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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE

FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS SOCIAIS - FAFIC


DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO - DECOM
CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL - JORNALISMO

MARIA ESTELA VIEIRA DE SOUZA

ATIVIDADE AVALIATIVA: AS RELAÇÕES DE PODER ENVOLVENDO A


IMPRENSA NO RIO DE JANEIRO E A CRIAÇÃO DA “GRANDE IMPRENSA” NO
BRASIL.

MOSSORÓ/RN
2021
Antes de iniciarmos a viagem pela história do jornalismo no Brasil a partir da década
de 1930, precisamos ter em mente o que é a “grande imprensa”. Esse termo é comumente
usado para referir-se aos grandes veículos de comunicação, aqueles que alcançam e
comunicam para o maior número possível de pessoas. É certo afirmar que conhecer sobre esse
termo é importante pois a vontade de conquistá-lo foi o que moveu ─ e ainda move ─ a
imprensa em grandes momentos da história da comunicação brasileira.
De acordo com Barbosa (2002), ao longo da história da comunicação, ora a mídia foi
vista como opressora e manipuladora do público, ora foi vista como aquela capaz de
promover a liberdade de pensamento, e podemos dizer que os dois lados são reais. Não é
errado afirmar que, ao longo da história, os meios de comunicação conseguiram se expandir e
alcançar cada vez mais pessoas graças a sua facilidade em dialogar com quem possuía o poder
de governar o país, enquanto mostrava-se aliada do povo e de seus anseios.
Dessa forma, podemos tomar como exemplo as propagandas feitas pelos veículos de
imprensa nos diferentes governos do período pós-1930. Assim, durante o período ditatorial de
Getúlio Vargas, “houve mais proximidades, acordos e relações conjuntas entre os homens de
governos e os homens de imprensa do que divergências” (BARBOSA, 2006), ou seja, apesar
de alguns meios terem sofrido com a sua liberdade inteiramente cerceada pelas ordens
ditatoriais do governo, a maioria esmagadora dos comunicadores alinhou-se com os
governantes, isso fica claro quando a visão de Getúlio Vargas como “pai dos pobres” é
divulgada amplamente pelo Brasil.
Assim, enquanto suas necessidades eram alinhadas com o que o governo em exercício
poderia oferecer, a imprensa muda sua forma de comunicar, aderindo a um perfil mais isento
e objetivo, e com essas mudanças, o jornalista acaba ganhando mais notoriedade e detendo
cada vez mais poder (BARBOSA, 2006). A busca incessante por cada vez mais visibilidade e
credibilidade faz, então, com que o jornalismo manipule a sociedade, criando imagens
positivas dos governos que o beneficia, para que o que é dito pelos veículos seja visto como
uma verdade quase absoluta.
Portanto, a grande imprensa vai desenvolvendo suas bases a partir desses
posicionamentos políticos que o jornalismo toma ao longo da história. Enquanto recebia
benefícios por estar ao lado dos governantes, como não sofrer intensamente com a censura,
eles moldavam sua forma de levar as informações para que a sociedade não percebesse essa
aproximação e tenha todas as histórias expostas nos jornais como dados únicos. Conforme
citado anteriormente, o mito do “pai dos pobres” fez com que a grande imprensa recebesse
benefícios ao levantar uma propaganda positiva de Getúlio Vargas, enquanto a sociedade
apenas recebia tudo o que era passado. Por fim, reforçando o que já foi exposto neste texto e
tomando o exemplo do período militar, a imprensa mostrava um Brasil de progressos e
riquezas, mas ignorava as milhares de mortes nas dependências militares do regime.
Assim, podemos concluir que a grande imprensa surgiu graças aos movimentos
calculistas feitos pelos jornalistas da época, uma vez que o rádio, a TV e os jornais impressos
estavam alinhados ao objetivo de mostrar seu papel social ao povo, garantir a credibilidade de
seu trabalho e, individualmente, assumir uma posição de destaque no repasse de informações.
Portanto, concordamos com Barbosa (2006) na afirmação “para muitos jornalistas e para
muitos jornais é mais interessante construir uma história de destemor e lutas do que relevar as
aproximações que, de fato, têm com o poder”.
Referências bibliográficas

BARBOSA, Marialva Carlos. Imprensa e poder no Brasil pós-1930. Em Questão, Porto


Alegre, v. 12, n. 2, p. 215-234, dez. 2006. Disponível em:
https://seer.ufrgs.br/EmQuestao/article/view/23/8. Acesso em: 16 fev. 2022.

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