de tecido que se formou no centro
das costas, na altura da cintura. Para a eliminação de tal excesso, foram feitos ajustes do
centro das costas até a pence vertical da cintura na frente, ocasionando um deslocamento
vertical de 5 cm na barra da peça na parte das costas.
Os pontos comuns entre as intervenções sofridas pelos Protótipos 1 e 2 do Corpo 5
foram: aprofundamento de 3 cm da medida ombro cintura; na medida excedente de 3 cm,
acrescentada ao longo do comprimento do centro costas de todos os protótipos, sofreu
relaxamento de 1,5 cm na altura da cintura e quadril; diminuição de 7 cm e 8 cm,
respectivamente, na altura do centro costas até a pence vertical da cintura frente;
deslocamento vertical das costas em 4 cm e 5 cm respectivamente. Na construção do segundo
protótipo foi utilizada a tabela de medidas proposta ao longo da dissertação, escolhendo-se
para o Corpo 5 o tamanho de manequim 46. No segundo protótipo, o surgimento de pence na
altura da cava costas pode estar relacionado com o valor atribuído ao comprimento do tronco
frente à cintura (medida fundamental para marcar a altura das costas), que na Tabela de
medidas sugerida fica 4 cm maior que na medida coletada do Corpo 5, fazendo com que ao
provar a peça na modelo sobrasse tecido. Assim como a redução de 3 cm no comprimento
consolidado-ombro, que na Tabela de medidas ficava 3,4 cm maior que a medida coletada no
Corpo 5.
Para todos os Corpos utilizados ao longo da experimentação as peças precisaram ser
alteradas em pontos alternados, no entanto alguns deles precisaram ser marcados
unanimemente. Abaixo segue uma tabela resumida dos pontos e medidas marcadas nos
protótipos 1 e 2 dos Corpos 1 ao 5.
97
Tabela 12– Tabela comparativa das alterações nos protótipos 1 e 2 dos Corpos 1 ao 5
A seguir será apresentado como estes valores de medidas foram marcados e alterados
nas modelagens dos protótipos 1 e 2 dos Corpos 1 ao 5, possibilitando assim alterações nos
diagramas oriundos de Heinrich (2005) para corpos com sobrepeso e dar continuidade ao
passo seguinte, proposto no esquema de pesquisa.
Para que fosse possível visualizar nas modelagens, quais deveriam ser as modificações
feitas nos diagramas, foi necessário desenhar a construção do molde original e sobrepor o
molde correspondente com as alterações realizadas. As imagens a seguir foram vetorizadas e
apresentam a interpretação de um dos diagramas (Corpo 5 – protótipo 1A). A primeira (figura
46), é composta pela modelagem do Corpo 5, com as medidas coletadas do respectivo Corpo.
A segunda (figura 47), possui demarcações em vermelho de onde deveriam ser feitas as
alterações, depois da prova do protótipo, no Corpo 5. Por fim, a terceira (figura 48), mostra a
sobreposição do molde original (em preto) com as modificações que ele sofreu após os ajustes
da modelagem (em vermelho).
corpos com sobrepeso. A seguir será apresentado o diagrama para corpos com sobrepeso e a
explicação sobre a escolha de determinadas medidas.
A sequência dos passos seguidos por Heinrich (2005) para a construção dos diagramas
procurou ser a mesma para os diagramas de corpos femininos com sobrepeso. Contudo, em
função de algumas modificações, como o alongamento do corpo até a altura do quadril, ou
pelas peculiaridades dos corpos com sobrepeso, a sequência da construção teve que ser
alterada.
No capítulo 3 foi visto que o diagrama de modelagem é construído com base em uma
Tabela de Medidas, sendo dividido entre lado anterior e posterior e subdividido entre lado
esquerdo e direito. Na bibliografia que apresenta o diagrama de Heinrich (2005) é também
sugerida uma Tabela de Medidas com base em estudos da autora, que para facilitar a
construção e tendo o intuito da melhor adaptação ao perímetro dos corpos, desmembra alguns
pontos de medidas, dando origem a outros. É o caso dos pontos circunferência busto e cintura,
que para o presente trabalho seguem a sugestão das nomenclaturas das normas da ABNT
15127 (2004) e passam a serem nominados de: perímetro do tórax/peito e perímetro da
cintura. Visualizando a Tabela de Medidas de Heinrich (2005), Anexo D, é possível verificar
que ela é dividida entre Medidas Fundamentais (circunferência do busto, cintura e quadril),
Corpo-frente, Corpo-costas, Manga e Calça. Para Heinrich (2005), Corpo-frente e Corpo-
Costas corresponde ao tronco feminino, até a altura da cintura e é dividido em duas partes
(frente e costas). Essa divisão é dada por que, para a autora, o perímetro do busto ganha mais
extensão na parte da frente, em decorrência ao volume dos seios e consequentemente menos
extensão na parte das costas. No sentido de acompanhar as modificações anteriores, ocorre
também a divisão do perímetro da cintura, apresentando a Tabela de Medidas, além dos
pontos largura do busto da frente e das costas, os pontos cintura da frente e cintura das costas.
Assim, a tabela da autora divide a circunferência do busto em duas partes e acrescenta o valor
de 2,6 cm para a largura total do busto frente e subtrai os mesmos 2,6 cm para a largura total
das costas, divide a circunferência da cintura em duas partes e acrescenta o valor de 2 cm para
a largura total da cintura frente e subtrai os mesmos 2 cm para a largura total da cintura
costas.
Visando facilitar a construção dos diagramas para corpos com sobrepeso, de maneira
que qualquer sujeito que se disponibilize a construi-los, possa aplicar suas medidas
particulares ou provenientes de qualquer outra Tabela de Medidas, tais considerações, como
102
Após a construção dos diagramas para mulheres com sobrepeso, foram novamente
realizados protótipos referentes às medidas corporais particulares das participantes, chamados
de protótipos 2A, assim como protótipos referentes às medidas oriundas na tabela de medidas
proposta no Capítulo 3. O enquadramento ao tamanho de manequim foi exatamente o mesmo
realizado na construção dos protótipos 1B, incluindo as eventuais adaptações que se fizeram
104
necessárias em alguns pontos de medidas para determinado Corpo. Os protótipos oriundos das
Tabelas de Medidas ganharam a nomenclatura de 2B.
A seguir seguem-se as imagens dos Corpos 1 ao 5, vestido as peças:
deu com a eliminação do excesso de tecido formado no centro das costas, na posição da
cintura. Nas imagens do lado posterior e lateral da figura 49 é possível verificar como o
protótipo 2A adaptou-se perfeitamente aos contornos corporais do Corpo 1 na região lombar,
em função da adaptação do diagrama ao equilíbrio da coluna vertebral dos corpos com
sobrepeso.
A seguir serão novamente disponibilizadas as imagens do Corpo 1. Contudo a
participante estará vestindo as peças da prova 2B.
O protótipo 2B, que teve seu diagrama construído a partir de valores oriundos da
sugestão da Tabela de Medidas padronizada, não vestiu com perfeição o Corpo 1. Surgiu
excesso de tecido na frente superior, do decote até a altura do busto, ocasionando o
aprofundamento de 2 cm (na metade da altura) da pence ombro-busto. Houve a necessidade
de eliminar excesso de 1,5 cm de medida na largura do decote das costas, assim como o
excesso de 6 cm na altura do centro das costas, na posição da cintura costas. Na largura da
cintura costas constatou a necessidade de aumento de 1 cm.
Para poder traçar uma melhor análise da prova 2B, abaixo serão disponibilizadas as
imagens da prova 1B.
106
O diagrama adaptado para corpos com sobrepeso, teve sucesso com a construção do
molde com as medidas coletadas do Corpo 2. Caso a modelagem fosse feita a partir da Tabela
de Medidas Padrão sugerida, seria preciso corrigi-la, acrescentando medidas na circunferência
entre a altura da cintura e do quadril. Nas duas fases foi preciso marcar o excesso de tecido
formado na altura do ombro do lado da cava (medida ombro-cintura).
Seguem-se as provas dos protótipos do Corpo 3.
O protótipo 2B, que teve seu diagrama construído a partir de valores oriundos da
sugestão da Tabela de Medidas padronizada, vestiu adequadamente o Corpo 3. Surgiu excesso
de tecido na frente superior, do decote até a altura do busto, ocasionando o aprofundamento
da pence ombro-busto. Houve a necessidade de eliminar excesso de 1,5 cm de medida na
altura da cava costas e excesso de 2,5 cm na largura do ombro (consolidado-ombro).
Para poder traçar uma melhor análise da prova 2B, abaixo serão disponibilizadas as
imagens da prova 1B.
O protótipo 2B, que teve seu diagrama construído a partir de valores oriundos da
sugestão da Tabela de Medidas Padronizada, vestiu adequadamente o Corpo 5. Contudo,
surgiu excesso de tecido de 3,5 cm na altura do ombro do lado da cava (medida ombro-
cintura) e constatou-se a necessidade de diminuir o comprimento consolidado-ombro em 2,5
cm.
Para poder traçar uma melhor análise da prova 2B, seguem disponibilizadas as
imagens da prova 1B.
115
continua
116
Continuação
Corpo 1 Corpo 2 Corpo 3 Corpo 4 Corpo 5
+ 1 cm
-1,5 cm
cintura
largura
do
Medida excedente de 2 cm ao longo do + 1 cm + 1 cm + 4 cm + 1 cm + 1 cm + 1 cm
decote --- --- ---
comprimento do Centro Costas cintura cintura entre cintura cintura cintura
cintura
+ 1cm
e
cintura
quadril
3,5
Medida Ombro-Cintura --- --- 3 cm 2 cm --- --- 4 cm 2 cm 3 cm
cm
Pence barra abaixo do abdômen --- --- --- --- --- --- 1 cm --- --- ---
2,5 1,5
Profundidade da cava costas --- --- --- --- --- --- --- ---
cm cm
2,5 2,5
Comprimento consolidado-ombro --- --- --- --- --- --- --- ---
cm cm
Pence meio do abdômen --- --- --- --- 1 cm --- --- --- --- ---
TRAÇADO DO MOLDE BÁSICO DO 5-16 – Una com uma linha, definindo a linha do
CORPO FEMININO COM SOBREPESO ombro do molde;
14-17 – Coloque o valor da tabela abaixo,
FRENTE esquadrando pela linha 3-4. Esta medida definirá a
1-2 – Marque a medida do comprimento do profundidade da cava da frente;
tronco frente à cintura; Tam 44 46 48 50 52
2-3 – Determine ¼ do perímetro do tórax/peito 14-15 5,7 6 6,3 6,6 6,9
mais 1,3 cm;
3-4 – Marque a medida do comprimento do 17-18 – Esquadre uma linha, usando como
tronco frente à cintura; referência a linha dos pontos 14-17, até encontrar
1-5 – Marque ½ largura do decote da frente; alinha do ombro do molde;
1-6 – Determine o comprimento do decote da 19 – Meça a linha 17-18 e calcule 1/3 desta
frente; medida, o valor encontrado marque de 17-19;
Una os pontos 5-6 com uma curva formando o 16-19-14 – Una com curva formando a cava da
decote frente; frente;
7 – Marque o ponto 7 na metade da medida de 6- 20 – Marque na metade da reta 5-16, este ponto
2 (centro-frente); será o centro da pence;
7-8 – Coloque ½ da largura entre papilas 20-21 e 20-22 – Meça a linha 5-16 e subtraia o
mamárias; valor do comprimento consolidado-ombro. Para
O ponto 8 representa o ponto do busto; cada lado do centro da pence (ponto 20), coloque
8-9 – Esquadrar a linha 7-8, até encontrar a linha metade deste valor;
2-3; 8-20 e 8-22 – Una com retas formando a pence do
3-10 – Coloque 1,5 cm; ombro;
10-11 – Suba 2,5 cm em linha esquadrada.Usar 2-23 – Marque a extensão lateral entre a cintura e
como referência a linha 2-3; o quadril;
Meça a linha 2-10 e diminua do valor encontrado, 23- 24 – Marque a mesma medida de 2-9;
a medida de ¼ do perímetro da cintura mais 1 24-25 – Marque 1 cm;
cm; Prolongar a linha 23-24 em aproximadamente 10
Coloque metade da diferença para cada lado de 9; cm;
8-12, 8-13 e 11-13 – Unir com linha reta 26 – Marcar a extensão lateral entre a cintura e o
formando a pence da cintura; baixo quadril. Para isto, esquadrar linha reta,
11-14 – Marque a medida do comprimento usando como referência a linha 11-13. Após unir
lateral, através de linha inclinada, estando o ponto os pontos 11-26 com linha curva;
14 junto da linha 3-4. (Posicione a régua com seu Calcular ¼ do perímetro do baixo quadril
ponto Zero ao ponto 11 do molde e marque a subtraindo desta medida o valor de 23-25 e
medida do comprimento lateral onde esta subtraindo também 1 cm;
encontrar a linha 3-4); 26-27 – O resultado da subtração anterior marcar
3-15 – Marque a medida do comprimento ombro- de 26-27. (Posicione a régua com seu ponto Zero
cintura; ao ponto 26 do molde e o resultado encontrado
15-16 – Esquadre 1,3 cm, usando como onde este encontrar a linha feita do prolongamento
referência a linha 3-4; dos pontos 23-24);
28 – Marcar na metade de 9-24;
28-29 – Marcar 1 cm;
119
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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APÊNDICES
APÊNDICE A - Variação de valores entre pontos de medidas das tabelas de Senac (1995), Heinrich
(2005) e Saggese (2008)
Senac (1995) cm
Variação
Medida do Corpo Tamanho
(cm)
38 40 42 44
Comprimento consolidado - ombro --- --- --- --- ---
Comprimento de ombro a ombro 35 36 37 38 1
Comprimento do decote da frente --- --- --- --- ---
Comprimento do decote das costas --- --- --- --- ---
Comprimento do tronco frente à cintura --- --- --- --- ---
Comprimento lateral --- --- --- --- ---
Extensão do tronco posterior 41,5 42 42,5 43 0,5
Extensão lateral entre a cintura e o baixo quadril 20 20 20 20 0
Largura do decote da frente --- --- --- --- ---
Largura do decote das costas --- --- --- --- ---
Largura entre papilas mamárias 18 19 20 21 1
Perímetro da cintura 64 68 72 76 4
Perímetro do baixo quadril 92 96 100 104 4
Perímetro do tórax/peito 84 88 92 96 4
Heinrich (2005) cm
Variação
Medida do Corpo Tamanho
(cm)
38 40 42 44
Comprimento consolidado - ombro 12 12,3 12,6 12,9 0,3
Comprimento de ombro a ombro 40,4 42,4 44,4 46,4 2
Comprimento do decote da frente 6,75 7 7,25 7,5 0,25
0,25 a cada
Comprimento do decote das costas 2,5 2,5 2,75 2,75
2 tamanhos
Comprimento do tronco frente à cintura 43,5 44,5 45,5 46,5 1
Comprimento lateral 20 20,5 21 21,5 0,5
Extensão do tronco posterior --- --- --- --- ---
Extensão lateral entre a cintura e o baixo quadril 18 18 20 20
130
1 a cada 2
Largura do decote da frente 12 13 14 14
tamanhos
0,5 a cada 2
Largura do decote das costas 6,5 7 7,5 7,5
tamanhos
Largura entre papilas mamárias 16 17 18 20 1
Perímetro da cintura 66 70 74 78 4
Perímetro do baixo quadril 90 94 98 102 4
Perímetro do tórax/peito 86 90 94 98 4
Variação
Medida do Corpo Tamanho
(cm)
38 40 42 44
0,5 a cada 2
Comprimento consolidado - ombro 12,2 12,7 13,3 13,3
tamanhos
Comprimento de ombro a ombro 38 39 40 41 0,5
Comprimento do decote da frente --- --- --- --- ---
Comprimento do decote das costas --- --- --- --- ---
0,5 a cada 2
Comprimento do tronco frente à cintura 44 45 45 45,5
tamanhos
Comprimento lateral 21 21,5 21,5 21,8 ---
0,5 a cada 2
Extensão do tronco posterior 43,5 44,5 44,5 45
tamanhos
Extensão lateral entre a cintura e o baixo quadril --- --- --- --- ---
Largura do decote da frente --- --- --- --- ---
Largura do decote das costas --- --- --- --- ---
Largura entre papilas mamárias 9 10 10 10
Perímetro da cintura 64 68 72 76 4
Perímetro do baixo quadril 92 96 100 104 4
Perímetro do tórax/peito 84 88 92 96 4
131
VOCÊ está sendo CONVIDADA a participar de uma pesquisa desenvolvida pelo Curso de Mestrado
em Design do Centro Universitário Ritter dos Reis – Uniritter. Os pesquisadores responsáveis são Luciana
Borges Soares e Prof. Orientadora Daiane Plestch Heinrich.
O OBJETIVO deste trabalho é propor diagramas de modelagem, da base superior do corpo feminino,
que contemple corpos com sobrepeso.
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132
( ) Questionário
( ) Grupo focal
ATENÇÃO:
- As medições, prova de protótipos ou fotografias poderão gerar desconforto, por isso, mesmo que tenha
concordado em participar desta pesquisa, você poderá desistir a qualquer momento, sem ter que dar qualquer
justificativa ou explicação.
- O seu nome não será vinculado aos resultados desse estudo quando os mesmos forem publicados.
- As informações sobre a pesquisa serão utilizadas apenas pelo grupo de pesquisadores deste projeto.
- Sinta-se à vontade para solicitar quaisquer esclarecimentos antes de decidir sobre sua participação no
estudo.
PARA DEMAIS INFORMAÇÕES você poderá entrar em contato com Luciana Borges Soares pelo
telefone (51) 81218287, ou através do e-mail: luborges82@terra.com.br .
É importante ressaltar que o Comitê de Ética em Pesquisa do UniRitter foi consultado e aprovou o
projeto, e também pode auxiliar a esclarecer alguma dúvida que você tiver, pelo e-mail:
cepuniritter@uniritter.edu.br .
____________________________________________________.
Assinatura da participante
Data ___/___/___
______________________________________________________.
Data ___/___/___
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133
Frente da peça vista pelo Lateral da peça vista pelo Pence superior ombro-busto
avesso avesso vista pelo avesso
TRAÇADO DO MOLDE BÁSICO DO CORPO 5-16 – Una com uma linha, definindo a linha do ombro
FEMININO COM SOBREPESO do molde;
1-6 – Determine o comprimento do decote da frente; 16-19-14 – Una com curva formando a cava da frente;
Una os pontos 5-6 com uma curva formando o decote 20 – Marque na metade da reta 5-16, este ponto será o
frente; centro da pence;
7 – Marque o ponto 7 na metade da medida de 6-2 20-21 e 20-22 – Meça a linha 5-16 e subtraia o valor do
(centro-frente); comprimento consolidado-ombro. Para cada lado do
centro da pence (ponto 20), coloque metade deste valor;
7-8 – Coloque ½ da largura entre papilas mamárias;
8-20 e 8-22 – Una com retas formando a pence do ombro;
O ponto 8 representa o ponto do busto;
2-23 – Marque a extensão lateral entre a cintura e o
8-9 – Esquadrar a linha 7-8, até encontrar a linha 2-3; quadril;
3-10 – Coloque 1,5 cm; 23- 24 – Marque a mesma medida de 2-9;
10-11 – Suba 2,5 cm em linha esquadrada.Usar como 24-25 – Marque 1 cm;
referência a linha 2-3;
Prolongar a linha 23-24 em aproximadamente 10 cm;
Meça a linha 2-10 e diminua do valor encontrado, a
medida de ¼ do perímetro da cintura mais 1 cm; 26 – Marcar a extensão lateral entre a cintura e o baixo
quadril. Para isto, esquadrar linha reta, usando como
Coloque metade da diferença para cada lado de 9; referência a linha 11-13. Após unir os pontos 11-26 com
linha curva;
8-12, 8-13 e 11-13 – Unir com linha reta formando a
pence da cintura; Calcular ¼ do perímetro do baixo quadril subtraindo
desta medida o valor de 23-25 e subtraindo também 1 cm;
11-14 – Marque a medida do comprimento lateral,
através de linha inclinada, estando o ponto 14 junto da 26-27 – O resultado da subtração anterior marcar de 26-
linha 3-4. (Posicione a régua com seu ponto Zero ao 27. (Posicione a régua com seu ponto Zero ao ponto 26
ponto 11 do molde e marque a medida do comprimento do molde e o resultado encontrado onde este encontrar a
lateral onde esta encontrar a linha 3-4); linha feita do prolongamento dos pontos 23-24);
3-15 – Marque a medida do comprimento ombro-cintura; 28 – Marcar na metade de 9-24;
15-16 – Esquadre 1,3 cm, usando como referência a linha 28-29 – Marcar 1 cm;
3-4;
137
35-36 - Determine ¼ do perímetro do tórax/peito menos 50-51 – Partindo do ponto 50, marque o ponto 51,
1,3 cm; colocando 7 cm;
36-37 – Marque 1 cm; 49-51 e 50-51 – Una com linha reta formando a pence do
ombro costas;
37-32 – Una com linha reta, conferindo (partindo do
ponto 37) se o comprimento da linha é correspondente à Marque o ponto 52 partindo do ponto 45 com o valor da
medida da extensão lateral entre cintura e quadril. Após tabela abaixo. Esta medida definirá a profundidade da
correção, una os pontos com linha curva; cava das costas;
35-38 - Marque a medida do comprimento do tronco 43-53-45 - Una com curva formando a cava das costas;
frente à cintura;
47-54 - Marque o ponto 54 sobre a reta 35-37. Para isto,
38-39 - Marque ½ da largura do decote das costas; esquadrar linha reta, usando como referência a linha 46-
45 e o ponto 47;
38-40 - Determine o comprimento do decote das costas;
Meça a linha 35-37 e diminua do valor encontrado, a
40-41 – Marque ½ largura do decote das costas; medida de ¼ do perímetro da cintura menos 1 cm;
39-40 – Una com curva formando o decote das costas; Coloque metade da diferença para cada lado de 54;
X-38 – Una com uma reta; 54-57 - Marque o ponto 57 a partir do ponto 54. Para isto,
esquadrar linha reta, usando como referência a linha 35-
Marque o ponto 42 1 cm acima do ponto 15, na linha 3-4; 37, determinando o valor de 15 cm entre 54-57;
39-42 – Una com linha reta; 57-58 – Marque o ponto 58 a partir do ponto 57. Para
isto, esquadrar linha reta, usando como referência a linha
39-43 – Marque o ponto 43 colocando a medida do
54-57, determinando o valor de 2 cm entre 57-58;
comprimento consolidado-ombro mais 1,6 cm (pence do
ombro costas); 47-55-58-56-47 – Una formando a pence vertival das
costas;
36-44 – Marque a medida do comprimento do tronco
frente à cintura. Para isto, esquadrar linha reta, usando Marque o sentido do fio do tecido paralelamente ao
como referência a linha 35-36; Centro da Frente e ao Centro das Costas.
37-45 - Marque a medida do comprimento lateral, através
de linha inclinada, estando o ponto 45 junto da linha 35-
36. (Posicione a régua com seu ponto zero ao ponto 37 do
138
ANEXOS