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Universidade Tecnológica Federal do Paraná

Gerência de Pesquisa e Pós-Graduação


Campus Medianeira
VI ENDITEC - Encontro Nacional de Difusão
Tecnológica

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4 UMA APLICAÇÃO PRÁTICA DO ESTUDO DO TRABALHO NA ASSISTÊNCIA DO


5 ALUNO DA UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ (CAMPUS
6 MEDIANEIRA)
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10 DENILSON BAUMGARTNER 1, GLEICI M. VARIZA2, JOSEANE QUITAISKI3,
11 KARINA R. DOTTO4, SILMARA FAVARETO5, VANESSA A. GONÇALVES6, FABIANA
12 C. A. SCHÜTZ 7
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16 RESUMO: O estudo do trabalho promove a otimização da produtividade conciliando
17 o bem estar do trabalhador aos métodos mais adequados e eficientes do seu posto de trabalho.
18 As técnicas de estudo do trabalho se aplicam a situações corriqueiras e podem ser utilizadas
19 na melhoria das situações, concentrando-se nos aspectos da produção que dependem e
20 influenciam diretamente o rendimento do trabalho humano. O objetivo deste trabalho foi
21 apresentar a aplicação de um fluxograma combinado com uma ficha de caracterização, como
22 recurso esquemático, utilizado para análise do método de trabalho da verificação final da
23 assistência de alunos da UTFPR – (Campus Medianeira). Pode-se observar que cabe ao
24 Engenheiro de Produção a responsabilidade básica pela realização do trabalho e para tanto,
25 técnicas simples como a introdução de mudanças positivas no trabalho para o
26 condicionamento dos envolvidos à mecanismos de cooperação, podem ser alternativas
27 eficientes de melhoria de processos de trabalho.
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29

1
Acadêmico do curso de Engenharia de Produção agroindustrial denílsonbaur @yahoo.com.br
2
Acadêmico do curso de Engenharia de Produção agroindustrial gleicivariza@yahoo.com.br
3
Acadêmico do curso de Engenharia de Produção agroindustrial josyquitaiski@yahoo.com.br
4
Acadêmico do curso de Engenharia de Produção agroindustrial Karina_dotto@hotmail.com
5
Acadêmico do curso de Engenharia de Produção agroindustrial Silmara.smi@hotmail.com
6
Doscente do curso de Engenharia de Produção agroindustrial fabianaschutz@utfpr.edu.br
30 PALAVRAS-CHAVE: Projeto do trabalho. Fluxograma. Ficha de caracterização.
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33 1. INTRODUÇÃOO estudo e o projeto das tarefas das pessoas, dentro de


34 organizações trata da prescrição da parcela de trabalho atribuída a cada pessoa, ou
35 conjunto de pessoas, para a realização das operações de produção. Ou seja, otimizar a
36 produtividade conciliando o bem estar do trabalhador aos métodos mais adequados e
37 eficientes ao seu posto de trabalho. Segundo CAMAROTTO (2005), o estudo do
38 trabalho pode ser entendido como o uso de técnicas, métodos e medição do trabalho,
39 para examinar o trabalho humano em todos seus aspectos, investigando os fatores que
40 influem na eficiência e desempenho da situação estudada, com a finalidade de
41 melhorar o conforto e segurança na execução do trabalho e aumentar a produtividade
42 do sistema de produção.
43 As técnicas de estudo do trabalho se aplicam a situações corriqueiras e podem ser
44 utilizadas na melhoria das situações, concentrando-se nos aspectos da produção que
45 dependem e influenciam diretamente o rendimento do trabalho humano.
46 O objetivo deste trabalho é apresentar a aplicação de fluxograma combinado com uma
47 ficha de caracterização como recurso esquemático para análise do método de trabalho
48 assistência de alunos da UTFPR – (Campus Medianeira), propondo uma reorganização do
49 processo de modo a reduzir o tempo de permanência do trabalhador em seu posto de trabalho
50 após o horário de encerramento das atividades acadêmicas da Universidade.
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53 2. PROJETO DO MÉTODO
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56 Cabe à engenharia de métodos, ou projeto do método, definir e melhorar as técnicas


57 pelas quais pessoas ou conjunto de pessoas executam as suas parcelas de trabalho num
58 sistema produtivo.
59 Segundo CAMAROTTO (2005) o projeto de uma nova situação de trabalho se faz a
60 partir da necessidade de um método de trabalho humano que não existe num determinado
61 local e tempo. Com base nos resultados de avaliação da situação de trabalho existente, e
62 verificando-se metas previstas não alcançadas, surge a necessidade de melhoria da situação de
63 trabalho que acarreta, em geral, além de mudanças no próprio método existente, mudanças
64 nas condições de contorno.
65 Os recursos esquemáticos têm uma importância significativa no Projeto de Métodos
66 porque proporcionam o estudo global do processo produtivo antes que se tente efetuar uma
67 investigação detalhada do sistema de produção. A contribuição da utilização desses recursos
68 está presente também nas fases de padronização e treinamento de métodos de trabalho. Dentre
69 os principais recursos esquemáticos o fluxograma do processo é considerado bastante
70 eficiente pois representa esquematicamente o processo de produção através das seqüências de
71 atividades de transformação, exame, manipulação, movimento e estocagem por que passam os
72 fluxos de itens de produção. O modelo registra exclusivamente seqüências fixas e constantes
73 de um trabalho e permite um entendimento global e compacto do processo de produção, ao
74 destacar e identificar as etapas constituintes e a sua ordem de execução (ANTUNES, 1994).
75 Na confecção de um fluxograma de processo é muito importante que se observe
76 algumas atividades que melhor organizam o modelo, são elas: Determinar a atividade a ser
77 estudada; Escolher os pontos definidos para o início e o término do gráfico; Inserir símbolos
78 adequados e padronizados como os da American Society of Mechanical Engineers – ASME,
79 considerada uma simbologia de uso internacional.
80 Outro recurso com boa aplicação é a ficha de caracterização, que permite um maior
81 domínio sobre os dados técnicos da situação de trabalho. Nesta ficha são descritos os
82 procedimentos das operações, os equipamentos e instrumentos necessários a sua execução, os
83 tempos de cada operação ou elemento de trabalho e as atividades dos operadores para dar
84 conta de cada operação. Deve ser construída por observação direta de cada posto de trabalho
85 analisado, procurando interagir com os operadores e supervisores para melhor entendimento
86 das tarefas.
87 A utilização de recursos esquemáticos da Engenharia de Métodos para análise do
88 processo produtivo é importante também, porque evidenciam as atividades que não agregam
89 valor ao processo – tais como transporte, inspeção, espera – e que portanto, são passíveis de
90 melhoria e conseqüentemente possibilitam um aumento da produtividade.
91 BATISTA (2006) analisou os seguintes recursos esquemáticos para estudo do
92 processo produtivo: Fluxograma, Mapofluxograma, Carta De Para, Diagrama de Freqüência
93 de Percurso e Tabela de Distribuição de Informações. E concluiu que apesar de serem
94 utilizados há bastante tempo, esses recursos esquemáticos ainda apresentam relevante
95 contribuição na análise do processo produtivo inclusive nas novas formas de organização e
96 ainda na verificação das metas e na definição das condições de contorno. Ainda que o
97 Fluxograma e o Mapofluxograma, quando da sua utilização conjunta, permite ganhos
98 superiores à utilização individual, ao passo que compensa as desvantagens de uns recursos
99 com as vantagens de outros. Também concluiu que os recursos esquemáticos para análise do
100 processo produtivo podem ser auxiliares na eliminação de atividades que não agregam valor e
101 na melhoria contínua das organizações.

102 No desenvolvimento de tarefas de relativa simplicidade em postos de trabalhos como é


103 o caso das tarefas da Assistência do Aluno da UTFPR (Campus Medianeira), o fluxograma
104 representado pelos símbolos da ASME,combinado com a ficha de caracterização de
105 atividades, se adéqua bem, pois permite ilustrar o encadeamento das atividades, avaliar as
106 fases de padronização e definir o treinamento de métodos de trabalho, além de registrar,
107 analisar e auxiliar na melhoria dos processos.
108 As atividades desenvolvidas pela Assistência do Aluno (UTFPR - Campus
109 Medianeira) são: Informar aos alunos e professores suas respectivas salas e horários; Fornecer
110 chaves de salas, laboratórios e aparelhos de televisão; Controlar a colocada e retirada de
111 avisos; Controle de entrada e saída de professores; Registrar as ocorrência de falta de
112 professores e alunos; Guardar materiais e objetos encontrados; Reserva de salas e
113 informações de cursos; Atendimento ao publico interno e externos; Verificação final. Dentre
114 elas foi identificada como problemática, pelos funcionários do posto de trabalho, a etapa de
115 verificação final que inclui: o fechamento das salas, janelas, desligamento de luzes e
116 ventiladores verificação, organização das cortinas e carteiras e verificação da ocorrência de
117 aparelhos eletrônicos com tomadas ligadas e fora do lugar. Esta etapa do trabalho é
118 considerada como a mais problemática por acontecer apenas após as 22: 40, exigindo a
119 permanência do funcionário em seu posto de trabalho por um extenso período após o horário
120 de encerramento das atividades acadêmicas da Universidade. A melhoria do processo de
121 trabalho neste posto, diminuiria o tempo de permanência do funcionário após o encerramento
122 das atividades acadêmicas conferindo maior eficiência nas atividades do seu posto de
123 trabalho.
124

125

126

127 3. MATERIAL E MÉTODOS


128

129

130 A pesquisa foi desenvolvida como parte das atividades práticas da disciplina de
131 Estudo de Tempos e Métodos do curso de Engenharia de Produção Agroindustrial e se
132 realizou nas dependências da UTFPR Campus de Medianeira. No campus a estrutura física é
133 identificada como blocos de salas de aulas, somando ao todo 9 blocos com 5 salas(em média)
134 por bloco (aula e laboratórios) sendo um deles com dois andares. Inicialmente o alvo do
135 estudo das atividades realizadas foi o bloco I1.
136 A primeira etapa da pesquisa foi de levantamento de todas as atividades do setor, através
137 de conversa informal com os três funcionários do posto de trabalho, nesta etapa foi
138 possível definir o objeto de estudo dentre as atividades da assistência de alunos.
139 Após identificar qual seria a etapa estudada do processo, determinou-se que o nível de
140 abrangência seria apenas de um grupo de atividades e com um grau de detalhamento do
141 estudo, em função da natureza das atividades, relativamente simplificado.
142 Foram escolhidos os pontos de início e de fim, assim como a descrição das etapas do
143 trabalho ilustrado pelo fluxograma que estão demonstrados na Tabela 02.
144 Foram mensurados os tempos gastos por atividade, através de cronometragem direta
145 utilizando um cronometro de 30 voltas com memória Modelo SL 200. A cronometragem foi
146 interrompida na saída de cada bloco e reiniciada no inicio do próximo.
147 Os tempos medidos do inicio da atividade que se deu com a saída do posto de
148 trabalho, até sua conclusão, que foi considerado como sendo a saída do Bloco I1, foram de
149 12,583 min no dia 09/09/09, 11,983 min no dia 10/09/09, 13,316 min no dia 14/09/2009, e
150 14,6 min no dia 15/09/09, resultando num tempo médio de 13,121 min para concluir a tarefa
151 de verificação final do Bloco I1.
152 A seqüência de tarefas foi fotografada para a composição de uma ficha de
153 caracterização onde foram descritos os procedimentos das operações. O grupo de atividades
154 acompanhadas incluiu o fechamento das salas, janelas, o desligamento de luzes e
155 ventiladores, a verificação e organização das cortinas e carteiras e a verificação da ocorrência
156 de aparelhos eletrônicos com tomadas ligadas e fora do lugar.
157 Foi observado o fluxo das atividades e construídos o fluxograma das atividades e a
158 ficha de caracterização das atividades para posterior análise.
159

160
161

162

163 Figura 1: Fluxograma das atividades realizadas pela assistência de alunos na etapa de verificação final
164 Bloco I1
165
166 Sala I 11 Sala I12 Sala I13 Sala I 14 Sala I 15
167
168  
1  32 62 
169
19  49
170 2  33 
63 
171
172
3  20
34 
64 
173 50

174
4  35 
21 65 
175 51

176
5  36  66 
177
22 52
178 6  37 
67 

179 23 53
7  68 
180 38 

181 8  39 
69 
182 24 54 

183 9  40 
70 
25 55
184
185 10  41 
71 
186
  11  26   42  56
187 72 

188 12  27 43 


57  
189
  13   
190 28           44  79 58
 
191   14  79
         45 
79  73 
29
192 58 

193 15       46 


74 
194
30
195 16     47 
60
75 
196
197   17  31         48  61 76 
198 18
 
199
 
200
77 
201
202
203
204
205
206
207
208
209
210
211
212
213
214 Tabela 02: Lista de atividades representadas no fluxograma das atividades realizadas pela
215 assistência de alunos na etapa de verificação final Bloco I1 Salas I 11, I 12, I13, I 14 e I 15
1 Posto de trabalho. 19-30 Repete a seqüência descrita nos
itens 3 ao 16
2 Sair da Assistência e ir até o 31 Sair da Sala I12 para I 13
bloco I1 Sala I11
3 Abrir a porta 32 Espera do material
4 Acender as luzes 33 - 47 Repete a seqüência descrita nos
itens 3 ao 16
5 Inspecionar se há 48 Sair da Sala I13 para I 14
equipamentos fora do lugar
ou na tomada.
6 Ir até o televisor para 49-60 Repete a seqüência descrita nos
guardá-lo itens 3 ao 16
7 Guardar equipamentos. 61 Sair da Sala I14 para I 15
8 Ir até as janelas 62 Espera do material
9 Inspecionar 63-76 Repete a seqüência descrita nos
itens 3 ao 16
10 Fechar as janelas se dirigir a 77 Fim do processo
próxima
11 Voltar ao inicio
12 Fechar cortinas voltando ao
inicio
13 Se dirigir a porta
14 Apagar as luzes
15 Fechar a porta
16 Sair da Sala I11 em direção
a sala I12
17 Ir até a porta da próxima sala
18 Inspeção visual.
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217
218

Operação Atividade
Sair da Assistência e ir até o primeiro bloco;

Entrada na primeira sala, abrir a porta e ligar as luzes.

Fechamento das Janelas.

Verificação da existência de aparelhos eletrônicos com tomadas


ligadas e/ou fora do lugar e devida arrumação.

Fechamento das cortinas.

Desligar ventiladores e ares condicionados apagar as luzes e fechar a


porta.

Se dirigir para o próximo bloco.

219 Quadro 1: Ficha de caracterização das atividades de verificação da assistência de alunos.


220

221

222 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO


223

224

225 A utilização de recursos esquemáticos como fluxograma e a ficha de caracterização,


226 permitem a visualização das seqüencias de atividades de um processo de trabalho, e se
227 aplicam desde as seqüências mais complexas até as seqüências mais simples de atividades,
228 como é o caso deste trabalho. O que torna possível observar que cabe ao Engenheiro de
229 Produção a responsabilidade básica pela realização do trabalho corroborando com as
230 observações de ZILBOVICIUS, (1999).
231 Nas rotinas avaliadas pode-se verificar que o funcionário inicia suas atividades pelo
232 Bloco I1, o mais próximo da assistência de alunos, e assim que as aulas se encerram, uma
233 alternativa proposta para reduzir o tempo é: aproveitar os últimos minutos de aula que os
234 alunos ainda estão em sala, para se deslocar até o bloco I5 e iniciar as atividades do ultimo em
235 direção ao primeiro.
236 Para fechar as janelas ele deve iniciar das janelas da frente para as do fundo, pois cada
237 parte da janela possui sua posição correta, e este método é o mais adequado para realização
238 desta tarefa.
239 A média de tempo gasto para concluir as atividades no bloco I1 foi de 13,121 minutos.
240 Fazendo uma análise superficial, sem considerar os tempos gastos para deslocamento entre os
241 blocos, e possíveis particularidades, como equipamentos ligados às tomadas ou dificuldades
242 para fechar as janelas, este tempo seria multiplicado pelo menos por 9 vezes, que é o número
243 atual de blocos de salas (aulas e laboratórios) no Campus. Isso resultaria em pelo menos 1
244 hora e 58 minutos de acréscimo no tempo de permanência do funcionário na Universidade.
245 Para reduzir o tempo disponibilizado nesta atividade, uma das alternativas viáveis, foi
246 o processo de introdução de mudanças positivas no trabalho buscando identificar atividades
247 que irão condicionar as pessoas envolvidas como acadêmicos e professores à mecanismos de
248 cooperação. Esta alternativa foi levantada por MENEGON (2003), quando analisou o
249 funcionamento das unidades postais, quanto às atividades reais de trabalho e concluiu que os
250 o processo de introdução de mudanças positivas no trabalho condicionam os envolvidos à
251 mecanismos de cooperação. As mudanças positivas no trabalho podem ser atividades simples
252 como a conscientização dos acadêmicos através de palestras e a cooperação dos professores
253 promovendo o fechamento das janelas e cortinas ao encerrar suas aulas.
254

255
256 5. CONCLUSÕES
257

258 Foi possível concluir que a utilização de recursos esquemáticos como fluxograma e a
259 ficha de caracterização, são ferramentas eficientes e permitem a proposição de melhoria até
260 mesmo em processos de trabalhos em que o nível de abrangência é pequeno e com um grau de
261 detalhamento superficial.
262 Também se observou que cabe ao Engenheiro de Produção a responsabilidade básica
263 pela realização do trabalho e para tanto, técnicas simples como a introdução de mudanças
264 positivas no trabalho para o condicionamento dos envolvidos à mecanismos de cooperação,
265 podem ser alternativas eficientes de melhoria de processos de trabalho.
266

267

268 7. REFERÊNCIAS
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270

271 ANTUNES JR, J. A. V., 1994, O mecanismo da função produção: a análise dos
272 sistemas produtivos do ponto de vista de uma rede de processos e operações. Produção,
273 v.4, n.1, jul. 1994. p. 33-46.
274 KRICK, E. Introdução à Engenharia. 1ª edição. São Paulo. ATLAS, 1976.
275 JACKSON, M., 2000, A participação dos Ergonomistas nos Projetos
276 Organizacionais, Revista Produção, Número Especial, Agosto de 2000, p. 61 a 70.
277 ZILBOVICIUS, M., 1999, Modelos para a produção, produção de modelos. Editora
278 Annablume, São Paulo.
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