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Prof. Dr.

Francisco José de Almeida

2. EIXOS E EIXOS-ÁRVORES

2.1. Notação

a = coeficiente de tensão
b = coeficiente de tipo de carga
bo = coeficiente dimensional
c = coeficiente de modo de aplicação da carga
C = coeficiente de carga
CS = coeficiente de segurança
d = coeficiente do material
de = diâmetro do eixo
di = diâmetro do vazado do eixo
dmin = diâmetro mínimo aceitável para o eixo
Mc = momento fletor combinado
Mfh = momento fletor horizontal
Mfv = momento fletor vertical
Mi = momento ideal
Mt = momento de torção
N = número de ciclos
Qreal = carga real
Qteórica = carga teórica
SN = coeficiente de segurança à fadiga
Wf = módulo de resistência à flexão
α = coeficiente de solicitação
β = coeficiente de forma
σ = tensão normal
σa = parcela da tensão aplicada que se alterna com o tempo
σadm = tensão admissível
σe = tensão de escoamento
σfur = tensão à fadiga para flexão oscilante
σfw = tensão à fadiga ara flexão alternada
σfw10 = tensão limite à fadiga para flexão alternada e eixos de 10mm de diâmetro
σK = tensão de flambagem
σm = tensão média
σN = tensão à fadiga
σperigosa = tensão perigosa, limite de projeto
σr = tensão de ruptura
τtur = tensão à fadiga para torção oscilante
τtw = tensão à fadiga para torção alternada
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2.2. Introdução

Definição: “Elemento rotativo ou estacionário, geralmente de seção circular, que tem


montado sobre si elementos como engrenagens, polias, volantes, manivelas, rodas denteadas e
outros elementos de transmissão de potência.”

Eixo: elemento submetido à flexão – função estrutural


Eixo-árvore: elemento submetido à flexo-torção – função de transmissão de potência

2.3. Materiais

Os materiais mais usados para a confecção de eixos são:


–Aço ABNT- 1020; 1025; 1045;
–Aço ABNT- 2340 (Cromo Níquel);
–Aço ABNT- 4143; 4140 (Cromo Molibdênio);
–Aço ABNT- 6115; 6120; 6140 (Cromo Vanádio);
–Aço ABNT- 8640; 8660 (Cromo Níquel Molibdênio);
–Aço ABNT- 51210; 21410 (Aço Inoxidável).
Quanto melhores as características do material, menor pode ser a dimensão do elemento,
economizando peso e tamanho, entre outros, porém aumentando-se o custo da matéria-prima.

2.4. Fabricação

(a) Torneamento a partir de barras redondas: - trefiladas até 60mm


- laminadas de 60mm até 150mm
- forjadas acima de 150mm
(b) Forjamento
(c) Fundição
(d) Extrusão
(e) Sinterização

Eixos ainda podem:


- ser tratados termicamente,
- sofrer processos adicionais de acabamento.

Sempre que um eixo apresentar escalonamentos de grandes dimensões (grande diferença entre o
diâmetro maior e o diâmetro menor), tende-se a utilizar eixos forjados. Além disso, um eixo
forjado apresenta resistência mecânica superior em relação a um eixo usinado.
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2.5. Características

(a) Eixos de aço de alta resistência apresentam mesma rigidez que os de aço comum;
(b) Eixos vazados com um furo de diâmetro igual à metade do seu diâmetro externo pesa
75% e apresenta momento de inércia igual a 94% de um eixo inteiriço de mesmo
diâmetro,
(c) Eixos que trabalham a altas rotações devem ser balanceados.

2.6. Dimensionamento

2.6.1. Tipos de Solicitações

2.6.2. Equações para o dimensionamento


O dimensionamento de eixos se baseia na teoria de vigas, de Resistência dos Materiais:
Mi
σ= ≤ σ adm
Wf

com
π ⋅ de3
Wf =
32

Substituindo e isolando o diâmetro, temos:


Mi 32 M 32 Mi Mi
≤ σ adm ⇒ d e ≥ ⋅ i ⇒ d e ≥ 3
3
⋅3 ⇒ d e ≥ 2,17 ⋅ 3
π ⋅ de 3
π σ adm π σ adm σ adm
32
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Mi
d min = 2,17 ⋅ 3 para eixo de seção circular e inteiriço.
σ adm

Para eixo vazado, temos:


Mi 1
d min = 2,17 ⋅ 3 β ⋅ ; β=
σ adm 4
1 −  i 
d
 de 

Como o eixo é submetido a flexo-torção, devemos lançar mão de um critério de resistência.


Considerando que, usualmente, o eixo é fabricado com material dúctil (p.e. aço), escolhemos o
Critério de Energia de Distorção, ou de Von Mises:
2
2 α 
Mi = Mc + Mt 
2 

com
α= 0,8 para flexão alternada e torção constante
1,0 para flexão alternada e torção oscilante
1,7 para flexão alternada e torção alternada
e
2 2
M c = M fh + M fv

2.6.3. Determinação da Tensão Admissível para o caso estático


Para o caso estático, a tensão admissível é calculada pela equação:
σ perigosa
σ adm =
CS

A tensão perigosa pode ser tanto a tensão de ruptura do material (para caso de material frágil),
com a tensão de escoamento do material (para material dúctil). Tensões de ruptura e de
escoamento de alguns materiais são encontradas na tabela.
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O coeficiente de segurança, por sua vez, é calculado pela equação:


CS = a ⋅ b ⋅ c ⋅ d

onde
σ perigosa
a=
σe
b = ϕ (tipo de carga) carga constante: b=1,0
carga oscilante: b=1,5 ≈ 2,0
carga alternada: b=2,0 ≈ 3,0
c = ϕ (modo de aplicação) carga de aplicação gradual: c=1,0
carga de aplicação súbita: c=2,0
carga de aplicação com choque: c=2 ≈ 5
d = ϕ (tipo do material) material dúctil: d=1,5 ≈ 2,0
material frágil: d=2,0 ≈ 3,0
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Uma tabela prática para o coeficiente de segurança estático fornece:
Carga CS Observação
Constante Gradual 1,5 a 2 Estes valores devem
ser multiplicados
Súbita 3a4
por 2 a 3 se for
Variável Pulsante 3a5 considerado perigo
Alternada 4a8 de vida humana

Choque 7 a 10

2.6.4. Fadiga

Fenômeno que todo material sofre quando submetido a uma solicitação variável. Inicia-se na
superfície da peça, como uma micro-trinca. Provoca diminuição da área resistente da peça, até
uma ruptura repentina. A quebra por fadiga é explicada pela diminuição da capacidade do
material, à medida que o número de ciclos de trabalho ocorre. Esta relação é ilustrada na Curva
de Vida do Material ou Curva de Whöler.
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Diminuição da capacidade do material com o número de ciclos de trabalho


Faixa I: N<103 construção civil
Faixa II: 103<N<106 componentes em Engenharia Mecânica que não necessitam de via longa
Faixa III: N>107 componentes mecânicos em geral

Vários fatores influem na capacidade de uma peça resistir à fadiga, podendo-se relacionar:
–forma geométrica;
–imprecisões metalúrgicas (não homogeneidade);
–corrosão;
–acabamento superficial;
–tensões residuais;
–temperatura;
–sobrecarga; etc...
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2.6.5. Determinação da Tensão Admissível para o caso de fadiga
Para o caso de fadiga, a tensão admissível é calculada pela equação:
σN
σ adm =
C ⋅ SN

onde
Qreal
C= = 1,0 ≈ 1,5
Qteórica

e
SN= 1,1 a 1,8 Quando σe for fator decisivo no dimensionamento
1,8 a 2,5 Quando σr for fator decisivo no dimensionamento
3a6 Quando σK for fator decisivo no dimensionamento

A tensão à fadiga pode valer:


σN = σfw para o caso de flexão alternada
σfur para o caso de flexão oscilante
τw para o caso de torção alternada
τur para o caso de torção oscilante

A relação entre as várias tensões σfw, σfur, τw e τur é dada na tabela.

Finalmente, a tensão à fadiga para flexão alternada é dada pela equação:


σ fw = b0 ⋅ σ fw10

onde σfw10 é dada na figura abaixo e b0 conforme tabela a seguir.


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de=10 20 30 50 100 200 300


b0=1 0,9 0,8 0,7 0,6 0,57 0,56

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