Você está na página 1de 4

A taxa de câmbio não é apenas um preço de mercado, mas também um

instrumento de política econômica e uma ferramenta para o desenvolvimento.


Uma taxa de câmbio competitiva é condição necessária, apesar de não
suficiente, para uma estrutura produtiva diversificada e um projeto de
desenvolvimento soberano e social. Considerando sua importância, esse artigo
propõe duas questões sobre o tema; 1a) a desvalorização cambial não é uma
panaceia para os problemas brasileiros e seus efeitos sobre a estrutura
produtiva e a distribuição de renda são complexos e 2a) a manutenção de uma
taxa de câmbio competitiva depende da regulação do mercado de câmbio
brasileiro.
No caso brasileiro, o impacto de curto prazo do câmbio sobre a estrutura
produtiva parece ser negativo para vários setores que, com alta penetração de
insumos importados, repassam ao consumidor o custo da desvalorização, o que
neutraliza parte dos ganhos de competitividade.
No Brasil qualquer processo de desvalorização cambial está sujeito à reversão,
uma vez que a economia brasileira é extremamente sensível aos efeitos do ciclo
de liquidez internacional.
Essas características da economia brasileira, de alta taxa de juros e
institucionalidade permeável à especulação financeira, tornam a taxa de câmbio
real/dólar uma das mais voláteis do sistema internacional e impedem seu uso
como ferramenta para o desenvolvimento. Nos últimos anos foram dois ciclos
longos de apreciação (2003-2008 e 2009-2012) intercalados por períodos de
depreciação cambial, todos recheados com muita volatilidade. Esse padrão de
flutuação cambial, que acompanha o ciclo de liquidez internacional, reproduz a
volatilidade dos índices financeiros e ressalta a natureza da moeda como um
ativo financeiro.
Início do governo Dilma: quando a taxa de câmbio flutuou no intervalo entre
R$/US$ 2,00 e 2,05, o que constituiu sua menor volatilidade desde o abandono
do regime de bandas cambiais em 1999. A despeito do êxito inicial, as medidas
regulatórias foram, uma-a-uma, removidas conforme crescia a pressão política
do mercado financeiro e virava o ciclo de liquidez.
Portanto, a desvalorização cambial recente deve ser vista com cautela e a tarefa
da política cambial exige um olhar transformador sobre a atual
institucionalidade do mercado de câmbio. Uma taxa de câmbio mais adequada
ao desenvolvimento econômico, que permita a passagem para outro padrão de
flutuação cambial - menos volátil e mais adequado às necessidades do parque
produtivo brasileiro - depende da regulação do mercado de câmbio. Em
particular, essa regulação passa por uma inevitável redução da liquidez no
mercado futuro e por uma transferência gradual de liquidez para o mercado à
vista. O objetivo final dessas políticas é neutralizar o efeito da especulação na
taxa de câmbio, que poderá flutuar mais próxima de fundamentos reais, sem
distorções financeiras.
A espiral de crise que o Brasil enfrenta causa profundas incertezas no país e em
seus parceiros globais. Internamente, as dificuldades econômicas e políticas do
país foram apenas potencializadas com o governo interino de Michel Temer.
Internacionalmente, há apreensões acerca dos caminhos a serem adotados pelo
chanceler José Serra.
Em âmbito internacional, a mídia internacional corrobora majoritariamente
com a tese do golpe e denuncia a baixa legitimidade do governo interino. Os
receios diante dos processos que levaram ao afastamento de Dilma são
percebidos pelo fato de diversos chefes de Estado não terem ligado para o
reconhecimento protocolar do novo governo ou optado por manter um
distanciamento. No parlamento europeu, um grupo de eurodeputados exige que
a União Europeia não negocie com o governo Temer. Além disso, o secretário-
geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, reitera que
o ocorrido no país foi golpe; e sua Comissão Interamericana de Direitos
Humanos (CIDH) publicou um comunicado expressando preocupação com
possíveis “retrocessos”. A mesma reação ocorreu por parte do Secretário-Geral
da UNASUL, Ernesto Samper, e dos governos da Venezuela, Cuba, Bolívia,
Equador e Nicarágua, assim como da Aliança Bolivariana para os Povos de
Nossa América/Tratado de Comércio dos Povos (ALBA/TCP). Até o Papa
Francisco manifestou preocupação com os ‘golpes brancos’ na América do Sul e
o risco de escalada de conflitos sociais em países como Brasil, Venezuela, Bolívia
e Argentina.

Demorou muito pouco a percepção, ou sensação, de que o país tinha recuperado


seu regime de câmbio flutuante. Há poucos dias o dólar vinha caíndo diante do
real e o Banco Central não se mexeu para interferir no movimento.

Rapidamente começou um debate sobre o que estaria acontecendo com a


política cambial. Poderia ser a volta do regime flutuante, sem intervenções para
manter o dólar numa banda escolhida pelo governo? Ou estaria ela sendo
aplicada como um instrumento para controlar a inflação, já que os juros estão
de licença-prêmio? Muitos disseram: “o BC pode estar deixando o dólar cair
porque precisa diminuir a pressão do câmbio na inflação e não quer mexer nos
juros”.

Para chacoalhar ainda mais quem estava testando o BC para tentar adivinhar
qual seria o novo “piso” para a moeda americana, Mantega afirmou: “Não
estamos mudando a política cambial, a política é a mesma: não permitiremos
uma valorização especulativa do real e isso veio para ficar. Aviso aos
navegantes: não se entusiasmem porque isso não vai acontecer. Não esperem
que o câmbio venha a derreter”, disse.
Qual é mesmo a política cambial? A oficial é a de câmbio flutuante, desde 1999,
quando foi lançado o chamado tripé macroeconômico do país: metas para
inflação, superávits primários para pagamento do serviço da dívida e o câmbio
flutuante. Mas, na prática, são outros quinhentos.

O entendimento, claramente precoce, de que o BC estaria deixando o câmbio


mais livre – seja para segurar o repasse para os preços, seja para criar um
ambiente de menor intervenção na economia – foi-se embora tão rápido quanto
chegou.

A “versão 2013” do Banco Central, percebida pelo blog na terça-feira (29) – de


uma entidade mais proativa e defensora de seus mandatos, parece não valer
mais. A fala do ministro da Fazenda retifica essa ideia. Altera também a
impressão de que o governo estaria um pouco mais preocupado com a inflação.

Ao que parece, estão preocupados com “tudo ao mesmo tempo agora”, como diz
o verso da música Uma Coisa de Cada Vez, do grupo de rock brasileiro Titãs. A
quantidade de objetivos e instrumentos do governo tem colaborado para gerar
ruídos na compreensão e nas expectativas. Aliás, a música do Titãs tem apenas
dois versos. Talvez o outro fosse mais indicado para o momento atual: “Uma
coisa de cada vez”.

A Organização Mundial do Comércio (OMC), até 2001, registrou quotas tarifárias em


43 países4 , cobrindo 1.425 produtos ou grupo de produtos. Esse número representa
cerca de 6% de todas as linhas tarifárias de produtos agroindustriais existentes (Gibson
et al., 2001). Embora utilizadas em um pequeno número de produtos quando
comparadas ao quadro tarifário geral de todos os países signatários da OMC, as quotas
tarifárias são aplicadas sobre produtos mais sensíveis à exportação, ou seja, aqueles
produtos que realmente os países desejam e/ou de que necessitam de controle e proteção
sobre a competição internacional.

É importante destacar que a utilização das quotas tarifárias vem, geralmente,


acompanhada de outras formas de proteção. Este tipo proteção ao comércio, portanto,
determina uma potencial resistência a qualquer iniciativa de liberalização comercial em
negociações bilaterais, sub-regionais, regionais e multilaterais.
O Brasil adota apenas duas quotas tarifárias, que nunca foram, de fato, usadas. Porém,
vários produtos representativos da sua pauta exportadora são diretamente afetados por
esse sistema, cerca de 77,5% das exportações brasileiras vinculadas ao agronegócio tem
como destino países que impõem quotas tarifárias.

Você também pode gostar