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1 - Fundamento e conceito
2 - Evolução histórica
Dizem que, já que a base é legal, não deve ser dito poder de polícia administrativo.
Outros, que a expressão "poder de polícia" soa vindo de Estados autoritários, pelo que o
autor Carlos Sundfela, inclusive, sugere outro nome.
Há quem diga que há coisas que são de regulação e não de poder de polícia, mas o
Professor Aragão acha que a regulação engloba o poder de polícia.
4 - Objeto
6 - Competências federativas
O STF diz que competências envolvendo poder de império não podem ser
delegadas, pois haveriam assim imposições unilaterais de um particular para outro. Há, no
entanto, lis que prevêem delegações, a exemplo das certificações (algumas universidades
emitem certificados; a ABNT é particular, por exemplo). O STF considera que nem entidade
da administração indireta de regime privado pode exercer esse poder de polícia, mas os
concessionários podem, de certa maneira.
Há possibilidade de delegação, no entanto, dos atos preparatórios do poder de
polícia (anteriores), assim como dos atos executórios do poder de polícia (posteriores).
Em determinadas situações em que se faz necessário o exercício do poder de polícia
fiscalizatório, normalmente de caráter preventivo, o Poder Público atribui a pessoas
privadas, por meio de contrato, a operacionalização material da fiscalização através de
máquinas especiais, como ocorre, por exemplo, na triagem em aeroportos para detectar
eventual porte de objetos ilícitos ou proibidos. Aqui o Estado não se despe do poder de
polícia nem procede a qualquer delegação, mas apenas atribui ao executor a tarefa de
operacionalizar máquinas e equipamentos, sendo-lhe incabível, no entanto, instituir
qualquer tipo de restrição, pois sua atividade limita-se à constatação de fatos.
8 - Características
Quando tem a lei diante de si, a Administração pode levar em consideração a área
de atividade em que vai impor a restrição em favor do interesse público e, depois de
escolhê-la, o conteúdo e dimensão das limitações, momento no qual ela age no exercício
de seu poder discricionário. O inverso ocorre quando já está fixada a dimensão da
limitação, hipótese na qual a Administração terá de cingir-se a essa dimensão, não
podendo, sem alteração da norma restritiva, ampliá-la em detrimento dos indivíduos, sendo
a atuação caracterizada como vinculada.
A prerrogativa de praticar atos e colocá-los em imediata execução, sem
dependência à manifestação judicial, representa a auto-executoriedade. Impõem-se,
contudo, duas observações: a primeira consiste no fato de que há atos que não autorizam
a imediata execução pela Administração, como é o caso das multas, cuja cobrança só é
efetivamente concretizada pela ação própria na via judicial; a segunda é que a auto-
executoriedade não deve constituir objeto de abuso de poder, devendo compatibilizar-se
com o princípio do devido processo legal.
Além disso, a coercibilidade estampa o grau de imperatividade de que se
revestem os atos de polícia. Se a atividade correspondente a um poder, decorrente do ius
imperii estatal, há de ser desempenhada de forma a obrigar todos a observarem seus
comandos.
A atividade do Poder Público, no exercício do poder de polícia, autoriza-o a exigir do
interessado o pagamento de taxa, conforme o art. 145, II da CF, desde que a entidade
exerça efetivamente o poder de polícia (para que a cobrança da taxa seja legítima). Em
conseqüência, não é cabível a cobrança de tarifa, que se caracteriza como preço público e
que, diferentemente daquele tributo, tem natureza negocial ou contratual.
a) Ordens de polícia
O Poder Público estabelece essas determinações quando a vontade administrativa
se apresenta impositiva, de modo a gerar deveres e obrigações aos indivíduos, não
podendo estes se eximir de cumpri-los.
A ordem de polícia deve ter base legal, específica ou constitucional. A limitação do
nepotismo, por exemplo, foi feita sem base legal, de acordo com a CF e declarada
constitucional.
Algumas limitações feitas pelo Judiciário poderiam ser feitas administrativamente,
como as limitações eleitorais, de crianças entrarem no cinema, etc.
As ordens de polícia podem consistir em vedação absoluta da atividade, em
uma proibição salvo consentimento prévio da administração (ex: licença para
construir) ou em imposição de limites à atividades, que serão fiscalizadas pela
Administração.
b) Consentimentos de polícia
Os consentimentos representam a resposta positiva da Administração Pública aos
pedidos formulados por indivíduos interessados em exercer determinada atividade que
dependa do referido consentimento para ser considerada legítima. Aqui a Polícia
Administrativa resulta da verificação que fazem os órgãos competentes sobre a existência
ou inexistência de normas restritivas e condicionadas, relativas à atividade pretendida pelo
administrado.
O particular só exerce se a Administração autorizar: ou por licença, se o
consentimento for ato vinculado; ou por autorização, se o consentimento for
discricionário. Ambos se materializam num alvará. Nada diz o que deve ser discricionário e
o que deve ser vinculado. Várias leis dizem que autorizações são vinculadas.
CF, art. 170 - parágrafo único - É assegurado a todos o livre exercício de qualquer
atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos
casos previstos em lei.
c) Fiscalização de polícia
A fiscalização apresenta duplo aspecto: um preventivo, através do qual os agentes
da Administração procuram impedir um dano social, e um repressivo que, em face da
transgressão da norma de polícia, redunda na aplicação de uma sanção. A faculdade
repressiva, no entanto, está sujeita a limites jurídicos.
As atividades, aqui, são meramente comunicáveis. A fiscalização controla a
adequação da atividade. Surge aí, a figura do registro.
d) Sanções de polícia
Sanção administrativa é o ato punitivo que o ordenamento jurídico prevê como
resultado de uma infração administrativo, suscetível de ser aplicada por órgãos da
Administração. Se a sanção resulta do exercício do poder de polícia, qualificar-se-á como
sanção de polícia.
Em sua aplicação, deve ser observado o princípio da legalidade, já que somente a
lei pode instituir tais sanções com a indicação das condutas que possam constituir infrações
administrativas. Atos administrativos servem apenas como meio de possibilitar a execução
da norma legal sancionatória, mas não podem, por si mesmos, dar origem a apenações.
Modernamente, tem se feito a distinção entre sanções de polícia, que espelham
uma punição efetivamente aplicada à pessoa que houver infringido a norma administrativa,
e medidas de polícia, providências administrativas que, embora não representando punição
direta, decorrem do cometimento de infração ou do risco em que esta seja praticada. Em
algumas circunstâncias, a mesma conduta administrativa pode caracterizar como uma ou
outra modalidade, sempre considerando o que a lei tiver previsto para enfrentar a referida
situação.
As sanções devem ser aplicadas em observância ao devido processo legal, para que
se observe o princípio da garantia de defesa dos acusados, inscritos no art. 5o, LIV e LV
da CF, sob pena de contaminar o ato com vício de legalidade.
Na esfera da administração Pública federal, direta ou indireta, a ação punitiva,
quando se tratar do exercício do poder de polícia, prescreve em cinco anos, de acordo com
o art. 1o da Lei 9873/99. O art. 2o do referido diploma traz as hipóteses de interrupção
da prescrição.
II - INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE
1 - Evolução histórica
2 - O direito à propriedade
3 - Sentido
4 - Competência
5 - Fundamentos
6 - Modalidades
Por serem bastante diversificados os fins colimados pelo Poder Público para
assegurar a harmonia social e a ordem jurídica, diversas também serão as formas de
intervenção do Estado na propriedade. Podem ser admitidas, didaticamente, duas formas
de intervenção, considerando a natureza e os efeitos desta em relação à propriedade: a
intervenção restritiva, em que o Estado impõe restrições e condicionamentos ao uso da
propriedade sem, no entanto, retirá-la de seu dono, devendo este subordinar-se às
imposições emanadas pelo Poder Público (modalidades: servidão administrativas,
requisição, ocupação temporária, limitações administrativas e tombamento); e a
intervenção supressiva, na qual o Estado, valendo-se da supremacia que possui em
relação aos indivíduos, transfere coercitivamente para si a propriedade das mãos de seu
antigo titular (modalidade: desapropriação).
7 - Limitações administrativas
8 - Servidão administrativa
1 O direito real incide sobre o próprio bem, enquanto o direito pessoal incide em relação a alguém. O direito real
tem seqüela, pois o direito se vincula ao bem, onde quer que ele esteja. É por isso que existe o Registro de
Imóveis.
2 A servidão de direito privado é regulada pelos arts. 1378 a 1389 do CC.
Registro de Imóveis para produzir efeitos erga omnes, de acordo com o art. 167, I, item
no 6, da lei 6015/73 (lei de registros públicos).
Enquanto a limitação é pessoal, a servidão é real; não é geral, mas específica;
onera diretamente o imóvel particular, e não define conteúdo dos direitos; não tem três
tipos de obrigação, mas a obrigação principal de suportar que se faça. Em relação à
desapropriação, não ocasiona a perda da propriedade, pois trata-se de supressão parcial.
A servidão administrativa não é legalizada como a limitação. Como diz respeito à
bens específicos, é instituída por atos administrativos. Carvalhinho não considera legítima a
instituição de servidões administrativas através de lei, como o fazem alguns autores, pois
elas são instituídas sobre propriedades determinadas, o que não ocorre com a lei, que
estabelece uma limitação genérica à propriedade.
O Dec-lei 3365/41 é a chamada lei de desapropriação. Em seu art. 40, dispõe
que se aplica a servidão no que se aplica a esse decreto. Só depois da fixação da
indenização há desapropriação ou instituição da servidão. Deve ser feito um decreto
expropriatório que se transforma num processo judicial para determinar o valor da
indenização. Pode haver uma liminar para instituição da servidão antes de findo o processo.
Aplica-se aqui o princípio da hierarquia federativa, pelo qual um ente menor
não pode instituir servidão sobre imóvel de um ente maior; a recíproca, entretanto, não é
verdadeira, mas é necessário que haja autorização legislativa, como determina o art. 2o, §
2o do DL 3365.
Há duas formas de instituição de servidões administrativas. A primeira delas decorre
do acordo entre o proprietário e o Poder Público. Depois de declarar a necessidade
pública de instituir a servidão, o Estado consegue o assentimento do proprietário para usar
a propriedade deste com o fim já especificado no decreto do Chefe do Executivo, no qual
foi declarada a referida necessidade. As partes devem então celebrar um acordo formal por
escritura pública, para fins de subseqüente registro do direito real. A segunda forma é
através de sentença judicial da ação promovida pelo Poder Público contra o proprietário,
tendo demonstrado ao juiz a existência do documento específico, como consta no art. 40
do DL 3365/41.
Pode ocorrer a hipótese em que a Administração deixou de proceder à expedição do
decreto e ao ajuizamento da ação com oferta do preço, o que indica que o uso da
propriedade se deu manu militari, situação que se assemelha à da desapropriação indireta.
Nesse caso, idêntica deve ser a solução: sendo fato consumado a instalação da servidão,
cabe ao proprietário pleitear judicialmente indenização com vistas à eventual reparação de
seus prejuízos.
A servidão administrativa é, em princípio, permanente, mas poderão ocorrer alguns
fatos supervenientes que acarretam a extinção da servidão, os quais podem ser agrupados
em três categorias: 1a) com o desaparecimento do bem gravado, desaparece o próprio
objeto da servidão, e esta se extingue naturalmente; 2 a) se o bem gravado foi incorporado
ao patrimônio da pessoa em favor da qual foi instituída, desaparecendo a relação bilateral
que caracteriza o instituto, já que ninguém pode impor servidão sobre seus próprios bens;
3a) quando não há o interesse público no uso do bem do terceiro, extingue-se a servidão,
pois desaparece o suporte jurídico para a prossecução do direito real, ficando este sem
objeto.
A indenização é condicionada ao fato de o direito real causar prejuízo, cabendo ao
proprietário prová-lo, de acordo com o art. 10, parágrafo único, do DL 3365/41. A
prescrição da pretensão indenizatória é de 5 anos.
9 - Requisição Administrativa
A requisição administrativa é a modalidade de intervenção estatal através da
qual o Estado utiliza bens móveis, imóveis e serviços particulares em situação de perigo
público iminente, ou seja, aquele que coloca em risco não somente a coletividade, mas
também que esteja prestes a se consumar ou a expandir-se de forma irremediável se
alguma medida não for adotada.
A requisição administrativa tem previsão constitucional no art. 5o, XXV da CF, que
talvez seja a forma mais forte de intervenção estatal na propriedade. Além disso, somente
a União Federal tem competência para legislar sobre requisições militares, como preceitua
o art. 22, II, da CF. As autoridades das demais pessoas políticas podem, todavia, praticar
atos de requisição, desde que presentes os requisitos constitucionais e legais. Há formas
tão específicas de intervenção que algumas só existem em lei, não havendo doutrina sobre
elas, como ocorre com algumas figuras do município do Rio de Janeiro. O DL 4812/46
disciplina o poder de requisição civil e militar. Outros diplomas legais que prevêem esse
instituto são a lei delegada 4/62 e o DL 2/66, ambos voltados para a intervenção no
domínio econômico, além do art. 1228 do CC. A CF prevê requisições administrativas civis
ou militares (Decreto-lei 4412/42).
A requisição é utilizada nos casos de necessidade pública. O estado de
necessidade é como uma legítima defesa: há dois bens em risco e você deve colocar um
em risco para beneficiar o outro. É um excludente de ilicitude. O estado de necessidade
pública ocorre quando o interesse da coletividade está em risco e a administração solicita a
um particular bens móveis, imóveis ou serviços. É, por definição, temporária, uma vez
que sua extinção se dará tão logo desapareça a situação de perigo público iminente. Além
disso, por ser por estado de necessidade, a indenização vem posteriormente, o que o
diferencia da desapropriação, em que a indenização é prévia. A requisição se assemelha à
desapropriação quando tem por objeto bens fungíveis (se requisito feijão, as pessoas o
comem).
A indenização aqui é condicionada aos danos que a atividade estatal tenha causado
ao proprietário, cabendo a este o ônus de prová-lo, aplicando-se o art. 10, parágrafo
único, do DL 3365/41.
Exemplos clássicos de requisição são a requisição feita por um policial de um carro
qualquer na rua para uma perseguição, ou a requisição de um ginásio para abrigar
atingidos por uma enchente. Outro exemplo é a requisição de gêneros alimentícios,
prevista pela lei delegada 04/64, a qual foi aplicada no governo Sarney, em que os
preços foram congelados e os vendedores tentaram embargar para aumentá-los.
O ato administrativo que formaliza a requisição é auto-executório e não depende
de qualquer decisão do Judiciário pois, verificada a situação de perigo público iminente, ela
pode ser de imediato decretada. Sob esse aspecto da necessidade da situação de perigo
público iminente como pressuposto do instituto, o ato de requisição é vinculado, podendo
ter sua legalidade examinada pelo Judiciário. Contudo, essa situação só pode ser avaliada
pelo administrador por meio de valoração de caráter eminentemente administrativo.
10 - Ocupação temporária
11 - Tombamento