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ESTUDO DA APLICAÇÃO DE ARGAMASSA DE ASSENTAMENTO DE

REVESTIMENTO CERÂMICO COM A UTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS CERÂMICOS


COMO SUBSTITUTO DE AGREGADO
ESTUDY OF APPLICATION OF MORTAR FOR CERAMIC COATING, USING WASTE
CERAMICS AS SUBSTITUTE FOR AGGREGATE

Linyjenifer Brandão de Almeida(1); Juliane Andréia Figueiredo Marques(2), Geilson Márcio


Albuquerque de Vasconcelos(3); Anderson Henrique Barbosa(4); Alícia Dayane Rocha dos
Santos(1).

(1) Estudante de Engenharia Civil, Centro Universitário Cesmac; (2) Professora Doutora em Geotecnia,
Docente do Centro Universitário Cesmac; (3) Professor Mestre em Estruturas, Docente do Centro
Universitário Cesmac; (4) Professor Mestre em Estruturas, Docente da UNIVASF.

Faculdade de Ciências Exatas e Tecnológicas (Facet)/Centro Universitário Cesmac, Rua Cônego Machado,
918, Farol. CEP: 57051-160 Fone (82) 3215-5000.

Resumo
O desenvolvimento de uma argamassa que utilize resíduos cerâmicos gerados na própria obra é muito bem
visto no meio da construção civil, pois pode solucionar, ou ao menos ajudar, em situações como o
descolamento do revestimento cerâmico que, quando ocorre, pode causar danos de ordem material ou
física. Assim, o objetivo principal desta pesquisa é avaliar as propriedades da argamassa de assentamento
de revestimento cerâmico confeccionada com resíduos provenientes de materiais cerâmicos aplicados
como substituição do agregado miúdo. Para tanto, estudos comparativos analisaram os aspectos de
trabalhabilidade das argamassas produzidas com finos de resíduo de material cerâmico com as
argamassas convencionais. No laboratório avaliou-se a resistência à compressão das argamassas
produzidas, bem como sua resistência de aderência à tração. As análises preliminares mostram o quanto
pode ser útil para a construção civil aprimorar os meios de reutilizar aquilo que teoricamente não teria mais
serventia dentro de uma obra. Deste modo estaria contribuindo não só para o meio em que vive e trabalha,
mas até enriquecendo a força e utilidade dos materiais utilizados no dia a dia das construções.
Palavras-chave: Argamassa, Resíduos cerâmicos, Assentamento cerâmico.

Abstract
The development of a mortar using waste ceramic generated in their own work is highly regarded in the
middle of construction, it can solve, or at least help in situations like the detachment of the ceramic coating
that, when it occurs, can cause damage in order material or physical. The objective of this research is to
evaluate the properties of mortar setting of ceramic made of residues from ceramic materials used as
substitutes for aggregate. Therefore, comparative studies have analyzed aspects of workability of mortars
produced with fine ceramic residue material with conventional mortars. In the laboratory tested the
compressive strength of mortars produced, and its tensile strength. Trials of the mortar without residue
(conventional) with 5% ceramic waste and 10% of ceramic waste, showed that the mortar absorption by
capillarity and immersion with ceramic waste absorbs large amounts of water, which can interfere with the
same characteristics. Testing tensile strength showed that the specimens of the samples with 5% of ceramic
waste reached the highest tensile strength. This means that the ideal percentage of ceramic waste in laying
mortar between 5% and 10% for passing that its strength will fall, and they are not profitable use. The
analysis results show how much can be useful for the construction industry to improve the means of reusing
what theoretically would have no usefulness within a work. Thus would be contributing not only to the
environment they live and work, but to enrich the strength and usefulness of the materials used in everyday
life of the buildings.
Keywords: Mortar, Ceramic residue, Ceramic coatin.

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ANAIS DO 52º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2010 – 52CBC0350
1 Introdução
Este estudo aborda o uso do resíduo cerâmico adicionado a argamassa convencional,
substituindo determinadas porcentagens do agregado miúdo, apresentando
características muito importantes desta argamassa modificada.
Ensaios como os de resistência a compressão e a tração, capacidade de absorção de
água por imersão e por capilaridade, foram feitos para determinar a melhor aplicação para
essa argamassa.

1.1 Problema Analisado


Um dos principais problemas observados no meio da construção civil, especialmente com
o crescimento desordenado do número de obras em todas as localidades, é o descarte de
materiais ou resíduos que foram previamente utilizados na obra. Diante disso é notória a
necessidade de se procurar alternativas que promovam uma solução para tal problema.
Uma das alternativas é buscar uma finalidade para aquilo que foi descartado uma vez que
já desempenhou a função para o qual foi desenvolvido. A partir dessa visão,
desenvolvemos estudos para reaproveitar um desses materiais, no caso, os materiais
cerâmicos.

1.1.1 Histórico
Diante do quadro de necessidade desenvolveram-se estudos e pesquisas de modo que o
resíduo cerâmico descartado pudesse ser utilizado na própria obra civil. Realizado alguns
testes práticos foi possível obter resultados satisfatórios, aprimorando a capacidade de
resistência a tração e compressão da argamassa de assentamento, utilizada para
assentar as placas cerâmicas. Enriquecendo assim os dados relativos a um dos materiais
mais usados em uma construção ou reforma, no caso a argamassa.

Com esses estudos se torna possível tentar solucionar ou ao menos ajudar em situações
como o descolamento do revestimento cerâmico que quando ocorre pode causar danos
de ordem material ou física.

Para esse estudo dispomos dos seguintes materiais:

Cimento:
O cimento utilizado foi o CP II Z 32. Vale ressaltar que todos cimentos usados foram do
mesmo lote, para garantir uma boa seqüencia de resultados.

Areia:
Para esta pesquisa foi utilizada areia lavada com um módulo de finura médio de 2,24 e
dimensão máxima característica de 2,40mm.

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Resíduo cerâmico
Neste processo de modificação da argamassa, que no caso é para revestimento
cerâmico, o principal material é o próprio resíduo descartado em obras. O resíduo
cerâmico foi obtido de tijolos quebrados durante a fase de acabamento de uma obra de
construção civil. A partir daí, o mesmo foi triturado e passou por um período de secagem,
ficando ao final com o aspecto de agregado miúdo. Uma vez triturados esses resíduos
foram peneirados em uma máquina conhecida por agitador de peneiras mecânico. Nela
existem várias peneiras com passagens de diferentes diâmetros, onde foi utilizado como
aditivo para a argamassa todo o resíduo que passou da peneira de 300 μm.

2 Consistência e resistência a compressão da argamassa


Neste projeto, trabalhou-se com a argamassa convencional, que é a produzida na própria
obra. Seguindo a NBR NM 101:1996, foram moldados corpos-de-prova cilíndricos de 5 cm
de diâmetro da base por 10 cm de altura (figura 1). Tal procedimento foi feito para
descobrir a capacidade de resistência a compressão da mesma.

Figura 1: Moldes dos corpos-de-prova (ALMEIDA, 2009).

No primeiro ensaio foram moldados corpos-de-prova, sendo 12 no total sem a utilização


do resíduo cerâmico, tendo como traço 2000 g de cimento, 3500 g de agregado miúdo,
acrescido de 1000 g de água. Este primeiro ensaio foi feito para ter seus resultados como
referência para os demais.

De posse do resultado do primeiro ensaio foram moldados novos corpos-de-prova, desta


vez substituindo 5% do agregado miúdo pelo resíduo cerâmico (figura 2). O traço deste
segundo ensaio foi de 2000 g de cimento, 3325 g de areia e 175 g de resíduo cerâmico.
Para moldá-los foi feito previamente o teste de consistência para determinar a quantidade
de água que seria adicionada a mistura da massa, uma vez que a porcentagem de cada
material quando modificada leva a uma conseqüente variação na quantidade de água
usada. Tomou-se por base nesses ensaios 300 g de água, ou seja, 30% de 1litro

Uma vez atingida boa consistência os corpos-de-prova são moldados. É colocada a


mistura no interior dos cilindros divididas em 4 camadas, recebendo cada camada 30

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golpes (figura 3). Cada moldagem foi iniciada e concluída pela mesma pessoa, de modo
que a intensidade da força aplicada fosse a mesma em cada corpo-de-prova.

Figura 2: Mistura do cimento,areia e resíduo Figura 3: Corpos-de-prova moldados


(ALMEIDA, 2009). (ALMEIDA, 2009).

Após a moldagem concluída os corpos-de-prova passaram 24h em um processo de cura


(secagem). Passado este tempo todos eles foram imersos em água para serem
hidratados onde permaneceram por dias até chegar o dia de rompê-los.

A ruptura dos corpos-de-prova determina a capacidade de resistência a compressão em


diferentes idades, sendo elas 3, 7, 14 e 28 dias contados a partir da moldagem, onde 3
amostras são retiradas da água e rompidas em cada um desses dias. Para isso é utilizada
a prensa hidráulica (figura 4). Esta máquina funciona aplicando uma força vertical nos
corpos-de-prova e no exato momento em que ele rompe (figura 5) o resultado é exposto
no computador ligado à máquina. Esses resultados são expressos em MPa e a tendência
é que a resistência aumente a cada idade.

Figura 4: Prensa hidráulica (ALMEIDA, 2009). Figura 5: Corpo-de-prova sendo rompido


(ALMEIDA, 2009).

Tendo feito vários testes com 5% de resíduo, e obtendo uma base de dados satisfatórios,
se avançam as pesquisas aumentando esta porcentagem para 10%, cujo traço base
passa a ser 2000 g de cimento, 3150 g de agregado miúdo, 350 g de resíduo cerâmico e
1 litro de água, ou seja,1000g. Determinados os novos traços, os corpos-de-prova
passaram pelos mesmos processos citados anteriormente.

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3 Determinação da absorção de água por imersão e por capilaridade

3.1 Imersão
Para a realização do ensaio de determinação da absorção de água por imersão, tomou-se
por referência a norma NBR 9778. Este ensaio começa com a moldagem dos corpos-de-
prova, onde um total de 9 corpos-de-prova, sendo 3 com cada porcentagem, são
moldados com base na norma NBR NM 101:1996, assim como os moldados no ensaio
para a determinação da resistência a compressão.

Uma vez moldados, os corpos-de-prova passam 24 horas secando e em seguida são


colocados em um tanque para que haja a hidratação destes, onde permanecem por 28
dias. Passado esse período de hidratação os corpos-de-prova passam mais 72h em uma
estufa a uma temperatura de aproximadamente 110ºC.

Saindo da estufa, os corpos-de-prova são pesados e em seguida marcados, onde é feita


uma divisão em três partes iguais, onde vai se colocando a água gradativamente nessas
duas marcas. O resultado que de fato é estudado é aquele obtido, após as amostras
estarem completamente imersas em água, onde permanecem por 72h (figura 6).

Figura 6: corpos-de-prova imersos em água. (ALMEIDA, 2009)

Passado esse período, os corpos-de-prova são mais uma vez pesados. É feita a pesagem
em uma balança convencional e em seguida é feita a pesagem em uma balança
hidrostática, que consiste em uma balança de alta precisão, apoiada na superfície do
tanque, com um ‘cesto’ preso a ela, de modo que este fique imerso em água para se obter
o peso hidrostático dos corpos-de-prova, conforme ilustrado (figuras 7 e 8).

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Figura 7: Balança hidrostática com cesto apoiado Figura 8: Detalhe do cesto
(ALMEIDA, 2009). (ALMEIDA, 2009).

3.2 Capilaridade
Para a realização do ensaio de determinação da absorção de água por capilaridade, usa-
se como referência a norma NBR 9779. Este ensaio também começa com a moldagem
dos corpos-de-prova, onde um total de 9, sendo 3 com cada porcentagem, são moldados
com base na norma NBR NM 101:1996.

Assim como para imersão, os corpos-de-prova passam 24 horas secando e depois são
colocados em um tanque para serem hidratados, onde permanecem por 28 dias. Uma vez
hidratados os corpos-de-prova passam mais 72h na estufa a uma temperatura média de
110ºC.

Saindo da estufa os corpos-de-prova são marcados a uma altura de 5mm da base, e


colocados em recipiente com água de modo que a água fique na marca dos 5mm,
evitando a molhagem de outras superfícies (figura9).

Figura 9: Corpo de prova com detalhe da marca dos 5mm (ALMEIDA, 2009).

Esses corpos-de-prova são pesados em um intervalo de 3, 6, 24, 48 e 72h, contadas a


partir da colocação destes em contato com a água. Após a última pesagem, que é o
resultado utilizado para os cálculos, esses corpos-de-prova são rompidos por compressão
diametral, conforme a NBR 7222, de modo a permitir a anotação da distribuição da água
no seu interior (figura 10).

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Figura 10: Ruptura do corpo-de-prova por compressão diametral (ALMEIDA, 2009).

O resultado de absorção de água por capilaridade é expresso em g/cm² e calculado


dividindo o aumento de massa pela área da seção transversal da superfície do corpo-de-
prova em contato com a água.

4 Determinação da resistência de aderência a tração


Para o estudo da utilização do resíduo cerâmico como aditivo na argamassa de
revestimento, paredes de 1,5m x 1,0m foram construídas na última laje do prédio da
Faculdade de Ciências Exatas e Tecnológica (Facet) do Centro Universitário Cesmac.
Estas paredes foram revestidas com placas cerâmicas de 10cm x 10cm, tendo por
objetivo se verificar na prática a capacidade de resistência a tração que tal argamassa
modificada oferece, ou seja, qual a força de tração máxima que uma placa cerâmica
assentada com essa nova argamassa em uma parede de alvenaria com o devido
emboço, suportará sem que descole (Figura 11 e 12).

Figuras 11 e 12:Paredes de alvenaria com aplicação de placa cerâmica, para ensaio de resistência a
tração. (ALMEIDA, 2009).

Uma vez assentadas as placas cerâmicas, partiu-se para a iniciação dos estudos de
resistência a tração, para isso foram coladas placas metálicas com dimensões de 10cm x
10cm, utilizando cola epóxi (Figura 13). Passadas 24h da colagem, foram feitos os
primeiros ensaios de arrancamento da placa cerâmica (Figura 14).

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Figura 13: Placas metálicas em parede Figura 14: Ensaio de arrancamento
(ALMEIDA,2009). (ALMEIDA, 2009).

Todos os ensaios de arrancamento foram feitos baseados na norma NBR 13528 que tem
por título: Revestimento de paredes e tetos de argamassa inorgânicas - Determinação da
resistência de aderência à tração.

Com base nas anotações que seguem um padrão descrito com detalhes na norma
diferenciando os possíveis resultados. Existem basicamente cinco possíveis resultados,
sendo eles:

1- Ruptura na interface revestimento/substrato


2- Ruptura da argamassa de revestimento
3- Ruptura do substrato
4- Ruptura na interface revestimento/ cola
5- E ruptura na interface cola/pastilha

5 Resultados e discussões
Vários resultados foram obtidos a partir dos estudos e experimentos realizados.

5.1 Resistência a compressão

Esse ensaio é feito com base na norma NBR 5739 - Ensaio de compressão de corpos-de-
prova cilíndricos. Tal ensaio é feito para saber qual a resistência máxima que os corpos-
de-prova suportam até romper.

Na tabela abaixo, estão apresentados os resultados obtidos de resistência à compressão


para as argamassas nas idades de 3,7,14 e 28 dias.

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Tabela 1 – Resistência à Compressão para as argamassas sem resíduo, com 5% de resíduo e com 10% de
resíduo. (ALMEIDA, 2009).
03 dias 07 dias 14 dias 28 dias
Data Data Data Data
1º Ensaio 15/08/08 19/08/08 26/08/08 09/09/08

Resíduo
Corpo de prova 01 7,1 MPa 14,14 MPa 22,66 MPa 30,89MPa

Sem
Corpo de prova 02 7,4 MPa 14,14 MPa 23,93 MPa 28,2MPa
Corpo de prova 03 - - - -
2º Ensaio 29/08/08 02/09/08 09/09/08 23/09/08
Corpo de prova 01 25,13 MPa - 36,27 MPa 36,5 7Mpa
Corpo de prova 02 24,98 MPa - 37,47 MPa 40,61 MPa
Corpo de prova 03 23,19 MPa - 37,99 MPa 43,00 MPa
3º Ensaio 15/09/08 19/09/08 26/09/08 10/10/08

Com 5%
Corpo de prova 01 22,49 MPa 31,79 MPa - 37,87 MPa
Corpo de prova 02 21,69 MPa 28,95 MPa - 39,64 MPa
Corpo de prova 03 22,29 MPa 28,72MPa - 40,00 MPa
4º Ensaio 17/10/08 21/10/08 28/10/08 11/10/08
Corpo de prova 01 - 21,65 MPa - 28,90 MPa
Corpo de prova 02 - 18,80 MPa - 31,50 MPa
Corpo de prova 03 - 18,80 MPa - 30,50 MPa

Com 10%
5º Ensaio 14/11/08 18/11/08 25/11/08 09/12/08
Corpo de prova 01 - 30,50 MPa 31,30MPa 35,40 MPa
Corpo de prova 02 - 29,00 MPa 33,30 MPa 33,90 MPa
Corpo de prova 03 - 28,70 MPa 34,10 MPa 33,80 MPa

Alguns resultados não foram obtidos devido a defeito na prensa hidráulica. Já o número
de corpos-de-prova com 10% de resíduo é menor, pois a resistência com uma
porcentagem maior que 5% começa a reduzir. Porém, não influencia os resultados dessa
pesquisa.

Observando os resultados do primeiro ensaio sem nenhuma espécie de aditivo e


comparando-os aos ensaios cujo a composição é acrescida de resíduo, é possível notar
um aumento considerável da resistência a compressão, uma vez que comparada com a
resistência estimada sem resíduo, a argamassa com 5 % teve um aumento em fck de
62,34%, já perfazendo um total de 10% houve uma diminuição em fck de 46,03% em
relação a argamassa com 5% de resíduo.

Levando em consideração que segundo estudos a capacidade de resistência a tração do


concreto equivale em média a 10% da resistência de compressão, previamente pode-se
esperar uma maior resistência das placas cerâmicas assentadas com a argamassa
modificada.

Esses resultados mostram que a idéia inicial de adicionar resíduos cerâmicos à


argamassa procede.

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5.2 Absorção por imersão e por capilaridade
Esse ensaio é feito para determinar a capacidade que a argamassa tem de absorver
água, por imersão ou por capilaridade.

1º Ensaio
Tabela 2- Massa específica dos corpos-de-prova em ensaio de absorção por imersão segundo a NBR 9778
(ALMEIDA, 2009).
Massa específica real
Sem resíduo Com 5% de resíduo Com 10% de resíduo
1 1,199 g 2 1,269 g 1 1,322 g
2 1,180 g 5 1,149 g 2 1,163 g
3 1,216 g 6 1,224 g 3 1,207 g
4 1,335 g 7 1,176 g 4 1,191 g
Obs: Os números a frente dos resultados referem-se a numeração de identificação dos corpos-de-prova

Absorção por capilaridade


Tabela 3 – Resistência a tração por compressão diametral dos corpos-de-prova em ensaio de
absorção por capilaridade segundo a NBR 7222 (ALMEIDA, 2009).
Resistência a compressão
Sem resíduo Com 5% de resíduo Com 10% de resíduo
Altura da Força Altura da Força Altura da Força (kgf)
absorção (kgf) absorção (kgf) absorção
5 9cm 5 2.804 1 10cm 1 2.180 5 10cm 5 2.863
6 10cm 6 2.496 3 10cm 3 2.320 6 10cm 6 2.452
7 7cm 7 2.408 4 10cm 4 3.171 7 9cm 7 3.465
Obs: Os números a frente dos resultados referem-se a numeração de identificação dos corpos-de-prova

Tabela4 – Resultado do ensaio de absorção por capilaridade segundo a NBR 9779 (ALMEIDA,
2009).

Absorção por capilaridade


Sem resíduo Com 5% de resíduo Com 10% de Resíduo
5 0,124 g/cm² 1 0,217 g/cm² 5 0,204 g/cm²
6 0,189 g/cm² 3 0,227 g/cm² 6 0,202 g/cm²
7 2,017 g/cm² 4 0,214 g/cm² 7 0,201 g/cm²
Obs: Os números a frente dos resultados referem-se a numeração de identificação dos corpos-de-prova

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2º Ensaio

Tabela 5 – Massa específica dos corpos-de-prova submetidos ao ensaio de absorção por


imersão segundo a NBR 9778. (ALMEIDA, 2009)
Massa específica real
Sem resíduo Com 5% de resíduo Com 10% de resíduo
1 1,172 g 1 1,175 g 1 1,269 g
2 1,141 g 2 1,333 g 2 1,245 g
3 - 3 1,226 g 3 1,229 g
Obs: Os números a frente dos resultados referem-se a numeração de identificação dos corpos-de-prova

Absorção por capilaridade


Tabela 6 – Resultado da resistência a tração por compressão diametral dos corpos-de-prova
submetidos ao ensaio de absorção por capilaridade segundo a NBR 7222. (ALMEIDA, 2009)
Resistência a compressão
Sem resíduo Com 5% de resíduo Com 10% de resíduo
Altura da Força Altura da Força Altura da Força
absorção (kgf) absorção (kgf) absorção (kgf)
(cm) (cm) (cm)
3 10 3 1.747 4 10 4 2.055 4 10 4 2643
4 10 4 1.923 5 10 5 2.085 5 10 5 3010
5 10 5 1.820 6 10 6 2.276 6 10 6 2202
Obs: Os números a frente dos resultados referem-se a numeração de identificação dos corpos-de-prova

Tabela 7 - Resultado do ensaio de absorção por capilaridade com base na NBR 9779
(ALMEIDA, 2009)
Absorção por capilaridade

Sem resíduo Com 5% de resíduo Com 10% de Resíduo


g/cm2 g/cm2 g/cm2
3 0,229 4 0,223 4 0,238

4 0,223 5 0,211 5 0,228

5 0,221 6 0,223 6 0,237

Obs: Os números a frente dos resultados referem-se a numeração de identificação dos corpos-de-prova.

O que se pode se concluir desses ensaios de absorção por capilaridade e


imersão é que a capacidade da argamassa com resíduo cerâmico para
absorver água é muito grande, o que pode interferir nas características da
mesma.
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Isso quer dizer que essa argamassa modificada é indicada para ser usada em
ambientes internos, de modo que ela não tenha contato direto com água,
devendo-se evitar também aplicação de revestimento cerâmicos com
argamassa com resíduo em ambientes que apresentem alta umidade.

Resistência a tração

Abaixo apresentam-se os resultados dos ensaios da resistência de aderência à


tração com e sem resíduos cerâmicos.

Tabela 8 – Resultado de resistência de aderência a tração sem resíduos segundo a NBR13528


(ALMEIDA, 2009)
Corpo P A Ra Forma de ruptura (%) Espessura do
de Carga Seção Tensão revestimento
prova (N) (mm²) (MPa) a b c d e (mm)
1 3726,527 10000mm² 0,373 x 5+-1 mm
x x
2 1804,424 10000mm² 0,181 5+-1mm
20% 80%
x x
3 4462,026 10000mm² 0,446 5+-1mm
60% 40%
4 1255,251 10000mm² 0,127 x 5+-1mm
Obs: Os números a frente dos resultados referem-se a numeração de identificação dos corpos-de-prova.

Tabela 9 - Resultado de resistência de aderência a tração com 5% de resíduos segundo a


NBR13528 (ALMEIDA, 2009)
Corpo P A Ra Forma de ruptura (%) Espessura do
de Carga Seção Tensão revestimento
prova (N) (mm²) (MPa) a b c d e (mm)
1 6719,85 10000 0,672 x 5+-1
x x
2 2903,76 10000 0,290 5+-1
20% 80%
x x
3 6867,00 10000 0,687 5+-1
30% 70%
x x
4 7063,20 10000 0,706 5+-1
10% 90%
Obs: Os números a frente dos resultados referem-se a numeração de identificação dos corpos-de-prova

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Tabela 10 - Resultado de resistência de aderência a tração com 10% de resíduos segundo a
NBR13528 (ALMEIDA, 2009)
Corpo P A Ra Forma de ruptura (%) Espessura do
de Carga Seção Tensão revestimento
prova (N) (mm²) (MPa) a b c d e (mm)
1 2805,66 10000 0,281 x 5+-1
2 4669,56 10000 0,467 x 5+-1
x x
3 5248,35 10000 0,525 5+-1
90% 10%
x x
4 5807,52 10000 0,581 5+-1
10% 90%
Obs: Os números a frente dos resultados referem-se a numeração de identificação dos corpos-de-prova.

O ensaio de resistência a tração mostra que a tensão suportada pelos corpos-


de-prova com 0% de resíduo cerâmico é menor que a tensão que suporta os
corpos-de-prova com 5% e com 10%.

Pode-se observar também que esta resistência não se mantém constante, isso
pode ser observado levando em consideração que as resistências dos corpos-
de-prova com 10% são menores que as dos corpos-de-prova com 5%.

Assim pode-se afirmar que a porcentagem ideal de resíduo cerâmico na


argamassa de assentamento fica entre 5% e 10%, pois passando disso a
resistência da mesma tornará a cair, não sendo assim proveitoso o seu uso.

6 Conclusões

Os estudos e pesquisas desenvolvidos em torno do tema reutilização de


resíduo cerâmico em argamassas de revestimento mostraram, através de
ensaios e testes diversos, que é extremamente proveitoso o empenho em
desenvolver novas maneiras de se utilizar aquilo que existe em abundância em
qualquer obra de construção civil que são os resíduos em geral, mais
especificamente o resíduo cerâmico, base desta pesquisa.

Por meio de ensaios realizados em laboratório foi possível comprovar um


considerável aumento na resistência a compressão e conseqüentemente um
aumento na resistência a tração em menor proporção, pois a resistência a
tração do concreto é menor que sua resistência a compressão. Os resultados
mostram uma porcentagem de melhoria bastante considerável, atingindo o
valor de 62,34% do fck superior a resistência estimada da argamassa
convencional, adicionando para tal uma porcentagem de 5% de resíduo
cerâmico.
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Foram notórias também algumas limitações desta argamassa, uma vez que
passando dos 10% de resíduo a mesma já apresentava uma redução de sua
resistência a compressão e tração. Além disso, existe a impossibilidade de sua
aplicação em áreas molhadas, uma vez que esta argamassa modificada
apresenta uma alta capacidade de absorção, seja ela por imersão ou por
capilaridade. Pode-se concluir que fazendo a utilização do resíduo e com um
baixo custo é possível obter um material com alto desempenho, tendo com isso
no mínimo duas situações interessantes: a diminuição de descarte de materiais
e a obtenção de um novo material a baixo custo.

7 Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS.
___________ NBR NM 101 - Concreto - Ensaio De Compressão De Corpos-
De-Prova Cilíndricos

___________ NBR 13276 - Argamassa para Assentamento e Revestimento


de Paredes e Tetos – Preparo

___________NBR 9778 - Argamassa e concreto endurecidos -


Determinação da absorção de água por imersão - Índice de vazios e
massa especifica

__________ NBR 9779 - Argamassa E Concreto Endurecidos -


Determinação Da Absorção De Água Por Capilaridade

___________ NBR13528 – Revestimento de paredes e tetos de


argamassas inorgânicas – Determinação da resistência de aderência à
tração.

ALMEIDA, L.B. Estudo da aplicação de argamassa de assentamento de


revestimento cerâmico com a utilização de resíduos cerâmicos como
substituto de agregado. Programa Semente de Iniciação Científica – PSIC.
Faculdade de Ciências Exatas e Tecnológica (Facet) / CESMAC. Relatório
Final, 20p. Maceió-Al, 2009.

AMORIM, L. V.; PEREIRA, A. S. G.; NEVES, G. A.; FERREIRA, H. C.


Reciclagem de rejeitos da construção civil para uso em argamassa de
baixo custo, Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Vol. 3,
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execução de argamassa – melhora do desempenho. IV Seminário
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Reciclados e suas aplicações, São Paulo – SP, 2001a.

GRIGOLI, A. S. Resistência mecânica de argamassa com relação à


presença de materiais cerâmicos de entulhos de obra, IV Seminário
Desenvolvimento sustentável e a Reciclagem na Construção Civil – Materiais
Reciclados e suas aplicações, São Paulo – SP, 2001b.

GRIGOLI, A. S. Entulho de canteiro de obra utilizado como material de


construção – uma alternativa inadiável, IV Seminário Desenvolvimento
sustentável e a Reciclagem na Construção Civil – Materiais Reciclados e suas
aplicações, São Paulo –SP, 2001c.

LEITE, M. B.; DAL MOLIN, D. C. C. Avaliação da atividade pozolânica do


material cerâmico presente no agregado reciclado de resíduo de C&D,
Sitientibus,Feira de Santana – BA, n° 26, pp.111-130, 2002.

MIRANDA, L. F. R. (2000). Estudo dos fatores que influem na fissuração de


revestimentos de argamassa com entulho reciclado, Dissertação de
Mestrado, Escola Politécnica – USP, São Paulo, 2000.

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