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FACULDADE DE TEOLOGIA HOKEMAH- FATEH

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO INFANTIL E SÉRIES INICIAIS

SILVIA HELENA GOMES MELÔNIO

A AVALIAÇÃO FORMATIVA COMO PARTE INTEGRANTE DO


PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM NAS SÉRIES INICIAIS
DO ENSINO FUNDAMENTAL

Pindaré – Mirim
2017
SILVIA HELENA GOMES MELÔNIO

A AVALIAÇÃO FORMATIVA COMO PARTE INTEGRANTE DO


PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM NAS SÉRIES INICIAIS
DO ENSINO FUNDAMENTAL
Artigo apresentado à Faculdade de
Teologia Hokemah- FATEH, como
requisito final para obtenção do certificado
do curso de especialização em educação
Infantil e Séries Iniciais.

Orientadora: Profª. Esp. Maria Ivanilde da


Silva Lima

Pindaré – Mirim
2017
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RESUMO
Buscou-se com esta pesquisa, abordar sobre a avaliação formativa como parte
integrante no processo de ensino aprendizagem nas séries inicias do Ensino
Fundamental, tendo em vista que tal avaliação é de suma importância para o processo
de ensino-aprendizagem, uma vez que dá ao aluno o direito de perceber-se, tomando
este, conhecimento das dificuldades que encontra, tornando-se capaz de reconhecer
e corrigir seus próprios erros. Contudo, para que a avaliação seja tida como
ferramenta pedagógica, esta precisa contribuir para o desenvolvimento das
capacidades dos alunos, pois melhora a aprendizagem e a qualidade do ensino. O
objetivo geral dessa pesquisa é definir os critérios de avaliação formativa e os
aspectos estruturais, na busca de metas para alcançar melhores resultados no
processo de ensino aprendizagem de acordo com a realidade dos educandos. A
metodologia utilizada para desenvolver essa pesquisa foi a bibliográfica, onde
aportou-se em autores renomados, a saber: Esteban (2001); Carminati e Borges
(2012); Mendes (2002); Hoffman (2010); Buriasco (2002); Piaget e Vygotsky (2004);
Luckesi (2002); Perrenoud (1992); PCN’s (1997). Todavia, as pesquisas nos
mostraram que a avaliação formativa é também fator decisivo no processo de ensino-
aprendizagem, uma vez que contribui para o aprimoramento do mesmo. E que a
avaliação como um todo, serve para identificar as carências, erros dos alunos, levando
o professor a ajudá-lo a superar as dificuldades e não somente para classificar e
excluir ou incluir. Em suma, a avaliação formativa permite ao educando ter maiores
possibilidades de aprendizagem, e o educador, a satisfação de realizar um trabalho
com competência.
Palavras- Chave: Avaliação formativa, Processo ensino-aprendizagem, Ferramenta
pedagógica, Séries iniciais do Ensino Fundamental.

ABSTRACT

With this research, we sought to address the formative assessment as an integral part
of the teaching-learning process in the early grades of Elementary School, considering
that such assessment is of paramount importance for the teaching-learning process,
since it gives the student the right to perceive himself, taking this knowledge of the
difficulties he encounters, becoming capable of recognizing and correcting his own
mistakes. However, for assessment to be considered a pedagogical tool, it needs to
contribute to the development of students' capacities, as it improves learning and the
quality of teaching. The general objective is to define the formative evaluation criteria
and the structural aspects, in the search for goals to achieve better results in the
teaching-learning process according to the reality of the students. The methodology
used to develop this research was the bibliography, where it was based on renowned
authors, namely: Esteban (2001); Carminati and Borges (2012); Mendes (2002);
Hoffman (2010); Buriasco (2002); Piaget and Vygotsky (2004); Luckesi (2002);
Perrenoud (1992); PCN's (1997). However, research has shown us that formative
assessment is also a decisive factor in the teaching-learning process, as it contributes
to its improvement. And that the evaluation as a whole, serves to identify the
deficiencies, errors of the students, leading the teacher to help him to overcome the
difficulties and not only to classify and exclude or include. In short, formative
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assessment allows the student to have greater learning possibilities, and the educator,
the satisfaction of performing a job with competence.

Keywords: Formative assessment, Teaching-learning process, Pedagogical tool,


Initial grades of Elementary School.

1 INTRODUÇÃO

O interesse por este tema surgiu devido à curiosidade em saber como se


desenvolve o processo de ensino aprendizagem com ênfase na avaliação formativa,
uma vez que esta possibilita o professor acompanhar por meio de procedimentos e
estratégias a aprendizagem individual dos alunos, e também pela necessidade de
melhorar o entendimento e a prática do processo de avaliação como um todo.
Evidentemente, a avaliação formativa utiliza-se de vários instrumentos na
verificação da aprendizagem como forma de analisar o nível de conhecimento da
classe e planejar estratégias de ensino. Esta avaliação enfoca também o papel do
estudante na aprendizagem e na necessidade do educador repensar seu trabalho e
assim melhorá-lo. A prática surge da preocupação com o processo de aprendizagem
e não só como produto ou com as notas como ponto final da aprendizagem, tendo em
vista que, as notas já não são mais tão valorizadas como a única função de avaliação.
E o resultado disso é que não se consegue mensurar o quanto as turmas avançaram
na aprendizagem de cada conteúdo.
Sendo assim, a avaliação deve ser um processo permanente na vida do
ser humano, é uma atividade reflexiva, que permite ainda focalizar a atuação nas
possibilidades pessoais de cada aluno. Contudo, a avaliação formativa, uma vez que
trata especificamente da formação da aprendizagem, é realizada com o intuito de
instruir o professor e o aluno sobre os resultados da aprendizagem durante o
desenvolvimento das atividades escolares.
Nessa perspectiva, a avaliação corresponde a uma maneira de olhar, de
ouvir, de conhecer, sem perder de vista as expectativas do progresso dos docentes e
discentes, o que por sua vez permitiria o professor acompanhar de perto as
particularidades, ou seja, os modos de aprender de cada criança. Porém, isso requer
que os docentes desenvolvam atividades de observação e adequação às
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necessidades dos alunos, o que os impulsionará a analisar o que acontece em sala


de aula para tomar decisões em cada caso, reorientando ou modificando o trabalho.
Deste modo, esse trabalho tem como objetivo geral definir os critérios de
avaliação formativa e os aspectos estruturais, na busca de metas para alcançar
melhores resultados no processo de ensino aprendizagem de acordo com a realidade
dos educandos. E de forma específica analisar os tipos de avaliação do processo de
ensino aprendizagem adotadas pelos professores nas séries iniciais do Ensino
Fundamental; valorizar a capacidade de cada criança em todos os aspectos do
processo avaliativo e propor mudanças na prática avaliativa na perspectiva de
investigar os desafios docentes no Ensino Fundamental. Sendo que o nosso problema
de pesquisa está centrado em saber de que forma a avaliação formativa é aplicada,
visando à aprendizagem dos sujeitos envolvidos.?
Assim sendo, nossa metodologia de pesquisa é de cunho bibliográfico,
onde nos aportamos em: Luckesi (2011); Perrenoud (1999); Desprebiteris (1999);
PCN’s (1997); Freire (1996); Buriasco (2002); Piaget (2006) e Vigotsky (2012), dentre
outros que se dedicaram a também estudarem sobre o processo de ensino
aprendizagem por meio da avaliação formativa.
É importante ressaltar ainda que avaliar significa emitir um juízo de valores
sobre a realidade que se questiona, seja a propósito das exigências de uma ação que
se projetou realizar, seja a propósito das consequências e, portanto, a atividade de
avaliação exige critérios claros que orientem a leitura dos aspectos a serem avaliados.
É preciso reconhecer que quando se refere à avaliação da aprendizagem
do aluno, pensa-se na atuação de valores e sobre o grau de eficácia, afetividade e
viabilidade do processo de ensino promovido pelo professor e pela escola é
subsidiado pelo sistema educacional. Ela informa quanto o aluno está conseguindo
avançar e ajuda a pensar em como impulsioná-lo a superar as próximas etapas e
mobilizar a aprendizagem, levando à tomada de decisões sobre a continuidade e o
aperfeiçoamento do processo de ensino.
Nessa perspectiva, a avaliação se situa no centro da ação de formação,
levando informações que contribuem para a regulação do processo de ensino
aprendizagem. No entanto, a avaliação formativa é aquela que ajuda o aluno a
aprender e a se desenvolver, ou melhor, que participa da regulação das
aprendizagens e do desenvolvimento no sentido de um projeto educativo. Tal é a base
de uma abordagem pragmática.
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Essa pesquisa encontra-se estruturada em cinco capítulos, iniciando-se o


primeiro capítulo com a introdução. Em seguida, segundo no capítulo que abordará o
contexto histórico da avaliação educacional. No terceiro capítulo apresentados os
significados da avaliação no ensinar e no aprender, bem como a avaliação da
aprendizagem no processo educativo. No quarto capítulo versa-se sobre a avaliação
formativa, fazendo uma síntese em suas contribuições pra os alunos das séries iniciais
do Ensino Fundamental. Ainda nesse capítulo será possível conhecer um pouco sobre
a avaliação formativa e sua contribuição para o ensinar e aprender. E por fim, e não
menos importante, serão apresentadas as considerações finais e as referências.

2 CONTEXTO HISTÓRICO DA AVALIAÇÃO EDUCACIONAL

Notoriamente falando, a avaliação educacional tem se aperfeiçoado ao


longo dos anos como um princípio básico de regulação do Estado e como ferramenta
de gestão da qualidade na sociedade moderna.
Evidentemente, as formas de avaliação que temos hoje não surgiram do
nada, e nem prontas, elas vieram com o passar dos anos se transformando, evoluindo,
até chegar aos tipos e formas que hoje temos, e a exemplo temos a LDB que
reformulou significativamente o modo de ensinar do Brasil. Antes, na educação
tradicional, as atenções eram voltadas simplesmente para o professor, hoje não, hoje
o aluno é visto e tido como peça importante no processo de ensino aprendizagem
Contudo, vale frisar que a avaliação educacional era tida apenas como medida, cuja
preocupação era selecionar e classificar os sujeitos envolvidos e, ainda como
instrumento de seleção extracurricular.
Em 2.205 a. C, o imperador chinês Shun, testava os seus oficiais a cada
três anos, com a finalidade promove-los ou demiti-los. Na Idade Média, embora não
haja registro verifica-se a existência de exames nas escolas gregas e romanas.
Acompanhando a trajetória da avaliação, destaca-se os seguintes
estudiosos: Robert F. Mager (1977), Benjamim S. Bloom (1972). Esses autores, em
seus estudos, apresentam “relativo consenso quanto a importância da formulação de
objetivos para fins avaliativos, uma vez que permitem ao professor determinar o que
será avaliado em termos de comportamentos, conhecimentos, capacidades,
interesses ou até mesmo habilidades” (ALMEIDA: 1997).
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No Brasil, a tradição dos exames escolares, existentes hoje, foi


sistematizada nos séculos XVI e XVII, com base na atividade pedagógica produzida
pelos padres jesuítas (séc. XVI) e pelo bispo protestante John Amós Comênio (séc.
XVII). A obra publicada pelos jesuítas Ratium Studiorum, define regras de como
deveriam ser conduzidos os exames finais do educando. No dia das provas, os alunos
deviam trazer para a sala de aula todo o material do qual necessitariam. Após concluir
a prova, o aluno devia receber seu material, entregar a prova e sair imediatamente e
não poderia retomá-la a não ser depois de corrigida, (LUCKESI 2000, p. 68).
Sendo assim, a visão de avaliação, nesta perspectiva de medição, é uma
prática evidente nas escolas. Entretanto, é importante frisarmos que nos respectivos
séculos isso se dava em decorrência da avaliação ser realizada, apenas com o
objetivo de classificar e selecionar. Isso porque o caráter pedagógico da avaliação, no
sentido de consolidação da aprendizagem, ainda não havia sido pensado/refletido e
discutido.
Durante muitos anos a avaliação educacional foi equacionada à avaliação
da aprendizagem, e as palavras “avaliação” “medição” e “teste” eram em grande parte
percebidas como sinônimas. Até meados da década de 60, a maior parte dos livros
com títulos como Avaliação Educacional, Medição e Avaliação na educação, discutia
principalmente a avaliação da aprendizagem, preocupando-se com a criação, a
confiabilidade e a validade de testes avaliativos.
É bem sabido que a avaliação de hoje é bem diferente das de antes, uma
vez que estas eram vistas como vilãs, pois definiria entre os alunos quem seria
aprovado e quem seria reprovado. Contudo, sabemos que as práticas avaliativas não
têm esse objetivo, uma vez que tais práticas visam beneficiar o aluno e o professor,
ou seja, todos que fazem parte do processo de ensino aprendizagem.
Vale ressaltar ainda que tal avaliação teve seu apogeu no final dos anos 60
a início dos anos 70, sendo que foi nos anos 80 que teve seu estágio de
amadurecimento. Pois foi ainda nesse período que observações para o
desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem, tais como: a necessidade de
uma pessoa especializada e capacitada em avaliação; desenvolvimento de um
conteúdo próprio de exclusivo da avaliação, entre outros, foram feitos.
É importante frisar ainda que a avaliação educacional permite privilegiar um
modo de estar em aula e no mundo ao mesmo tempo, valoriza formas e normas de
excelência e define um aluno modelo. Entretanto, sabemos que não é de hoje que a
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avaliação educacional auxilia o aluno no aprendizado. Pois desde que a escola existe,
professores rebelam-se contra as notas baixas e acabam por colocar a avaliação mais
a serviço do aluno do que do sistema.
Ainda é de grande valia saber bem antes de regular a aprendizagem, a
avaliação acondicionava o trabalho, as atividades, as relações de domínio e a
cooperação em aula e, de certa forma, as relações entre a família e a escola ou entre
os profissionais da educação.
É mais do que notório que a avaliação educacional quando voltada para o
processo de ensino, se propõe a avaliar consecutivamente a aprendizagem, impondo
valores em escala relacionados aos aspectos quantitativos e qualitativos. Apesar
disso, a avaliação educacional tem ainda como objetivo referir-se aos ensejos que
foram delineados no início do processo. E quem nos confirma o que acabou de ser
supracitado é Luckesi (2011, p. 108) quando nos afirma que:
Para saber avaliar é preciso conhecer os conceitos teóricos sobre avaliação,
e o mais importante, aprender a prática da avaliação, pois para saber
conceitos teóricos é só buscar as fontes e estudar. Mas a prática é algo mais
complexo, pois passar da teoria para a prática requer experimento, análise,
compreensão e acima de tudo, de novas formas e saber fazer.

Sendo assim, torna-se extremamente importante conceituar os tipos de


avaliação, assim também como suas formas de uso, para que se possa compreender
e refletir sobre seu conceito, e, sobretudo, avaliar a prática pedagógica.
Tradicionalmente falando, na avaliação educacional, o professor restringe-
a a um instrumento de controle que é utilizado para medir os conteúdos arquivados
pelos alunos.
Frequentemente, a avaliação feita pelo professor se fundamenta na
fragmentação do processo ensino-aprendizagem e na classificação das
respostas de seus alunos, a partir de um padrão predeterminado [...] a
avaliação escolar, nesta perspectiva excludente, silencia as pessoas, suas
culturas e seus processos de construção de conhecimento; desvalorizando
saberes fortalece a hierarquia que está posta, contribuindo para que diversos
saberes sejam apagados, percam sua existência e se confirmem com a
ausência de conhecimento (ESTEBAN, 2001, p. 16-17).

A citação acima nos ostra que ao fazermos uso da avaliação com o intuito
de medir ou classificar, perde-se o princípio central de sua função, causando uma
forma de “descontinuidade, de fragmentação, de segmentação, ou seja, de
parcelarização do conhecimento” (CARMINATTI; BORGES, 2012, p 171).
É sabido que a avaliação ultrapassa o campo escolar, estendendo-se para
o meio em que a pessoa vive, pois existe uma profunda integração entre as áreas
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afetiva, emocional e cognitiva. Por outro lado, o nosso grande desafio é avaliar a forma
de pensar subjacente ao conteúdo. Mas até que esse dia chegue, precisamos investir
em uma avaliação onde os resultados das provas e a forma de elaborá-las possam
ter um papel importante, uma vez que é através desses fatores que podemos levantar
hipóteses sobre a qualidade do ensino. Lembrando claro, que os instrumentos
utilizados nesse processo precisam ser confiáveis para que o resultado também seja.

3 OS SIGNIFICADOS DA AVALIAÇÃO NO ENSINAR E NO APRENDER

Sabiamente, existem diversos tipos de avaliação com as mais variadas


finalidades. Na esfera educacional, convivemos desde a década de 90 com avaliações
em larga escala, com elas passamos a ter uma noção mais clara do desempenho dos
estudantes brasileiros no Ensino Fundamental, levando as políticas educacionais a
encorar-se em seus resultados.
É de suma relevância frisar que nas avaliações o cognitivo era
desenvolvido, sendo este fruto de um conjunto de fatores que inclui os aspectos
socioeconômicos, capital e social, cultural das famílias; as estratégias e compromisso
das políticas educacionais, a qualificação profissional e técnica dos envolvidos no
processo educacional, assim também como a clareza em relação ao curriculum para
o acesso dos alunos às experiências qualificadas de aprendizagem dento e fora da
escola.
É importante ressaltar ainda que a avaliação educacional, juntamente com
os objetivos, conteúdos e estratégias de ensino, formam um conjunto indissociável de
instrumentos para a promoção de aprendizagens. Ela é uma poderosa aliada na busca
contínua pela melhoria e aperfeiçoamento dos processos de organização e de gestão
tanto para escolas como para secretarias de educação, por se tratar de um processo
contínuo de investigação, análise, decisão, ação e reflexão.
É preciso reconhecer que a avaliação é um ponto de partida, de apoio, um
elemento mais para repensar e planejar a ação pedagógica e a gestão educacional
no âmbito por completo. Esta é também entendida como um julgamento de valores
sobre dados relevantes da realidade, tendo em vista uma tomada de decisão.
A avaliação pressupõe definir princípios em função de objetivos que se almeja
alcançarem, constituir instrumentos e caminhos para a realização dessa
ação; verificar constantemente a caminhada de forma crítica, levando em
conta todos os elementos envolvidos no processo (BURIASCO, 2002, p. 85).
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A citação acima nos evidencia que a avaliação não surge do nada e muito
menos caminha com o nada. Para que esta aconteça é preciso traçar objetivos, saber
aonde se quer chegar, fazendo o uso de todos os instrumentos disponíveis para a
concretização desta caminhada.
Vale ressaltar que a avaliação é contínua porque num processo como o
educativo não se pode fazer avaliação em momentos isolados, a não ser ao longo do
seu próprio desenvolvimento. Isso significa aplicar sucessivos controles e provas às
crianças, além de uma cuidadosa observação e interpretação da avaliação do
processo de aprender. É por isso que Hoffman (2010, p. 172) nos afirma que “avaliar
e aprender são dois termos que precisam ser concebidos de forma mais ampla para
que se alcancem as metas de qualidade em educação”.
Por razões evidentes, a avaliação não se constitui apenas como um
instrumento para aprovação ou reprovação dos alunos, mas sim um instrumento de
diagnóstico de uma situação, tendo em vista a definição de encaminhamento
adequado à sua aprendizagem. A mesma é praticada com total independência no
processo de ensino-aprendizagem, e vem ganhando foros de independência da
relação professor-aluno. “avaliar-se para cuidar que o aluno aprenda e para promover
melhores oportunidades de aprendizagem” (HOLFFMAN, 2010, p. 170).
Ainda para Hoffman (2010, p. 174),
A finalidade da avaliação não é apenas descrever, justificar, explicar o que o
aluno alcançou em termos de aprendizagem, mas a de desafiá-lo a todo
tempo ir à diante, a avançar, confiando em suas possibilidades e oferecendo-
lhes, sobretudo, o apoio pedagógico adequado a cada um.

O autor acima nos mostra que o objetivo da avaliação não é apenas saber
o quanto o aluno está ou não evoluindo, mas sim provoca-lo a ponto deste querer ir
em busca de mais conhecimento, não se acomodando somente no já aprendido. Pois
o aluno precisa desenvolver suas potencialidades e habilidades, uma vez que para
que isto aconteça, o mesmo precisa de apoio tanto pedagógico como familiar.
É preciso ainda dizer que avaliar é um processo que deve estar a serviço
das individualizações da aprendizagem, proporcionando a reflexão transformadora da
ação. Ação esta, que nos estimula anovas ideias, adequando ao educador inovações
permanentes sobre a realidade, acompanhando passo a passo o educando, e sua
trajetória de construção do conhecimento. E este conhecimento, segundo Piaget e
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Vygotsky (2004, p. 125) “é constituído ativamente pelo aluno e não apenas transmitido
pelo professor”.
Deste modo, a avaliação possibilita ao aluno reconstruir o objeto de
conhecimento, e tal construção permite que ele reformule hipóteses a partir de suas
descobertas. É um processo que permite tentativas, erros e acertos. Sendo assim, a
prática de avaliação deve ser discursiva, ou seja, o diálogo deve estar presente o
tempo todo.
A avaliação escolar é um meio e não um fim em si mesma; está delimitada
por uma determinada teoria e por uma determinada prática pedagógica. Ela
não ocorre num vazio conceitual, mas está dimensionada por um modelo
teórico de sociedade, de homem, de educação e, consequentemente, de
ensino e de aprendizagem, expresso na teoria e na prática pedagógica
(CALDEIRA, 2000, p. 122).

Essa imagem de que avaliar o processo de ensino e de aprendizagem não


é uma atividade neutra ou destituída de intencionalidade nos faz compreender que há
um estatuto político e epistemológico que dá suporte a esse processo de ensinar e de
aprender que acontece na prática pedagógica na qual a avaliação se inscreve.
A função da avaliação da aprendizagem é oferecer a todos os envolvidos
no processo pedagógico a possibilidade de conhecer as amplitudes e os limites da
aprendizagem do educando. Isso interessa ao educando, ao educador e à unidade de
ensino. A instituição diante de dados bem coletados deverá tomar posição para que
sua escola efetivamente cumpra os objetivos que estão propostos em seus
regimentos e apresentados à sociedade.
As escolas anunciam à sociedade que elas ensinam para que os
estudantes aprendam. Isso deve ser cumprido e, para tal, as instituições têm que
investir em condições e pessoal para o ensino. Os professores devem ter interesse
nos resultados da avaliação, pois ela indicará onde deverão intervir para que o seu
trabalho produza os resultados esperados e que seja bem-sucedido. É estranho
trabalhar para se obter insucesso. Isso é insanidade.
Por último, os resultados da aprendizagem dos educandos interessam aos
próprios educandos. Eles são fundamentais para que os mesmos tomem consciência
de como se encontram e, fazendo uma parceria com os educadores, possam dar
passos à frente, também na busca dos melhores resultados. Deste modo, os
resultados da avaliação interessam a todos na escola, tendo em vista o seu sucesso.

3.1 A avaliação da aprendizagem no processo educativo


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Evidentemente, a avaliação no contexto escolar é uma técnica educacional


causadora de muitas subversões e dificuldades, por conta da sua complexidade vista
por todos os membros da escola. Ela se torna, na maioria das vezes, um desconforto
tanto para os docentes quanto para os discentes. Entretanto avaliar é imprescindível
em qualquer proposta de educação, é imperativa durante todo o processo educativo.
Sabiamente, a avaliação da aprendizagem escolar é uma questão bastante
debatida entre todos os envolvidos da escola. Ela causa controvérsia e desconforto
entre professores, alunos e equipe pedagógica em geral, entretanto, é imperiosa para
o cotidiano escolar.
A avaliação é o ponto de vista de apreciação do qual deriva o valor. Por isso,
uma avaliação sempre supõe valores a partir dos quais se apreciam
fenômenos. Isso significa, na verdade, uma escolha, e em toda escolha
sempre há renúncia (PERUZZOLO, 2006, p. 18).

É importante lembrar que, sem comunicação não há avaliação, ou seja, a


avaliação é um processo comunicacional. Tendo em vista que a comunicação é uma
forma humana de tentar sair do isolamento. Porém, a avaliação da aprendizagem nas
instituições, muitas vezes busca o contrário, ou seja, o isolamento daquele que
promove a avaliação perante aquele a quem ela é oferecida.
E quem nos confirma o parágrafo acima é Perrenoud (1992, p. 82) quando
nos diz que:
Embora seja uma modalidade essencial da ação e interação humana, em si,
a comunicação não é boa ou ruim, é contraditória: pensa-se na comunicação
como possibilidade de entendimento, harmonia e solidariedade, mas nem
sempre ela é sinônimo de cooperação, de expressão de igualdade, de
racionalidade ou de aprendizagem. Ambas, a avaliação e a comunicação
podem ser instrumentos de alienação, de exclusão, de dominação, de
desinformação, de seleção.

Contudo, em se tratando de avaliação da aprendizagem, o processo de


comunicação tem o caráter de relação expresso pela influência de expectativas que
levam ao desenvolvimento dos sujeitos, por ser constituído nos momentos de relação,
interação, intervenção e mediação entre professor e aluno intencionados a construir
conhecimentos, seja por instrumentos específicos, seja pelo diálogo entre eles.
Ainda cabe observar que a aprendizagem, à medida que se efetiva, garante
o desenvolvimento, o qual, por sua vez, se manifesta sempre como uma ampliação
de consciência, um entendimento cada vez mais rico e mais amplo, o que, em si,
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também deverá possibilitar uma ação cada vez mais adequada em relação a si mesmo
e aos outros.
Deste modo, para que a avaliação da aprendizagem possa cumprir o seu
papel, como um dos componentes do ato pedagógico escolar, esta deve atuar a
serviço de uma concepção de desenvolvimento do ser humano; caso não seja esta a
concepção que norteie a ação pedagógica, a avaliação da aprendizagem não realizará
o seu papel de subsidiária a ação, uma vez que a sua função é retratar a qualidade
da realidade para intervenções adequadas, tendo em vista a construção dos melhores
resultados possíveis.
É preciso considerar igualmente que a avaliação da aprendizagem, é um
recurso pedagógico disponível ao educador para que auxilie o educando na busca de
sua autoconstrução e de seu modo de estar na vida mediante aprendizagens bem-
sucedidas. No entanto, também subsidia o educador, se necessário, em sua atividade
de gestor do ensino, visto que lhe permite reconhecer a eficácia ou ineficácia de seus
atos e dos recursos pedagógicos utilizados, assim como, se necessário, subsidia
ainda proceder a intervenções de correções dos rumos da atividade e dos seus
resultados.
Desta forma, a avaliação da aprendizagem não é e nem pode continuar
sendo a prática pedagógica tirana que ameaça e submete a todos com um poder
discriminatório, pois tal avaliação se dá no âmbito restrito da aprendizagem no interior
de uma prática de ensino. A avaliação deve ser praticada tendo como pano de fundo
teórico a abordagem pedagógica do projeto ao qual ela serve.
Sendo assim, se por intermédio da avaliação, temos a possibilidade de
revelar os processos de aprendizagem e de anunciá-los, é por meio da comunicação
que o fazemos, via instrumentos e procedimentos, que são os marcos objetivos da
prática do professor. Os procedimentos se configuram nas ações pedagógicas do
professor, que seleciona o currículo e os instrumentos de avaliação com base em suas
concepções, crenças e em sua formação. Tais instrumentos são as atividades
variadas que se tornarão documento de avaliação. Como exemplos podemos citar: a
prova, um artigo, o registro de um seminário, etc.

4 A AVALIAÇÃO FORMATIVA: uma síntese e suas contribuições para os alunos das


séries inicias do Ensino Fundamental
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Neste capítulo versaremos sobre a avaliação formativa, fazendo-se uma


síntese da mesma, além de mostrar sua contribuição para os alunos das séries iniciais
do Ensino Fundamental. Tendo em vista que tal avaliação possui papel muito
importante no processo de ensino aprendizagem, uma vez que possui uma
intervenção diferenciada.
Sendo assim, iniciaremos esta abordagem expondo que as práticas de
avaliação formativa são mais ligadas à avaliação para a aprendizagem do que à
avaliação da aprendizagem, por buscarem o desenvolvimento da aprendizagem e não
meramente os seus resultados. “Os processos de avaliação formativa são concebidos
para permitir ajustamentos sucessivos durante o desenvolvimento e a experimentação
de um novo curriculum, ou manual ou método de ensino” (ALLAL, 1986, p. 176).
Vale ressaltar ainda que a avaliação formativa requer profunda mudança
de atitude, pois como ainda afirma o autor acima (1986, p. 177), “o erro do aluno não
é mais considerado como uma falta passível de repressão, mas como uma fonte de
informação essencial, cuja manifestação é importante favorecer”.
Portanto, a avaliação formativa tem por finalidade fornecer informações que
permitam a reorganização do trabalho pedagógico em atendimento às diferenças
individuais observadas. Sendo necessário que tal reorganização se faça muito antes
da atribuição de nota e de se dar prosseguimento às atividades.
É mais do que notório que a avaliação formativa existe para promover as
aprendizagens. E isso só é possível se o professor aprimorar o trabalho pedagógico.
Portanto, um dos componentes dessa avaliação é a possibilidade de o professor
ajustar as atividades que desenvolve com seus alunos.
A avaliação formativa trata das atividades pedagógicas em desenvolvimento,
os ajustes instrucionais, focaliza as necessidade4s atuais dos alunos. Não é
o caso de considerar os resultados de uma prova com vistas a tentar novas
abordagens em outro momento, é o caso de fazer algo diferente agora
(POPHAM, 2008, p. 8).

A avaliação formativa leva sempre em conta em que ponto o estudante se


encontra em seu processo de aprendizagem, no que se refere a conteúdos e
habilidades (IBIDEM, p. 370).
Sendo assim, no processo de avaliação, precisamos ter presente o fato de
que a realidade é complexa e não simples e linear, como usualmente, no cotidiano,
nós a consideramos.
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Por outro lado, é importante ressaltar que a avaliação formativa recai sobre
suas ações. A primeira é a percepção dos estudantes sobre a lacuna entre objetivo a
atingir e a situação em quem sua aprendizagem se encontra em relação a ele. A
segunda é o que eles fazem para eliminar a lacuna e atingir o objetivo. Contudo, em
relação à primeira ação, a atividade fundamental para gerar a informação pode ser a
autoavaliação ou a ajuda de outra pessoa, como o professor, que, que identifica a
interpreta a lacuna e torna o aluno ciente de sua necessidade.
Assim sendo, a avaliação formativa possui contribuição extrema no
processo de ensino-aprendizagem, principalmente no ensino fundamental, tendo em
vista que, o professor ao praticar tal avaliação pode se deparar com dois caminhos. O
primeiro consiste em dar oportunidade ao estudante de desenvolver sua capacidade
de identificar e compreender as lacunas de aprendizagem, deixando que ele se
responsabilize por planejar e desenvolver as ações necessárias. Lembrando ainda
que neste caminho, o desenvolvimento da capacidade de autoavaliação e do processo
colaborativo de avaliação estão presentes. Contudo, no segundo caminho, o professor
toma para si a responsabilidade de direcionar atividades que promovam as
aprendizagens. Porém, isso não quer dizer que tais caminhos não podem ser
combinados, contudo, cabe ao professor decidir quando e como dar ênfase a cada
um deles. É por isso que Black e Wiliam (1998, p 25) nos dizem que, “a autoavaliação
merece atenção especial, porque não é uma prática comum entre professores, mesmo
entre aqueles que avaliam com seriedade”.
Evidentemente, a avaliação que ainda insistimos em praticar, voltada para
a atribuição de notas e para a promoção de uma série a outra, não é condizente com
a formação de cidadão com inserção social crítica.
Em síntese, a avaliação formativa é um processo planejado. Dele fazem
parte a postura do professor diante do trabalho pedagógico e do estudante, assim
como procedimentos e instrumentos diversos. E sendo um processo, não está pronto,
é construído pelo professor e por seus alunos. E quem dá mais veracidade ao que
acabamos de expor é Hadji (2001, p. 20), quando nos afirma que “a intenção
dominante do avaliador que torna a avaliação formativa”. Levando o professor e o
aluno a construírem e estabelecerem os seus objetivos.

4.1 Conhecendo a avaliação formativa


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Notoriamente falando, a avaliação formativa “é a que usa todas as


informações disponíveis sobre o aluno para assegurar sua aprendizagem” (VILAS
BOAS, 2004, p. 35). Pois dessa forma, constrói-se a possibilidade de compreender o
contexto do trabalho pedagógico, assim como a relação entre esta avaliação e a
atuação do professor pesquisador.
Esse processo de trabalho em que o professor vai caracterizando e
problematizando sua prática pedagógica, analisando, refletindo, criando
novas possibilidades de práticas, produzindo conhecimentos, inclusive na
escrita, é também uma atividade de pesquisa. No próprio processo de
trabalho, eles passam a criar e a produzir novos caminhos, são autores e
autoras que ensinam a si próprios e vão aprendendo num processo coletivo,
redefinindo a prática (MARTINS, 2006, p. 95).

Sendo assim, a cada novo planejamento do trabalho pedagógico e a cada


nova análise dos eventos de pesquisa, há a necessidade de pensar e repensar ações,
levando em conta as necessidades dos estudantes, uma vez que a avaliação
formativa tem como foco central a promoção das aprendizagens e a releitura da
situação pesquisada. Tal avaliação dá ao aluno e ao professor a possibilidade de
compreender as construções e aquisições do aluno para que sejam realizados ajustes
necessários no processo educativo.
Incontestavelmente, a avaliação formativa não toma menos tempo. más dá
informações, identifica e explica erros, sugere interpretações quanto às estratégias e
atitudes dos alunos e, portanto, alimenta diretamente a ação pedagógica, ao passo
que o tempo e a energia gastos na avaliação tradicional desviam a invenção didática
e da inovação. Pois a avaliação privilegia os saberes e competências que podem
traduzir em desempenhos individuais.
Deste modo, a ideia de avaliação formativa sistematiza o funcionamento do
processo de ensino aprendizagem, levando o professor a observar mais
metodicamente os alunos, a compreender melhor seus funcionamentos, de modo a
ajustar de maneira mais sistemática e individualizada suas intervenções pedagógicas
e situações didáticas que propõe tudo isso na expectativa de aperfeiçoar as
aprendizagens. Sendo assim, quem pode nos confirmar o que acabamos de dizer é
Bain (1988, p. 24) quando nos fala que “a avaliação formativa está, portanto, centrada
essencial, direta e mediatamente sobre a gestão das aprendizagens dos alunos”.
Essa situação se situa abertamente na perspectiva de uma regulação
intencional, cuja intenção seria determinar ao mesmo tempo o caminho já percorrido
por cada um e aquele que resta a percorrer, com vistas a intervir para otimizar os
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processos de aprendizagens em curso, ou seja, a avaliação formativa define-se por


seus efeitos de regulação dos processos de aprendizagens, e desses efeitos buscar-
se-á a intervenção que os produz e, antes ainda, as observações e as representações
que orientam essa intervenção. “A avaliação formativa insiste geralmente sobre a
construção de uma representação dos conhecimentos e dos processos sobre a parte
de interpretação do observável” (CARDINET, 1986, p. 128).
De modo mais dogmático, a avaliação formativa pressupõe comunicação,
sendo imprescindível informar ao aluno as falhas e as dificuldades levantadas nas
atividades avaliativas. A elucidação dessas informações pode, além de facilitar ao
discente envolver-se na ação educativa, levá-lo a refletir a respeito dos processos e
produtos de sua aprendizagem e a conscientizar-se da distância existente entre o real
e o almejado. Assim, ele poderá traçar estratégias de superação. Neste sentido, o
educando é chamado a responsabilizar-se pelo próprio desenvolvimento.
Sendo assim, a avaliação formativa pode e deve configurar-se em uma
realidade em todos os níveis de ensino. No entanto, direcionar o olhar para os cursos
de formação docente, mais especificamente para seus discentes, reconhecendo o
sentido que atribuem à avaliação formativa, reveste-se de especial relevância, pois
este é um lócus fundamental para a formação humana e profissional dos futuros
professores.
É preciso dizer ainda que a avaliação formativa é apenas uma expressão
cientifica para caracterizar o fato de que nenhuma pedagogia, por mais coletiva que
seja, é totalmente incessível às reações dos destinatários. E é também de grande
valia versar que a avaliação formativa é um componente obrigatório de um dispositivo
de individualização das aprendizagens, de diferenciação das intervenções e dos
enquadramentos pedagógicos, até mesmo dos procedimentos de aprendizagem ou
dos ritmos de progressão, ou ainda, dos próprios objetivos. A mesma ainda tem,
historicamente, ligação com a pesquisa e as ciências sociais da educação, ou seja,
está do lado da racionalidade. E tem forte relação com as metodologias da medida,
das quais herda as normas de equidade e de transparência de uma preocupação de
precisão e de validade.
É por isso que a educação está constantemente em transformação, e pelas
exigências da contemporaneidade. Contudo, um dos grandes problemas do processo
educativo é pôr em prática o seu discurso teórico. Pois a educação por sua própria
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finalidade exige que se efetive realmente para que cumpra o seu papel de produzir
conhecimento com o homem, e que ele possa interagir com o seu meio.
Frisa-se ainda que a avaliação formativa indica o que deve ser feito para
tornar a avaliação verdadeiramente útil em situação pedagógica, é elemento do
processo de ensino e de aprendizagem. Sendo assim, necessita ter características
que a tornem importante para melhorar a qualidade do referido processo.
Incontestavelmente, a avaliação formativa analisa as habilidades do
educando, os conhecimentos que pode construir como também as necessidades que
eles apresentam para aprender, efetivamente. Por outro lado, esta avaliação deve ser
colocada a serviço do fim que lhe dá sentido, inscrevendo-se na continuidade da ação
pedagógica, ao invés de exercer função de controle. Ou seja, a referida avaliação
deve ser utilizada com o intuito de conhecer e compreender a dinâmica existente entre
todas as variáveis em que se circunscrevem o aluno.

4.2 Contribuição da avaliação formativa para o ensinar e aprender

É mais do que inegável, que a avaliação formativa abrange múltiplos


caminhos do desenvolvimento do aluno, bem como convirá de espelho para o
exercício pedagógico do professor. Avaliar formativamente é perceber que cada aluno
tem seu próprio compasso de aprendizagem e, sendo assim, possui
responsabilidades de informações diferentes entre si.

Nessa ótica, o educador necessitará valer-se da avaliação para o


aprimoramento de seu hábito docente. Ele precisará utilizá-la para diagnosticar as
carências das metodologias aplicadas, fornecendo a recuperação integral do aluno
que ficou para trás. Deve ainda o professor se adaptar como indivíduo avaliado, pois
perante o retrato exposto pela avaliação, ele poderá ultimar o quanto foi hábil, mas
também quão grande foi o seu disparate naquele processo de ensino e aprendizagem.
A avaliação formativa é aquela que observa cada momento vivido pelo
aluno, seja na sala de aula ou fora dela. Ela fortalece a teoria de que o indivíduo
humano aprende em cada instante de sua existência e, portanto, são nesses diversos
momentos que ele terá que ser avaliado. Todas essas micro avaliações se tornarão
um todo através do somatório de suas partes.
Talvez a própria nomenclatura desse modelo avaliativo já forneça muitas
informações sobre a sua personalidade. No contexto escolar, onde o processo de
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ensino-aprendizagem acontece, ela fornece dados sobre as partes e o todo e encara


o indivíduo humano como ser evolutivo, que aprende na medida em que vive. Todos
os instantes de aprendizagem são considerados nesse modelo avaliativo.
É muito importante também tornar clara a necessidade de fornecer mais
atenção àqueles alunos com maior dificuldade de aprendizagem. Essa é mais uma
face da avaliação formativa, além de subsidiar panoramicamente a classe aprendiz,
ela emite um olhar mais atento e solidário ao aluno que tem um ritmo de aprendizagem
um pouco menos acelerado.
A avaliação formativa está a serviço das decisões pedagógicas, tem como
função facilitar o processo ensino/aprendizagem; a avaliação diagnóstica de etapa
está a serviço das decisões de progressão (aprovação/reprovação); a avaliação
certificadora está a serviço das validações das decisões; a avaliação normativa de
grupo oferece referências sobre o nível dos alunos, esclarece e prepara escolhas
curriculares; a avaliação externa informa ao conjunto dos cidadãos sobre a situação
do sistema escolar e prepara decisões políticas de regulação do sistema. Pois esta
avaliação contribui para que os alunos aprendam, porque os ajuda a desenvolver as
estratégias necessárias colocando ênfase no processo de ensino e aprendizagem,
tornando-os participantes desse processo, como também possibilita a construção de
habilidades de autoavaliação e avaliação por colegas ajudando os alunos a
compreenderem sua própria aprendizagem.
Deste modo, a avaliação dos atributos do trabalho ou do desempenho do
aluno requer que o professor possua concepção de qualidade apropriada à tarefa e
seja capaz de julgar de acordo com essa concepção. O aluno, por sua vez, precisa ter
concepção de qualidade similar à do professor, ser capaz de monitorar continuamente
a qualidade do que está sendo produzido durante o próprio ato de produção e ter
repertório de encaminhamentos ou estratégias aos quais possa recorrer. Isso significa
que ele tem de ser capaz de julgar a qualidade da sua produção e de regular o que
está fazendo enquanto o faz.
Em síntese, a contribuição da avaliação formativa se dá no sentido de
buscar romper com a cultura da seleção e da exclusão, abater posturas avaliativas
classificatórias e evoluir para abordagens de ensino, de aprendizagem e de avaliação
mais compatibilizadas com as necessidades dos alunos e da sociedade, buscando
edificar uma escola mais democrática e aberta a todos.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Esta pesquisa nos possibilitou conhecer a avaliação formativa como parte


integrante no processo de ensino e aprendizagem nas séries iniciais do Ensino
Fundamental, assim como sua importância e necessidade nesse processo.
Sendo assim, é impossível idealizar uma educação que não seja embasada
na avaliação formativa. “à avaliação formativa dá prioridade ao domínio dos
conhecimentos e das capacidades, considerando que a seleção é, quando muito, um
mal necessário, nunca um fim em si ou uma vantagem” (PERRENOUD, 1999, p. 109).
Contudo, a realidade dos fatos, nos leva a desidealizar essa educação eficiente, uma
vez que em muitas escolas, o modelo de educação que predomina é o mecanizado,
punitivo. Ou seja, professores ainda fazem uso da avaliação apenas para saber se o
aluno de fato aprendeu, ou se apresenta dificuldades no aprendizado, limitam-se tão
somente a esse objetivo. Não se dando conta que muitas vezes o aluno não aprende
ou apresenta dificuldades devido à falta de metodologias adequadas, ou por
metodologias falhas.
Deste modo, professores que não reconhecem suas falhas, ou que não
buscam aperfeiçoar-se em novas metodologias, tendem a habituar-se a uma
educação de retrocesso, onde o principal lesado é o alunado. A avaliação deve
visualizar o indivíduo como ser social, cultural, afetivo, onde só um olhar desligado da
hierarquia e conservadorismo exasperado poderá perceber seu desenvolvimento.
Portanto, no percurso de avaliação dos alunos, os critérios avaliativos são
referenciais comuns que exigem partilha de ideias e práticas sobre a continuidade dos
objetivos de aprendizagem e o domínio de competências dos alunos. Deste modo, é
importante que tanto o aluno quanto o professor conheçam o caminho a ser percorrido,
pois só assim, tais critérios serão negociados e definidos. Lembrando ainda que uma
escola só poderá ou será orientada para o sucesso e com sucesso, se os critérios de
avaliação forem estabelecidos e comprometidos por parte de todos os intervenientes
do processo de ensino e aprendizagem.
A avaliação escolar fornece informações muito importantes para o
educador, pois a partir das respostas dadas pelos alunos o professor consegue
reavaliar alguns conceitos e muitas vezes repensar a sua didática de trabalho, para
que assim haja um maior aproveitamento da turma e uma troca de conhecimentos
entre colegas e educadores.
Com esta pesquisa, tivemos a oportunidade de analisar os tipos de
avaliação pertencentes ao processo de ensino e aprendizagem adotado pelos
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professores que lecionam nas séries iniciais do Ensino Fundamental. Senso assim,
tais tipos apresentam-se em três funções: a avaliação diagnóstica, a avaliação
formativa e a avaliação somativa. A primeira delas é utilizada no início do ano letivo,
uma vez que permite conhecer a realidade no qual o processo de ensino e
aprendizagem está inserido, levando o professor a verificar e valorizar os
conhecimentos prévios dos alunos. Sendo que para que esta seja possível, é
necessária a compreensão e realização comprometida com uma concepção
pedagógica.

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22

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