Você está na página 1de 2

ORIENTAÇÕES E FUNDAMENTAÇÕES LEGAIS PARA O ATIRADOR

ESPORTIVO LEVAR CONSIGO EM AUXÍLIO À AUTORIDADE POLICIAL


(atz 28/01/21 - criação - Lima e Volpon Advogados

Disponível em: https://limaevolpon.adv.br/downloads/manuais/)

►Posso portar arma do SIGMA (EB) a pronto uso? R: Sim, desde que seja uma arma curta de seu
acervo, com toda documentação exigida (CR, CRAF e GT) e esteja em deslocamento para
treinamento e/ou competição (práticas, cursos, campeonatos, provas etc.), já que expressamente
previsto na Portaria COLOG as nominações “municiada, alimentada e carregada”.
Fundamento: art. 5º, § 3º, Decreto nº 9.846 de 25/06/2019; art. 61, Portaria nº 150 – COLOG de
05/12/2019 e art. 24 da Lei nº 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento) de 22/12/2003

►Posso portar calibres .40 S&W, 9 mm ou outros no deslocamento ao clube? R: Sim, vários
calibres deixaram de ser de uso restrito, modificados para de uso permitido a partir de 2019.
Fundamento: Anexo A da Portaria nº 1.222 de 12/08/2019 e art. 2º, inciso I, alíneas “a”, ‘”b” e “c”
(1.620 Joules), Decreto nº 9.847 de 25/06/2019.

►Posso portar arma do SINARM (PF), adquirida para posse, a pronto uso ao clube? R: Sim,
desde que tenha a GT expedida pela PF, que é requerida mensalmente, e a pessoa seja CAC, pois o
Decreto nº 9.846 fala expressamente “CAC portando” pelo “Sinarm ou Sigma”, caso contrário, não
sendo CAC, deverá levá-la acondicionada.
Fundamento: art. 5º, § 3º, Decreto nº 9.846 de 25/06/2019.

►Existe trajeto ou rota específica para deslocamento ao clube previsto em lei? R: Não, nenhum
trajeto específico é previsto em qualquer norma, mas tão somente a exigência de se estar em efetivo
deslocamento em trajeto compatível.
Fundamento: art. 5º, § 3º, Decreto nº 9.846 de 25/06/2019 e art. 61, Portaria nº 150 – COLOG de
05/12/2019. Vide STJ Resp nº 1.790.241/CE.

►Existe forma de condução (carro, ônibus, bicicleta, a pé) para o deslocamento ao clube
previsto em lei? R: Não, nenhuma forma é especificada em qualquer norma, mas tão somente a
exigência de se estar em efetivo deslocamento.
Fundamento: art. 5º, § 3º, Decreto nº 9.846 de 25/06/2019 e art. 61, Portaria nº 150 – COLOG de
05/12/2019. Vide STJ Resp nº 1.790.241/CE.

►É proibido parar, descansar ou se alimentar durante o deslocamento ao clube? R: Não há


qualquer proibição em paradas e estadias, já que nenhuma situação segue pormenorizada em
qualquer norma, mas tão somente a exigência de se estar em efetivo deslocamento para o
treinamento/competição, dentro de sua rota. Assim, é assegurado ao CAC o porte de trânsito em todo
o trajeto, incluindo paradas necessárias, como hospedagem, posto de combustível, restaurante e
outros, garantindo a segurança do seu acervo no deslocamento.
Fundamento: art. 5º, § 3º, Decreto nº 9.846 de 25/06/2019 e art. 61, Portaria nº 150 – COLOG de
05/12/2019. Vide STJ Resp nº 1.790.241/CE.
►O clube visitado precisa ser o de filiação do CAC? R: Não, nenhuma norma exige para o trajeto
que haja clube filiado, pois o local de treinamento/competição não precisa representar clube filiado,
mas sim todo e qualquer local autorizado à prática do tiro.
Fundamento: art. 5º, § 3º, Decreto nº 9.846 de 25/06/2019 e art. 61, Portaria nº 150 – COLOG de
05/12/2019. Vide STJ Resp nº 1.790.241/CE.

► Se houver abordagem policial, como se deve agir? R: Muitas são as formas de abordagem
policial e em diferentes circunstâncias, das mais simples às complexas, tais como, por exemplo, uma
ordem para mero teste de bafômetro ou uma procura por suspeitos que se assemelham às suas
características, motivo pelo qual é difícil se estabelecer um padrão. No entanto, aconselhamentos
genéricos são bastante úteis e possíveis, e devem ser exercidos no que tange à atitude do CAC de
calma, respeito, acatamento dos comandos de voz e sinais, movimentação previsível (nunca levar
mãos à cintura) e humildade, porque são comportamentos que contribuirão demasiadamente com o
resultado da abordagem.
Fundamento: art. 244 do Código de Processo Penal e artigo 37 da Constituição da República.

► Se houver voz de prisão e comunicação de condução à Delegacia, a autoridade policial deve


ser enfrentada? R: Não, nunca se deve opor resistência à condução, inclusive é recomendável ao
atirador esportivo afirmar que não se opõe e que é desnecessário o uso de algemas em razão da não
resistência, além de manter atitude de urbanidade e respeito.
Fundamento: Súmula Vinculante nº 11 do Supremo Tribunal Federal (algemas); arts. 329
(resistência), 330 (desobediência) e 331 (desacato) do Código Penal.

►Houve voz de prisão e condução à Delegacia, mas a pessoa está dentro da legalidade
(trânsito ao clube, documentação em ordem etc.), existirá abuso ou ilegalidade? R: É sim
possível considerar a condução coercitiva como arbitrária, excessiva, desnecessária e ilegal,
incorrendo os agentes em abuso e ilegalidade na condução, cabendo, ainda, eventual Ação Cível por
danos morais, tanto pelo erro de conduta, quanto pela situação vexatória, ambos apoiados na
Responsabilidade Objetiva do Estado. Mas, vale reforçar que a configuração do evento ou, em outras
palavras, a demonstração da dinâmica dos fatos precisa estar firmemente amparada na legalidade da
atitude do CAC, especialmente em sua correta conduta, representada pelo itinerário ao clube, pela
documentação transportada, pela presença de eventuais acessórios para a prática (p. ex. abafador,
óculos e outros), pelo seu adequado comportamento e eventuais testemunhas. Nessa presença de
regularidade, caso haja, por conseguinte, auto de prisão em flagrante e formal indiciamento do CAC,
mais grave será a ilegalidade.
Fundamento: art. 1º, § 1º c/c art. 9º da Lei nº 13.869 de 05/09/2019 (abuso de autoridade e privação
da liberdade); art. 319 (prevaricação) do Código Penal e parágrafo 6º do artigo 37 da Constituição
da República.

Você também pode gostar