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JUSTIFICATIVA QUANTO AO

ENQUADRAMENTO NA PREVISÃO DO
ARTIGO 68 DA LEI 12.651/2012 (DIREITO
ADQUIRIDO)

Jardim/MS
2015

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SUMÁRIO

1 IDENTIFICAÇÃO DO SOLICITANTE .......................................................................... 3


2 IDENTIFICAÇÃO DA PROPRIEDADE......................................................................... 3
3 EMENTA ............................................................................................................................. 3
4 LEGISLAÇÃO .................................................................................................................... 3
5 IMAGENS DE SATELITE ................................................................................................ 9
6 CONCLUSÃO ................................................................................................................... 10

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1 IDENTIFICAÇÃO DO SOLICITANTE

NOME: Geraldo Perri Moraes


CPF: 367.785.598-53
ENDEREÇO: Rua Osvaldo Cruz, n. 110, SL 506, AN 5, Centro
MUNICÍPIO: Araçatuba - SP
CEP: 16.010-040

2 IDENTIFICAÇÃO DA PROPRIEDADE

NOME: Fazenda Guavirá


MUNICÍPIO: Igautemi – MS
DADOS CARTORIAIS: 5315, LIVRO 02. FLS 01 a 06, do Cartorio de Registro Geral da
Comarca de Igautemi/MS.

3 EMENTA
Parecer jurídico elaborado com finalidade de comprovação que uso e ocupação do solo na
propriedade supra descrita, em 1989 é idêntico ao dos dias de hoje, visando enquadramento legal na
previsão do art. 68 da Lei 12651/2012.

”Art. 68. Os proprietários ou possuidores de imóveis rurais que realizaram


supressão de vegetação nativa respeitando os percentuais de Reserva Legal previstos
pela legislação em vigor à época em que ocorreu a supressão são dispensados de
promover a recomposição, compensação ou regeneração para os percentuais
exigidos nesta Lei.

§ 1o Os proprietários ou possuidores de imóveis rurais poderão provar essas


situações consolidadas por documentos tais como a descrição de fatos históricos de
ocupação da região, registros de comercialização, dados agropecuários da
atividade, contratos e documentos bancários relativos à produção, e por todos os
outros meios de prova em direito admitidos.” (grifo nosso)

4 LEGISLAÇÃO
Versa o artigo 68 da Lei 12651/2012 que os proprietários ou possuidores de imóveis rurais que
realizaram supressão de vegetação nativa, respeitando os percentuais de Reserva Legal previstos

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pela legislação em vigor à época em que ocorreu a supressão, ficam dispensados de promover a
recomposição, compensação, ou regeneração para os percentuais exigidos nesta Lei.
Vejamos que este artigo isenta de recompor, compensar ou regenerar a reserva legal daqueles
imóveis que estariam de acordo com a legislação da época, ou seja, fizeram desmatamento ou até
mesmo no caso do Cerrado limpezas de áreas quando eram autorizados a fazer.
Esse resgate ao respeito a legislação da epoca em que se ocupou a propriedade é muito importante
para o arcabouço juridico ambiental, uma vez que a legislação foi e ainda será alterada várias vezes.
Abaixo segue o histórico de alterações na legislação:

A cada alteração da legislação os proprietários de imoveis rurais eram lançados na ilegalidade, já


que o direito adquirido não era respeitado.
Mister observar que a mudança na legislação somente em 1989, passou a incluir a reserva legal no
cerrado e mudou a nomenclatura NA para DA propriedade:

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O desafio é como provar essas situações de enquadramento no Direito Adquirido.
Prevendo também estas situação, a legislação de forma inteligente e expressiva em seu art. 68,
parágrafo único, acrescenta que:
“Os proprietários ou possuidores de imóveis rurais poderão provar essas situações consolidadas por
documentos tais como a descrição de fatos históricos de ocupação da região, registros de
comercialização, dados agropecuários da atividade, contratos e documentos bancários relativos à
produção, e por todos os outros meios de prova em direito admitidos”.
Conforme inscrito no CAR, a área não possui o total de reserva legal exigidos pela Lei em vigor a
partir de 1989, porém seguia a legislação anterior a esta data, motivo pelo qual deverá permanecer
na situação atual.
A titulo de exemplicação lista-se a legislação de dois Estados que trabalharam a tematica de forma
especifica:
SÃO PAULO – SP
LEI 15.684 DE 14 DE JANEIRO DE 2015
“Artigo 27 - Os proprietários ou possuidores de imóveis rurais que realizaram
supressão de vegetação nativa respeitando os limites impostos pela legislação em
vigor à época em que ocorreu a supressão são dispensados de promover a
recomposição, compensação ou regeneração para os percentuais de Reserva Legal
exigidos pela Lei Federal nº 12.651, de 25 de maio de 2012.
§ 1º - A dispensa de recomposição, compensação ou regeneração, para os
percentuais da Lei Federal nº 12.651, de 25 de maio de 2012, de que trata o “caput”

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deste artigo, deve observar as seguintes leis e respectivos limites previstos para
manutenção de vegetação nativa:
1 - a partir da vigência do Decreto Federal nº 23.793, de 23 de janeiro de 1934, 25%
(vinte e cinco por cento) das matas existentes, salvo o disposto nos artigos 24, 31 e
52 do mesmo decreto;
2 - durante a vigência da Lei Federal nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, até a
vigência da Lei Federal nº 7.803, de 18 de julho de 1989, 20% (vinte por cento) da
área de cada propriedade com cobertura de floresta;
3 - durante a vigência da Lei Federal nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, com as
alterações introduzidas no artigo 16 pela Lei Federal nº 7.803, de 18 de julho de
1989, 20% (vinte por cento) da área de cada propriedade, para todas as formas de
vegetação;
§ 2º - A identificação da forma da vegetação e da época de abertura das situações
consolidadas poderá ser provada por documentos tais como a descrição de fatos
históricos de ocupação da região, registros de comercialização, dados
agropecuários da atividade, contratos e documentos bancários relativos à produção,
e por todos os outros meios de prova em direito admitidos.
§ 3º - Os atos e documentos oficiais ou emitidos pela administração pública federal,
estadual ou municipal possuem fé pública, gozando de presunção de veracidade, e
tem o efeito de prova pré-constituída.
§ 4º - O percentual de recomposição de Reserva Legal em propriedade ou posse
rural em área contendo forma de vegetação de floresta, de cerrado e outras formas
de vegetação será definido considerando separadamente a parcela que cada uma
ocupa na propriedade ou posse rural analisada, bem como o cômputo das Áreas de
Preservação Permanente no cálculo do percentual da Reserva Legal da propriedade
ou posse rural, atendidas as determinações do artigo 15 da Lei Federal nº 12.651, de
25 de maio de 2012, e as demais disposições desta lei.
§ 5º - O indeferimento do direito previsto neste artigo deverá conter despacho
fundamentado no processo administrativo, garantidos a ampla defesa e o
contraditório, após notificação pessoal do proprietário ou possuidor, cabendo
recurso administrativo com efeito suspensivo.”(GRIFO NOSSO)
Sob uma análise muito sucinta e pratica da legislação que trata dos Programas de
Regularização Ambiental no Estado de São Paulo, podemos ver que a linhagem
seguida é a mesma da Lei Federal 12.651/2012, onde diz que deverão ser
dispensados de recompor, regenerar ou compensar a reserva legal, aqueles que
fizeram as ocupações de sua propriedade nos percentuais exigidos a época.

A legislação é especifica ao trazer os percentuais, que devem ser respeitados. Neste caso enquadrado
no ano de 1965 a 1989, onde deveriam ser respeitados os percentuais de 20% das áreas de florestas
existentes na propriedade.”

PARANÁ - PR
LEI 18.295 DE 10 DE NOVEMBRO DE 2014
“Art. 32. O cálculo do percentual de Reserva Legal do art. 68 da Lei Federal nº
12.651, de 2012, sobre a forma de vegetação existente na propriedade ou posse rural

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na época de conversão para o uso alternativo do solo, será encontrado aplicando-se
a seguinte metodologia:

I – áreas abertas antes da vigência do Decreto Federal nº 23.793, de 23 de janeiro


de 1934 (Código Florestal de 1934), em 1º de maio de 1935: 0% (zero por cento) da
área ocupada com todas as formas de vegetação;

II – áreas abertas entre 2 de maio de 1935 e 15 de janeiro de 1966:

a) propriedades e posses rurais contendo forma de vegetação de floresta: 25% (vinte


e cinco por cento) da área ocupada pela fisionomia de floresta, como previa o art. 23
do Decreto Federal nº 23.793, de 1934;

b) propriedades e posses rurais contendo forma de vegetação de cerrado:0% (zero


por cento) da área ocupada com essa fisionomia;

c) propriedades e posses rurais contendo demais formas de vegetação: 0% (zero por


cento) da área ocupada com essas fisionomias;

III – áreas abertas entre 16 de janeiro de 1966 até 19 de julho de 1989:

a) propriedades e posses rurais contendo forma de vegetação de floresta: 20% (vinte


por cento) da área ocupada pela forma de floresta, como previa a redação do art. 16
da Lei Federal nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, antes das alterações da Lei
Federal nº 7.803, de 18 de julho de 1989;

b) propriedades e posses rurais contendo forma de vegetação de cerrado: 0% (zero


por cento) da área ocupada com essa fisionomia;

c) propriedades e posses rurais contendo demais formas de vegetação: 0% (zero por


cento) da área ocupada com essas fisionomias;

IV – áreas abertas entre 20 de julho de 1989 até a Medida Provisória nº 1.956-50, de


26 de maio de 2000: 20% (vinte por cento) da área da propriedade.

V – áreas abertas após 28 de maio de 2000 até 25 de maio de 2012: a Área de


Preservação Permanente somada à 20% (vinte por cento) da propriedade.
§ 1º A identificação da forma da vegetação e da época de abertura das situações
consolidadas poderá ser provada por documentos, tais como:

I - descrição de fatos históricos de ocupação da região;

II - registros de comercialização;

III - dados agropecuários da atividade;

IV - contratos e documentos bancários relativos à produção; e

V - todos os outros meios de prova em direito admitidos.

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§ 2º Os atos e documentos oficiais ou emitidos pela Administração Pública Federal,
Estadual ou Municipal possuem fé pública, gozando de presunção de veracidade e
têm o efeito de prova pré-constituída.
§ 3º Os documentos não previstos no § 1º deste artigo também constituem prova das
situações consolidadas, a serem analisados pelo órgão responsável pelo PRA,
conferindo-os com documentos oficiais contemporâneos da época dos fatos que se
pretende provar.
§ 4º O percentual de Reserva Legal em propriedade ou posse rural em área contendo
forma de vegetação de floresta, de cerrado e outras formas de vegetação, será
definido considerando separadamente a parcela que cada uma ocupe na propriedade
ou posse rural analisada.
§ 5º O indeferimento do direito previsto neste artigo deverá conter despacho
fundamentado no processo administrativo, garantidos a ampla defesa e o
contraditório, cabendo recurso administrativo com efeito suspensivo.”

Também seguindo as orientações da Lei 12651/2012, a lei que dispõe sobre o PRA no Paraná
distingue as legislações de cada época, corroborando com a ideia de enquadramento das áreas
ocupadas antes de 1989, no art. 68 da referida Lei.

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5 IMAGENS DE SATELITE

Descrição: Landsat LT 5 554076 de 1989.

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Descrição: Imagem Google Earth Pró de 16 de Janeiro de 2015

6 CONCLUSÃO

Através das imagens pode-se comprovar que a área não foi alterada após 1989, comprovado o
enquadramento da propriedade em questão no direito adquirido, previsto no art. 68 da Lei
12651/2012.
Cabe expressar que em 2015, há mais matas na propriedade que em 1989, como poderá ser
analisado no CAR – Cadastro Ambiental Rural.
Ademais, se por este órgão for identificado que existe alguma área a ser recuperada, que observe os
prazo legais dispostos nas disposições transitórias da Lei 12651/2012.
Solicita ao órgão ambiental que faça a análise nestes termos.

Jardim/MS, 28 de Outubro de 2015.

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Janaina B. Pickler
OAB/MS 13.137
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