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DIREITO ADMINISTRATIVO 1

TESTE 2 – RESOLUÇÃO DE EXERCICIOS


05/01/2021

– Distinga:
Gestão pública de gestão privada da AP
A AP atua, normalmente, segundo o direito publico (gestão publica), mas, por vezes,
utiliza o direito privado (gestão privado) sem, contudo, perder de vista os seus
objetivos, no sentido da prossecução do interesse pública.
Ora, a gestão publica trata se da atividade publica da AP desenvolvida sob a égide do
direito adm, direito publico. A entidade publica intervém c prerrogativas de
autoridade, c ius imperium.
Por sua vez, gestão privada é a atividade da AP q desenvolve sempre para fins do
interesse publico, utilizando (ao abrigo) o direito privado. Neste caso, a AP intervém
despida do manto de soberania, em posição de igualdade relativamente aos
particulares.
Os litígios no âmbito da gestão publico encontram se sujeitos á jurisdição dos tribunais
administrativos, ao passo que na gestão privada, os litígios encontram se sujeitos á
jurisdição dos tribunais comuns.

Substituição de suplência de delegação de assinatura


Não pode confundir-se a delegação de poderes com a suplência, prevista no ART42 N1
CPA. Deste modo, nos casos de ausência, falta ou impedimento do titular do órgão ou
do agente, cabe ao suplente designado por lei, agir no exercício da competência desse
órgão ou agente.
Por sua vez, a substituição, prevista no ART43 CPA, indica que: nos casos em que a lei
habilita um órgão a suceder, temporária ou pontualmente, no exercício da
competência que normalmente pertence a outro órgão, o órgão substituto exerce
como competência própria e exclusiva os poderes do órgão substituído, suspendendo-
se a aplicação da norma atributiva da competência deste último.
Na delegação de assinatura é permitido que um funcionário ou subalterno assine
correspondência em nome de um órgão, pelo que não há, administrativamente
falando, uma verdadeira delegação de poderes, já que quem toma as decisões é o
superior hierárquico, cabendo ao subalterno assinar a correspondência.
Associação de fundação
As associações são formadas por um grupo de pessoas, os seus membros, a quem
dizem respeito os interesses a prosseguir, as quais são chamadas a contribuir,
diretamente ou através de órgãos por elas eleitos, para a formação da vontade do
ente, c vista a gerir o seu património e a realizar os fins públicos para os quais se
constituíram. O elemento pessoal é, neste caso, fundamental- é o caso das autarquias
locais e das ordens profissionais.
No que toca as fundações, temos um conjunto de bens patrimoniais afetos á satisfação
de uma necessidade coletiva, que são geridos por pessoas alheias as que se encontram
interessadas na realização dos fins da fundação. O elemento patrimonial é, aqui,
fundamental- como é o caso dos serviços sociais das universidades.

Reserva de lei de preferência de lei


Preferência de lei- tudo o que não é legalmente proibido, é permitido. (atividade
prestativa)
Reserva de lei- tudo que não é lealmente permitido, é proibido. (atividade agressiva)

Convocatória de ata de reunião


A convocação é a notificação feita a todos os membros acerca da reunião a realizar,
marcação, local e ordem do dia (assuntos sobre os quais se vai deliberar)
As reuniões são os encontros solenes e formais dos membros do órgão colegial para
deliberarem sobre matérias da sua competência. As reuniões podem ser ordinárias ou
extraordinárias -ART23 24 CPA
Uma ata de reunião, ou simplesmente ata, é um registro dos eventos importantes que
ocorreram em uma reunião deliberativa.

•Discricionariedade de vinculação
P168
“A regulamentação da atividade adm umas vezes é precisa, outras vezes é imprecisa”
Quando atribui competência a um órgão adm, o legislador pode optar pela vinculação
ou pela discricionariedade – duas formas típicas pelas quais a lei modela a atividade da
AP.
Na vinculação, o legislador refere a par e passo qual a atuação do órgão que exerce a
competência, adequando o seu comportamento á lei, pelo que a atuação do agente
adm se encontra completamente regulada.
Já na discricionariedade, o legislador confere aos órgãos adm uma certa margem de
manobra, isto é, uma margem de liberdade de atuação. Neste caso, é dada ao órgão a
possibilidade de escolher, de entre uma serie limitada ou ilimitada de
comportamentos, aquele que lhe pareça o mais adequado, oportuno e conveniente á
satisfação da necessidade publica especifica prevista na lei.

Descentralização de desconcentração
A desconcentração administrativa diz respeito á organização interna de uma pessoa
coletiva, tratando-se de um esquema de organização das pessoas coletivas públicas. A
desconcentração tem como base a organização vertical das competências,
distribuindo-as pelos diversos níveis da cadeira hierárquica. Ora, mais concretamente,
a desconcentração adm consiste na distribuição vertical das competências decisórias
entre os diversos graus da hierarquia. Por isso, as competências decisórias podem ser
atribuídas a órgãos intermédios ou periféricos da escala hierárquica.
Administrativamente, descentralizar significa criar novas pessoas coletivas. É
centralizado o sistema em que todas as atribuições são confiadas, por lei, a uma única
pessoa coletiva, o estado-administração, não existindo, portanto, quaisquer outras
pessoas coletivas publicas incumbidas do exercício da função administrativa. É
descentralizado o sistema em que a função administrativa se encontra confiada não
apenas ao estado, mas também a outras pessoas coletivas territoriais, como, por
exemplo, as autarquias locais.
Há descentralização quando os órgãos das autarquias locais são livremente eleitos
pelas respetivas populações, quando a lei os considera independestes em termos de
atribuições e competências e quando estiverem sujeitos a formas atenuadas de tutela
adm, em regra, restritas ao controlo da legalidade.

• Tutela de poder hierárquico de superintendência


1-Poder hierárquico
2-Superintendencia
3-Tutela
A tutela é o corretivo da descentralização. Trata-se do conjunto de poderes de
intervenção de uma pessoa coletiva publica na gestão de outra pessoa coletiva, a fim
de assegurar a legalidade e ou mérito da sua atuação. A tutela corresponde, no
essencial, a um poder de controlo da atividade da pessoa coletiva a ela sujeita.
A tutela pressupõe a existência de duas pessoas coletivas: a tutelar e a tutelada.
A hierarquia e consequentemente o poder hierárquico existem no âmbito das
atividades administrativas e compreende a prerrogativa que tem a Administração para
coordenar, controlar, ordenar e corrigir as atividades administrativas dos órgãos e
agentes no seu âmbito interno.
Não há hierarquia entre os Poderes do Estado (não há hierarquia entre Legislativo,
Executivo e Judiciário), há distribuição de competências.

Pela hierarquia é imposta ao subalterno a estrita obediência das ordens e instruções


legais superiores, além de se definir a responsabilidade de cada um.

Do poder hierárquico são decorrentes certas faculdades implícitas ao superior, tais


como dar ordens e fiscalizar o seu cumprimento, delegar e avocar atribuições e rever
atos dos inferiores.

“Poder hierárquico é o de que dispõe o Executivo para distribuir e escalonar as


funções de seus órgãos, ordenar e rever a atuação de seus agentes estabelecendo a
relação de subordinação entre os servidores de seu quadro de pessoal”.

P166

A superintendência, prevista no art199 CRP, trata-se do poder conferido ao estado ou


a outra pessoa coletiva de fins múltiplos, no sentido de definir os objetivos e guiar a
atuação das pessoas coletivas publicas de fins específicos colocados por lei na sua
dependência. É o poder de definir a orientação da atividade a desenvolver.

Traduz se na possibilidade de fixar diretivas, ou seja, orientações quanto ao modo de


prossecução das atribuições de outra pessoa coletiva, colocada por lei na sua
dependência.

A relação jurídica da superintendência só pode constituir se entre uma pessoa coletiva


e outra que integre a adm publica indireta, já n sobre a adm autónoma. A adm indireta
tem por função prosseguir o interesse publico, que era atribuição originaria do ente
que exerce a tutela, enquanto a adm autónoma visa satisfazer as necessidades da
coletividade que representa, não cabendo, por isso, ao estado orienta la nessa tarefa.

A superintendência é mais intensa do que a tutela (controlo), pois permite a


orientação, mas é menos intensa do que o poder hierárquico (que prossupõe o poder
de direção- dar ordens ou instruções- e o correspondente dever de obediência), pois
na sua superintendência apenas se emitem diretivas e recomendações.

A superintendência não se presume. Os poderes que ela consubstancia são aqueles


que a lei conferir (e mais nenhum).

Pessoa coletiva de órgão

A atividade adm é desenvolvida por inúmeras pessoas coletivas. ART2 N4 CPA.


As pessoas coletivas são organismos sociais dotados de personalidade jurídica e
constituídos para realizar interesses comuns ou coletivos, que podem ser de direito
público ou de direito privado.
As pessoas coletivas são dirigidas por órgãos, que tomam decisões em nome da pessoa
coletiva ou manifestam a vontade imputável á pessoa coletiva. Por definição, os órgãos
são centros institucionalizados de poderes funcionais a exercer pelos indivíduos, c o
objetivo de expressar a vontade juridicamente imputável á pessoa coletiva – ART20
CPA

Administração direta de administração indireta de administração autónoma


- adm direta do estado: baseada no poder hierárquico, e constituída pelo governo e
órgãos dele dependentes
- adm indireta do estado: baseado na superintendência (o estado define as orientações
gerais de política adm a seguir, controlando se se encontram a ser seguidas) e na
tutela
- adm autónoma: baseado na tutela, e na qual se distingue a descentralização de base
territorial (autarquias locais) e a descentralização de base institucional ou associativa.

• Delegação de poder de avocação


Por vezes, a lei, atribuindo a um órgão a competência normal para a prática de
determinados atos, permite que esse órgão delegue noutro uma parte dessa
competência.
Delegação de poderes é o fenómeno de partilha do exercício de determinada
competência entre 2 órgãos. Realiza se por ato adm e tem de estar autorizado por lei.
A delegação de poderes é uma exceção, permitida por lei, á regra da irrenunciabilidade
e inalienabilidade da competência. ART44 CPA
Requisitos da delegação de poderes:
- Existir lei de habilitação ART36 e 44 CPA
- 2 órgãos (delegante e delegado)
- Ato de delegação ART47 CPA
- Publicação no DR ou boletim autárquico
Avocação, em Direito, significa o ato de atrair para si alguma competência.
A avocação é igualmente uma forma de transferência do exercício de competência.
Entretanto, ao contrário do que ocorre na delegação, a avocação é uma transferência
que se processa no sentido baixo-cima. A atividade que deveria ser exercida por um
órgão de hierarquia inferior é, em razão da avocação, exercida por um órgão
hierarquicamente superior por decisão desse último. Na avocação, a autoridade
superior decide agir em lugar de outra; na delegação, a autoridade decide que outra
aja em seu lugar.
Vicio de incompetência absoluta de vicio de incompetência relativa
A falta de incumprimento dos requisitos da delegação de poderes faz com que a
delegação seja ineficaz, logo, o órgão delegado é incompetente e se praticar atos no
âmbito da delegação de poderes, tais atos padecem do vicio da incompetência
- ART47 N2 e 159 CPA.
A incompetência pode ser relativa ou absoluta. A relativa advém da violação de
competências, pressupondo-se que os dois órgãos pertencem á mesma pessoa
coletiva, e gera anulabilidade. A absoluta, advém da violação de atribuições,
pressupondo-se que os órgãos pertencem a pessoas coletivas diferentes, o que gera,
portanto, a nulidade -ART161 N2B CPA
Incompetência absoluta (quando um órgão da Administração pratica um ato fora das
atribuições da pessoa coletiva a que pertence) – 161º/2, b) CPA;
Incompetência relativa (quando um órgão de uma pessoa coletiva pública pratica um
ato que está fora da sua competência, mas que pertence à competência de outro
órgão da mesma pessoa coletiva);

Desvio de poder de vicio de usurpação de poderes


A usurpação de poderes verifica-se quando se viola o princípio da separação de
poderes, o que gera a nulidade- ART161 N2 CPA
Desvio de poder: este vício existe sempre que a Administração Pública em vez de
seguir certo fim, que é o legal, segue fim diferente, fim esse que não estará dentro da
esfera de legalidade.
Há desvio de poder apenas quando o motivo principalmente determinante de um ato
administrativo não visa a prossecução do fim legal. O desvio de poder pode assumir
duas formas: o desvio de poder por motivo de interesse privado (ocorre quando o
motivo principalmente determinante visa a prossecução de um interesse privado,
material ou imaterial, do titular do órgão emissor do ato ou de outrem) e o desvio de
poder por motivo de interesse público (ocorre quando o motivo principalmente
determinante visa a prossecução de um fim que, apesar de não ser o fim legal, é ainda
de interesse publico).
O legislador atribui poderes discricionários para que a administração prossiga, o
melhor possível, o interesse público perante os casos concretos. Incorre-se em desvio
do poder ou do fim quando a administração usa os poderes que recebeu com uma
finalidade diversa daquela que era a ideia do legislador quando os atribuiu, praticando
o ato em violação do elemento vinculado fim. O critério prático para a determinação
no fim do ato administrativo é o do motivo principalmente determinante.
O desvio de poder pressupõe, portanto, uma discrepância entre o fim legal e o fim
real, aquele que foi efetivamente prosseguido pelo órgão administrativo.
• Atribuição de competência
P160
As pessoas coletivas existem para prosseguir determinados fins, que se dominam por
atribuições. Para a prossecução desses fins, as pessoas coletivas publicas necessitam
de órgãos, que detém as denominadas competências. ART 36 SS CPA
A atribuição é o fim da pessoa coletiva, sendo definida por lei e sendo de prossecução
obrigatória. As atribuições são, por conseguinte, os fins ou interesses que a lei
incumbe as pessoas coletivas de prosseguir.
Por seu turno, as competências tratam-se dos poderes-deveres ou poderes funcionais
conferidos por lei aos órgãos, tendo em vista a prossecução das atribuições das
pessoas coletivas publicas-
Na prática, qualquer órgão da AP, ao agir, encontra-se duplamente limitado: por um
lado, encontra-se limitado pela sua própria competência, não podendo invadir a esfera
de competência dos outros órgãos da mesma pessoa coletiva, por outro lado,
encontra-se também limitado pelas atribuições da pessoa coletiva em cujo nome atua,
não podendo, por ex, praticar quaisquer atos sobre matéria estranha ás atribuições da
pessoa coletiva a que pertence.

Recurso hierárquico de recurso adm especiais


Não é importante saber isto
O recurso administrativo especial segue a mesma tramitação do recurso hierárquico,
podendo ser de 2 tipos, conforme o art.º 199.º do CPA 
 A principal diferença é que no recurso hierárquico temos efetivamente uma relação
de hierarquia, com todas as características que estudamos; mas, no recurso
administrativo especial, não temos isso - daí os tipos serem o recurso hierárquico
impróprio, pq n há hierarquia, e o recurso tutelar, pq há tutela.

Competência própria de competência delegada


Competência própria: quando a titularidade da competência pertence a um
determinado órgão.
Competência delegada: quando o órgão adm exerce a competência de outro órgão
cujo exercício lhe foi permitido/autorizado.

• Competência absolutamente exclusiva de competência relativamente exclusiva


Competência própria/exclusiva: quando a lei confere a competência a um órgão e só
esse órgão a pode exercer. Pode ser relativamente exclusiva, quando só esse órgão
pode exercer a competência, mas o superior hierárquico, ainda assim, pode anular,
revogar ou suspender os atos adm praticados. A competência pode ainda ser
absolutamente exclusiva, quando só esse órgão a pode exercer, sendo que o superior
hierárquico nada pode fazer, a não ser ordenar ao subalterno que revogue, modifique
ou suspenda o ato adm.

• Competência conjunta de competência exclusiva


Quanto ao número de órgão a competência pode ser singular, quando pertence a um
único órgão e só esse órgão a pode exercer; conjunta, quando pertence a dois ou mais
órgãos; simultânea ou alternativa, quando a competência pertence a 2 ou mais órgãos,
bastando apenas que um ou alguns a exerçam, para que se considere bem exercida e
valido o ato em causa.

Conflito de atribuições de conflito competências (e modo de os resolver)


P163
ART 51 e 52
Um conflito de atribuições trata-se de um conflito entre órgãos de pessoas coletivas de
pessoas diferentes ou entre órgãos de diferentes ministérios.
Um conflito de competências trata-se de um conflito entre órgãos da mesma pessoa
coletiva ou do mesmo ministério.
Os conflitos podem ser negativos (2 ou mais órgãos consideram q lhes falta a
competência para decidir sobre um dado caso em concreto, quando, na realidade, um
deles é competente) ou positivos (2 ou mais órgãos reclamam para si o exercício da
mesma competência, mas apenas um deles é competente)

• Relação orgânica de relação de serviço


A relação de serviço é a que nasce de um ato jurídico em virtude do qual o agente deve
prestar uma atividade com carater continuado. Desta posição face á AP, ambos tem
direitos e deveres, sendo que esses mesmos direitos e deveres constituem o estatuto
do agente, ou seja, é a relação de serviço que se estabelece entre a AP e o seu agente
e é constituída por um conjunto de direitos e deveres recíprocos.
Por seu turno, na relação orgânica verifica-se que, o individuo, uma vez designado, tem
que tomar posse. Apos a tomada de posso, passa a ser membro/titular desse órgão. A
relação orgânica é, portanto, a que o agente estabelece c terceiros, ou seja, com
outros sujeitos de direito. Ora, na relação orgânica, o individuo não existe como
individuo, mas como titular do órgão. O individuo não manifesta a sua vontade, mas
sim a vontade do órgão. O individuo é apenas um simples elemento (peça) de uma
máquina (pessoa coletiva publica). Quando atua fce a um particular, o agente exerce a
relação orgânica.

Recurso hierárquico necessário vs facultativo


As reclamações e os recursos são necessários ou facultativos, conforme dependa, ou
não, da sua previa utilização a possibilidade de acesso aos meios contenciosos de
impugnação ou condenação á pratica de ato devido- N1 ART185 CPA. Tem carater
facultativo salvo se a lei os denominar como necessários – N2 ART185 CPA
Necessário: obriga o particular a ir direto a tribunal – obrigatórios, relativamente a
uma eventual fase judicial, posterior)
Facultativo (regra): o particular pode ir primeiro á adm

• Reclamação de recurso hierárquico

O recurso hierárquico consiste num modo de impugnação administrativa por via do


qual os interessados solicitam, junto de um órgão da Administração Pública, a
revogação, anulação, modificação ou substituição de um ato administrativo ou, em
alternativa e sendo caso disso, reagem contra a omissão ilegal de atos administrativos
em incumprimento do dever de decisão solicitando a emissão do ato pretendido.

O recurso hierárquico distingue-se dos restantes meios de impugnação administrativa


por ser o único meio de impugnação que deve ser dirigido ao mais elevado superior
hierárquico do autor do ato ou, se for caso disso, do superior hierárquico daquele que
alegadamente incumpriu o dever de decisão, pelo que a sua admissibilidade depende
da existência de uma relação de hierarquia entre o autor do ato ou da omissão ilegal e
o órgão a quem se pede a nova apreciação da situação jurídica.

Este meio de impugnação administrativa deve ser deduzido por meio de requerimento
(a apresentar ao autor do ato ou da omissão ou à autoridade a quem esteja dirigido
que, neste caso, o remete ao primeiro no prazo de 3 dias), no qual o interessado deve
expor os fundamentos que invoca, podendo juntar os elementos probatórios que
considere convenientes

Contudo, de referir que perde a faculdade de recorrer aquele que, sem reserva, tenha
aceitado, expressa ou tacitamente, um ato administrativo depois de praticado.
Quanto a prazos, o recurso hierárquico contra a omissão alegadamente ilegal de ato
administrativo pode ser apresentado no prazo de um ano, o qual é contado da data do
incumprimento do dever de decisão, e o recurso hierárquico de ato expresso pode ser
apresentado no prazo de 30 dias, no caso de recurso hierárquico necessário, e no
prazo de impugnação contenciosa do ato em causa, no caso de recurso hierárquico
facultativo.

Em qualquer dos casos, o prazo para a interposição dos recursos hierárquicos é


contado da data da notificação do ato, mesmo quando este tenha sido objeto de
publicação obrigatória.

Finalmente, salvo se a lei estipular prazo diferente, o prazo para o órgão competente
apreciar e decidir o recurso hierárquico é de 30 dias, o qual pode ser elevado até 90
dias quando haja lugar à realização de nova instrução ou de diligências
complementares.

O regime geral deste meio de impugnação administrativa vem regulado nos artigos
184.º a 190.º do Código do Procedimento Administrativo, enquanto as normas que
especificamente regulam o recurso hierárquico constam dos artigos 193.º a 198.º do
mesmo Código

A reclamação consiste num modo de impugnação administrativa por via do qual os


interessados solicitam, junto de um órgão da Administração Pública, a revogação,
anulação, modificação ou substituição de um ato administrativo ou, em alternativa e
sendo caso disso, reagem contra a omissão ilegal de atos administrativos em
incumprimento do dever de decisão solicitando a emissão do ato pretendido.

A reclamação distingue-se dos restantes meios de impugnação administrativa por ser o


único meio de impugnação que deve ser apresentado junto do próprio autor do ato
ou, se for caso disso, daquele que alegadamente incumpriu o dever de decisão.

Este meio de impugnação administrativa deve ser deduzido por meio de requerimento,
no qual o interessado deve expor os fundamentos que invoca, podendo juntar os
elementos probatórios que considere convenientes.

Contudo, de referir que perde a faculdade de reclamar aquele que, sem reserva, tenha
aceitado, expressa ou tacitamente, um ato administrativo depois de praticado.
Quanto a prazos, a reclamação contra a omissão alegadamente ilegal de ato
administrativo pode ser apresentada no prazo de um ano, o qual é contado da data do
incumprimento do dever de decisão. Já a reclamação de ato expresso deve ser
apresentada no prazo de 15 dias, contado da data da sua notificação, mesmo nos
casos em que o ato tenha sido objeto de publicação obrigatória.

O prazo para o órgão competente apreciar e decidir a reclamação é de 30 dias.

O regime geral deste meio de impugnação administrativa vem regulado nos artigos
184.º a 190.º do Código do Procedimento Administrativo, enquanto as normas que
especificamente regulam a reclamação constam dos artigos 191.º e 192.º do mesmo
Código.

– Desenvolva o seguinte tema:


Qual o valor jurídico dos atos praticados pelo delegado ao abrigo da delegação de
poderes
O ato praticado pelo delegado tem exatamente o mesmo valor que teriam, caso
tivessem sido praticados pelo delegante -ART44 N5 CPA

• Os limites ao poder discricionário


P172
O poder discricionário da AP pode ser limitado juridicamente por duas formas
diferentes: ou através do estabelecimento de limites legais ou através da chamada
autovinculação.
Podemos afirmar que os limites legais resultam da própria lei. Como já vimos, a
competência e o fim são sempre vinculados. Ademais, neste contexto, há que observar
as limitações decorrentes dos princípios constitucionais e legais relativos ao exercício
da atividade adm – ART266 CRP, 3 a 19 CPA – onde se destacam os seguintes
princípios: Adequabilidade do comportamento ao fim, justiça e razoabilidade,
igualdade, imparcialidade, proporcionalidade, boa fé, mérito ou dever de boa
administração.
Relativamente aos limites que decorrem da autovinculação, observe se que, no âmbito
da discricionariedade que a lei confere á AP, esta pode exercer os seus poderes de
duas maneiras distintas.
-Pode exerce-los caso-a-caso, adotando a solução que lhe pareça mais adequada ao
interesse publico, reservando se assim o direito de apreciar casuisticamente as
circunstâncias e os condicionalismos de cada caso concreto
-Pode proceder, alternativamente, na base de uma previsão do que poderá vir a
acontecer, ou na base de uma experiência adquirida ao longo dos vários anos, pelo
que a AP elabora norma genéricas, em que enuncia os critérios a que ela própria
obedecerá no futuro.

• O poder discricionário
P168
Na discricionariedade, o legislador confere aos órgãos adm uma certa margem de
manobra, isto é, uma margem de liberdade de atuação. Neste caso, é dada ao órgão a
possibilidade de escolher, de entre uma serie limitada ou ilimitada de
comportamentos, aquele que lhe pareça o mais adequado, oportuno e conveniente á
satisfação da necessidade publica especifica prevista na lei.
O poder discricionário não se trata de uma liberdade sem limites, sendo antes uma
competência, uma tarefa correspondente a uma função jurídica.
Na discricionariedade, a lei não da ao órgão adm “um cheque em branco”, e muito
menos uma liberdade para escolher qualquer solução que respeite o fim da norma,
antes o obrigando a escolher a melhor solução para a satisfação do interesse publico,
de acordo c um conjunto de princípios de atuação tais como: Adequabilidade do
comportamento ao fim, justiça, igualdade, imparcialidade, proporcionalidade e boa fé.
Assim sendo, o poder discricionário é um poder-dever jurídico.
O poder discricionário é sempre conferido por lei, dada a sua capacidade limitada de
previsão, bem como atendendo ao facto de serem aqui pretendidas as melhores
soluções, tendo em conta o interesse publico a prosseguir. Só existe quando previsto
na lei e na medida e com o alcance previstos na lei, não sendo uma exceção ao
princípio da legalidade.

• Sempre que o legislador utiliza conceitos indeterminados no enunciado linguístico


da lei está a atribuir poder discricionário à Administração Pública
Ver poder discricionário

• A tutela administrativa – noção, tipos e formas


A tutela é o corretivo da descentralização. Trata-se de do conjunto de poderes de
intervenção de uma pessoa coletiva publica na gestão de outra pessoa coletiva, a fim
de assegurar a legalidade e ou mérito da sua atuação. A tutela corresponde, no
essencial, a um poder de controlo da atividade da pessoa coletiva a ela sujeita.
A tutela pressupõe a existência de duas pessoas coletivas: a tutelar e a tutelada. A
tutela pressupõe ainda poderes de intervenção da pessoa coletiva tutelar na gestão da
pessoa coletiva tutelada.
a entidade tutelar assegura que a entidade tutelada cumpre as leis em vigor, e, quando
for o caso, garante que sejam adotadas as soluções convenientes para a prossecução
do interesse publico.
A tutela tem de encontra se consagrada na lei, só existindo quando prevista na lei e
com a extensão prevista na lei.
Existem vários tipos de tutela.
Em 1 lugar, temos a tutela sobre o funcionamento, que pode ser inspetiva ou diretiva.
A tutela inspetiva consiste no poder de fiscalização dos órgãos, serviços, documentos e
contas da entidade tutelada, isto é, na fiscalização da organização e funcionamento da
entidade tutelada. Esta tutela é exercida pelos serviços inspetivos. Por sua vez, a tutela
diretiva consiste no poder de a entidade tutelar fixar linhas gerais de atuação, isto é,
linhas orientadoras, da entidade tutelada.
Em 2 lugar, temos a tutela sobre a atividade, onde se inclui a tutela corretiva, que se
trata da possibilidade de o ente tutelar controlar os atos praticados pelo ente tutelado.
Acresce ainda que a tutela sobre a atividade pode ser, quanto ao conteúdo, uma tutela
de legalidade ou uma tutela de mérito.
A tutela de legalidade consiste no controlo da legalidade das decisões da entidade
tutelada, isto é, averiguar se a decisão é ou não conforme a lei. É o caso das autarquias
locais- ART242 N1 CRP. Já a tutela de mérito corresponde ao poder de verificar se o
interesse publico atribuído por lei aqueles sujeitos se encontra a ser prosseguido da
melhor forma possível, o que pressupõe, desde logo, o controlo do
mérito/conveniência/utilidade/oportunidade das decisões da entidade adm tutelada,
ou seja, averiguar se, independentemente da legalidade, a atuação em causa é
conveniente, correta e oportuna. Este tipo de tutela pode ser exercido sobre as
entidades da adm indireta do estado.
Ademais, e quanto ao momento, a tutela sobre a atividade pode ser preventiva ou
sucessiva. A preventiva é exercida antes do momento da produção de efeitos do ato
adm, e pode ser: a priori, isto é, antes do ato ser praticado através da autorização, que
visa o controlo da legalidade e do mérito, sendo que, sem essa autorização, a entidade
carece de legitimidade; a posteriori, ou seja, depois do ato ser praticado, mas antes da
produção dos seus efeitos, através da aprovação, que visa o controlo da legalidade e
do mérito, e, sem a qual, o ato em causa é ineficaz. Relativamente á sucessiva, trata-se
do caso em que a tutela ocorre apos a produção dos efeitos do ato. A tutela sucessiva
consubstancia-se no poder de revogar, anular ou suspender os atos adm praticados
pela entidade tutelada, através da suspensão, revogação ou anulação.
A tutela adm não se presume e por isso, so existe quando prevista na lei e com a
extensão prevista na lei. Tal significa que, pelo facto de a lei prever uma tutela
inspetiva, não quer dizer que exista tutela disciplinar, revogatória ou substitutiva.
Em 2 lugar, note-se q a tutela sobre as autarquias locais é de mera legalidade, como já
tivemos oportunidade de estudar ART 242 N1 CRP.
Em 3 lugar, a entidade tutelada tem legitimidade para impugnar os atos adm
praticados pelo ente tutelar, no âmbito da relação de tutela. Quer isto dizer que se a
entidade tutelar exercer um poder de tutela de forma prejudicial á entidade tutelada,
esta tem o direito de impugnar esses atos junto dos tribunais adm ART 55 N1 C CPTA

• A hierarquia administrativa – noção e conteúdo


A hierarquia adm trata-se de um modelo de organização adm vertical, constituído por
um conjunto de órgãos e agentes, c atribuições comuns e competências diferenciadas,
ligadas por um vínculo jurídico que confere ao superior hierárquico o poder de direção
e ao subalterno o dever de obediência. Consubstancia uma relação de supra infra
ordenação estabelecida entre 2 órgãos da mesma pessoa coletiva ou entre um órgão e
os funcionários do serviço que este dirige. Diferentemente da tutela, que só existe
quando prevista na lei, o poder hierárquico existe sempre que haja uma relação de
hierarquia.

A hierarquia pressupõe: a existência de um vínculo entre dois ou mais órgãos e


agentes adm, atribuições comuns, pois os órgãos pertencem á mesma pessoa coletiva,
competências diferenciadas e ainda, um vínculo jurídico constituído pelo poder de
direção do superior hierárquico e pelo dever de obediência do subalterno, ou seja,
este vínculo é precisamente a relação hierárquica.

Conteúdo da hierarquia adm


Poderes do superior hierárquico:

Em primeiro lugar, o superior hierárquico tem o poder de direção, ao qual corresponde


o dever de obediência do subalterno. O poder de direção do superior relativamente ao
subalterno existe mesmo quando este tem poder discricionário e também quando tem
uma competência exclusiva (o superior não é competente, não pode praticar o ato,
mas pode emitir ordens, instruções e recomendações). As ordens são comandos
individuais e concretos. As Instruções são comandos gerais e abstratos – podem ser:
circulares, quando se dirigem a vários serviços; ou instruções propriamente ditas,
quando se dirigem a um único serviço.

Em segundo lugar, o superior hierárquico possui o poder de supervisão:


poder/faculdade de o superior revogar, anular, modificar, suspender, total ou
parcialmente, os atos praticados pelo subalterno, tanto oficiosamente (ex officio),
como a requerimento do particular (recurso hierárquico).
A revogação, anulação e a suspensão são atos adm que incidem sobre os efeitos
jurídicos de um ato adm anterior: a revogação faz cessar os efeitos qd razoes de
interesse publico reclamem tal cessação, a anulação elimina os efeitos do ato da
ordem jurídica, com fundamento na sua ilegalidade (o que pressupõe a anulabilidade
do ato). Por vezes, o sh tem ainda competência para substituir o ato revogado ou
anulado por uma nova decisão, o que apenas sucedera caso a competência do
subalterno não seja exclusiva.

Em terceiro lugar, a hierarquia abrange também o poder de avocação: quando não se


trate de uma competência exclusiva do subalterno, pode o superior hierárquico
chamar a si a resolução de um caso concreto.

Em quarto lugar, o sh tem o poder de inspeção, que se trata de um poder


instrumental, e consiste na faculdade de fiscalizar a atuação dos subalternos e o
funcionamento do serviço. É instrumental porque as informações servem de base ao
exercício dos poderes mais importantes

Em quinto lugar, a hierarquia abrange também o poder disciplinar, que é a faculdade


de o superior punir o subalterno, mediante a aplicação de sanções disciplinares
previstas na lei (no Estatuto Disciplinar que seja aplicável). Ora, o poder disciplinar
concretiza-se na possibilidade de o superior hierárquico aplicar sanções aos
trabalhadores da AP que não cumpram os seus deveres profissionais. (p 132)

Em sexto lugar, temos o poder de decidir recursos. Neste particular, o sh tem o poder
de reapreciar os atos do subalterno, podendo confirmar, revogar, anular ou,
eventualmente, suspender ou modificar os atos administrativos (este último só se a
competência do subalterno não for exclusiva).

Em sétimo lugar, o sh tem o poder de decidir conflitos de competência. Ora, no caso


de conflito de competências entre subalternos cabe ao superior hierárquico declarar a
qual deles pertence a competência -ART 51 e 52 CPA

Em oitavo e último lugar, temos o poder de substituição do subalterno. Este poder


trata-se da faculdade do superior exercer as competências (legais ou delegadas) do
subalterno, quando vinculadas, exceto se se tratar de competência exclusiva.

Deveres do subalterno:
No que toca aos deveres do subalterno, este tem desde logo o dever de obediência,
que se traduz na obrigação de cumprir as ordens emanadas dos seus legítimos
superiores hierárquicos, em matéria de serviço e sob forma legal ART 271 N2 CRP
Requisitos do dever de obediência: ordem/instruções provenham do legitimo superior
hierárquico, que as ordens/instruções sejam dadas em matéria de serviço, q a
ordem/instrução revistam a forma legalmente prevista.
Caso as ordens sejam ilegais, há o direito de respeitosa representação, isto é, o direito
de reclamar/exigir a ordem por escrito. Se a ordem constituir um crime, cessa o dever
de obediência ART 271 N3 CRP. Também não há dever de obediência sempre que as
ordens provenham de um ato nulo ART 162 N1 CPA.

• O regime jurídico da delegação de poderes


ART 44 e SS CPA

• Os órgãos colegiais – noção e regras de funcionamento


P152
A doutrina apresenta muitas propostas de classificação dos órgãos das pessoas
coletivas.
Os órgãos podem ser colegiais. São constituídos por três ou mais titulares como, por
exemplo, a camara municipal.
As deliberações dos órgãos colegiais são tomadas em reunião e precedidas de um
período de discussão e votação, ao contrário do que sucede com os órgãos singulares,
que apenas comunicam a respetiva decisão, não sendo exteriorizado o procedimento
de formação da respetiva vontade.
Conceitos importantes: a composição é o elenco abstrato dos membros que hão de
fazer parte do órgão colegial, uma vez constituído. A constituição é o ato pelo qual os
membros de um órgão colegial, uma vez designados, se reúnem pela primeira vez e
dão início ao funcionamento desse órgão.
Marcação é a fixação do dia e hora em que a reunião terá lugar e convocação é a
notificação feita a todos os membros acerca da reunião a realizar; marcação, local e
ordem do dia, isto é, os assuntos sobre os quais se vai deliberar.
Reuniões são os encontros solenes e formais dos membros do órgão colegial para
deliberarem sobre matéria da sua competência. As reuniões podem ser ordinárias e
extraordinárias ART 23 24 CPA.
As Sessões correspondem ao período de tempo dentro do qual o órgão pode reunir,
podendo numa sessão realizar-se mais do que uma reunião. Se o órgão tem
funcionamento contínuo está em sessão permanente – Ex. a Câmara Municipal; se se
trata de um órgão de funcionamento intermitente - ex: a Assembleia Municipal – tem
X sessões por ano, em que cada sessão pode ter uma ou várias reuniões.
Membros são todos os titulares dos órgãos colegiais e vogais são os membros do órgão
colegial que não ocupem uma posição funcional dotada expressamente de uma
denominação apropriada tal como o presidente, secretário, etc.
Quórum é o número mínimo de membros de um órgão colegial que a lei exige para
que ele possa funcionar ou deliberar validamente. O quórum de funcionamento é a
percentagem mínima de presenças em relação ao número total de membros do órgão
e quórum deliberativo que é o número mínimo de votos dos membros presentes na
reunião para que uma deliberação seja aprovada
Voto de qualidade trata-se de uma forma de resolver impasses nas votações; o
presidente participa na votação com os outros membros e havendo empate considera-
se automaticamente desempatada a votação de acordo com o sentido de voto do
presidente e o voto de desempate que é também uma forma de resolver impasses na
votação, mas nesse caso procede-se à votação sem que o presidente vote e havendo
empate o presidente vota, desempatando
Decisão é a resolução dos órgãos, mais usada para os órgãos singulares e deliberação
refere-se ás resoluções dos órgãos colegiais.
Regras de funcionamento dos órgãos colegiais: ART 21 a 35 CPA

Qual a maioria regra para aprovação de uma deliberação por um órgão colegial? Se
essa maioria não se forma, como deve o órgão proceder?
Para se poder considerar ter sido tomada uma deliberação, a lei exige que nesse
sentido tenha sido votado a maioria, que corresponde a mais de metade dos votos. A
maioria diz-se simples ou absoluta, se corresponde a mais de metade dos votos;
relativa, se traduz apenas a maior votação obtida entre as várias alternativas, ainda
que não atinja mais de metade dos votos; e qualificada ou agravada, se a lei a faz
corresponder a um número superior á maioria simples- por ex 2/3, 4/5
O voto de qualidade trata-se de uma forma de resolver empates nas votações, em que
o presidente participa na votação com os outros membros e, havendo empate,
considera-se automaticamente desempatada a votação, de acordo com o sentido de
voto do presidente.
Já no voto de desempate, sendo esta também uma forma de resolver empates nas
votações, procede-se á votação sem que o presidente vote e, havendo empate, o
presidente vota, desempatando.

Há alguma situação em que é proibida a abstenção dos membros de um órgão


colegial?
É proibida a abstenção aos membros dos órgãos consultivos e aos membros dos
órgãos deliberativos, quando no exercício de funções consultivas, presentes na reunião
e que não se encontrem impedidos de intervir- ART30 e 31 N4 e 69 SS CPA

Pode um órgão colegial deliberar sobre assuntos não incluídos na ordem do dia?
ART26 N1 e 2 CPA
– Comente a seguinte asserção:
O direito adm é necessário?
O DA é um ramo de drt publico que regula as relações entre a AP e os particulares,
sobretudo quando aquela atue provida do ius imperii, isto é, do mando de soberania.
A AP prossegue o interesse publico, que apresenta primazia sobre os interesses
privados. Esta primazia exige que a AP disponha de prerrogativas de autoridade, que
lhe permitam impor aos particulares as soluções que melhor sirvam o interesse
publico.

Numa reunião extraordinária por maioria absoluta foi acrescentado um novo


assunto á ordem de trabalhos- comente a afirmação
A afirmação é falsa. As reuniões ordinárias têm lugar com regularidade certa. Podem
ser acrescentados assuntos novos na respetiva ordem do dia, desde que, pelo menos
dois terços dos membros estejam de acordo- ART23 e 26 N2 CPA
Diferentemente, as reuniões extraordinárias têm lugar quando razoes de urgência não
permitam esperar pela próxima reunião ordinária, apenas podem ser tratados
assuntos presentes na convocatória- ART26 N1 CPA

“Não há discricionariedade nem vinculação absolutas”


De facto, não há discricionariedade nem vinculação absolutas. Efetivamente, no
primeiro caso, a escolha do momento exato de atuar cabe á AP; no segundo caso, pelo
menos, a competência e o fim são sempre vinculados. Existem ainda limites ao poder
discricionário.

O órgão X, delegante, fez um ato de delegação, assinou-o e, de imediato, o órgão Y,


delegado, começou a praticar atos no âmbito dessa delegação. Além disso, o órgão y,
nunca fez qualquer referência nos atos que elaborou a que está a atuar ao abrigo de
uma delegação – aprecie o ato de delegação e os atos delegados e diga o que se lhe
oferece.
Requisitos da delegação de poderes:
- existir lei de habilitação ART36 e 44 CPA
- 2 órgãos (delegante e delegado)
- ato de delegação ART47 CPA
- publicação no DR ou boletim autárquico

ART 48 CPA
A falta de menção da delegação ou subdelegação no ato praticado ao seu abrigo, ou a
menção incorreta da sua existência e do seu conteúdo, não afeta a validade do ato,
mas os interessados não podem ser prejudicados no exercício dos seus direitos pelo
desconhecimento da existência da delegação ou subdelegação- ART48 N2 CPA
A falta de publicação faz com que a delegação seja ineficaz, logo, o órgão delegado é
incompetente e se praticar atos no âmbito da delegação de poderes, tais atos
padecem do vicio de incompetência- ART 57 N2 e ART 159 CPA

O procedimento do recurso hierárquico – caracterize todos os passos.


No que toca á interposição, os recursos são deduzidos por meio de requerimento, no
qual o recorrente deve expor os fundamentos que invoca, podendo juntar os
elementos probatórios que considere convenientes- nº3 do ART184 CPA
O recurso é dirigido ao mais elevado superior hierárquico do autor do ato ou da
omissão, salvo se a competência para a decisão se encontrar delegada ou
subdelegada- nº1 do ART194 CPA
O requerimento de interposição do recurso é apresentado ao autor do ato ou da
omissão ou á autoridade a quem seja dirigido, que, neste caso o remete ao primeiro,
no prazo de 3 dias- nº2 do ART194 CPA
Recebido o requerimento, o autor do ato ou da omissão deve notificar aqueles que
possam ser prejudicados pela sua procedência para alegarem, no prazo de 15 dias, o
que tiverem por conveniente sobre o pedido e os seus fundamentos- ART195 nº1 CPA
No mesmo prazo referido no número anterior, ou no prazo de 30 dias, quando houver
contrainteressados, deve o autor do ato ou da omissão pronunciar-se sobre o recurso
e remete-lo ao órgão competente para dele conhecer, notificando o recorrente da
remessa do processo adm- ART195 nº2 do CPA (remeter para o ART198 nº1 CPA-
quando a lei não fixe prazo diferente. O RH deve ser decidido no prazo de 30 dias, a
contar da data de remessa do processo ao órgão competente para dele conhecer)
Quando os contrainteressados não hajam deduzido oposição e os elementos
constantes do processo demonstrem suficientemente a procedência do recurso, pode
o autor do ato recorrido retratar-se, ou seja, revogar, anular, modificar ou substituir o
ato, informando da sua decisão o órgão competente para conhecer do recurso- nº3 do
ART195 CPA. Para estes feitos, o ator do ato recorrido não pode modificar ou substituir
o ato recorrido em sentido menos favorável ao recorrente- nº4 do ART195 CPA
O órgão responsável pelo incumprimento do dever de decisão pode praticar o ato
ilegalmente omitido na pendencia do RH, disso dando conhecimento ao órgão
competente para conhecer do recurso e notificando o recorrente e os
contrainteressados que hajam deduzido oposição. Nesta hipótese, o recorrente ou os
contrainteressados podem requerer que o recurso prossiga contra o ato praticado,
com a faculdade de alegação de novos fundamentos e da junção dos elementos
probatórios que considerem pertinentes- nº5 e 6 do ART195 CPA. Este requerimento
deve ser apresentado dentro do prazo previsto para interposição de recurso
hierárquico contra o ato praticado- nº7 do ART195 CPA
O recurso deve ser rejeitado nos casos seguintes (nº1 ART196 CPA): a) quando o ato
impugnado não seja suscetível de recurso; b) quando o recorrente careça de
legitimidade; c) quando o recurso haja sido interposto fora do prazo; d) quando ocorra
qualquer outra causa que obste ao conhecimento do recurso.
O órgão competente para conhecer do recurso pode, salvas as exceções previstas na
lei, confirmar ou anular o ato recorrido e, se a competência do autor do ato recorrido
não for exclusiva, pode também revogá-lo, modifica-lo ou substitui-lo, ainda que em
sentido desfavorável ao recorrente- nº1 ART197 CPA
Nos termos do nº2 da mesma disposição, o órgão competente para conhecer do
recurso não fica obrigado á proposta de prenuncia do autor do ato ou da omissão, e
deve respeitar, na fundamentação da decisão que venha a tomar, quando não opte
por aquela proposta, os requisitos previstos no ART153 CPA
O órgão competente para decidir o recurso pode, se for caso disso, anular, no todo ou
em parte, o procedimento adm e determinar a realização de nova instrução ou de
diligencias complementares- nº3 ART197 CPA
No caso de ter havido incumprimento do dever de decisão, o órgão competente para
decidir o recurso pode substituir-se ao órgão omisso na prática desse ato, se a
competência não for exclusiva deste, ou ordenar a prática do ato ilegalmente omitido-
nº4 ART197 CPA
Finalmente, e no respeitante ao prazo para a decisão, aplica-se o disposto no ART 198
CPA
Assim, quando a lei não fixe prazo diferente, o RH deve ser decidido no prazo de 30
dias, a contar da data da remessa do processo ao órgão competente para dele
conhecer- nº1. Este prazo é elevado ate ao máximo de 90 dias, quando haja lugar á
realização de nova instrução ou de diligências complementares- nº2
No âmbito do RH necessário, o superior hierárquico deve apreciar todas as questões
suscitadas pelo recorrente, excetuadas as questões cuja decisão esteja prejudicada
pela solução dada a outras- nº3 do mesmo ART198 CPA
O indeferimento do RH necessário ou o decurso dos prazos referidos nos nº1 e 2, sem
que haja sido tomada uma decisão, conferem ao interessado a possibilidade de
impugnar contenciosamente o ato do órgão subalterno ou de fazer valer o seu direito
ao cumprimento, por aquele órgão, do dever de decisão- nº4 ART198 CPA

Procedimento de um recurso de um ato de um membro de um órgão colegial para o


próprio órgão colegial.
Os recursos hierárquicos impróprios são recursos administrativos mediante os quais se
impugna um ato praticado por um órgão de certa pessoa coletiva perante outro órgão
da mesma pessoa coletiva que, não sendo o superior hierárquico do primeiro, exerce
sobre ele poderes de supervisão. ART 199 CPA
O procedimento é o mesmo que o do RH
Por outro lado (isto não pertence á resposta), os recursos tutelares são os recursos
adm interpostos de um ato ou omissão de uma pessoa coletiva autónoma, perante um
órgão de outra pessoa coletiva publica que sobre ela exerça poderes de tutela ou de
superintendência.

"No silêncio da lei, é proibida a abstenção aos membros dos órgãos consultivos e aos
dos órgãos deliberativos, quando no exercício de funções consultivas” - razão que
levou o legislador a estabelecer esta proibição
A admitir-se a abstenção estar-se-ia a admitir, por via indireta, que o órgão pudesse
renunciar ao exercício do poder, uma vez que todos os seus membros se poderiam
abster.
Nas funções consultivas não se pode abster.
Se querem parecer não há abstenção.
CPA ART 30

“Sempre que há delegação de poderes há relação de hierarquia”;


Na relação de hierarquia pertencem necessariamente á mesma pessoa coletiva. Na
delegação de poderes não há essa necessidade.
Na delegação de poderes não precisa de haver relação de hierarquia.

Após a interposição de um recurso hierárquico necessário, o requerente, querendo,


pode fazer impugnação contenciosa, mesmo antes da decisão.
No recurso hierárquico necessário, obrigatório para atingir a via judicial, o obrigatório
significa ter a situação esgotada junto da administração: ter um não- expresso ou
tácito.
Não pode ir a tribunal, tem de esperar pela presunção de indeferimento tácito. Porque
ele é necessário no sentido obrigatório. Tem que esgotar, ter uma decisão.

“Uma vez interposto um recurso hierárquico facultativo, o requerente não pode


fazer impugnação contenciosa”
No recurso hierárquico facultativo pode apresentar a impugnação antes da decisão. No
entanto, deixa de ter resposta da administração porque, no fundo, a impugnação
contenciosa vai absorver a impugnação administrativa. Ou seja, prevalece o meio
contencioso. Depois não pode voltar atras.

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