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INSTITUTO DO EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL, I.P.

DELEGAÇÃO REGIONAL DO CENTRO


CENTRO EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL DE LEIRIA

Curso: Técnico Ação Educativa


INSTITUTO DO EMPREGO E
FORMAÇÃO PROFISSIONAL, I.P. Módulo: CP5
Formador: Simão Matos
DELEGAÇÃO REGIONAL DO CENTRO
CENTRO DE EMPREGO E FORMAÇÃO
Formando:________________Data:____/_____/
PROFISSIONAL LEIRIA _____

A Pirâmide de Maslow

“Se você planeia ser qualquer coisa inferior ao que você é capaz, provavelmente você
será infeliz todos os dias de sua vida”
(Maslow)
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O que é ética?
A palavra “ética” é proveniente do grego “ethos”, que significa, literalmente,
“morada”, “habitat”, “refúgio”, ou seja, o lugar onde as pessoas habitam. No entanto,
para os filósofos, este termo se refere a “modo de ser”, “caráter”, “índole”,
“natureza”.

O filósofo Aristóteles acreditava que a ética é caracterizada pela finalidade e pelo


objetivo a ser atingido, que seria viver bem, ter uma boa vida, juntamente e para os
outros.

Neste sentido, pode-se considerar a ética como um tipo de postura e que se refere a
um modo de ser, à natureza da ação humana. Trata-se de uma maneira de lidar com as
situações da vida e do modo como estabelecemos relações com outra pessoa. Quais
são as nossas responsabilidades pessoais em uma relação com o outro? Como lidamos
com as outras pessoas em sociedade? Uma conduta ética pode ser um tipo de
comportamento mediado por princípios e valores morais.

A palavra “ética” também pode ser definida como um conjunto de conhecimentos


extraídos da investigação do comportamento humano na tentativa de explicar as
regras morais de forma racional e fundamentada. Neste sentido, trata-se de uma
reflexão sobre a moral.

Desta maneira, pode-se afirmar que a ética é a parte da filosofia que estuda a moral,
pois reflete e questiona sobre as regras morais.

Foto: Pixabay
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O que é moral?
A palavra “moral” é originária do termo latino “Morales”, que significa “relativo aos
costumes”, isto é, aquilo que se consolidou como sendo verdadeiro do ponto de vista
da ação.

A moral pode ser definida como o conjunto de regras aplicados no quotidiano e que
são utilizadas constantemente por cada cidadão. Tais regras orientam cada indivíduo
que vive na sociedade, norteando os seus julgamentos sobre o que é certo ou errado,
moral ou imoral, e as suas ações.

Desta maneira, a moral é fruto do padrão cultural vigente e engloba as regras tidas
como necessárias para o bom convívio entre os membros que fazem parte de
determinada sociedade.

A moral é formada pelos valores previamente estabelecidos pela própria sociedade e


os comportamentos socialmente aceitos e passíveis de serem questionados pela ética.

Pode-se afirmar que, ao falarmos de moral, os julgamentos por certo ou errado


dependerão do lugar onde se está.

Por fim, pode-se considerar que a ética engloba determinados tipos de


comportamentos, sejam eles considerados corretos ou incorretos; já a moral
estabelece as regras que permitem determinar se o comportamento é correto ou não.

Se considerarmos o sentido prático, a finalidade da ética e da moral é bastante


semelhante, pois ambas são responsáveis por construir as bases que guiarão a conduta
do homem, determinando o seu caráter e a sua forma de se comportar em
determinada sociedade.
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Por que razão havemos de ser morais?


Faustino Vaz

O problema filosófico que vai estudar pode ser formulado através da seguinte questão:
"Por que razão havemos de ser morais?" A resposta que intuitivamente dará é que
desse modo viveremos melhor. Talvez a razão que apresente seja que, se tivermos
todos os homens em conta nas nossas escolhas, isso será bom para todos; talvez ache
repugnante a ideia de que a sua capacidade de ser moral está confinada à sociedade
em que vive, ignorando todos os outros homens.

Mas será que de facto tem todos os outros em conta nas suas escolhas? Será que não
toma mais em consideração a gripe forte de uma amiga do que os milhares de crianças
que todos os dias morrem de subnutrição? Será que a sua inteligência e a sua
compaixão se ocupam tanto da tragédia coletiva que é a fome de milhões de seres
humanos como de uma vulgar depressão ligeira de uma amiga sua? James Rachels, um
importante filósofo moral, afirma que "infelizmente para os que têm fome, as
estatísticas não têm muito poder para nos comover."

A isto provavelmente responderá que nem sempre dá aos interesses e às necessidades


dos outros a importância que eles merecem; mas também dirá que os outros têm
tanta importância como você e que os ajuda sempre que isso não implique um
sacrifício excessivo para si. Acima de tudo, parece-lhe plausível o equilíbrio entre os
seus interesses e os interesses de todos os outros homens. Mas será que é? Será que
os interesses e necessidades dos outros são tão relevantes como os seus do ponto de
vista moral? Intuitivamente dirá que sim, mas por mais estranho que lhe pareça há
quem não pense da mesma maneira. A teoria que essas pessoas defendem é o
egoísmo ético. Trata-se de um desafio à ética e às nossas intuições morais profundas
que não devemos ignorar. Depois de apresentarmos uma defesa do egoísmo ético,
tentaremos mostrar que também ele enfrenta pelo menos uma objeção que não pode
ignorar.

Egoísmo ético

O egoísmo ético diz como devemos comportar-nos; nesse sentido, é uma teoria
normativa. Para o egoísmo ético, o nosso único dever primitivo é fazer o melhor para
nós mesmos. O interesse próprio é o princípio moral fundamental. Não é que o egoísta
não tenha outros deveres; o que se passa é que todos os outros deveres do egoísta
derivam do interesse próprio. Nada mais. Por isso, mesmo quando um defensor do
egoísmo ético ajuda os outros ou renuncia a fazer o que realmente quer, é no fundo a
promoção do seu interesse próprio a longo prazo que o move.
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O argumento mais forte a favor do egoísmo ético aceita a moralidade de senso comum
e retira a partir daí a conclusão surpreendente de que essa é a melhor maneira de
satisfazer o nosso interesse próprio. Considera então a seguinte formulação do
argumento:

1. A moralidade de senso comum consiste em obedecer a certas regras: a regra


de evitar fazer mal aos outros, a regra de dizer a verdade, a regra de cumprir as
nossas promessas, e assim por diante.
2. Se não fizermos mal aos outros, as pessoas não vão querer prejudicar-nos e
poderão até fazer-nos favores quando precisarmos.
3. Logo, não fazer mal aos outros serve o nosso interesse próprio.

1. Se dissermos a verdade aos outros, teremos uma boa reputação e as pessoas


confiarão em nós quando precisarmos que elas sejam sinceras connosco.
2. Logo, dizer a verdade aos outros serve o nosso interesse próprio.

1. Se cumprirmos as promessas que fizemos aos outros, podemos esperar que os


outros cumpram as promessas que nos fizeram em acordos que nos
beneficiam.
2. Logo, cumprir as promessas que fizemos aos outros serve o nosso interesse
próprio.

O mais provável é que neste momento já esteja a ver que este tipo de raciocínio irá
conduzir surpreendentemente à Regra de Ouro: Faz aos outros aquilo que gostarias
que eles te fizessem a ti. A versão da mesma regra à maneira do egoísta ético será:
Ajuda os outros para que eles te ajudem a prosseguir o teu interesse próprio. E assim
uma teoria que no início era abertamente recusada pelas tuas intuições morais mais
profundas pode começar a parecer-lhe plausível. Mas será que é realmente plausível
ou terá de enfrentar uma objeção suficientemente forte para a derrotar? A resposta a
esta questão será submetida à sua avaliação no ponto seguinte.

Crítica ao egoísmo ético

Segundo o egoísmo ético, o princípio fundamental é o interesse próprio. Isto


pressupõe que o egoísta ético encontra diferenças relevantes entre ele próprio e todos
os outros. Será ele dotado de uma inteligência diferente? Terá necessidades, desejos e
interesses diferentes das necessidades, desejos e interesses de todos os outros
homens? Será estruturalmente tão diferente de todos os outros homens que mereça
um lugar especial quando toma decisões morais? Ora, o egoísta ético não tem uma
resposta para estas questões e por isso a sua teoria não está justificada. Além disso, se
tentarmos dar uma resposta, ela terá de ser negativa porque não há diferenças
factuais relevantes entre os seres humanos que justifiquem uma diferença de
tratamento. Daí devermos tomar em consideração cada pessoa que é afectada pelas
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nossas acções quando decidimos o que devemos fazer: ninguém deve ser ignorado,
ninguém deve ter um estatuto privilegiado.

Talvez seja esta a refutação mais forte do egoísmo ético. Se achar que sim, só lhe resta
rejeitá-lo. E a consequência que daí pode retirar é que há dois ingredientes básicos que
uma boa teoria normativa não pode dispensar: 1) não há diferenças factuais relevantes
entre os homens; 2) se não há diferenças factuais relevantes entre os homens, os seus
interesses têm de ser considerados de forma imparcial.

Faustino Vaz

Questões de revisão

1. Será que basta termos em conta a nossa sociedade para sermos morais? Ilustra
a tua resposta com exemplos.
2. "O egoísmo ético é uma teoria descritiva." Concordas? Porquê?
3. Qual é o princípio moral do egoísmo ético?
4. "O egoísmo ético está errado porque ninguém consegue viver uma vida inteira
sem ajudar os outros uma vez que seja." Que réplica daria a este argumento
um egoísta ético?
5. Que raciocínio segue o egoísmo ético para estar de acordo com a moralidade
de senso comum? A que regra conduz esse raciocínio? Como?
6. Que objeção pode ser feita ao egoísmo ético?
7. Que consequências resultam dessa objeção independentemente de a
considerares convincente ou não?

Questões de discussão

1. Poderá um egoísta ético sentir-se na obrigação de ajudar os milhões de seres


humanos que morrem à fome? Porquê?
2. "Quando coopera, o egoísta ético ajuda outras pessoas. Ora, se o faz, não as
considera secundárias em relação a si. Logo, a crítica que lhe é feita cai por
terra." Concordas com o argumento? Porquê?
3. Supõe que alguém chamado João arriscou a sua vida para evitar o afogamento
de uma criança. Discute a seguinte explicação da sua ação:

João não agiu de maneira realmente altruísta. Ele não arriscou a sua vida para
salvar a criança. João é antes o tipo de pessoa que tem prazer ao ajudar os
outros e o seu desejo de ter este prazer é tão grande que ultrapassa o desejo
de proteger a sua própria vida. Logo, João realmente agiu para ter esse prazer,
não para salvar a criança.

4. "O princípio moral do egoísmo ético é que o nosso dever básico é fazer o
melhor para nós mesmos. Nesse caso, é moralmente permissível praticar a
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fraude, a difamação ou a violência se isso é o melhor para nós. Logo, o egoísmo


ético prescreve atos moralmente repugnantes." Que réplica daria a esta crítica
o egoísmo ético?

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