16.

Não Saia Daqui

A cena se passa na Espanha, no ano de 1951.

Cena Única
Uma espécie de porão muito bem arrumado e com uma janela
pequena que está aberta. Há uma mesinha com alguns papéis e
dois livros nela. Dois homens estão no porão. Um deles é alto e
moreno e se chama Ambrósio. Outro é baixo e atarracado e se
chama Anacleto.

Anacleto- Tem certeza que não vai sair daqui, Ambrósio?

Ambrósio- Absoluta! Você sabe que eu odeio quando esses

nossos tios vêm nos visitar.

Anacleto- Eles não são tão ruins assim. Por que não dá uma
chance para eles?
Ambrósio- Você sabe que quando eu não gosto das pessoas, elas
estão realmente rejeitadas.

Anacleto- Mas eles viajaram mais de cinquenta quilômetros para

te ver.

Ambrósio(grita)- Poderiam viajar a Terra toda! Eu não vou lá!

Anacleto- Cala a boca e me respeita. Você sabe que não gosto de
nervosismo pra cima de mim.

Ambrósio- E por que você não está ao lado de nossos tios

Sebastian e Carola?

Anacleto- Porque você me pediu para que eu ficasse aqui, pois

tem medo de ficar no porão sozinho.

Ambrósio- Se quiser ir, eu não vou achar ruim.

Anacleto- Posso ir então?

Ambrósio- Antes, volte aqui e me traga uma maçã.

Anacleto- Está bem. Já volto.

Anacleto sai pela esquerda. Ambrósio fica temeroso ao se ver
sozinho no porão, mas ele consegue ficar no porão sem gritar.
Anacleto volta com duas maçãs em um prato.

Ambrósio- Você vai comer uma?

Anacleto- Não, você sabe que detesto maçãs.

Ambrósio vai pegar uma das maçãs, mas desiste de ideia.

Anacleto- Não saia daqui por enquanto. Vou ver se consigo tirar
os nossos tios da sala e você pode passar por lá. Não saia daqui.

Anacleto sai. Ambrósio vai até a mesinha e pega um livro. Ele

folheia o livro, depois coloca o livro no lugar. Ouvimos vozes os
tios de Ambrósio falando. 

Ambrósio- Eles devem ter saído. Já vou sair desse lugar nojento.

Ambrósio corre até a porta, abre-a e sai correndo. Ouvimos

vozes ao longe, mas não sabemos de quem é. O pano desce
rapidamente.