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II SIMPÓSIO DE ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA

Local: Centro Universitário São Camilo

Data: 24 de maio de 2014

ANÁLISE DE MÉTODOS EXTRATIVOS DE CASCARA SAGRADA (Rhamnus

purshiana) TINTURA 20% POR PERCOLAÇÃO E MACERAÇÃO

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DEL RIO, Isabella G ; FREITAS, Laura A ; KRUSE, Marianne N ; FERRARINI, Márcio ; FARIA,
2 2
Luciane G. ; OLIVEIRA, Andrea C.
1
Aluno do Curso de Farmácia do Centro Universitário São Camilo , São Paulo, Sp.
2
Professor do Curso de Farmácia do Centro Universitário São Camilo , São Paulo, Sp.
e-mail: lauragfreitas@gmail

Palavras-Chave: CÁSCARA SAGRADA. MACERAÇÃO. PERCOLAÇÃO.

INTRODUÇÃO
A cáscara sagrada é a casca dessecada de rhamnus purshiana, deve ser colhida após pelo
menos um ano antes de ser usada para fins medicinais. Na cáscara fresca estão presentes formas
reduzidas de glicosídeos, que, durante um período mínimo de um ano se convertem em glicosídeos
monoméricos oxidados com atividade catártica mais suave. Trata-se uma árvore nativa da costa do
pacífico da américa do norte cuja a sua função fisiologica é a correção da constipação habitual, em
que não só atua como laxativo mais restaura a tonicidade natural do cólon (ROBBERS, 1997).
Percolação farmacopéica é o processo extrativo que consiste na passagem do solvente
através da droga previamente macerada mantida em percolador, sob velocidade controlada.
Percolação experimental (seringa) consiste numa adaptação da percolação farmacopêica em menor
escala, desenvolvida em uma seringa de 60mL, onde a droga vegetal em pó (4g), fica em contato
com líquido extrator (40mL) pelo mesmo período e condições de um percolador e ao final, escota-se
todo o percolado, lavando o conteúdo até completar o volume final pretendido de tintura.
Maceração consiste no processo em manter a droga, convenientemente pulverizada, nas
proporções indicadas na fórmula em contato com líquido extrator com agitação diária de
aproximadamente 20 dias, neste estudo a maceração estática foi mantida sem agitação e a dinâmica
em agitação continua, em agitador mecânico.

OBJETIVO
Analisar e comparar os métodos extrativos da Cascara sagrada (Rhamnus purshiana) pelos
métodos percolação farmacopéica, percolação experimental (seringa), maceração estática (sem
agitação) e dinâmica (com agitação continua).

METODOLOGIA
Partiu-se da droga seca Cascara sagrada (Rhamnus purshiana) em pó padronizado, utilizou-
se como líquido extrator etanol 90%.
No método de percolação farmacopeica, utilizou-se um percolador de aço inox, com papel de
filtro no fundo, adicionou-se 37g da droga seca em pó, previamente umedecida com liquido extrator,
acrescentou-se o restante do liquido extrator até cobrir a droga e perfazer o volume total esperado.
Após esse processo o percolador foi fechado com um papel filme e a tampa, devidamente rotulado e
identificado. A droga e o liquido extrator permaneceram em contato durante vinte e dois dias. Após
esse tempo realizou-se a percolação na velocidade de 8gts/mim/100g droga, lavando com o liquido
extrator o percolado, até se obter o volume de 200 ml. A tintura de Cascara Sagrada (Rhamnus

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purshiana) foi filtrada com um papel filtro para reter qualquer resíduo da droga, deixado em repouso
no mínimo 48h e refiltrado posteriormente e depois realizou-se o controle de qualidade.
Método de percolação experimental realizado na seringa, com um papel filtro forrou-se o
fundo da seringa de 60 ml acrescentou–se 4,0g de Cascara sagrada (Rhamnus purshiana) em pó e
adicionou-se 40mL de liquido extrator (Álcool 90º) e tampou-se com o embolo deixando um sistema
hermeticamente fechado, a droga ficou em contato com o liquido extrator durante vinte e dois dias.
Após esse tempo realizou-se a percolação espontânea, visto ser uma adaptação e não ter torneira
para dosar a quantidade a ser gotejada, lavando da mesma forma o percolado com o liquido extrator,
até se obter o volume final de 40 ml. A tintura de Cascara Sagrada (Rhamnus purshiana) foi filtrada
com um papel filtro para reter qualquer resíduo da droga, deixado em repouso no mínimo 48h e
refiltrado posteriormente e depois realizou-se o controle de qualidade.
O método de Maceração experimental com agitação foi realizado em um recipiente fechado
(vidro âmbar), adicionou-se 40g da droga Cascara Sagrada (Rhamnus purshiana) e 200 ml de liquido
extrator (álcool 90%) e acrescentou- se o agitador magnético em agitação continua com agitador
magnético (Fisaton, potencia 650W, mod.752ª, série:978755), padronizado na velocidade 5. O vidro
âmbar foi devidamente fechado, identificado e rotulado. A droga permaneceu em contato com o
liquido extrator durante vinte e dois dias sob agitação, depois foi realizado a filtragem com papel filtro
lavando o macerado com o líquido extrator até a obtenção do volume de 200 ml, deixado em repouso
no mínimo 48h e refiltrado posteriormente e depois realizou-se o controle de qualidade.
O método de maceração experimental sem agitação foi realizado o mesmo procedimento que
a maceração experimental com agitação, porém mantido em repouso, durante todo o processo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Resultados do controle de qualidade dos métodos utilizados para extração da Cáscara
Sagrada (Rhamnus purshiana).

Tabela 1: Características Organolépticas das tinturas

As tinturas obtidas apresentam características idênticas.

Cor Castanho escuro

Odor Característico

Fonte: Autor

Tabela 2: Graduação Alcoólica (°GL)

Percolação Percolação Maceração com Maceração sem


Farmacopéica Seringa agitação agitação

78 78 83 84

Fonte: Autor

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Tabela 3: Densidade relativa das tinturas obtidas do processo de Maceração(g/cm ).

Maceração sem Macerção com agitação


agitação

Densidade
picnômetro
picnômetro

0,8483 0,8519

0,8480 0,8521

0,8486 0,8517

MÉDIA 0,8483 MÉDIA 0,8519

DESVIO PADRÃO 0,0003 DESVIO PADRÃO 0,0002


VARIANCIA
0,023577 VARIANCIA 0,023477

Fonte: Autor

3
Tabela 4: Densidade relativa das tinturas obtidas do processo de Percolação (g/cm ).

Percolação Percolação
Farmacopeica seringa

Picnometro Picnometro

0,8648 0,8675

0,8646 0,868

0,8650 0,8646

MEDIA 0,8648 MÉDIA 0,8667

DESVIO PADRÃO 0,0002 DESVIO PADRÃO 0,00183576


VARIANCIA
0,023127 VARIANCIA 0,21180985

Fonte: Autor

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Tabela 5: Análise de pH das tinturas obtidas dos métodos utilizados.

Percolação Percolação Maceração com Maceração sem


Farmacopéica Seringa agitação agitação

pH 5,7 5,01 5,79 5,2

4,99 5,67 5,1 5,68

5 5,03 5,09 5,19

MÉDIA 5,23 5,24 5,33 5,36

DESVIO PADRÃO 0,407063 0,35104606 0,40129 0,28005952

VARIANCIA 7,783225 6,66543144 7,533597 5,22824239

Fonte: Autor

Tabela 6: Resíduo seco obtido dos métodos utilizados (% P/V).

Percolação Percolação seringa Maceração com Maceração sem


farmacopéica Agitação agitação

6,935 7,955 7,46 7,345

Fonte: Autor

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Figura 1: Resultados do teste de Capilograma nas amostras de Percolação farmacopeica, Percolação


na Seringa, Maceração estática (sem agitação) e Maceração dinâmica (com agitação).

Fonte: Autor

Entre os métodos de percolação, a percolação experimental (seringa) parece visualmente ter


melhor extração, levando em conta a análise do capilograma, onde observamos maior banda de no
capilograma e maior densidade e resíduo seco, mostrando que o método experimental (seringa) pode
ser uma opção para extrações em pequena escala, principalmente por não serem estatisticamente
diferentes. Isso se deve provavelmente pelo fato de que a seringa ficou melhor vedada e foi
pressionada no momento da filtração, mas ainda assim, a extração entre os métodos não são
estatisticamente diferentes, podendo ser utilizado como um método para controle de qualidade em
pequena escala. Estatisticamente não houve diferença entre o pH percolação farmacopéica e
seringa.
Entre os métodos de maceração estática (sem agitação) e maceração dinâmica (com
agitação), basedo nas densidades relativas pode-se afirmar que houve diferença p<0,05 e ainda
existe uma correlação entre a densidade e o Resíduo seco. Estatisticamente não houve diferença
entre o pH maceração estática e dinâmica
Com os resultados obtidos, podemos analisar que todos os métodos são eficazes em relação
à extração, mas que existem variáveis desde grau de partição da droga seca, graduação alcoólica do
liquido extrator, tempo de contato com liquido extrator, método empregado para extração, etc, mas
ainda evidenciando alguma equivalência entre os métodos, Necessitando assim de estudos muito
mais profundos para estabelecer um controle de qualidade efetivo na produção de fitoterápicos no
Brasil, para que esta prática popular venha cada vez mais ter valor científico.

CONCLUSÃO
Os métodos utilizados para extração da Cáscara Sagrada (Rhamnus purshiana) por
maceração mostrou diferenças estatisticamente significativas (p=0,05) para teste T, para o dinâmico

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em relação ao estático, quanto a densidade relativa, e correlação entre densidade relativa e resíduo
seco.
Os métodos de extração por percolação não apresentaram diferenças estatisticamnete
significativas, assim a percolação experimental (seringa) mostrou-se equivalente ao método
farmacopéico, sendo de grande valia este achado, pois este pode ser empregado em análises de
controle de qualidade em baixa escala.

REFERÊNCIAS

ROBBERS, James E.; SPEEDIE, Marilyn K.; TYLER, Varro E. Farmacognosia - Biotecnologia. 2.
ed. São Paulo: Premier, 1997. 372 p.

BRASIL. Farmacopéia brasileira. 5 ed. v.1. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Brasília:
ANVISA, 2010.
Klein, T., Longhini, R., Bruschi, M.L., Mello, J.C.P. Fitoterápicos:um mercado promissor. Rev Ciênc
Farm Básica Apl., 2009;30(3):241-248

RODRIGUES, A.G. (Org.). Caderno de Atenção Básica - PRÁTICAS INTEGRATIVAS E


COMPLEMENTARES: PLANTAS MEDICINAIS E FITOTERAPIA NA ATENÇÃO BÁSICA. 2012.
Disponívelem:<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/praticas_integrativas_complementares_pla
ntas_medicinais_cab31.pdf>. Acesso em: 28 Não é um mês valido! 2014.

KLEIN, Traudi ET all. Fitoterápicos: um mercado promissor. Revista de Ciências Farmacêuticas


Básica e Aplicada: Journal of Basic and Applied Pharmaceutical Sciences,São Paulo, v. 30, n. 3,
p.241-248, 06 jul. 2009.

Brasil. Ministério da Saúde. Política nacional de plantas medicinais e fitoterápicos. Brasília: Ministério
da Saúde;2007b.

HELOU, Joao H.; Pharmaceutical preparations obtained of the extraction, Rev. bras. farmacogn.
vol. 2-3-4, São Paulo, 1989.

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