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Geometria
Analítica
2ª Edição
Florianópolis, 2010.
Governo Federal
Presidente da República: Luiz Inácio Lula da Silva
Ministro de Educação: Fernando Haddad
Secretário de Ensino a Distância: Carlos Eduardo Bielschowky
Coordenador Nacional da Universidade Aberta do Brasil: Celso Costa
Comissão Editorial
Demétrio Delizoicov Neto
Frederico F. de Souza Cruz
Gerson Renzetti Ouriques
José André Angotti
Nilo Kühlkamp
Silvio Luiz Souza Cunha
Laboratório de Novas Tecnologias - LANTEC/CED
Coordenação Pedagógica
Coordenação Geral: Andrea Lapa, Roseli Zen Cerny
Núcleo de Formação: Nilza Godoy Gomes
Núcleo de Pesquisa e Avaliação: Claudia Regina Flores
Ficha Catalográfica
G934c Andrade, Doherty
Geometria Analítica I / Doherty Andrade, Jorge Ferreira de
Lacerda – 2. ed. –
Florianópolis : UFSC/EAD/CED/CFM, 2010.
191p.
ISBN 978-85-99379-74-5
1 Matrizes................................................................................. 11
1.1 Introdução.................................................................................... 13
1.2 Tipos Especiais de Matrizes.......................................................14
1.3 Operações com Matrizes............................................................ 16
1.3.1 Adição e Subtração.............................................................. 16
1.3.2 Multiplicação por escalar................................................... 17
1.3.3 Transposição ....................................................................... 18
1.3.4 Multiplicação de Matrizes.................................................. 19
1.3.5 Matriz Inversa..................................................................... 22
Resumo............................................................................................... 26
4 Vetores.................................................................................... 75
4.1 Introdução.................................................................................... 77
4.2 A Noção de Vetor........................................................................ 79
4.3 Adição de Vetores....................................................................... 83
4.4 Produto por um Número Real (Escalar).................................. 86
4.5 Soma de Vetor com Ponto.......................................................... 87
4.6 Norma de Vetores....................................................................... 88
Resumo............................................................................................... 90
Doherty Andrade
Jorge Ferreira de Lacerda
Capítulo 1
Matrizes
13
Capítulo 1
Matrizes
1.1 Introdução
Em linguagem comum, uma matriz consiste em uma tabela de ele-
mentos dispostos em linhas e colunas (observe o exemplo a seguir).
Em matemática, uma matriz A com m linhas e n colunas, deno-
tada por Am×n , é definida como sendo uma função A de I m × I n ,
tomando valores num conjunto K, onde o conjunto I k é definido
por I k = {1, 2,..., k }. O mais freqüente é que K seja o conjunto dos
números reais, , ou dos números complexos, . Mas K pode ser
outro conjunto como, por exemplo, um conjunto de funções.
2 ⋅1 − 1 2 ⋅1 − 2 2 ⋅1 − 3 1 0 −1
A = 2 ⋅ 2 − 1 2 ⋅ 2 − 2 2 ⋅ 2 − 3 = 3 2 1
2 ⋅ 3 − 1 2 ⋅ 3 − 2 2 ⋅ 3 − 3 5 4 3
Definição 1.1: Duas matrizes Am×n = [aij] m×n e Br×s = [bij] r×s são ditas
iguais se possuem o mesmo número de linhas (m = r), o mesmo
número de colunas (n = s) e todos os seus elementos correspon-
dentes são iguais (aij = bij).
1 0 0
1 0
I 2×2 = , I 3×3 = 0 1 0 .
0 1 0 0 1
a c d
a c
A2×2 = , B3×3 = 0 b e
0 b 0 0 f
a 0 0
a 0
A2×2 = , B3×3 = c b 0 .
c b d e f
a c d 1 −1 4
a c
A2×2 = , B3×3 = c b e , C3×3 = −1 2 5 .
c b d e f 4 5 3
0 2 −3 0 −1 4
0 −1
A2×2 = , B3×3 = −2 0 5 , C3×3 = 1 0 5 .
1 0 3 −5 0 −4 −5 0
Exemplo 1.1
2 x − 6 2 −3
−2 0 7 .
3 −7 x 2 − 6 x + 9
1) A soma é associativa: A + ( B + C ) = ( A + B) + C .
2) A soma é comutativa: A + B = B + A .
2 3 5 1 −1 5
A = 3 1 −1 B= 0 2 2 .
5 −1 0 0 0 3
3 2 10
Então, A + B = 3 3 1 .
5 −1 3
Verifique que A + B = B + A .
2 3 5 1 −1 25k 3k 5k
B= 0 kA 2= 32k k
A = 3 1 −1 , então −k .
5 −1 0 0 0 53k −k 0
• k(A + B) = kA + kB.
• k1(k2A) = (k1k2)A.
1.3.3 Transposição
Dada uma matriz A = [aij], podemos obter uma outra matriz
A′ = [bij], cujas linhas são as colunas de A, isto é, bij = aji A′ é
denominada transposta de A. Por exemplo:
2 5
2 3 4
A= A′ = 3 6 .
5 6 7 4 7
Propriedades 1.2:
• ( A + B)′ = A′ + B′ .
1 1
B = ( A + A′) , C = ( A − A′) .
2 2
Notemos que como B = B′ então B é simétrica, e como C ′ = − C ,
então C é anti-simétrica. Além disso, A = B + C . Isso termina a
nossa verificação. Faça essa verificação para o caso geral.
×
×
×
a a12 b b
A = 11 e B = 11 12 . Determine C = A. B.
a21 a22 b21 b22
c11 = a11 b11 + a12 b21 + a13 b31 c12 = a11 b12 + a12 b22 + a13 b32 c13 = a11 b13 + a12 b23 + a13 b33
c = a b + a b + a b c22 = a21 b12 + a22 b22 + a23 b32 c23 = a21 b13 + a22 b23 + a23 b33 .
21 21 11 22 21 23 31
c31 = a31 b11 + a32 b21 + a33 b31 c32 = a31 b12 + a32 b22 + a33 b32 c33 = a31 b13 + a32 b23 + a33 b33
2 3 5 1 −1 5
A = 3 1 −1 e B = 0 2 2 .
5 −1 0 0 0 3
Calcule AB e BA.
Resolução
2 3 5 1 −1 5 2 + 0 + 0 −2 + 6 + 0 10 + 6 + 15 2 4 31
AB = 3 1 −1 0 2 2 = 3 + 0 + 0 −3 + 2 + 0 15 + 2 − 3 = 3 −1 14
5 −1 0 0 0 3 5 + 0 + 0 −5 − 2 + 0 25 − 2 + 0 5 −7 23
21
1 −1 5 2 3 5 2 − 3 + 25 3 − 1 − 5 5 + 1 + 0 24 −3 6
BA = 0 2 2 3 1 −1 = 0 + 6 + 10 0 + 2 − 2 0 − 2 + 0 = 16 0 −2
0 0 3 5 −1 0 0 + 0 + 15 0 + 0 − 3 0 + 0 + 0 15 −3 0
−1 0 1 −1 1 1
A = 1 2 −1 e B = 1 −2 0 .
0 0 1 3 −1 −1
Calcule AB.
Resolução
−1 0 1 −1 1 1 1 + 0 + 3 −1 + 0 − 1 −1 + 0 − 1 4 −2 −2
AB = 1 2 −1 1 −2 0 = −1 + 2 − 3 1 − 4 + 1 1 + 0 + 1 = −2 −2 2
0 0 1 3 −1 −1 0 + 0 + 3 0 + 0 − 1 0 + 0 − 1 3 −1 −1
i) Em geral AB ≠ BA.
vii) ( AB )′ = B′A′ .
viii) 0A = 0 e A 0 = 0.
22
Exercícios
1.1) Determine o produto AB e BA, onde:
1 0 −1 00 11 11
A = 1 2 4 e BB == 11 −−22 00 .
2 −1 1 33 −11 −−11
−3 2 2 3 1 5
Resposta: AB = 14 −7 −3 , BA = −1 −4 −9 .
2 3 1 0 −1 −8
x 1 x − 1
1.2) Determine x tal que a matriz A = 1 3 x seja simé-
trica. 1 2 6
Resposta: x = 2 .
x − y y x 10 −2
A= ,B= ,C = .
2 y 2 x − y − x 6 4
Resposta: x = 4, y = 6 .
B = BI = B ( AC ) = ( BA)C = IC = C , donde B = C .
23
Exemplo 1.6
a b
a) Seja A = com ad − bc ≠ 0 .
c d
1 d −b
Então a matriz B = é a inversa de A . Veri-
ad − bc −c a
fique efetuando o produto.
1 −1 −2 1 0 1
b) Sejam as matrizes A = −1 0
3 e B = −32
−2
3
1
3
.
0 1 2 13 1
3
1
3
2 0 0 12 0 0
c) Sejam as matrizes A = 0 4 0 e B = 0 14 0 .
0 0 2 0 0 12
Resolução:
9 x + 178 0 − 172 + 2 x 1 0 0
Desejamos ter AB = −9 x + 179 1 − 173 + 3 x = 0 1 0 .
0 0 17
15
+ 2 x 0 0 1
1
Comparando as matrizes, obtemos x = .
17
24
Resolução:
4,5 3,5
P = 6, 0 e a matriz custo de produção é C = 4, 0 .
5, 0 3,5
1, 0
Ltotal = Q ⋅ L = [1000 600 1200] 2, 0
1,5
= 1000 + 1200 + 1800 = 4000 , isto é, R$ 4.000,00. E o lucro in-
dividual diário de cada produto é R$ 1.000,00, R$ 1.200,00 e R$
1.800,00 (na mesma ordem acima).
Exercícios
1.4) Determine os produtos AB e BA com as matrizes dadas a
seguir:
1 2 9 −8
a) A = , B= .
−1 3 −2 3
5 −2 17 −6
Respostas: AB = e BA = .
−15 17 −5 5
7 2 0
−5 7 2 0
3 4
b) A = e B = −5 3 4 .
2 1 9
2 1 9 3×3
6 −7 2 4×3
39 20 8
−42 3 48
Respostas: AB = e BA não existe.
27 16 85
81 −7 −10
1.5) Verifique se as matrizes dadas aos pares são inversas entre si.
1 2 53 −2
a) A = e B = 1
5
.
−1 3
1
5 5
9 −8 113 8
b) A = e B=2 11
.
−2 3 11
9
11
7 2 0 267
23 −6
89
8
267
53
c) A = −5 3 4 e B = 267 21
89
−28
267 .
2 1 9 267
−11 −1
89
31
267
1.6) Uma papelaria vende 700 canetas, 400 cadernos e 200 la-
piseiras em um mês. O preço de venda de cada produto é
dado, respectivamente, por R$ 4,00, R$ 6,00 e R$ 15,00. O
custo de cada produto para a papelaria é, respectivamente,
26
Resumo
Neste capítulo apresentamos uma breve introdução às matrizes, vi-
mos que uma matriz é muito mais do que uma tabela de números,
é uma função. Vimos também que podemos operar com matrizes.
Somar, multiplicar e encontrar a transposta são operações simples
envolvendo matrizes. Finalmente, vimos que a soma é associativa e
comutativa, mas que a multiplicação de matrizes não é comutativa,
embora tenha outras importantes propriedades.
Capítulo 2
Sistemas de Equações
Lineares
29
Capítulo 2
Sistemas de Equações Lineares
2.1 Introdução
Uma equação é dita linear nas variáveis x1 , x2 ,..., xn se é da forma
a1 x1 + a2 x2 + an xn = b. Por exemplo, a equação ax + by = c, de variá-
veis x e y, é linear. Nesse caso, o conjunto dos pontos do plano que
satisfazem a essa equação constitui uma reta, justificando o nome da
equação. No caso de três variáveis, ax + by + cz = d , o conjunto dos
pontos do espaço que satisfazem a essa equação formam um plano.
Já as equações ax 2 + by 2 = c e axy + by = c não são equações lineares.
2 x + y = 5
vemos que x = 2 e y = 1 é solução do sistema, pois
x + y = 3
satisfaz a ambas as equações simultaneamente.
30
a11 a1n
A= é a matriz dos coeficientes,
a m1 a mn
x1
X = é a matriz das incógnitas e
x n
b1
B = é a matriz dos termos independentes.
b m
32
iii) Toda linha nula ocorre abaixo de todas as linhas não nulas.
1 0 0
A matriz A = 0 1 0 é linha reduzida à forma escada.
0 0 0
0 2 0
A matriz B = 1 0 0 não é linha reduzida à forma escada, pois
0 0 1
não satisfaz i) e nem iv).
Definição 2.2: Dada uma matriz Am×n, seja Bm×n a matriz linha re-
duzida à forma escada linha equivalente a A. O posto de A, deno-
tado por p, é o número de linhas não nulas de B. A nulidade de A
é o número n – p, o número de linhas nulas. Veja o exemplo:
2 3 0 1 0 0
Sejam as matrizes A = 0 −1 0 e B = 0 1 0 .
8 12 0 0 0 0
Dada uma matriz Amn, seja Bmn a matriz linha reduzida à forma
escada, que é linha equivalente a A. Vamos interpretar a matriz A
como sendo a matriz ampliada de um sistema linear. Se a matriz
B possuir um número k de linhas nulas, então o sistema linear
em questão tem k equações redundantes. Usamos dizer também
que, neste caso, as equações não nulas apresentadas pela matriz B
são “independentes”, e que as demais são “dependentes” destas.
Dizemos que as linhas dependentes são uma combinação linear
das independentes. Assim, o posto da matriz ampliada de um
sistema nos dá o número de equações independentes deste.
Teorema 2.3:
O matemático alemão Carl ii) Se as duas matrizes têm o mesmo posto p e p = n, a solução
Friedrich Gauss (1777-1855) será única.
é considerado o príncipe
da matemática, por ter
iii) Se as duas matrizes têm o mesmo posto p e p < n, podemos
realizado avanços em suas
diversas áreas. Também escolher n – p incógnitas, e as outras p incógnitas serão da-
contribuiu para, dentre das em função destas.
outras coisas, a astonomia
e o eletromagnetismo.
Em Física D, você se O método de eliminação de Gauss consiste em transformar a matriz
familiarizará com uma ampliada de um sistema de equações lineares em uma matriz
importante lei que leva o
nome desse matemático. triangular superior, que é a matriz ampliada de um sistema equi-
valente ao sistema original. Vejamos um exemplo.
2 x + 5 y + 2 z = −1
−3 x − 7 y − 4 z = 10 .
2 x + 7 y − 1z = −18
Resolução:
2 5 2 x −1
−3 −7 −4 y = 10 .
2 7 −1 z −18
36
2 5 2 −1
−3 −7 −4 10 .
2 7 −1 −18
L2 − m21 L1 → L2 , L3 − m31 L1 → L3 .
Obtemos,
2 5 2−1
0 1 −1 17 .
2 2
0 2 −3 −17
2 5 2−1
0 1 −1 17 .
2 2
0 0 1 −51
2 x + 5 y + 2 z = −1
1 17
y−z = .
2 2
z = −51
37
2 6 2 1 −1
−4 −12 −5 1 10 .
2 7 −1 1 −18
2 6 2 1 −1
0 0 −1 3 8 .
0 −5 −3 −1 −16
38
2 6 2 1 −1
0 −5 −3 −1 −16
0 0 −1 3 8
Exemplo 2.3
x + 2 y − z + w = 2
2 x − y + 2 z − w = 2 .
x + y − 2z + w = 2
Resolução
−2 L1 + L2 → L2 , − 1L1 + L3 → L3 .
Obtemos
1 2 −1 1 2
0 −5 4 −3 −2 .
0 −1 −1 0 0
39
1
Dividindo a segunda linha por −5, − L2 → L2 , obtemos a22 = 1
5
1 2 −1 1 2
0 1 −4 5 3 5 2 5 .
0
0 −1 −1 0
Fazendo L2 + L3 → L3 , temos
1 2 −1 1
2
0 1 −4 3 5 2 5 .
5
0 0 −9 2 5
35
5
1 2 −1 1 2
0 1 −4 3 5 2 5.
5
0 0 1 −1 3 −2 9
x = 2 − 2 y + z − w
2 4 3
y = + z − w .
5 5 5
2 1
z = − 9 + 3 w
4
x =
3
2 1
y = − w .
9 3
2 1
z = − 9 + 3 w
40
Resolução
2
1 2 −1 1 2 1 2 −1 1
2 −1 2 −1 2 0 1 −4 3 5 2 5.
5
1 1 −2 1 2 0 0 1 −1 3 −2 9
1 0 3 5 −1 5 65
0 1 −4 5 3 5 2 5.
0 0 1 −1 3 −2 9
4 −3
L3 + L2 → L2 , L3 + L1 → L1 ,
5 5
1 0 0 0 43
0 1 0 1 3 2 9 .
0 0 1 −1 3 − 2 9
4
x = 3
1 2
y + w = .
3 9
1 2
z − 3 w = − 9
4
x = 3
1 2
y = − w+ .
3 9
1 2
z = 3 w − 9
O método de resolução de um sistema de equações reduzindo a
matriz ampliada do sistema a uma matriz linha reduzida à forma
escada é chamado de método de Gauss-Jordan.
1 0 1 x 2
1 −1 1 y = 2 .
−1 −1 0 z 2
A X B
42
Resolução
−1 1 −1
A matriz A tem inversa dada por A = 1 −1 0 . Logo, a
−1
solução do sistema é 2 −1 1
−1 1 −1 2 −2
X = A B = 1 −1 0 2 = 0 .
−1
2 −1 1 2 4
Segue que x = −2, y = 0, z = 4..
Exercícios
2.1) Três trabalhadores: um carpinteiro, um eletricista e um
bombeiro, decidem simultaneamente fazer reparos em suas
casas. Eles decidem trabalhar um total de dez dias cada um,
de acordo com a seguinte escala:
2c + e + 6b = 10c
4c + 5e + b = 10e .
4c + 4e + 3b = 10b
Agora é só resolver o sistema. A solução geral do sistema é
32 36
S = {( x, x, x); x ∈ } , mas devemos lembrar que os salários
31 31
são positivos e situam-se entre 60 e 80 reais.
43
0 0, 65 0,55 50.000
X − CX = D , onde C = 0, 25 0, 05 0,10 e D = 25.000 .
0, 25 0, 05 0 0
x1 102,0874751
Agora é só resolver o sistema. A solução é x2 = 56,1630219 .
x3 28,3300199
1 0 0
E = 0 1 k .
0 0 1
Isto significa que os sistemas (I) e (II) são equivalentes, pois toda
matriz
x1
X = .
x n
que seja a solução do I será solução de II e vice-versa.
Exercícios
2.3) Se A e B são matrizes quadradas de ordem n e BA = In,
mostre que a matriz linha reduzida à forma escada equiva-
lente a B é a identidade In.
1 0 1 1 0 1 1 0 1 1 0 0
1 −1 1 0 −1 0 0 −1 0 0 1 0
−1 −1 0 0 −1 1 0 0 1 0 0 1
− L1 + L2 → L2 − L2 + L3 → L3 − L2 → L2
L1 + L3 → L3 − L3 + L1 → L1
48
1 0 1
Exemplo 2.6: Determine a inversa da matriz A = 1 −1 1 .
−1 −1 0
Resolução:
1 0 1 1 0 0 1 0 1 1 0 0 1 0 1 1 0 0
1 −1 1 0 1 0 0 −1 0 −1 1 0 0 −1 0 −1 1 0
−1 −1 0 0 0 1 0 −1 1 1 0 1 0 0 1 2 −1 1
− L1 + L2 → L2 − L2 + L3 → L3 − L2 → L2
L1 + L3 → L3 − L3 + L1 → L1
1 0 0 −1 1 −1
0 1 0 1 −1 0 .
0 0 1 2 −1 1
Identidade e Inversa
−1 1 −1
A = 1 −1 0 .
−1
2 −1 1
49
Exercícios
2.5) Determine a inversa das matrizes utilizando a técnica
apresentada acima.
1 2 3
a) A = 2 3 5
3 4 2
−5 1
2 1
2
5 1
Resposta: A inversa é A =
−1
−2 .
2 2
−1 −1
1
2 2
1 0 1
b) A = 0 3 0 .
1 0 4
4 −1
3 0
3
1
Resposta: A inversa é A = 0
−1
0 .
3
−1 0
1
3 2
x + 2 y − z + w = 2
2 x − y + 2 z + w = 1 .
x + y − z + w = 2
1 3 1 1
S = ( x, y, z , w); x = − w, y = 1, z = + w, w ∈ .
2 4 2 4
x − 2 y − z + w = 2
2 x + y + 2 z − w = 3
.
x + y + z + w = 1
x − y + 2 z + w = 4
Resumo
Neste capítulo estudamos alguns métodos diretos para obter a
solução de um sistema de equações lineares: o método de eliminação
de Gauss e o método de Gauss-Jordan. Essas técnicas utilizam uma
combinação de matrizes com operações elementares sobre suas li-
nhas. É impressionante o feliz casamento entre sistemas de equa-
ções lineares e matrizes.
Capítulo 3
Determinantes e
Matriz Inversa
53
Capítulo 3
Determinantes e Matriz Inversa
det A ou A ou det[aij ] .
1 2 n
:
(1) (2) (n)
ou ainda por
1 2 3 4 5
:
1 5 2 4 3
Exemplo 3.1
1 2 1 2
conjunto {1, 2} são elas: 0 = e 1 = , com si-
1 2 2 1
nais 1 e −1 , respectivamente. Logo, temos
det A = a1 0 (1) a2 0 (2) − a11 (1) a2 1 (2) = a11a22 − a12 a21 = ad − bc .
det A = a11a22 a33 + a12 a23 a31 + a13 a21a32 − a13 a22 a31 − a11a23 a32 − a12 a21a33 .
Propriedades 3.1:
Exemplo 3.2
1 3 5
a) Seja a matriz triangular superior A = 0 −1 4 . Segue
que det A = 2 . 0 0 −2
1 0 0
b) Seja a matriz triangular inferior B = 2 3 0 . Segue que
det B = −6 . 6 9 −2
x − 6 5
b) Determine x na matrizAA: = de modo que possua
− x 1
inversa.
1 4 −1
c) Dada a matriz A = −1 2 1 ,
1 1 0
1 −1 1
sua transposta é A′ = 4 2 1 .
−1 1 0
1 4 −1
d) A matriz A = 0 0 0 possui uma linha nula, logo seu
1 1 0
determinante é nulo.
1 4 0
e) A matriz B = 4 3 0 possui uma coluna nula, logo seu
1 1 0
determinante é nulo.
1 4 −1
f) Seja a matriz A = 1 + 3 2 + 1 4 + 2 , que tem determinante
1 1 0
igual a 17.
Pela propriedade 6, temos que
1 4 −1 1 4 −1
det A = det 1 2 4 + det 3 1 2 = 13 + 4 = 17 .
1 1 0 1 1 0
3 12 −3
g) Seja a matriz A = 2 4 6 .
1 1 0
Essa matriz pode ter a primeira linha fatorada por 3 e a segun-
da linha fatorada por 2. Assim, pela propriedade 3, temos
1 4 −1
det A = 3 × 2 det 1 2 3 = 3 × 2 ×10 = 60 .
1 1 0
10
59
3 7 −3
h) Seja a matriz A = 1 −1 1 .
6 14 3
Observe que, multiplicando a primeira linha por −2 e so-
mando com a terceira linha, obtemos a matriz
3 7 −3
B = 1 −1 1 .
0 0 9
Pela propriedade 7, essa operação não altera o determinante.
Logo, det A = det B = −90 .
1 −1 1
i) Calcule o determinante da matriz A = −1 1 −1 .
1 0 9
1 −1 1 2
0 0 0 2
B= .
0 1 2 −3
0 2 1 −5
1
Multiplicando a linha 4 por − , o determinante fica (altera-
3
1
do) multiplicado por − ,
3
1 −1 1 2
0 0 0 2
D = 0 1 2 −3 .
0 0 −1
1
3
cujo determinante é 2.
−1 −1
2 = det E = (−1)(−1) det A = det A ⇒ det A = −6..
3 3
61
Mais precisamente, se
63
∑ sgn( )a
a a
1 (1) 2 (2) 3 (3) (ai (i ) + bi (i ) )...an ( n )
= det A + det B .
a11 a1n
B = a i1 + ka p1 a in + ka pn .
a n1 a nn
Pelo item vi) sabemos que det B = det A + k det C , onde C é matriz
que possui a i-ésima e a p-ésima linhas iguais. Assim, det C = 0 e,
portanto, det A = det B .
Segue que
det( AB) = det( E1 E2 E3 ...EmCB)
= det( E1 E2 E3 ...Em ) det(CB)
= det( E1 E2 E3 ...Em )0 = 0,
Resolução
3 0 1 0 0 1
A11 = 0 4 0 = 4, A12 = 1 4 0 = −5
2 1 1 −1 1 1
0 3 1 0 3 0
A13 = 1 0 0 = 2, A14 = 1 0 4 = −12
−1 2 1 −1 2 1
Exercícios
3.1) Calcule o determinante das seguintes matrizes. Qual de-
las possui inversa?
1 −1 1
a) −1 1 1 . Resposta: det = −4, possui inversa.
1 1 0
2 −1 1
b) −1 1 1 . Resposta: det = −5, possui inversa.
1 1 0
a b c
c) 0 d e .
0 0 f
a 0 0
d) b d 0 .
c e f
a 0 0
e) 0 d 0 . Resposta: os três itens, c,d e e têm o
0 0 f mesmo valor adf .
2 0 1 1
0 −1 0 1
a) A = . Resposta: detA = −54.
1 0 4 0
−1 2 1 5
8 0 1 1
0 −1 6 1
b) A = . Resposta: detA = −384.
0 0 4 0
0 2 1 10
Algoritmo
2) Tome sgn = 0 .
Exemplo 3.5
1 4 6
a) Seja a matriz C = 2 3 0 .
6 9 −2
1 4 6
R = 0 −5 −12
0 0 −2
1 4 −1 1 2
−2 4 0 1 −1
b) Seja a matriz D = 1 2 1 0 −1 .
5 −2 4 3 −2
1 2 6 −4 −3
1 4 −1 1 2
0 12 −2 3 3
S = 0 0 5 −1 −5 ,
3 2 2
51 3
0 0 0
10 2
0 0 0 0 106
17
1 x y + z
e) Seja a matriz A = 1 y x + z . Vamos calcular o seu deter-
minante. 1 z x + y
1 x x + y + z
A1 = 1 y x + y + z .
1 z x + y + z
Assim, temos
1 x 1
det A = det A1 = ( x + y + z ) det 1 y 1 = ( x + y + z ) × 0 = 0 .
1 z 1
a b
Vimos que se A = com ad − bc ≠ 0 , então a matriz
c d
1 d −b
A−1 = é a inversa de A .
ad − bc −c a
A inversa de uma matriz quadrada de ordem 3,
a22 a33det− aA23 a32 − a12 a33det− aA13 a32 a12 a23 − a13 a22
det A
A−1 = − a21 a33det aA23 a31 a11 a33 − a13 a31
− a11 a23det− aA13 a21
−
det A
a21 a32 − a22 a31 a11 a22 − a12 a21
det A − a11 a32det− aA12 a31 det A
71
onde
det A = a11 a22 a33 − a11 a23 a32 − a21 a12 a33 + a21 a13 a32 + a31 a12 a23 − a31 a13 a22 .
2 1 −2
A matriz A = 1 −1 1 tem os seguintes cofatores:
0 0 1
−1 1 1 1
C11 = (−1)1+1 det = −1 , C12 = (−1)1+ 2 det = −1 ,
0 1 0 1
1 −1
C13 = (−1)1+3 det =0,
0 0
1 −2 2 −2
C21 = (−1) 2+1 det = −1 , C22 = (−1) 2+ 2 det =2,
0 1 0 1
2 1
C23 = (−1) 2+3 det =0
0 0
1 −2 2 −2
C31 = (−1)3+1 det = −1 , C32 = (−1)3+ 2 det = −4 ,
−1 1 1 1
2 1
C33 = (−1)3+3 det = −3 .
1 −1
72
−1 −1 −1
adjA = −1 2 −4 .
0 0 −3
1
A−1 = adjA .
det A
Exemplo 3.6
a b
a) Seja A = , com ad − bc ≠ 0 .
c d
Seus cofatores são C11 = d , C12 = −c, C21 = −b, C22 = a . Segue que a
d −b
matriz adjunta é AdjA = .
−c a
1 d −b
Portanto, a inversa de A é dada por A−1 = .
ad − bc −c a
1 1 1
3 3 3
1 −2 4 .
A =
−1
3 3 3
0 0 1
4 2 5
c) Seja A = 3 1 8 .
9 6 7
73
−41 51 9
A matriz dos cofatores é C = 16 −17 −6 e a matriz adjunta
11 −17 −2
−41 16 11
de A é adjA = 51 −17 −17 .
9 −6 −2
Como det A = −17 , a matriz inversa de A é a matriz
41 −16 −11
−41 16 11 17 17 17
−1 −1 = −3
A−1 = AdjA = 51 −17 −17 1 1 .
17 17
9 −6 −2 −9 6 2
17 17 17
Exercícios
−4 2 −5
3.3) Calcule a inversa de A = 3 1 8 .
−9 6 7
157
41 44
157
−21
157
93
Resposta: A−1 = 157 73
157
−17
157 .
157
−27 −6
157
10
157
−1 0 −1
3.4) Calcule a inversa de A = 3 1 1 .
−1 1 2
−51 1
5
−1
5
Resposta: A−1 = 75 3
5
2
5 .
−54 −1
5
1
5
Resumo
Neste capítulo vimos a definição de determinante e muitas de
suas propriedades. Vimos como podemos utilizá-lo para decidir
se uma matriz quadrada possui ou não inversa. Vimos como foi
útil conhecer essas propriedades para facilitar no cálculo do de-
terminante. Aprendemos a calcular a inversa de uma matriz uti-
lizando o determinante e a matriz dos seus cofatores.
Capítulo 4
Vetores
77
Capítulo 4
Vetores
4.1 Introdução
Estamos bem familiarizados com grandezas como comprimento,
massa, área e temperatura. Para essas grandezas basta especificar
a sua magnitude. Elas são chamadas de grandezas escalares. Ou-
tras grandezas, como força, velocidade, deslocamento e aceleração
exigem, além de sua magnitude, uma direção e um sentido. Estas
são chamadas de grandezas vetoriais. Este conceito é fundamental
no estudo e na compreensão de fenômenos físicos.
Figura 4.1
O que seria transitividade? Note que, se as retas r , s são paralelas e s, t são paralelas, então
Esse termo tem o mesmo
sentido que o dicionário nos
r , t são paralelas. Assim, a noção de paralelismo estabelece uma
fornece? relação de transitividade.
r
t
r
s s⊂
t
Figura 4.3
B
A
Figura 4.4
B B B
A A A
C C
D
C D D
Figura 4.5
D D
C C
B B
F E
A A
E F
Figura 4.6
Note
que, de acordo com a nossa
definição, o segmento orientado
AB e o segmento orientado BA têm o mesmo comprimento, mes-
ma direção, mas sentidos opostos.
81
Definição 4.1: Dois segmentos orientados AB e CD são ditos
eqüipolentes se ambos forem nulos ou se tiverem mesma direção,
mesmo sentido e mesmo comprimento.
Assim,
um
vetor é a classe de equivalência de um segmento orien-
tado AB ; é o conjunto de todos os segmentos orientados que são
82
eqüipolentes AB . Note que um vetor pode ser representado por
uma infinidade de segmentos orientados. A proposição 1 nos diz
que cada ponto do plano (ou do espaço) é origem de um segmento
que representa um vetor dado.
Vamos continuar
a representar um vetor como sendo um segmento
orientado AB quando desejarmos indicar a sua origem e extremi-
dade. Quando desejarmos apenas denominar um vetor,usaremos
letras minúsculas com uma flecha, como por exemplo, u , a, b, v.
O vetor nulo, denotado por 0 , é o vetor que tem como represen-
tante um segmento orientado nulo.
Proposição 4.1: Dados um vetor v e um
ponto P, existe um seg-
mento orientado PB representante de v .
Demonstração: De fato, dado o vetor v , ele é a classe de eqüi-
polência de algum segmento orientado CD . Unindo o ponto P
ao ponto C, obtemos o segmento CP. Em seguida, passamos pelo
ponto P uma reta paralela ao segmento CD. Passamos pelo pon-
to D uma reta paralela ao segmento CP e determinamos o ponto
B,
ponto de interseção entre as retas. O
segmento
orientando
PB é eqüipolente ao segmento orientado CD . Veja a figura.
D B
C P
Figura 4.7
B B
A A
Figura 4.8
Portanto, podemos escrever AB = − BA .
É usual denotar o comprimento ou a norma de um vetor v por
v . A norma de um vetor é a distância entre os pontos de sua
origem
e suaextremidade.
É fácil ver que v = 0 se, e somente se,
v = 0 e que v = −v .
Exercícios
4.1) Dados pontos A(0,0) e B(1,2), desenhe o segmento orien-
os
tado AB .
4.3) Dados
os pontos A(0,0) e B(1,2), desenhe o oposto do vetor
AB.
B
u
v
A C
u+v
Figura 4.9
Podemos
usar também a regra do paralelogramo para construir a
soma u + v . Esta regra
consiste
u v
em escolher representantes de e ,
respectivamente AB e AD , com origem em A e construir um pa-
ralelogramoABCD.
O segmento
orientado AC é um representan-
te do vetor u + v , já que BC é um representante para v .
D C
A B
Figura 4.10
Demonstração:
C
B
A D
Figura 4.11
D C
A B
Figura 4.12
4.1: Verificar
Exemplo se vale a lei de cancelamento:
u + v = u + w ⇒ v = w.
Resolução:
De fato, somando o simétrico ou oposto
de u , −u , a ambos
os
membros da igualdade u + v = u + w, obtemos −u + (u + v) = −u + (u + w)
86
−u + (u + v) = −u +(u +w) . Usando
a associatividade da adição,
(−u + u ) + v = (−u + u ) + w concluímos que v = w .
Propriedades 4.1
Dados os escalares , e os vetores u , v, w , valem as seguintes
propriedades:
1) (u + v) = u + v .
2) ( + )u = u + u .
3) 1v = v .
4) ( u ) = ( )u = ( )u .
iii) existe o vetor nulo 0 ,
iv) para cada vetor v existe um vetor w tal que v + w = 0
v) (u + v) = u + v
vi) ( + )u = u + u
vii) 1v = v
viii) ( u ) = ( )u = ( )u ,
P P
Figura 4.13
Propriedades 4.2:
Dados os pontos P, Q e os vetores u , v , valem as seguintes pro-
priedades:
1) ( P + u ) + v = P + (u + v)
2) P + u = P + v ⇒ u = v
3) P + u = Q + u ⇒ P = Q
4) ( P − u ) + u = P
Propriedades 4.3:
1) Se v ≠ 0 , então v > 0 .
2) −v = v .
3) v = 0 se, e somente se, v = 0 .
4) Se k é um número real, então k ⋅ v = k v .
5) Sejam
u e v vetores não nulos. Então, u = v se, e somente se,
u e v têm mesma norma, mesma direção e mesmo sentido.
89
A
B
Figura 4.14
d ( P, O) = x0 2 + y0 2 + z02 .
Dado o vetor v , suponha que seja representado pelo segmento
orientado OB , onde O é a origem e B é ponto do espaço de coor-
denadas B (1, 2,3) . Neste caso, escrevemos v = (1, 2,3) e a sua nor-
ma é v = 12 + 22 + 32 = 14 unidades de comprimento. Voltare-
mos nesse assunto mais adiante.
Exercícios
4.5) Use a regra do paralelogramo
para representar
grafica-
mente a soma dos vetores u = (1, −2) e v = (1,3) .
Figura 4.15
90
4.6) Determine os escalares k1 e k2 tais que os vetores k u e
1
k2 v tenham norma 1, onde u = (1, −2) e v = (1, 2) .
5
Resposta: k1 = k2 = ± .
5
4.7) Determine os escalares k1 e k2 tais que os vetores k u ev
1
tenham
mesma norma, e k2 v e u tenham mesma norma,
onde u = (1, −2) e v = (−3, 6) .
Resposta: como u = 5 e v = 45 = 3 5 , então k1 = ±3 .
1
Do mesmo modo, k2 = ± .
3
Resumo
Neste capítulo vimos o importante conceito de vetor e aprende-
mos a operar com eles. Na verdade nos limitamos aos vetores no
plano e no espaço, mas a idéia de vetor é a mesma. Você pode
observar que a adição de vetores tem importantes propriedades:
comutatividade, associatividade e, além disso, cada vetor tem um si-
métrico. A operação de multiplicação de escalar por vetor também
tem propriedades que não podem ser ignoradas. Faça um resumo
de todas as propriedades.
Capítulo 5
Dependência Linear e
Operações com Vetores
93
Capítulo 5
Dependência Linear e
Operações com Valores
5.1 Introdução
Dados os vetores v 1 , v 2 , v 3 , , v n e w = c1 v 1 + c2 v 2 + c3 v 3 + + cn v n,
onde ci , i = 1, , n , n ∈ são escalares reais, dizemos que w é uma
combinaçãolinear de v1
, v 2
, v 3
, , v n . Também dizemos que w é
Três vetores são LD se, e somente se, um deles é combinação linear dos
outros.
Proposição 5.1: Sejam v 1 , v 2 , v 3 , , v n vetores linearmente inde-
pendentes. Se o vetor v é escrito como combinação linear dos ve-
tores LI de duas maneiras, então elas são iguais. Isto é, suponha
que
v = c1 v 1 + c2 v 2 + c3 v 3 + + cn v n = d1 v 1 + d 2 v 2 + d3 v 3 + + d n v n .
Exemplo 5.1: Suponha que os 1 , v 2, v 3 sejam
vetores v LI. Verifique
se também são LI os vetores u = v 1 + v 2 , v = 2v 1 + v 2 − v 3 , w = v 2 − 2v 3 .
Resolução: De fato, como v 1 , v 2 , v 3 são LI, temos
av1 + bv 2 + cv3 = 0 ⇒ a = b = c = 0 .
Considere então u + v + w = 0. Vamos mostrar que
= = = 0.
0 = u + v + w = ( v1 + v2 ) + (2 v1 + v 2 − v 3 ) + ( v 2 − 2 v 3 )
=
= ( + 2 )v1 + ( + + )v 2 + (− − 2 )v 3 .
Como v1 , v 2 , v 3 são LI, temos o sistema linear
+ 2 = 0
+ + = 0
− − 2 = 0
e obtemos = = = 0, portanto os vetores u , v, w são LI.
Exercícios
5.1) Mostre que, se osvetores v 1 , v 2 são LD, então também são
LD os vetores v 1 , v 2 , v 3 .
5.2) Mostre que, se um dos vetores v 1 , v 2 , v 3 , , v n for nulo, en-
tão os vetores são LD.
5.3) Mostre que os vetores e1 = (1, 0) e e 2 = (0,1) são LI.
Resposta: Tome , ∈ ; e1 + e 2 = 0 e conclua que
= = 0..
96
B’ C
P A A’
Figura 5.1
Seja v 0 um vetor qualquer do plano e PC seu representante.
Traçando por C uma reta paralela ao segmento PB , determi-
′
namos
um ponto A sobre a reta que contém PA . Assim, temos
PA′ = xPA para algum escalar
real x . Traçando por C uma reta
′
paralela ao segmento PA , determinamos
Bsobre a
um ponto
′
reta que contém
o segmento
PB . Assim, temos PB = yPB . Logo,
v 0 = xPA + yPB (isto é, o vetor v 0 é combinação linear de
temos
u e v ). Esse resultado também vale para três vetores do espaço.
Provaremos agora que:
De fato, sejam u , v, w vetores do espaço e suponha que sejam li-
nearmente independentes. Fixemos um P do espaço e to-
ponto
os segmentos orientados PA, PB, PC , representantes de
memos
, respectivamente. Dado um vetor v 0 qualquer do espaço,
u , v, w
seja PM um segmento orientado que o representa.
Por M traçamos uma paralela a PC . Seja M ′ o ponto de encontro
dessa paralela com o plano determinado pelos segmentos PA, PB.
C’
M
P A’ A
B’
M’
B
Figura 5.2
y z
e2 e3
x e2 y
e1
e1
x
Figura 5.3
Exercícios
5.4) Sejam u , v, w vetores do espaço e linearmente independen-
tes. Mostre que, se v 0 = x1 u + y1 v + z1 w e v 0 = x2 u + y2 v + z2 w ,
então x1 = x2 , y1 = y2 , z1 = z2 .
99
C
C
B
A B
A
Figura 5.4
100
Definição 5.3: Sejam
dois vetores
não nulos, u ev . O produto in-
terno do vetor u com o vetor v , indicado por u⋅v , é definido por
Entenda cos (u , v ) como o
u ⋅ v = u ⋅ v cos(u , v) . cosseno do ângulo entre os
vetores u e v .
Se um dos vetores for nulo, então o produto interno entre eles é zero.
As seguintes propriedades são facilmente verificadas diretamen-
te da definição.
Da
definição
de
produto interno entre vetores não nulos,
u ⋅ v = u ⋅ v cos(u , v) , vemos
que,
se u ⋅ v = 0 , então cos(u , v) = 0 .
Portanto, o ângulo entre u e v é + n , onde n é um número
2
inteiro. Porisso,
dizemos que dois vetores, u e v , são perpendi-
culares se u ⋅ v = 0 . Segue da definição que o vetor nulo é perpen-
dicular a todos os vetores.
A C
E
B
Figura 5.5
101
Resolução: Devemos provar que AC ⋅ BD = 0 . De fato,
AC ⋅ BD = ( AB + BC ) ⋅ ( BA + AD )
= AB ⋅ BA + AB ⋅ AD + BC ⋅ BA + BC ⋅ AD
2 2
= − AB + AB ⋅ AD − AB ⋅ AD + AD = 0.
V2 V
W
V1
Figura 5.6
Teorema
5.2: Dados w ≠ 0 e v vetores. A projeção ortogonal de v
sobre w é dada por
v ⋅ w
Projw v = 2 w .
w
Demonstração: Seja Proj v = v a projeção ortogonal de v sobre
w 1
w e v2 = v − v1 . Como v1 é paralelo a w , existe um escalar k tal
que v1 = k w .
Logo, v = v1 + v 2 = k w + v 2 . Realizando o produto interno com w
temos
2
v ⋅ w = k w ⋅ w + v2 ⋅ w = k w ,
v⋅w
pois v 2 é perpendicular a w . Segue que k = 2 e substituindo
na expressão acima para v1 , tem-se w
102
v ⋅ w
v1 = 2 w .
w
Isso conclui a demonstração.
a ⋅ b = ( x1 u + y1 v + z1 w) ⋅ ( x2 u + y2 v + z2 w)
= x1 x2 (u ⋅ u ) + y1 y2 (v ⋅ v) + z1 z2 ( w ⋅ w)
= x1 x2 + y1 y2 + z1 z2 .
O
B
A
Figura 5.7
Exemplo 5.2: Uma criança puxa seu carrinho, que estava inicial-
mente em repouso, com uma força constante de módulo F = 0,5 N,
por um fio que faz um ângulo q = 45° com a horizontal conforme a
figura 5.8. Após o carrinho se deslocar a uma distância d = 2, 0 m ,
qual foi o trabalho realizado sobre o carrinho?
0
105
0
0 2m
Figura 5.8
Resolução:
Fy=Fsenθ F
θ
0
Fx=Fcosθ
Exercícios
5.8) Calcule
os produtos internos (u + v ) ⋅ (u + v ) , (u − v) ⋅ (u − v)
e (u + v) ⋅ (u − v) .
106
b a
 c
A B
Figura 5.8
5.10) Mostre que u.v ≤ u . v (desigualdade de Cauchy-
Schwartz).
5.11) Mostre que
o ,v, w} é uma
conjunto { u base, onde
u = 2i − 3 j + k , v = −1i + 1k , w = 1 j − 2k .
5.12) Calcule
os seguintes
produtos internos:
⋅ v, u ⋅ w, v ⋅ w ,
u
onde u = 2i − 3 j + k , v = −1i + 1k , w = 1 j − 2k .
5.13) Calcule
o ângulo entre os
vetores , v , v, w e u , w , onde
u
u = 2i − 3 j + k , v = −1i + 1k , w = 1 j − 2k .
Resposta: 16 Nm , q ≅ 40° .
u× v u v
u v v×u
Figura 5.9
Decorre imediatamente da definição que u × u = 0 e u × v = −v × u .
Para a base ortonormal positiva {i, j , k} , temos
i × j = k , j × k = i, k × i = j
i×i = j × j = k ×k = 0
j × i = − k , k × j = −i , i × k = − j
Uma interpretação
geométrica para o produto vetorial é dada a
seguir: u × v é a área do paralelogramo
cujos lados sejam repre-
sentantes dos vetores u e v . É isso que vamos provar agora.
108
Consideremos
os vetores u e v e os segmentos orientados OA e
OB, seus representantes.
Pelo ponto A, traçamos uma paralela ao
segmento
OB ; e por B, passamos uma reta paralela ao segmento
OA . Essas retas se cortam no ponto D. Obtemos assim o paralelo-
gramo OADB .
D
O
H A
Figura 5.10
A altura do paralelogramo OADB é dada por h = v ⋅ sen(u , v) .
Portanto,
u × v = u ⋅ v ⋅ sen(u , v) = u ⋅ h ,
Exercícios
5.15) Verifique se u × (v + w) = u × v + u × w .
5 3
Resposta: .
2
109
Exemplo 5.3: Calcule o produto vetorial u × v , onde:
u = x1 i + x2 j + x3 k e v = y1 i + y2 j + y3 k .
Resolução:
temos,
u × v = ( x1i + x2 j + x3 k ) × ( y1i + y2 j + y3 k )
= ( x2 y3 − x3 y2 )i + ( x1 y3 − x3 y1 ) j + ( x1 y2 − x2 y1 )k .
Exemplo
5.4: Determine o produto vetorial entre os vetores
u = (1, 0,1) e v = (0,1,1).
Resolução:
i j k
1 0 1 = (0 − 1)i + (0 − 1) j + (1 − 0)k = −1i − 1 j + 1k .
0 1 1
Logo, o produto vetorial é u × v = −1i − 1 j + 1k = (−1, −1,1) .
110
Exercícios
5.19) Calcule a área do
paralelogramo cujos lados representam
os vetores i e j .
Resposta: 1 u.a
Resposta: x = ±1 .
5.22) Calcule
o produto vetorial entre u = 2i− j+k e
v = i − 2 j − k.
u× v
C’ C
w
v B
O
C’’
Figura 5.11
Propriedades (produto misto): Sejam os três vetores, u , v, w . Valem
as propriedades:
1) [u , v, w] = [v, w, u , ] .
2) [u , v, w] = −[u, w, v] .
x1 x2 x3
x2 x3 x1 x3 x1 x2
(u × v).w = z1 − z2 + z3 = y1 y2 y3 .
y2 y3 y1 y3 y1 y2
z1 z2 z3
x1 y1 z1 x1 x2 x3
u , v, w = x2 y2 z2 = y1 y2 y3 .
x3 y3 z3 z1 z2 z3
113
Exercícios
5.26) Calcule o volume do paralelepípedo que tem vértices nos
pontos O(0, 0, 0), A(1, 0, 0), B(0,1, 0), C (0, 0,1) .
5.28) Calcule
o volume
do paralelepípedo
gerado pelos vetores
u = (1, 2,3), v = (−1, 2,1) e w = (1, 0,1) .
Resposta: 12 u.v.
5.29) Determine
um
vetor que seja perpendicular aos vetores
u = (1, 2,3) e v = (−1, 2,1) .
5.30) Determine
de x de modo que
o valor
u = (1, 2,3) e v = (−1, 2, x) sejam perpendiculares.
Resposta: x = −1 .
Resposta: LI.
b) u = (1, −1, 4), v = (1, −1, 1), w = (0, −1, 3) .
Resposta: LI.
c) u = (−1, 2, −1), v = (0, −1, 1), w = (0, 0, 1) .
Resposta: LI.
114
Resumo
Neste capítulo avançamos um pouco mais: vimos que um conjun-
to de vetores pode ser LI ou LD. Essa noção pode ser resumida
com a seguinte analogia: num conjunto de vetores, cada um tem
uma função específica na realização de uma tarefa. Se o traba-
lho de um vetor pode ser realizado pelos demais, esse vetor pode
ser descartado sem prejuízo na realização da tarefa. Dizemos
que esse vetor que pode ser descartado é uma combinação linear
dos demais vetores do conjunto. Essa noção, colocada dessa forma, é
bem ingênua, mas é isso que acontece. No trabalho com vetores,
introduzimos as noções de base e orientação de um espaço veto-
rial. Com esse nome só podia ser muito importante e, de fato, é.
Uma base é um conjunto que serve para a construção de espaço
vetorial. Apresentamos as operações com vetores: produto interno,
produto vetorial e produto misto. Essas operações são importantes
como ferramentas de cálculo com vetores, mas também servem
para construírmos bases especiais, ou seja, as bases ortonormais.
Além disso, as operações com vetores apresentadas nesse capítu-
lo têm importantes interpretações geométricas: ângulo entre vetores,
no caso do produto interno; vetor ortogonal a outros dois vetores
dados e área no caso do produto vetorial; e volume de paralelepí-
pedo, no caso do produto misto.
Capítulo 6
Retas e Planos
117
Capítulo 6
Retas e Planos
O B
Figura 6.1
119
Como AB = B − A = ( x2 − x1 )i + ( y2 − y1 ) j + ( z2 − z1 )k , segue que
d ( A, B ) = AB = AB ⋅ AB = ( x2 − x1 ) 2 + ( y2 − y1 ) 2 + ( z2 − z1 ) 2 .
Resolução:
AB = ( x2 − x1 )i + ( y2 − y1 ) j + ( z2 − z1 )k
AC = ( x3 − x1 )i + ( y3 − y1 ) j + ( z3 − z1 )k .
Logo, temos OP = OA + s AB + t AC , que pode ser escrito como
OP = xi + y j + zk = [x1 + s ( x2 − x1 ) + t ( x3 − x1 ) ]i
+ [y1 + s ( y2 − y1 ) + t ( y3 − y1 ) ] j
+ [z1 + s ( z2 − z1 ) + t ( z3 − z1 ) ]k .
Resolução:
Basta utilizar as equações paramétricas do plano e obter:
x = 1 + s (0 − 1) + t (0 − 1) = 1 − s − t
y = 2 + s (3 − 2) + t (0 − 2) = 2 + s − 2t
z = 3 + s (4 − 3) + t (1 − 3) = 3 + s − 2t.
Logo, as equações paramétricas do plano são
x = 1− s − t
y = 2 + s − 2t
z = 3 + s − 2t .
Onde s e t são reais quaisquer.
e o produto misto é
−1 1 1
−1 −2 −2 = 3 z − 3 − 4 y + 2 x = 0 .
x −1 y − 2 z − 3
2x − 4 y + 3 z − 3 = 0 .
P
Abscissa
Figura 6.2
P
6.6 Equação Normal
Abscissa do Plano
a ( x − x0 ) + b( y − y0 ) + c( z − z0 ) = 0 .
Resolução:
Basta calcular o produto interno P0 P ⋅ v = 0 .
Logo, −1( x − 1) + 2( y − 2) + 1( z − 3) = 0 ,
123
ou seja,
− x + 2 y + 1z − 6 = 0 .
Resolução:
O vetor n = (2,1, 2) é normal ao plano.
P A
Figura 6.3
1 : a1 x + a2 y + a3 z + d 0 = 0
2 : b1 x + b2 y + b3 z + d1 = 0.
Logo, os vetores
n1 = a1 i + a2 j + a3 k
n 2 = b1 i + b2 j + b3 k
124
Como
n1 ⋅ n 2
cos(n1 , n 2 ) = ,
n1 ⋅ n 2
Resolução:
n1 ⋅ n 2 2−4+2
Como cos( 1 , 2 ) = = = 0,
n1 . n 2 22 + 12 + 12 12 + (−4) 2 + 22
x = x1 + t ( x2 − x1 )
y = y1 + t ( y2 − y1 )
z = z1 + t ( z2 − z1 ).
x − x1 y − y1 z − z1
= = =t.
x2 − x1 y2 − y1 z2 − z1
126
Resolução:
Vamos calcular
x − x1 y − y1 z − z1
= = ,
x2 − x1 y2 − y1 z2 − z1
x −1 y − 2 z − 3 x −1 y − 2 z − 3
= = ⇒ = = ,
3 −1 4 − 2 5 − 3 2 2 2
ou ainda,
x = 2t + 1
y = 2t + 2
z = 2t + 3.
Resolução:
Como o vetor n = (a, b, c) é normal ao plano, então a reta tem
n como vetor paralelo. Logo, as equações paramétricas da reta
procurada são
x = x0 + at
y = y0 + bt
z = z0 + ct.
Exemplo 6.9: Determine a reta dada pela interseção dos planos
1 : a1 x + a2 y + a3 z + d1 = 0
2 : b1 x + b2 y + b3 z + d 2 = 0.
Resolução:
Os vetores normais aos planos são n1 = (a1 , a2 , a3 ) e n 2 = (b1 , b2 , b3 )
respectivamente. Se os planos são paralelos ou coincidentes,
então
seus vetores normais sãos paralelos, isto é, n1 = k n 2 para algum
k real. Planos paralelos têm interseção vazia. Planos coincidentes
têm interseção dada por qualquer um dos planos e assim determi-
nam infinitas retas, todas as retas do plano.
1 : 2 x + 3 y + 1z − 6 = 0
2 : −2 x + 1 y + 1z + 0 = 0.
128
Resolução:
x = 1 + 2t
y = 1 − 4t
z = 1 + 8t.
2 x + 3 y + 1z − 6 = 0
−2 x + 1 y + 1z + 0 = 0.
Exercícios
6.1) Determine a distância entre os pontos P(1, −2,3) e Q(2, −2,5).
Resposta: 5 u.c.
6.2) Determine
as coordenadas do vetor que tem representante
AB , sendo A(1, −2,3) e B (2, −2,5) .
Resposta: AB = (1, 0, 2) = 1i + 0 j + 2k .
x = 1 + s + 0t
Resposta: x + 2 y + z + 2 = 0 ou y = −2 + 0 s + 2t .
z = 3 + 2 s − 4t
6.4) Determine a equação do plano que passa pelo ponto
A(1, 0, −1) e tem o vetor n = (1, −2,3) como vetor normal.
Resposta: x − 2 y + 3 z + 2 = 0 .
x = 1+ t
Resposta: y = −2 + 0t
z = 3 + 2t
Figura 6.4
x = 1t + 1 x = 1t + 2
r1 y = 1t + 2 e r2 y = t − 1
z = 1t + 3 z = −1t + 1.
Resolução
Os vetores u = (1,1,1) e v = (1,1, −1) são paralelos, respectivamente,
a r1 e r2 . Logo,
u ⋅v 1 1
cos(r1 , r2 ) = = = .
u ⋅ v 3× 3 3
1
Assim, o ângulo q entre as retas é tal que cos(q) = .
3
Exercícios
6.7) Determine o ângulo entre as retas
x = 1t + 1 x = −1t + 2
r1 y = 3t − 1 e r2 y = 1t + 1
z = 1t z = −1t + 1.
15
Resposta: q = arccos( ).
15
6.8) Determine o ângulo entre as retas
x = −1t + 1 x = 1t + 2
r1 y = 1t + 2 e r2 y = 1t − 1
z = 1t + 3 z = −2t + 1.
2
Resposta: q = arccos( ).
3
6.10 Distância de um
Ponto a um Plano
Dado um ponto P0 qualquer e um plano , a distância do ponto
ao plano é o comprimento do segmento de reta P0 P1 , onde P1 é o
pé da perpendicular ao plano que passa por P0 , isto é, P1 é a inter-
seção do plano com a perpendicular ao plano baixada de P0 .
131
P0
P1
Figura 6.5
Seja n o vetor unitário normal ao plano. A reta perpendicular
ao
plano que contém o segmento P0 P1 é paralela ao vetor n . Logo,
P0 P1 = tn para algum escalar real t . Se P é um ponto arbitrário
do plano, podemos decompor P0 P em dois componentes: um na
mesma direção de P0 P1 (normal ao plano) e outro perpendicular
a P0 P1 . Como o triângulo é retângulo em P1 , temos
2 2 2 2
P0 P = P0 P1 + P1 P ≥ P0 P1 .
Portanto, P0 P ≥ P0 P1 . Isto é, o comprimento do segmento P0 P é
maior ou igual ao comprimento do segmento P0 P1 .
Resolução
2 ×1 + 3 × (−2) − 1× 3 + 4 3
d( P0 , ) = = unidades de compri-
2 2
2 + 3 + (−1) 2
14
mento.
133
Exercícios
6.9) Determine a distância do ponto P0 (1, −1, 2) ao plano
2 x − 3 y − z − 14 = 0 .
11
Resposta: .
14
6.10) Determine o ponto P0 (1, a,3) que está distante duas uni-
dades de comprimento do plano 2 x + 3 y − z + 4 = 0 .
2 2
Resposta: a = −1 + 14 ou a = −1 − 14 .
3 3
6.11 Distância de um
Ponto a uma Reta
P0 Dado um ponto P0 ( x0 , y0 , z0 ) e uma reta r , queremos determinar
a distância do ponto até a reta. No plano, a menor distância entre
esse ponto e a reta ocorre entre o ponto P0 e o pé da perpendicu-
lar à reta que passa pelo ponto P0 . Assim, define-se
a distância
entre um ponto P0 e uma reta r por d( P0 , r ) = P0 P1 , onde P1 é o
pé da perpendicular mencionada.
Conhecendo-se os seus vetores normais, podemos obter informa- Assim como retas
concorrentes são aquelas
ções sobre os planos. Se os seus vetores normais não são para-
retas que se cruzam, planos
lelos, então os planos são concorrentes, e neste caso a distância concorrentes são planos
entre os planos é zero. que se cruzam.
mais são paralelos n2 = 2(1, −2,1) = 2n1 . Temos P1 (2,1, −1) ∈ 1 e
3
P2 (2,1, − ) ∈ 2 . Logo,
2
3
2 − 2 − +1
2 1
d( 1 , 2 ) = d( P2 , 1 ) = = .
1+ 4 +1 2 6
P1 P2 ⋅ (n1 × n2 )
d(r1 , r2 ) = A1 A2 = P1 P = .
n1 × n2
x = 1+ t x = 2 − t
r1 : y = −1 + 2t e r2 : y = 1 + t
z = 2 − 2t
z = 3 + t.
Resolução:
Exercícios
6.11) Determine a distância entre as retas
x = 1 + 3t x = 1 − 2t
r1 : y = −1 + 2t e r2 : y = 1 − 1t .
z = −5t z = 3.
137
14
Resposta: u.c.
14
x = t x = 1− t
r1 : y = −1 + 2t e r2 : y = 2 + 1t
z = −t z = t.
Resposta: 2 u.c.
1 : a1 x + b1 y + c1 z + d1 = 0,
2 : a2 x + b2 y + c2 z + d 2 = 0,
3 : a3 x + b3 y + c3 z + d3 = 0,
e seus vetores normais, n1 , n 2 , n3 , respectivamente. Eles têm um
ponto em comum? Um ponto P ( x, y, z ) comum aos planos deve
satisfazer simultaneamente a todas as equações do plano, isto é, a
terna (x, y, z) formada por suas coordenadas deve ser solução do
sistema de equações lineares acima. No momento, estamos ape-
nas interessados em responder se os planos se interceptam em
um único ponto. Isto ocorrerá se, e somente se, o sistema tiver
uma única solução.
Teorema
6.5: Sejam os planos 1 , 2 e 3 com vetores normais
n1 , n 2 e n3 , respectivamente. Os
planos
se interceptam em um
único ponto se, e somente se, [n1 , n 2 , n3 ] ≠ 0 .
1 :1x + 2 y + 1z + 1 = 0,
2 :1x − 1 y + 1z + 1 = 0,
3 : −1x − 1 y + 1z − 1 = 0.
Resolução:
1 2 1
1 −1 1 = −6 ≠ 0
−1 −1 1
Normal
P0 ( x0 , y0 , z0 ) ∈
( x − x0 , y − y0 , z − z0 ) ⋅ (a, b, c) = 0
n1 = (a, b, c) normal a
Ângulo
n1 ⋅ n2
entre n1 normal a 1 cos( 1 , 2 ) =
Planos n1 n2
n2 normal a 2
Paramétricas
x = x1 + t ( x2 − x1 )
Dois pontos
y = y1 + t ( y2 − y1 )
Equações da P1 ( x1 , y1 , z1 ), z = z1 + t ( z2 − z1 )
reta
P2 ( x2 , y2 , z2 )
Forma Simétrica
x − x1 y − y1 z − z1
= =
x2 − x1 y2 − y1 z2 − z1
140
Ângulo v1 ⋅ v2
v1 paralelo a r1 cos(r1 , r2 ) =
entre v1 v2
Retas v2 paralelo a r2
P0 ( x0 , y0 , z0 ) fora de r .
Distância P0 P × v
de Ponto a P qualquer ponto de r . d ( P0 , r ) =
v
Reta v1 = (a, b, c) paralelo a r .
P1 ( x1 , y1 , z1 ) ∈ r1 ,
Distância P2 ( x2 , y2 , z2 ) ∈ r2 , P1 P2 ⋅ (v1 × v2 )
entre d (r1 , r2 ) =
Retas v1 paralelo a r1 , v1 × v2
v2 paralelo a r2 .
P1 ( x1 , y1 , z1 ) ∈ 1 ,
Distância P2 ( x2 , y2 , z2 ) ∈ 2 ,
entre P1 P2 ⋅ n1
d ( 1 , 2 ) =
Planos n1 normal a 1 , n1
n2 normal a 2 .
a1 b1 c1
Interseção
1 : a1 x + b1 y + c1 z + d1 = 0 a2 b2 c2 ≠ 0
de Planos 2 : a2 x + b2 y + c2 z + d 2 = 0 a3 b3 c3
3 : a3 x + b3 y + c3 z + d3 = 0
os planos de intersectam em um único ponto
141
Exercícios
6.13) Verifique se os planos se interceptam em um ponto:
1 :1x − 1 y + 3 z = 0,
2 :1x + 1 y + 1z + 1 = 0,
3 :1x − 1 y − 1z − 1 = 0.
1 :1x − 1 y − 1z + 5 = 0,
2 :1x + 0 y − 1z + 2 = 0,
3 :1x + 1 y + 1z − 1 = 0.
Resumo
Nesse capítulo apresentamos em detalhes a noção de sistema de co-
ordenadas e muitas das implicações que esse conceito nos fornece
no estudo de retas e planos. Vimos que, uma vez estabelecido um
sistema de coordenadas, podemos fazer o estudo das retas e planos
via equações, o que torna esse trabalho mais simples e atraente. Foi
assim que atribuímos aos planos e às retas suas equações e pude-
mos responder a várias perguntas, tais como: os planos dados se inter-
ceptam? As retas se cruzam? Qual a distância entre uma reta e um plano?
Qual é a reta que passa por um ponto e é paralela a um plano? Vimos
também alguns tipos de equações para as retas e os planos e apren-
demos a ver, nessas equações, informações importantes. Como você
pode ver, mergulhamos mais fundo nesse mundo dos vetores.
Capítulo 7
Curvas Cônicas
145
Capítulo 7
Curvas Cônicas
Neste capítulo vamos dar início ao estudo de algumas
curvas: as curvas cônicas. Elas são obtidas pela inter-
seção de um cone com um plano. A inclinação do plano
com relação à base do cone é que determina as diferentes
curvas cônicas. Vamos deduzir suas equações e estudar
algumas de suas propriedades. Ao final deste capítulo
você deverá ser capaz de defini-las, identificá-las, além
de classificá-las e de reconhecer seus traçados.
7.1 Introdução
O primeiro estudo sistemático das cônicas deve-se a Apolônio,
que nasceu em Perga, na Ásia Menor, e viveu em Alexandria. Em
seu "Secções Cônicas", define as cônicas como sendo seções de um
cone de base circular e atribui-lhes os nomes de elipses, parábolas
e hipérboles. Um século antes dele, o matemático Menecmus tinha
descoberto as cônicas de forma a solucionar o problema da dupli-
cação do cubo. Aí começou sua história. Ao longo dos séculos, a
família das cônicas foi sendo vista sob diferentes perspectivas, e
novas propriedades foram descobertas. Algumas vezes, ainda, as
cônicas revelavam relações inesperadas entre a matemática e a
realidade. Desargues também explorou o fato de que as cônicas
Apolonius de Perga
(260-200 a.C.) podiam ser obtidas umas através das outras por projeção. Assim,
o que interessava era estudar quais propriedades se mantinham
invariáveis por projeções da circunferência. Isso simplificou mui-
to a dedução dos resultados de Apolônio. Pascal, aos 16 anos, ba-
seando-se nos métodos de Desargues, escreveu um "ensaio sobre
as cônicas". A importância das cônicas pode ser evidenciada em
áreas como Física, Óptica, Acústica, Engenharia e Arquitetura.
Figura 7.1
Figura 7.2
Uma equação para o cone que tem como eixo o eixo dos z e como
geratriz a bissetriz do plano xz é dada por z 2 = x 2 + y 2 .
Figura 7.3
147
Ax 2 + Bxy + Cy 2 + Dx + Ey + F = 0. (1)
a) z = 4 b) z = y + 1 c) z = 2 y + 1
Resolução:
x + y = y + 2 y +1
2 2 2
x − 2 y − 1 = 0,
2
3 y + 4 y − x 2 + 1 = 0,
2
Figura 7.4
B1
a a
b
F2 c c F1
A2 A1
C
a a
B2
Figura 7.5
( x + c ) + y + ( x − c ) + y = 2a
2 2 2 2
b
-a F1 c F a x
2 Tomando o quadrado em ambos os lados, temos
( x − c ) + y = 4a 2 − 4a ( x + c ) + y + ( x + c ) + y .
2 2 2 2 2 2
-b
Simplificando e isolando o termo da raiz quadrada, te-
Figura 7.6
mos
c
( x + c) + y = a + x.
2 2
a
Simplificando, temos
2
c 2
(1 − ) + y = a2 − c2
2
2 x
a
2
x
2
y
+ = 1.
a a −c
2 2 2
2
x y
2
2
+ 2 =1
a b
Observe que, se c = 0 , então a = b . Neste caso, a equação acima
é equivalente a x2 + y2 = a2, que é a equação da circunferência de
centro na origem e raio a .
A B
F1 O F2
D X
Figura 7.7
( x − x0 ) 2 ( y − y0 ) 2
+ = 1. (2)
a2 b2
y
Figura 7.8
Figura 7.11
153
7.2.3 Parábola
Fixe um ponto F , uma reta d no plano cartesiano, e seja c um
Diretriz
Reta cuja distância aos pon- número positivo. A parábola de foco F e diretriz d é o conjunto
tos de uma parábola é igual dos pontos P do plano que eqüidistam do ponto F e da reta d .
à distância desses pontos ao A reta perpendicular à diretriz pelo foco é chamada eixo da pa-
foco da parábola.
rábola. A parábola é simétrica em relação ao eixo, e a interseção
da parábola com o eixo é chamada vértice. Seja d uma reta e F
um ponto fora de d , e ambos pertencentes a um mesmo plano .
Seja 2c a distância entre F e d . Uma parábola, com diretriz d e
foco F , é o conjunto dos
pontos
P( x, y ) do plano equidistantes
de d e de F . Isto é, FP = d ( P, d ) .
154
F
V
d B d
Figura 7.12
( y + c ) = ( y − c ) + x2
2 2
( y + c ) = ( y − c ) + x2
2 2
y 2 + 2cy + c 2 = y 2 − 2cy + c 2 + x 2
4cy = x 2
x2
y= .
4c
P
c
x
-c d
Figura 7.13
1 2
y= x .
4c
155
1
y − y0 = ( x − x0 ) 2 (3)
4c
onde c = y0 - a.
1
x − x0 = ( y − y0 ) 2 , (3a)
4c
onde c = x0-a.
y
d
y0
x
a x0
Figura 7.14
Figura 7.15
Figura 7.17
7.2.5 Hipérbole
Sejam F1 e F2 dois pontos em um plano , com distância dis-
tância entre eles de 2c . Seja a < c . Uma hipérbole com focos F1
e F2 é o conjunto dos pontos P( x, y ) do plano , cuja diferen-
ça entre as distâncias aos focos é constante igual a 2a . Isto é,
F1 P − F2 P = 2a . Sejam dados F1 e F2 dois pontos em um plano
cuja distância entre eles é 2c . Seja a < c . Uma hipérbole com
focos F1 e F2 é o conjunto dos pontos P( x, y ) do plano cuja di-
ferença entre as distâncias aos focos, é constante igual a 2a . Isto
é, F1 P − F2 P = 2a .
158
B1
c
b
F1 F2
A1 C a A2 x
B2
Figura 7.18
-b
Figura 7.19
| ( x −c) + y − ( x + c) + y |= 2a .
2 2 2 2
( x −c) + y − ( x + c) + y = ±2a
2 2 2 2
( x − c ) + y = ( x + c ) + y ± 2a
2 2 2 2
159
±44aa (( xx +
± + cc)) 2 + = 44aa 2 + + 44cx
2
+ yy =
2 2
2 22 2
cx
cc
± c)cc))+ + =a aa+ ++c x xx
2
+y 2yy = =
2
± ( x((+xx + 2 2 2
+
a aa 2
22 + 2cx + c
c 22 22
xx 22 + 2 cx + 22 + y 22 =
2 2 2 2
+ 2cx + c + y = a + 2cx + 22 xx 2
c a
aa 2
2
2 c2
2
xx 22(( c 2 − − 1)
1) − − yy 2 =
2
= cc 22 −
2 2
− aa 22
2
aa 22
− aa 22 yy 22 =
2
((cc 22 − − aa 22)) xx 22 − = aa 22((cc 2 −− aa 22))
2 2 2 2 2 2 2
2
2
xx 2 − yy 2 = 1.
2 2
2
2 − =
aa 22 cc 22 −
2
− a 222 1.
a
2
− 2
= 1.
a b
( y − y0 ) 2 ( x − x0 ) 2
− = 1. (4a)
a2 b2
onde b é dado por b2 = c2 - a2.
( x − x0 ) 2 ( y − y0 ) 2
forma − = 1.
a2 b2
Vamos mostrar com exemplos que estas três curvas são cônicas,
isto é, podem ser obtidas pela intersecção de um cone com um
plano.
2
Considere o cone de equação z = x + y . Interceptando-o com o
2 2
1
plano de equação z = x + 1 temos
2
2
1
x + x +1 = x2 + y
2
4
x + 4 x + 4 = 4 x +4 y
2 2 2
3 x 2 −4 x + 4 y = 4
2
2
2
48
3( x − ) +4 y =
2
3 9
2
2
(x− )
3 +y =4
2
4 3 9
2
2
2
1
x + x +1 = x2 + y
2
4
161
x + 4 x + 4 = 4 x +4 y
2 2 2
3 x 2 −4 x + 4 y = 4
2
2
2
48
3( x − ) +4 y =
2
3 9
2
2
(x− )
3 +y =4
2
4 3 9
2
2
(x− ) 2
3 + y = 1.
16 / 9 4 / 3
( x +1) = x 2 + y
2 2
2x +1 = y
2
1 y
2
x+ = .
2 2
z = 2x + 2x +1
22 2
2
2
2 1 2 1
z 2 = 2( x + ) +
2 2
1 22 1
2
2
1
z − (x+ ) =
2 2 4
2
2
1
2 (x+ )
2 = 1.
2
z −
1/ 2 1/ 4
Figura 7.20
Figura 7.21
F1 t3 F2
Figura 7.22
Vamos denotar por t1 o tempo que o som do disparo leva par atingir o
observador, t2 o tempo que o som do impacto leva para atingir o obser-
vador e t3 o tempo que o disparo leva para atingir o alvo. Para o obser-
vador perceber os dois sons simultaneamente, devemos ter t1 = t2 + t3.
Considerando que a velocidade do som no ar é v = 340 m s e multi-
plicando a equação por v obtemos
vt1 = vt2 + vt3
d ( F1 , 0) = d ( F2 , 0) + d ( F1 , F2 ).
Ou seja,
d ( F1 , 0) − d ( F2 , 0) = d ( F1 , F2 ).
7.2.7 Excentricidade
Podemos introduzir as curvas cônicas da seguinte forma. Dados
um ponto F , uma reta d e um número e > 0 . Uma curva côni-
ca com foco F , reta diretriz d e excentricidade e > 0 é o lugar
geométrico dos pontos P ( x, y ) do plano que satisfazem a relação
d ( P, F ) = ed ( P, d ) .
Como d ( P, F ) = ed ( P, d ) , então
d ( P, F ) = ed ( P, d )
( x − c) 2 + ( y − 0) 2 = e ( x − d ) 2 + ( y − d ) 2 .
A x 2 + C y + Dx + Ey + F = 0 ,
2
a) uma parábola, se A = 0 ou C = 0 ;
a) 9 x 2 − 4 y − 18 x − 16 y + 29 = 0 b) 6 x 2 + 9 y + 24 x − 54 y + 51 = 0
2 2
c) y + 6 x + 8 y + 1 = 0 d) x 2 − 8 x + 25 = 0
2
e) 2 x 2 + 3 y 2 = 0 f) x 2 − 2 x − y 2 + 1 = 0
Resolução:
a) 9 x 2 − 4 y − 18 x − 16 y + 29 = 0
2
9( x 2 − 2 x) − 4( y + 4 y ) + 29 = 0
2
9( x −1) − 4( y + 2) − 9 + 16 + 29 = 0
2 2
9( x −1) − 4( y + 2) = −36
2 2
2 2
( x −1) ( y + 2)
− + = 1.
4 9
166
b) 6 x 2 + 9 y + 24 x − 54 y + 51 = 0
2
6( x 2 + 4 x) + 9( y − 6 y ) + 51 = 0
2
6( x + 2) + 9( y −3) − 24 − 81 + 51 = 0
2 2
6( x + 2) + 9( y −3) = 54
2 2
2 2
( x + 2) ( y −3)
+ = 1.
9 6
Portanto a cônica é uma elipse.
c) y + 6 x + 8 y + 1 = 0
2
( y + 4) + 6 x − 16 + 1 = 0
2
6 x − 15 = −( y + 4)
2
5 −1
x− = ( y + 4) 2 .
2 6
d) Como x 2 − 8 x + 25 = 0 , então
( x − 4) − 16 + 25 = 0
2
( x − 4) − 16 + 25 = 0
2
( x − 4) = −9,
2
( x − 4) = −9.
2
f) x 2 − 2 x − y 2 + 1 = 0
y 2 = ( x − 1) 2
y = x −1
y = ± ( x − 1)
P
y
y’ α x’
x’
y’
α
x x
Figura 7.23
2
x= ( x '− y ')
2
2
y= ( x '+ y ').
2
2 , 2 ,
( x − y, ) ( x + y, ) −1 = 0
2 2
, 2 , 2
(x ) ( y )
− = 1.
2 2
168
y’ x’
√2
x
1
Figura 7.24
Exercícios
7.1) Volte nas definições das curvas cônicas e certifique-se de que as
entendeu. Faça um pequeno resumo sobre cada uma delas.
Resumo
Neste capítulo estudamos as curvas cônicas e vimos que elas sur-
gem da interseção de um cone com um plano. A inclinação do plano
com relação ao eixo e geratrizes do cone é que determina a forma da
cônica. Do ponto de vista matemático, vimos que essas curvas são
descritas por equações. O capítulo mostrou como classificar uma
curva cônica tanto pela sua equação quanto pelo seu desenho, e no-
mear seus principais elementos.
Capítulo 8
Superfícies Quádricas
171
Capítulo 8
Superfícies Quádricas
8.1 Introdução
Até agora estudamos um tipo especial de superfície: o plano. Fi-
xado um sistema de coordenadas ortogonais, a equação geral do
plano é dada por ax + by + cz + d = 0. O plano é chamado de super-
fície de primeiro grau.
Ax 2 + By 2 + Cz 2 + L = 0 ,
8.2 Elipsóide
Pela definição, na equação Ax 2 + By 2 + Cz 2 + L = 0 se A, B, C são
números reais de mesmo sinal, e L de sinal contrário, a superfície
é chamada de elipsóide. Podemos supor A, B, C positivos. Logo,
L é negativo. Dividindo a equação por − L obtemos
x2 y2 z2
+ + = 1.
−L −L −L
A B C
−L −L −L
Como > 0, > 0, > 0 , podemos fazer as seguintes
A B C
substituições:
−L 2 −L 2 −L z
a2 = ,b = ,c = .
A B C
x2 y 2 z 2
Logo, temos 2 + 2 + 2 = 1. Esta é a equação canônica do elip-
a b c
sóide.
Exemplos:
x2 y 2 z 2
1) Ilustração do elipsóide dado por + + = 1 . Observe
22 32 52
que o eixo maior ocorre em z (Figura 8.2).
x2 y 2 z 2
2) + + = 1 é uma esfera de centro no ponto P (0, 0, 0) e
22 22 22
raio r = 2 .
8.3 Hiperbolóide
Figura 8.2
2 2 2
Pela definição, se na equação Ax + By + Cz + L = 0 um dos co-
eficientes, A, B, C , é de sinal contrário ao sinal dos outros dois, a
superfície é chamada de hiperbolóide. Podemos supor que A, B
tenham o mesmo sinal. Assim, temos Ax 2 + By 2 + Cz 2 = − L .
−L −L L
z a= ,b = ,c =
A B C
temos,
x2 y 2 z 2
+ − =1.
a 2 b2 c2
( x − x0 ) 2 ( y − y0 ) 2 ( z − z0 ) 2
+ − = 1;
a2 b2 c2
( x − x0 ) 2 ( y − y0 ) 2 ( z − z0 ) 2
− + = 1; Figura 8.4 - Hiperbolóide de 2
a2 b2 c2 folhas.
( x − x0 ) 2 ( y − y0 ) 2 ( z − z0 ) 2
− + + = 1.
a2 b2 c2
( x − x0 ) 2 ( y − y0 ) 2 ( z − z0 ) 2
− − + = 1;
a2 b2 c2
( x − x0 ) 2 ( y − y0 ) 2 ( z − z0 ) 2
− − = 1;
a2 b2 c2
( x − x0 ) 2 ( y − y0 ) 2 ( z − z0 ) 2
− + − = 1.
a2 b2 c2
8.4 Cone
Vamos examinar a superfície quádrica Ax 2 + By 2 + Cz 2 + L = 0 em
que L = 0 supondo, como antes, que os coeficientes A, B, C sejam
não nulos.
175
x2 y2 z2
+ − = 0.
1 1 1
−
A B C
1 2 1 2 −1 x2 y 2 z 2
Chamando a 2 = ,b = ,c = temos 2 + 2 − 2 = 0 .
A B C a b c
( x − x0 ) 2 ( y − y0 ) 2 ( z − z0 ) 2
+ − =0
a2 b2 c2
( x − x0 ) 2 ( y − y0 ) 2 ( z − z0 ) 2
− + =0
a2 b2 c2
( x − x0 ) 2 ( y − y0 ) 2 ( z − z0 ) 2
− + + =0 .
a2 b2 c2
x2 y 2 z 2
A superfície quádrica 2 + 2 − 2 = 0 é um cone, conforme a fi-
2 2 4
gura 8.6.
x2 y2
2z = + .
−K −K
A B
K
Como A e K tem sinais contrários, segue que p = − > 0 . O
K A
q=−
termo pode ser negativo ou positivo. Logo, a equação fica
B
x2 y 2 x2 y 2
2z = + ou 2 z = − , onde p e q são positivos.
p q p q
K K
(Aqui qq == − ouq q==− .)
B B
x2 y 2
A superfície definida pela equação 2 z = + é chamada de pa-
p q
rabolóide elíptico. Nessa quádrica, para z fixo, obtemos elipses e,
para x ou y fixos, obtemos parábolas.
x2 y 2
A superfície definida pela equação 2 z = − é chamada de
p q
parabolóide hiperbólico ou sela. Nesse caso, para z fixo, obtemos
hipérboles. Para x ou y fixos temos parábolas.
z
z
y
x
y
x
Parabolóide Parabolóide
elípitco hiperbólico
Figura 8.7
177
( x − x0 ) 2 ( y − y0 ) 2
z − z0 = + ;
a2 b2
( y − y0 ) 2 ( z − z 0 ) 2
x − x0 = + ;
b2 c2
( x − x0 ) 2 ( z − z0 ) 2
y − y0 = + .
a2 c2
8.6 Cilindros
Consideremos o caso em que os coeficientes C , E , F , K são nulos.
A equação (2) toma então a seguinte forma:
Ax 2 + By 2 + 2 Dxy + 2Gx + 2 Hy + L = 0 .
r r
C C
Figura 8.8
z z z
a 0 b x 0
y x
x y
y
Cilindro Cilindro Cilindro
Elíptico Hiperbólico Parabólico
Figura 8.9
179
Figura 8.10
O enfoque mais geral para determina uma superfície chamada de quádrica. Classificar uma
tratar desse problema superfície dada pela equação acima pode ser trabalhoso.
consiste em utilizar
autovalores, autovetores
e diagonalização de uma Se a equação do segundo grau dada em (1) tem a forma
matriz simétrica associada
ao polinômio do segundo
grau dado ao lado. Esse ax 2 + by 2 + cz 2 + dx + ey + fz + g = 0 (2)
enfoque mais geral para
pode ser estudado em livros
de álgebra linear.
então, podemos utilizar mudanças de coordenadas para reescre-
ver a equação (2) em uma forma mais simples de ser classificada.
O'
Figura 8.11
Sejam P ( x1 , x2 , x3 ) um ponto no sistema 0, i, j , k e O ' (c1 , c2 , c3 ) é
a nova
origem
do sistema.
Seja P( y1 , y2 , y3 ) no sistema 0´, i, j , k .
Como O´P = OP − OO´ e
OP = x1 i + x2 j + x3 k
O´P = y1 i + y2 j + y3 k
OO´ = c1 i + c2 j + c3 k
então, temos y1 i + y2 j + y3 k = ( x1 − c1 )i + ( x2 − c2 ) j + ( x3 − c3 )k . Isto é,
y1 = x1 − c1
y2 = x2 − c2
y3 = x3 − c3 .
Obtemos
deste modo as novas coordenadas de P no sistema
0´, i, j , k .
181
y1 = x1 − c1 = 1 − 1 = 0 ,
y2 = x2 − c2 = 2 − 4 = −3 e
y3 = x3 − c3 = 3 − 5 = −2.
Logo, as coordenadas de P (1, 2,3) no novo sistema 0´, i, j , k são
P (0, −3, −2) .
Exemplo
8.4: Calcular as coordenadas do ponto P(1, −1, 2) no siste-
ma 0, u1 , u2 , u3 onde
1 1
u1 = (i − j ) , u2 = (i + j ) , u3 = k .
2 2
Resolução: Primeiro observe que
0, u1 , u2 , u3 é um sistema ortonor-
mal.Agora escrever i, j , k como combinação linear dos veto-
vamos
res u1 , u2 e u3 .
i = a11 u1 + a21 u2 + a31 u3
a a a a
i = 11 i − 11 j + 21 i + 21 j + a31 k
2 2 2 2
a a a a
i = 11 + 21 i + − 11 + 21 j + a31 k
2 2 2 2
a11 a21
+ =1
2 2
a a
− 11 + 21 = 0
2 2
a31 = 0
Resolvendo o sistema obtemos
2 2
a11 = , a21 = , a31 = 0
2 2
2 2
Assim, temos que i = u1 + u2 + 0 u3 .
2 2
Do mesmo modo,
j = a12 u1 + a22 u2 + a32 u3
a a a a
j = 12 i − 12 j + 22 i + 22 j + a32 k
2 2 2 2
a a a a
j = 12 + 22 i + − 12 + 22 j + a32 k
2 2 2 2
j = a12 u1 + a22 u2 + a32 u3
a a a a 183
j = 12 i − 12 j + 22 i + 22 j + a32 k
2 2 2 2
a a a a
j = 12 + 22 i + − 12 + 22 j + a32 k
2 2 2 2
a12 a22
+ =0
2 2
a a
− 12 + 22 = 1
2 2
a32 = 0
Resolvendo o sistema obtemos
2 2
a12 = − , a22 = , a32 = 0
2 2
2 2
Assim, temos que j = − u1 + u2 + 0 u3 .
2 2
É fácil ver que k = 0 u1 + 0 u2 + 1u3 .
2 2
− 0
2 2
y1 x
y = 2 2 1
2 0 x2 ou
2 2
y3 x
0 0 1 3
2 2
− 0
2 2
y1 1 2
y = 2 2
0 −1 = 0 .
2 2 2
y3 2 2
0 0 1
Após multiplicação,
segue
que as coordenadas do ponto P(1, −1, 2)
no sistema 0, u1 , u2 , u3 são dadas por
y1 = 2 ,
y2 = 0 ,
y3 = 2.
184
ax 2 + by 2 + cz 2 + dx + ey + fz + g = 0. (1)
d
x = x1 − , y = y1 e z = z1 .
2a
Portanto a equação (1) se escreve no novo sistema de coordenadas
como
2
d d
a x1 − + by12 + cz12 + d x1 − + ey1 + fz1 + g = 0
2a 2a
2d d2 d
a x12 − x1 + 2 + by12 + cz12 + d x1 − + ey1 + fz1 + g = 0
2a 4a 2a
2 2 2 d2
ax + by + cz + ey1 + fz1 + g − = 0.
1 1 1
4a
d 2 e2 f 2
ax12 + by12 + cz12 = + + − g.
4a 4b 4c
1 2
x12 − 2 x22 + x3 + 2 x1 + x2 − x3 + 1 = 0.
2
Resolução: Como a ≠ 0, b ≠ 0, c ≠ 0 , pelo visto acima, o novo siste-
1
ma de coordenadas é O´, i, j , k , onde O´ −1, ,1 . As novas coor-
4
denadas são dadas pelas equações
x1 = y1 − 1 ,
1
x2 = y2 +
4
e x3 = y3 + 1.
4 2 4
1 2 3
Ou seja, y12 − 2 y22 + y3 − = 0 . Reescrevendo, temos
2 8
ax 2 + ey + fz + g = 0. (1’)
186
ax12 + y1 + g = 0.
x2 y z 9
+ − + = 0.
2 2 2 2
x = z
1 1
1 1
y1 = z2 − z3
2 2
1 1
z1 = z2 + z3
2 2
e obtemos
187
1 2 1 1 9
x1 + y1 − z1 + =0
2 2 2 2
1 2 1 1 1 1 1 1 9
z1 + z2 − z3 − z2 + z3 + =0
2 2 2 2 2 2 2 2
z12 − 2 z3 + 9 = 0.
2 2 9 2
Reescrevendo, obtemos z3 = z1 + que é um cilindro para-
2 2
bólico.
x 2 + 4 x + y − z + 5 = 0.
( x1 − 2) 2 + 4( x1 − 2) + y1 − z1 + 5 = 0
x12 + y1 − z1 + 9 = 0.
Agora temos que x12 é o único termo do segundo grau não nulo. Além
disso, e 2 + f 2 = 2 ≠ 1 vamos dividir a equação por 2 , assim,
1 2 1 1 9
x1 + y1 − z1 + = 0.
2 2 2 2
Agora podemos aplicar a segunda mudança de eixos:
1 1 1 9
Temos que a = ,e = , f =− ,g =
2 2 2 2
Usando a rotação (*)
x = z
1 1
1 1
y1 = z2 − z3
2 2
1 1
z1 = z2 + z3
2 2
188
2 2 9 2
recaímos no exemplo anterior, obtendo z3 = z1 + que é um
2 2
cilindro parabólico.
Exemplo 8.8.
d e f
O´ − , − , − = O´(1,1,3).
2a 2b 2c
Sejam
x = u +1
y = v +1
z = w+3
substituindo, obtemos u 2 + v 2 + w2 = 1 que é uma esfera.
1
b) Sejam, x = u , y = v + 1, z = w + , substituindo, obtemos
2
3
u 2 + 2v 2 + 2 w2 = ,
2
que é um elipsóide.
Exercícios:
x2 y 2 x2 y 2
8.1) Desenhe os parabolóides 2 z = + e 2z = − .
2 8 2 8
x2 y 2
8.2) Desenhe o cilindro + = 1.
4 9
8.3) Classifique as seguintes superfícies quádricas:
x2 y 2 z 2
a) + + = 1 . Resposta: Elipsóide.
22 32 42
189
x2 y 2 z 2
b) + + = 1 . Resposta: Esfera de centro na origem e
22 22 22
raio 2.
x2 y 2
d) + = 1 . Resposta: Cilindro elíptico.
22 32
Resumo
(Apenas das equações deduzidas)
Ax 2 + By 2 + Cz 2 + L = 0 Um dos coeficientes A, B ou C
com sinal contrário dos outros dois.
Ax 2 + By 2 + Cz 2 = 0 A, B e C ≠ 0
Cone O cone se reduz a um ponto A, B e C com sinais iguais
Cone A, B e C com sinais diferentes
Ax 2 + By 2 + 2 Kz = 0 A, B e K ≠ 0
Bibliografia Comentada
[1] J. L. Boldrini et al.. Álgebra Linear. Editora Harbra, São Paulo, 3a
Edição. 1986.
visite http://www.optigone.com
http://www.sato.prof.ufu.br/Conicas