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Cidadão Boilesen

Gênero: documentário

Direção: Chaim Litewski

Data de Lançamento: 27 de Novembro de 2009

País: Brasil

Duração: 1 h 33m

Prêmios: Melhor filme no Festival É Tudo Verdade, 14 , 2009, São Paulo, SP.

Resumo do Filme

O objetivo da obra é mostrar o envolvimento de empresários com a ditadura militar,


especificamente, Henning Albert Boilesen, dinamarquês naturalizado brasileiro, que se
tornou presidente da Ultragaz. Boilesen esteve diretamente envolvido com o esquema
de repressão, tortura e assassinato de militantes de esquerda no fim dos anos 60 e início
da década de 70.

O filme mostra, por um lado, que Boilesen realizou ações sociais junto a crianças e
adolescentes e criou o Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE); por outro, que era
próximo a militares de alta patente e colaborou principalmente com a Operação
Bandeirantes (OBAN). Essa viria a ser modelo para o Doi-Codi, uma política municipal
surgida em São Paulo, cujo objetivo era o combate e extermínio de militantes de
esquerda. Não por acaso, São Paulo é o grande centro capitalista brasileiro, uma cidade
empresarial.

A justificativa utilizada pelos militares sobre a criação da OBAN é a de que o Exército


estava na defensiva por conta da luta armada e, que portanto, deveria fazer frente ao
terror que estava em curso no Estado de São Paulo. Esse argumento foi superestimado
pelos militares, que reivindicaram o apoio dos empresários. Os primeiros defendiam a
ideia de que os segundos perderiam caso o comunismo vencesse no Brasil. Vários
industriais, dentre eles Boilesen, se cotizaram para atender ao pedido dos militares.
Empresas do porte da já citada Ultragaz, da General Motors e da Andrade Gutierrez
participaram da caixinha criada para financiar a ditadura. Não foram as únicas, é claro.

O depoimento de Fernando Henrique Cardoso se contrapõe a ideia de que os militares


precisavam de apoio financeiro; de fato, os militares queriam apoio dos empresários
para um pacto político. No documentário há um interessante programa produzido pela
Agência Nacional, segundo o qual "as forças armadas foram chamadas, praticamente
intimadas, para restabelecer a ordem, livrando o país dos trapos vermelhos que o
sufocavam". Na verdade, mesmo com o recurso das armas, o comunismo no Brasil não
venceria. Em primeiro lugar, a capacidade bélica dos militantes de esquerda era
diminuta, em comparação com o poderio das Forças Armadas. Em segundo, para que
haja uma revolução como na Rússia ou em Cuba, é necessário um ambiente propício,
uma preparação da sociedade para tal. Os grupos de luta armada no Brasil não
conseguiram conquistar a consciência popular, tanto que grande parte da sociedade
condenava a luta armada - embora houvesse simpatias em relação a ela no campo
artístico, por exemplo.

Boilesen não só foi uma espécie de tesoureiro do sistema de repressão; ele também
assistia a sessões de tortura e chegou a trazer do exterior uma máquina que seria
utilizada pelos carrascos treinados pela ditadura, que ficou conhecida no Brasil como
"Pianola Boilesen". Com o tempo, tornou-se claro para os grupos de luta armada o
envolvimento direto do dinamarquês com o esquema de tortura montado pelos militares
- principalmente porque os presos políticos passaram a relatar esses fatos. Boilesen foi
assassinado por militantes da Aliança Nacional Libertadora (ANL) e do Movimento
Revolucionário Tiradentes (MRT). No vocabulário dos praticantes do luta armada, que
se consideravam "revolucionários" (e não "terroristas"), Boilesen foi alvo de um "ato de
justiçamento".

É necessário observar a importância deste documentário para a história do Brasil, visto


que grande parte da sociedade desconhece o envolvimento de empresários com a
ditadura militar, e por desconhecer, englobam a sociedade como um todo à ditadura,
tratando o golpe como civil-militar erroneamente. Boilesen fez parte do grupo da
sociedade que apoiou a ditadura, era um civil com interesses em comum com os
militares, e com peculiar participação, além da financeira.
O tema proposto foi bem desenvolvido e esclarecedor, conta com ajuda de depoimentos
de militares e militantes, entre outros, da época que falam de forma aberta sobre o
assunto.

Resenha filme “Cidadão Boilesen”

O documentário ‘Cidadão Boilesen’ investiga a história do empresário dinamarquês


radicado no Brasil, Henning Albert Boilesen. Ele, que foi presidente da Ultragás, foi
acusado por militantes da esquerda por financiar a Operação Bandeirantes no período da
ditadura e ensinar técnicas de tortura para militares.
O objetivo do filme é evidenciar o fato que o setor de direita, juntamente com
empresário, foram responsáveis por financiar o aparato político-militar. Para isso, utiliza
a figura emblemática de um dos mais influentes empresários da época que foi
assassinado por militantes do MRT e da Ação Libertadora Nacional, a ALN. O
empresário foi um dos primeiros grandes empresários brasileiros, possuindo no
currículo a participação da fundação do CIEE – Centro de Integração Empresa Escola,
além de ter sido presidente da Ultragás e do Rotary.
O documentário embarca na história de Boilesen, indo até a sua cidade natal para visitar
os arquivos escolares. O filme afirma que era uma pessoa marcada por ambiguidades e
um lado obscuro que acaba se destacando de suas outras características como de bom
empresário. O filme trás

depoimentos de psicólogos, amigos civis e militares conhecidos do empresário, o seu


filho mais velho e o cônsul americano do período militar. Além disso, o documentário
conta com depoimentos de figuras importantes, como o do ex-Presidente da República
Fernando Henrique Cardoso, o ex-governador de São Paulo Paulo Egídio Martins,
cardeal Dom Paulo Evaristo Arns e militantes e militares importantes do período.
Apesar de evidenciar múltiplos lados de Boilesen, a principal atitude que se ressalta
pelo ‘Cidadão Boilesen’ é o lado obscuro do empresário. Ele pode ser considerado o
“caixa” da operação OBAN, sendo responsável pelo arrecadamento de dinheiro para
manter as ações do DOI-CODI (Destacamento de Operações de Informações-
Coordenação de Defesa Interna). Além disso, o seu hábito do empresário de assistir as
sessões de tortura e intimidade dos agentes de segurança da OBAN, tendo até um
instrumento de tortura conhecia como Pianola Boilesen, em homenagem ao empresário
que trouxe a máquina de eletro-choque acionada por um teclado do exterior.
A escolha por executar o empresário, segundo militantes de esquerda, foi uma busca
pela justiça e até um exemplo para

empresário de direita por conta das atitudes do Boilesen.


Por mais que o filme ressalte todos os lados do empresário dinamarquês, é indubitável
que o lado agressivo dele se destaca. Além disso, o fato dos militares justificarem mais
uma vez que as torturas foram realizadas por uma questão de exaltação de militares de
baixo escalão, revolta os espectadores. Os depoimentos de militares que alguns ressalta
a constante presença do empresário no DOI-CODI, enquanto outros negam. Entretanto,
um instrumento de tortura com o nome do empresário deixa evidente a participação
direta do empresário.
Vale ressaltar também, que a tortura é discriminada socialmente, mesmo o governo do
período negue essas ações. Assim, há uma sensibilidade pelo esquerdista e, com isso,
acaba que a atitude de assassinar alguém que financiou e assistiu as torturas não causa
repúdio e é quase um alívio.
O grande ponto positivo do filme ‘Cidadão Boilesen’ é o fato de evidenciar a
participação de empresário, o que é um pouco esquecido e propagado por livros de
história e pela mídia. Com isso, mostra que as atitudes realizadas por militares tiveram
respaldo e ajuda de setores da sociedade.

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