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HISTÓRIA DO SINDICALISMO NO BRASIL


Apresentação Marcos Cassin

ORIGEM E PAPEL DOS SINDICATOS


A palavra surge do francês – syndic – que significa “representantes de uma
determinada comunidade”.
Na economia capitalista os patrões buscam reduzir o salário, quanto menos aos
operários, mais lucro lhes sobram. Em compensação, os operários tratam de
receber o maior salário possível para poder sustentar sua família com uma
alimentação abundante e sadia. Entre patrões e operários há uma constante luta
pelo salário.
É dessa luta cotidiana, inerente ao capitalismo, que surgem as primeiras formas de
organização dos trabalhadores. Elas nascem como resultado do esforço
espontâneo dos operários para impedir ou atenuar a exploração.
Essa é a lógica do sistema, em que a concorrência leva os empresários a uma
incessante busca por maiores lucros – com a redução dos custos operacionais e a
elevação da produtividade. Por sua vez, os trabalhadores têm a necessidade de
lutar pela diminuição da taxa de mais valia, pelo aumento do seu poder aquisitivo
e por melhores condições de trabalho. Nessa luta, o operariado conta com a
vantagem de se constituir em grande quantidade.
Para cumprir esse papel, os sindicatos se tornam centros organizadores dos
assalariados, focos de resistência à exploração capitalista. Num primeiro
momento, eles vão congregar os operários das oficinas e das fábricas, os que
produzem diretamente as riquezas – o setor dinâmico da sociedade capitalista.
Posteriormente, com o desenvolvimento do próprio sistema, eles se generalizam,
atingindo outros setores econômicos.
Berço do capitalismo: Os primeiros sindicatos nasceram exatamente na
Inglaterra – considerada o “berço do capitalismo”. Foi nesse país que se realizou a
primeira revolução burguesa da história em 1640. Após marchas e contramarchas,
a burguesia se consolidou no poder e acumulou capital e pôde realizar a primeira
revolução industrial no século XVIII.
O desenvolvimento deixou evidentes as contradições desse sistema. Para extrair a
mais-valia, fonte dos lucros, a burguesia inglesa impôs jornadas de trabalho que
atingiram até dezesseis horas.
A introdução das novas máquinas também agravaram as contradições entre
capital e trabalho. Com as máquinas, a burguesia não necessitava mais da força de
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trabalho especializada do artesão, assim pôde introduzir as mulheres e os menores


no mercado de trabalho, com salários mais aviltados e em piores condições de
trabalho.
Luddismo: As condições de exploração do sistema capitalista geraram
resistências entre os explorados. Esta foi uma das principais formas de luta,
também conhecida como o movimento dos quebradores de máquinas.
Inexperiente, a jovem classe operária viu nas máquinas o seu principal inimigo.
Afinal, aparentemente a máquina é que era responsável pelo desemprego dos
trabalhadores especializados, pela inserção das mulheres e dos menores nas
fábricas em condições degradantes.
O termo Luddismo deriva do nome do operário Ned Ludd, que trabalhava numa
pequena oficina em Nottingham, cidade próxima de Londres. Esse operário
destruiu totalmente os teares mecânicos da fábrica num sinal de revolta contra os
efeitos da Revolução Industrial.
Apesar da aprovação de uma lei de 1812 que punia com a pena de morte os
“quebradores de máquinas”, essa lei não conteve o movimento luddista, que
depois de quatro anos foi retomado com novas máquinas quebradas em Londres,
Glasgow, Newcastle, Preston, Dundee e outras cidades.
Aos poucos, entretanto, o luddismo começou a ser superado como forma de luta
da jovem classe operária. Mais experiente, ela constatou que não era a máquina a
sua inimiga, mas sim o uso que o patrão fazia dela. Que era um erro se contrapor
ao desenvolvimento do próprio conhecimento humano, expresso nos avanços da
tecnologia.
Boicote: Outra forma de luta que foi utilizada na infância da classe operária, foi o
boicote – palavra que deriva do nome de um oficial inglês encarregado de
administrar os negócios do Conde Erne, da Irlanda: Sir Boycott - que era
conhecido por seus métodos truculentos no tratamento com os empregados. Ele se
recusava a negociar e os trabalhadores passaram a fazer o mesmo, propondo que
os moradores do povoado não consumissem os produtos do Conde Erne. Este teve
um grande prejuízo e afastou o oficial inglês do cargo.
Sabotagem: A sabotagem também foi usada nesse período como mecanismo de
pressão dos trabalhadores por seus direitos. O termo sabota tem origem francesa e
significa “tamanco”. Os operários franceses usavam esse tipo de calçado, para
danificar as máquinas, emperrando a produção.
Greve: A greve significou um salto na ação do jovem proletariado e se tornou uma
das principais armas da luta, de elevação da consciência e de organização dos
trabalhadores.
A origem do termo, liga-se à Praça da Greve (place de grève), atualmente praça do
Hotel De Ville, em Paris. Era a praça em que os desempregados ou operários
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reuniam-se para tratarem de assuntos relativos ao trabalho. Faire grève (fazer


greve) significava reunir-se na praça da greve.
Para os revolucionários, a greve é vista como uma das principais armas da luta
contra o capital e um poderoso instrumento de elevação da consciência e do nível
de organização do proletariado.
Trade-unions: Nesse processo a classe operária sentiu a necessidade de se
organizar. É dela que surgiram os sindicatos que na Inglaterra teve o nome de
trade-unions – que significa união de oficio, de profissão.
No século XVII, período de surgimento das trade-unions, elas eram clandestinas,
com dificuldades de atuação. A burguesia viu nelas um grande perigo. Seu temor é
que elas unissem um grande número de trabalhadores, que até nesse momento era
disperso e vivia em concorrência entre si pelo emprego. Há registro de associações
de trabalhadores com caráter sindical desde 1699.
Quando a revolução industrial tomou impulso na Inglaterra no século XVIII, os
sindicatos se generalizaram e para evitar seu crescimento, o parlamento inglês
aprovou em 1799 a combination law, lei sobre associações que proibia o
funcionamento dos sindicatos.
A violência da burguesia se deu em vários terrenos. No campo legal, as associações
foram proibidas. A primeira lei que garantiu a livre associação dos trabalhadores
só foi aprovada em 1812, na câmara dos Lordes, em Londres.
Para se proteger dessa violência, no início as trade-unions agiram totalmente na
clandestinidade. As reuniões eram secretas, não havia sedes sindicais, campanhas
massivas de sindicalização, nem negociação direta com o patronato. Algumas
trade-unions formulavam “códigos de participação”, com normas para garantir a
sobrevivência da entidade e ainda, fixavam a triagem dos trabalhadores que
deviam ser convidados para as reuniões clandestinas.
Aos poucos as trade-unions inglesas foram se consolidando, dirigindo mais greves
e maiores protestos. Desta forma, deixaram o patronato num dilema: já que
estavam proibidas, os empresários não tinham como negociar em momentos de
greve.
Diante do crescimento das lutas operárias é que o parlamento da Inglaterra
aprovou, em 1824, a primeira lei sobre o direito de organização sindical dos
trabalhadores. Essa conquista permitiu um poderoso aumento da força do
sindicalismo e em todos os ramos industriais formaram-se trade-unions. Também
surgiram as “caixas de resistências” para apoiarem financeiramente os grevistas.
O outro avanço nesse período foi a organização de federações que unificaram
várias categorias. Em 1830 é fundada a primeira entidade geral dos operários – a
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associação nacional para a proteção do trabalho. Ela reuniu têxteis, mecânicos,


ferreiros, mineiros e outras profissões. Chegou a ter cerca de 100 mil membros.
Como não era mais possível proibir as trade-unions, a burguesia adotou novos
meios de intervir. Como a história demonstrou legalizadas, os sindicatos foram
reprimidos. Neste período, muitos industriais pressionaram os operários exigindo
a renúncia formal à participação nas trade-unions, como forma de garantir o
emprego. As forças policiais continuaram a ser acionadas, deixando um rastro de
sangue em toda a trajetória do movimento sindical. A legislação também permitiu
identificar as lideranças e implantar todo um controle dos sindicatos.
Cartismo: Ainda nesse período, fruto da experiência concreta, o proletariado
também desenvolveu a luta política, superando a pressão apenas por
reivindicações de caráter econômico e específico. Surge o movimento cartista na
Inglaterra, que representou um salto na ação operária.
O nome deriva de uma “carta”, elaborada em 1837-38, em que os trabalhadores
reivindicaram maiores liberdade políticas: direito de voto para todos, abolição do
sistema pelo qual só podiam se candidatar os que tivessem renda, voto secreto etc.
Em seu conteúdo, o cartismo já expressou a luta por liberdade democrática e
socialista.
I Internacional (AIT): Conferências e Congressos (1864-1872)

Em 28 de Setembro de 1864 teve lugar uma grande reunião pública internacional


de operários no St. Martin's Hall de Londres; nela foi fundada a Associação
Internacional dos Trabalhadores (mais tarde conhecida como Primeira
Internacional) e eleito um Comité provisório.

1ª Conferência em Londres – 1865


1º Congresso em Genebra – 1866
5º Congresso em Haia – 1872 (último congresso), depois irá ocorrer mais 4
congressos dos autonomistas
II Internacional: Conferências e Congressos (1889-1914)

A Segunda Internacional (Internacional Operária e Socialista): nasceu em 1889


como sucessora da Primeira Internacional. Era uma associação livre de partidos
social-democratas e trabalhistas, integrada tanto por elementos revolucionários
quanto reformistas. Seu caráter progressista chegou ao fim em 1914.

1º Congresso Internacional dos Trabalhadores de Paris, 1889


7º Congresso da Internacional Socialista, Copenhagen, 1910
8º Congresso da Internacional Socialista, Basel, 1912 (Extraordinário)
Conferência da Internacional Socialista, Zimmerwald, em 1915
Conferência da Internacional Socialista, Kiental, em 1916
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III Internacional: (1919-1943)


Lênin foi o organizador e inspirador da Internacional Comunista, que defendeu o
marxismo revolucionário frente às deformações oportunistas e revisionistas de
direita e de "esquerda". A Internacional Comunista buscou a formação de quadros
dirigentes dos Partidos Comunistas e a sua transformação em partidos
revolucionários de massa, partidos de novo tipo.
Ao longo dos seus 24 anos de existência, a Internacional promoveu 7 Congressos:
1919 (o de fundação), 1920, 1921, 1922, 1924, 1928 e 1935.
IV Internacional: (1938- )
Organização comunista internacional composta por seguidores de Leon Trótski
(trotskistas), com o objetivo declarado de ajudar a classe trabalhadora a alcançar o
socialismo. Historicamente, a Quarta Internacional foi fundada na França.
A Quarta Internacional sofreu várias cisões ao longo de sua história: a primeira em
1940, que ocorreu somente na França, e a mais importante, que se deu no plano
internacional, em 1953. Apesar de uma reunificação em 1963, vários
reagrupamentos internacionais reivindicam a Quarta Internacional e a herança
trotskista.
Comuna de Paris: Foi a primeira experiência em que a classe operária alcançou
o poder político. Sua duração foi curta – fim de março a fim de maio de 1871. Num
primeiro momento, a sede do novo poder se instalou na Câmara Federal dos
Sindicatos franceses que também era o local de reuniões da sessão parisiense da
AIT.
PRIMEIRO DE MAIO
Em agosto de 1866 o Congresso Geral dos Trabalhadores, em Baltimore, aprova a
reivindicação da jornada de trabalho de 8hs.
No mesmo ano, em setembro, o Congresso da Associação Internacional dos
Trabalhadores, em Genebra, propôs oito horas de trabalho como limite legal da
jornada de trabalho.
Em 1º de maio de 1886, realizou-se uma manifestação de trabalhadores nas ruas
de Chicago, nos Estados Unidos. Essa manifestação tinha como finalidade
reivindicar a redução da jornada de trabalho para oito horas diárias e teve a
participação de milhares de pessoas. Nesse dia teve início uma greve geral nos
Estados Unidos.
No dia 20 de junho de 1889, a II Internacional dos Trabalhadores reunida em
Paris decidiu pela convocação anual de manifestações, com o objetivo de lutar
pelas oito horas de trabalho diário.
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Em 1º. de maio de 1891, uma manifestação no norte da França foi dispersada pela
polícia no que resultou na morte de dez manifestantes. Esse novo drama serve
para reforçar o dia como um dia de luta dos trabalhadores e meses depois a
Internacional dos Trabalhadores, em Bruxelas, proclamou essa data como dia
internacional de reivindicações de condições laborais.
Na data de 23 de abril de 1919, o senado francês ratificou a jornada diária de oito
horas e proclamou o dia 1º. de maio desse ano, feriado.
No ano de 1920, a União Soviética adotou o dia como feriado nacional e este
exemplo foi seguido por muitos outros países.

HISTÓRIA DO MOVIMENTO SINDICAL NO BRASIL


Até 1930: No Brasil, a atual forma de organização dos trabalhadores tem suas
raízes nas sociedades de cunho mutualista que eram compostas sobretudo por
artesãos, sendo estas as primeiras formas de organização e de resistência dos
trabalhadores brasileiros. Estas organizações já existiam no ano de 1888.
No ano de 1890 alguns trabalhadores socialistas fundaram no país, o Partido
Operário, procurando organizar a pequena classe trabalhadora urbana e fabril
para exercer organizadamente reivindicações que levassem à melhoria das
condições de trabalho e de vida.
A maior parte desses trabalhadores vieram para o Brasil para serem empregados
na indústria nascente em São Paulo. Trouxeram na “bagagem” não só a
especialização para o trabalho, mas também as experiências de organização e de
luta da classe trabalhadora na Europa.
Em 1906 os trabalhadores organizaram o I Congresso Operário no Brasil. Deste
Congresso foram tiradas várias resoluções, sendo que algumas delas extrapolavam
a esfera das relações de trabalho dentro das fábricas, abarcando questões
referentes à economia e à política nacional: eleições diretas em todos os postos
eletivos pelo sufrágio universal; determinação de um salário mínimo; jornada de
oito horas diárias; proibição de trabalho de crianças e de menores de doze anos e,
apropriação dos meios de produção por parte dos trabalhadores, como única
forma de libertação da classe operária. Foi fundada a Confederação Operária
Brasileira (COB).
A organização do operariado não passava pelas esferas econômicas e políticas
daquele momento, logo, rapidamente as classes dominantes trataram de se
organizar e colocar todo seu aparato repressor em funcionamento.
O governo brasileiro estabeleceu como crime todas as formas de manifestação
pública e organizada dos trabalhadores que colocavam em questão a “ordem”.
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Ainda ficou estabelecida a política de expulsão dos líderes dos trabalhadores que
fossem estrangeiros.
Em 1912 o governo patrocinou o Congresso Trabalhista que tinha como objetivo
fundar um partido político. Nesse congresso fundou-se a Confederação Brasileira
do Trabalho (partido).
Em contrapartida, foi realizado em 1913, um novo Congresso Operário Brasileiro,
que reafirmou as ideias anteriormente defendidas pelo anarcossindicalistas,
apontando para uma organização dos trabalhadores que fosse livre e que tivesse
no sindicato o principal agente organizador dos operários, deixando de lado
qualquer possibilidade de fundação de um partido com direção rígida e
hierárquica ao movimento.
O movimento operário no Brasil também sofreu as influências do que ocorria no
mundo. Uma delas foi a Primeira Guerra Mundial que trouxe prejuízos à
economia brasileira diminuindo o ritmo de crescimento do setor industrial, além
de elevar o custo de vida resultando em várias manifestações e greves.
Em 1917 teve início uma das mais famosas greves, ocorrida da fábrica têxtil Crespi,
uma das maiores unidades fabris de São Paulo, com mais de dois mil
trabalhadores. O movimento se espalhou para outros setores que também
entraram em greve e ganharam as ruas paralisando, por completo, a cidade.
A greve foi vitoriosa e no acordo foi estabelecido: aumento de 20% nos salários em
geral; a não dispensa dos grevistas; respeito ao direito de associação dos
funcionários; pagamento quinzenal; melhoria das condições econômicas e morais
dos trabalhadores. Em dezembro o governo publicou decreto que regulamentava
(pela primeira vez) o trabalho feminino e infantil, ficando proibida a exploração
do trabalho noturno desses.
Outra influência sobre o movimento operário brasileiro foi a Revolução Russa de
1917. Com a vitória dos comunistas na Rússia, os socialistas que compunham o
movimento operário brasileiro se fortaleceram e passaram a interferir mais
fortemente no movimento e, ao mesmo tempo, os anarquistas foram perdendo
espaço.
Em 1922 foi fundado o Partido Comunista do Brasil (PCB), que no movimento
operário passou a defender a ideia de construção da unidade sindical como melhor
instrumento de defesa dos interesses da classe trabalhadora. A partir daí cresceu o
prestígio dos comunistas e seu domínio no movimento sindical.
Entre 1920 e 1929, o movimento operário abarcava fundamentalmente três
correntes: 1- sindicalista de esquerda (anarquistas); 2- reformista de direita; e 3-
comunista.
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De 1930 a 1945: Em 1930, Júlio Prestes foi eleito presidente do Brasil em uma
disputa eleitoral duvidosa com Getúlio Vargas. Com apoio de vários setores da
política nacional, Vargas promoveu um levante armado e tomou o poder.
Já em 1930, Vargas criou o Ministério do Trabalho. Seu plano foi o de realizar
através do Estado leis de cunho trabalhista para os trabalhadores urbanos, sem
molestar a aristocracia agrária, passando a ideia de um Estado protetor da classe
trabalhadora.
A Lei de Sindicalização foi publicada em 1931. O decreto estabeleceu: vínculo e
reconhecimento do sindicato à aprovação do estatuto pelo Ministério do Trabalho;
facultativo “aos sindicatos” dos patrões e empregados e operários celebrarem
acordos entre si; proibição das organizações sindicais de se vincularem às
organizações internacionais, sem aprovação do Ministério do Trabalho e
estabelecimento que os sindicatos, as federações e as confederações deveriam
mandar anualmente um relatório para o Ministério do Trabalho.
Ficou estabelecido, de acordo com as novas leis, que os sindicatos deveriam ser
atrelados ao Estado, não tendo a menor possibilidade de autonomia.
Os trabalhadores resistiram a essas políticas que tolhiam a liberdade de
organização, realizando greves na cidade de São Paulo, colocando-se como força
contrária.
Em 1935 formou-se a Aliança Nacional Libertadora (ANL), composta por forças
políticas diversas, com o incentivo do PCB. Esta frente popular elegeu como
bandeira a luta contra o fascismo, o imperialismo e o latifúndio. A fundação da
ANL se deu ao mesmo tempo em que houve um enfraquecimento institucional do
sindicalismo oficialista.
Em 1937, Vargas deu um golpe de Estado, Estado novo, com o apoio dos militares,
estabelecendo uma política de maior intervencionismo na sociedade.
Os princípios da constituição de 1937, que regeram mais esta etapa do governo
Vargas, afetaram diretamente a estrutura sindical controlando ainda mais a classe
operária e incentivando o processo de acumulação do capital.
As políticas governamentais para os sindicatos levaram a um recrudescimento das
forças mais combativas, provocando um aumento das práticas pelegas nos
sindicatos: direções sindicais cooptadas pelo governo, deixando de ser
organizações de embates políticos.
Com toda a repressão militar e institucional que impediam as formas alternativas
de organização dos trabalhadores e, tornavam instrumentos de luta como a greve
um crime, se estabeleceu um momento difícil para a classe trabalhadora.
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De 1937 até 1942 foi um período de grande retração do movimento sindical,


amenizado pela entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial.
A partir da entrada do país na guerra, o PCB que dominava e dava as diretrizes do
movimento operário brasileiro, passou a apoiar Getúlio Vargas no combate ao
fascismo europeu, adotando uma política de união nacional, com a ideia de que a
nova fase do governo apontava para o fortalecimento e o crescimento da
economia.
De 1945 a 1964: Com o fim da guerra em 1945, tendo como vitoriosos os
Aliados, grupo ao qual o país pertencia, Getúlio Vargas acaba ficando em uma
posição muito difícil de ser justificada.
Nos últimos meses de seu governo, em 1945, Vargas estabeleceu uma política de
“abertura” com as organizações sindicais, o que possibilitou a volta de alguns
trabalhadores aos sindicatos e também permitiu que fossem realizadas eleições
para a direção em muitos deles, permitindo junto à expansão sindical o
crescimento do PCB.
Ainda neste ano, o Movimento Unitário dos Trabalhadores estava sob a direção do
PCB, que procurava organizar a classe trabalhadora e fazer contraponto ao
sindicalismo da CLT, ao mesmo tempo em que visava constituir uma lei
trabalhista e uma organização sindical que alcançasse os trabalhadores do campo.
Em dezembro de 1945 foi eleito o General Eurico Gaspar Dutra para presidente do
Brasil com o apoio de Getúlio Vargas.
Uma nova constituição foi promulgada em 1946, que entendia a greve como
instrumento legal de ação dos trabalhadores.
Com a organização dos trabalhadores nos sindicatos, o aumento das
manifestações populares e o crescimento do PCB, esse último, em represália, foi
colocado na ilegalidade em 1947.
Em 1950 Getúlio Vargas foi eleito presidente da República.
Os problemas sócio-econômicos da expansão do capital industrial no Brasil
acirraram as lutas dos trabalhadores que, organizados pelos sindicatos,
resolveram retomar as greves como forma de pressão ao governo e contra a
carestia que assolava a classe trabalhadora.
Não só as condições salariais faziam parte da pauta de reivindicações dos
trabalhadores nesse momento, como a campanha do “petróleo é nosso” era outra
bandeira dos trabalhadores, que resultou na criação da Petrobrás em 1954.
Getúlio Vargas, em agosto de 1954, se suicidou. Café Filho, Carlos Luz e Nereu
Ramos ocuparam a presidência até a posse de Juscelino Kubitschek.
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O governo de Juscelino, manteve o PCB na ilegalidade, permitiu uma maior


entrada de capital estrangeiro no país e a instalação de empresas automobilísticas
e de indústrias de base.
A instalação de novas fábricas significou a abertura de novas vagas de trabalho e
consequentemente a expansão do operariado, que em um primeiro momento
obtiveram pequenos ganhos salariais, o que permitiu aos membros do PTB
apresentarem-se como legítimo representante e porta-voz dos sindicatos e dos
trabalhadores urbanos.
Com o congelamento dos salários e a inflação em alta que corroía dia-a-dia os
ganhos dos trabalhadores, o descontentamento cresceu. Essa situação levou a
manifestações que acabaram em greves, várias delas ocorridas entre 1959 e 1960,
no final do governo Kubitschek.
O movimento operário começou então a entrar em um processo de reformulação,
aproveitando o clima de manifestações dos trabalhadores em prol de melhores
condições de vida e de trabalho. Nesse momento as intersindicais começaram a
ser criadas.
Em 1960 foi eleito Jânio Quadros para presidente pela UDN e João Goulart para
vice-presidente pelo PTB. Sete meses depois de empossado, Jânio renunciou ao
cargo e o vice assumiu a presidência.
No governo de Goulart foi fundado o Comando Geral dos Trabalhadores, além de
várias organizações de esquerda que surgiram e a direita política, então, começou
a articular o golpe.
Na noite de 31 de março para 1º de abril de 1964, os militares derrubaram o
governo João Goulart.

De 1964 a 1985: O golpe civil-militar de 1964 colocou às escuras os movimentos


sociais e os grevistas que tiveram grande atuação no período de 1959/1963. As
fortes repressões não permitiram que entre 1964 e 1977 houvesse praticamente
nenhuma greve ou outras formas quaisquer de manifestação.
Os trabalhadores enfrentaram, desde a instauração da ditadura civil-militar no
Brasil em 1964, uma forte repressão às organizações que lutavam contra as
políticas salariais que arrochavam o poder de compra e as condições de vida de
toda a classe.
O governo ditador procurou atacar as cúpulas dos sindicatos realizando
intervenções nas organizações, desmantelando as estruturas já construídas
anteriormente e impedindo qualquer tipo de articulação dos operários que
instituísse a formação de um grupo opositor organizado.
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Mesmo sob forte pressão, os trabalhadores se organizaram e realizaram em 1967 a


II Conferência Nacional de Dirigentes Sindicais, marcando posição contrária à
política de arrocho salarial e buscando construir junto aos operários as comissões
sindicais de trabalhadores.
A perseguição e repressão sobre os estudantes, sindicalistas, trabalhadores e
intelectuais, acentuou-se drasticamente com o Ato Institucional número 5 de
1968.
O AI-5 anulou o Estado de Direito no Brasil e firmou um governo de direita
autoritário. Assim, estavam institucionalizadas as práticas de repressão política
contra todos aqueles que pudessem ser enquadrados ou que se caracterizassem
minimamente como subversivos, como inimigos da ordem estabelecida.
A situação de perseguição de lideranças e de intervenção nas entidades por parte
do governo ditatorial continuou, mas sem eliminar totalmente o “germe” da
subversão que se manteve vivo e crescente até o final dos anos 70, quando as
manifestações ganharam as ruas e o interior das fábricas.
As greves começaram a ressurgir no ano de 1978, quando os trabalhadores
passaram a se manifestar e a exigir melhorias nos salários que possibilitassem a
melhoria de suas condições de vida e de trabalho.
Essas manifestações aconteceram e continuaram seguindo esta lógica durante
algum tempo nos momentos de negociação de salários, que passou a ser o
momento propício para o enfrentamento político, que também procuravam
abarcar outras questões além das salariais.
As manifestações dos trabalhadores que se avolumaram no final da década de 70
e que teve o ABC paulista como palco inicial, estavam ligadas não só à resistência
política contra a ditadura, mas também se contrapondo às investidas políticas-
econômicas do capital que arrochavam os salários e aumentavam a exploração do
trabalho.
No início de março de 1979 os trabalhadores do ABC entraram em greve: eram por
volta de cinquenta mil trabalhadores parados. A greve estendeu-se para o interior
e o governo a declarou ilegal; mesmo assim os trabalhadores mantiveram a
posição e conseguiram novas adesões ao movimento que em alguns dias
paralisaram mais de 170 mil trabalhadores.
A insubordinação dos sindicatos e o crescimento do movimento grevista, que
continuaram nos anos 80 do século XX, tiveram como grande elemento
aglutinador da classe trabalhadora a questão salarial. A inflação crescente
combinada ao baixo rendimento dos salários deterioravam as condições de vida
dos trabalhadores, que viam o seu poder de compra diminuído a cada mês.
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Ainda no regime civil-militar, foi criada em 1983 a Central Única dos


Trabalhadores para fazer frente às políticas de degradação das condições de vida
da classe trabalhadora.
Com o fim do Regime Militar e seguindo a onda neoliberal o país entra num novo
momento e o movimento sindical vai se apresentar em três grandes correntes: o
sindicalismo de resultados, o sindicalismo propositivo e o sindicalismo
combativo.
As Centrais Sindicais criadas antes do regime civil-militar:
1929 – Criação da primeira central de trabalhadores: Confederação Geral dos
Trabalhadores Brasileiros;
1945 – Confederação Geral dos Trabalhadores
1962 – Comando Geral dos Trabalhadores).
As Centrais Sindicais durante o regime civil-militar:
1981 – I Conclat - criação da Comissão Nacional Pró-Central Única dos
Trabalhadores;
1983 (agosto) - A CUT - Central Única dos Trabalhadores (CUT) é criada, mas há
um racha, com a saída de parte dos participantes do II Conclat, o embrião da CGT;
As Centrais Sindicais pós regime civil-militar:
1986  (abril) - é criada a Central Geral dos Trabalhadores (CGT);
1988 – CGT (central) se transforma em CGT - Confederação Geral dos
Trabalhadores (um grupo mantém a central, com a sigla CGTB);
1991  (março) - Força Sindical (nasce de dissidência da CGT-confederação);
1995 – Central Autônoma dos Trabalhadores – (sucessora do IPROS- Instituto de
Promoção Social, criado em 1981);
1997 – Social Democracia Brasileira (dissidência da força sindical);
2005 (junho) – Nova Central Sindical dos Trabalhadores (a partir das
confederações e dissidência da CAT, CGT e Força);
2006 (agosto) – CGTB se fundiu com a Central Brasileira dos Trabalhadores e
Empreendedores (CBTE), mas manteve a sigla CGTB;
2007 (julho) – UGT – União Geral dos Trabalhadores (fusão da CGT, CAT e
SDS);
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2007 (dezembro) - CTB - Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil


(dissidência da CUT).
2010 (junho) – CSP–CONLUTAS – Central Sindical e Popular
2015 (março) INTERSINDICAL – Central da Classe Trabalhadora

DEPARTAMENTO INTERSINDICAL DE ASSESSORIA PARLAMENTAR - 2015


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Nome da Índice representatividade (%) Influência Setores de Infl Relaçã


central e partidária. maior uênci o no
data de 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Preponder influência a no Govern
fundação ante/Ideol Cong o
ogia resso

Central Única 35,84 36,79 38,23 38,320 36,70 35,60 34,39 33,67 PT/esquerda. Metalúrgico, bancário, Alta Grande
dos % % Dividida entre a servidor público, rural,
Trabalhadores ideologia de educação
(CUT) - 8/1983 mercado e a
estatizante

Força Sindical 12,33 13,10 13,71 14,12 13,70 13,80 12,59 12,33 PDT/centro- Metalúrgico, Alta Grande
(FS) - 3/1991 % % esquerda. automotivo, construção
Ideologia civil e comerciário
francamente de
mercado

União Geral 6,29 7,19 7,19 7,89 11,30 11,20 11,92 11,67 PSD/Centro, Comerciário, Média ↑ Média ↑
dos % % defensora da terceirizados, Colônia
Trabalhadores economia de de pescadores e Asseio
(UGT) -7/2007* mercado e conservação

Central dos 5,09 6,12 7,55 7,77 9,20 9,20 9,33% 9,13% PCdoB/ Educação, metalurgia, Média ↑ Média ↑
Trabalhadores PSB.Esquerda rural, serviço público
e
Trabalhadoras
do Brasil (CTB)
- 12/2007

Nova Central 6,27 5,47 6,69 7,04 8,10 8,10 8,01% 7,84% Suprapartidária, Transporte, construção Média→ Média→
Sindical de sem uma e mobiliário, turismo e
Trabalhadores vinculação servidores públicos
(NCST) -6/2005 preponderante,
ideologicamente
de centro e
adepta de
economia de
mercado

Central Geral 5,02 5,02 5,04 7,02 - - - - Partido da Pátria Prestador de serviço Baixa Baixa
dos Livre (ex-MR
Trabalhadores 8 ). Centro-
do Brasil esquerda
(CGTB) -
08/2006**

Central dos PMDB, PDT e


 Profissionais Liberais 
Sindicatos
PSB. Centro Servidores Públicos
Brasileiros - - - - - - - 7,43% Média →  Média →
Estaduais
(CSB) Esquerda
Serviços
- 08/2008

*Fusão da CGT, SDS e CAT. A CGT, fundada em abril de 1986 como central, transformou-se em CGT- Confederação em 1988.
** CGT fica como central em 1988, como a sigla CGTB.
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