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SENTENÇA

Relatório dispensado na esteira do art. 38 da Lei 9099/95.

Desta forma,passo a decidir.


A pretensão autoral reside na cominação de indenização por dano material e moral
vez que tendo emprestado seu veículo a um sobrinho, o mesmo se dirigiu à loja da
Acionada e ao deixar o veículo no estacionamento , o mesmo foi alvo de furto, tendo sido
registrado o ocorrido na Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos de Salvador,
conforme atesta Boletim de Ocorrência colacionado no evento processual nº01. Segundo
o sobrinho da Autora, o fato ocorreu no dia 28/08/2009 por volta das 14h e 45minutos.
Em sede de contestação a ré aduziu que não restou comprovado que de de fato o
veículo do Autora encontrava-se no estacionamento de seu estabelecimento e mesmo
que o furto tivesse ocorrido nas dependências do estabelecimento, a ré não deve ser
responsabilizada, uma vez que não presta serviços de segurança.
Inicialmente cumpre analisar a preliminar de Ilegitimidade Ativa ad causam, senão
vejamos:
A preliminar de ilegitimidade ativa ad causam, não merece prosperar. A ação
proposta visa a uma indenização por danos morais e materiais decorrentes da má
prestação do serviço pela demandada. Portanto, a relação consumerista resta
evidenciada, sendo a Autora destinatário final do serviço prestado, eis que proprietária do
veículo. Diante do exposto, rejeito-a.
No mérito.
Da análise dos autos e do fato deduzido, resta evidente que a ré deve ser
responsabilizada pelo furto ocorrido no seu estacionamento. A acionada ao disponibilizar
estacionamento aos seus consumidores tem o dever de oferecer um serviço de qualidade
e segurança, mesmo porque tal serviço é utilizado pela acionada para atrair o consumidor,
que se desloca ao estabelecimento para efetuar compras. Curiosamente, embora a tese
principal da acionada seja a negativa do fato, a mesma não faz qualquer prova do quanto
alegado, não foram trazidas as imagens e muito menos os funcionários que estariam
atuando na segurança do estacionamento no dia do ocorrido. É certo que a acionada
angaria lucro com a atividade que exerce e por isto deve arcar com os riscos trazidos pelo
exercício da atividade empresarial que são inerentes a esta e não podem ser transferidos
ao consumidor. A excludente de responsabilidade, caso fortuito ou força maior, não se
aplica no caso sob apreciação, diante do contorno fático do quanto ocorrido, furto que
verificou no estacionamento disponibilizado pela acionada aos seus clientes enquanto
estes fazem compras. Se fosse ponderável a alegação da eximente certamente a ré não
arcaria com os custos decorrentes do sistema de vigilância empregado e consistente em
pessoal e aparelhos. Sobre o assunto é pacífica a jurisprudência, valendo citar o quanto
decidido pelo TJRS, processo 71000821413-3ª Turma, J.22/11/05, bem como, o teor do
acórdão proferido nos autos: TJDF-EI 2000.07.01.005.711-3, 3ª Câmara, DJU 31/08/04.
quanto aos danos materiais requeridos é importante ressalvar que estes somente podem
ser deferidos se provados, de forma que a Autora colacionou aos autos, o valor venal do
veículo, conforme informação da tabela FIPE. É pertinente a restituição do valor do
veículo, este consubstanciado no valor de R$ 11.738,00(onze mil reais setecentos e trinta
e oito reais).
FRENTE AO EXPOSTO, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE O PEDIDO,
condenando a acionada no pagamento de indenização por danos materiais,no valor de
R$11.738,00(onze mil reais setecentos e trinta e oito reais) conforme supra citado.
Quanto ao pleito indenizatório de danos morais, condeno à ré, o pagamento da
indenização por dano moral que fixo em R$ 1.000,00 (mil reais), atualizados a partir
da data da citação. Outrossim, observem-se as disposições do artigo 475-J do CPC.
Sem custas e honorários nessa fase processual. Sentença publicada em audiência, após
o decurso do prazo recursal, arquivem-se.

Salvador, 15 de fevereiro de 2022

ANDRÉA TOURINHO CERQUEIRA DE ARAÚJO


Juíza de Direito

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