1

c a r ta d a e d i t o r a

A alegria de gerar
uma vida é mesmo uma bênção de Deus. Quanta

complexidade existe desde o momento da fecundação até o nascimento... A partir

da união do espermatozóide com o óvulo, muita coisa acontece até o feto se

tornar um lindo bebê.

Assim que recebemos o resultado positivo do exame, a emoção cresce

dentro de nós e vai aumentando na mesma proporção da nossa barriga. É mara-

vilhoso acompanhar cada etapa do desenvolvimento do bebê, ver que, semana a

semana, os órgãos vão se formando e ele vai ganhando forma. Cada ultra-som

realizado nos proporciona uma gama de novidades e sensações que certamente

ficarão guardadas na memória por toda a nossa vida.

Nos primeiros exames de ultra-som, é possível ver o feto inteirinho. Seu

tamanho ainda reduzido nos permite analisar o conjunto, da cabecinha até a ponta

dos minúsculos pés. Lembro-me até hoje da emoção que senti na ultra-sonografia

do terceiro mês. Meu nenê já estava formadinho e chupava o dedo sem parar. Era

o primeiro sinal do reflexo da sucção.

Nos meses seguintes, a grande sensação era ouvir o acelerado batimento do

seu pequeno coração. Que alegria! Impossível conter as lágrimas nesse momento...

Em casa, era uma festa cada vez que ele se mexia, fazendo minha barriga se mover

de um lado para o outro. Nessas horas, eu parava tudo e conversava com ele,

sempre acariciando-o. Esse contato é muito importante. Colocar músicas calmas

também é ótimo. Faça o teste e você verá a reação do bebê. É mágica, assim como

toda a gestação!

Um abraço carinhoso,

As informações contidas nesta

publicação não substituem a
consulta periódica ao seu médico.

3
n e s ta e d i ç ã o

06
pré-gravidez
Muita gente não imagina como é importante
planejar uma gravidez, para que a mulher possa
fazer todos os exames necessários e ter
acompanhamento médico desde o início.

10
concepção
A vida começa com a fecundação do óvulo pelo
espermatozóide. Entenda como isso acontece.

12
o desenvolvimento do bebê
Semana a semana, o feto vai evoluindo até ficar pron-
to para vir ao mundo. Confira a evolução e as reações
do bebê dentro do útero materno.

24
anexos da gravidez
O cordão umbilical, a placenta e o líquido amniótico
desempenham um papel fundamental na gestação.

26
mãe e filho
Você sabia que a mamãe é capaz de se
“comunicar” com seu bebê desde o início
da gestação? E isso é fundamental para
criar um vínculo afetivo entre mãe e filho.
 PRESIDENTE: Paulo Roberto Houch
prh@editoraonline.com.br

REDAÇÃO
Diretora de Redação: Andrea Calmon
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30
ultra-sonografia
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5
 pré-gravidez

A importância do
planejamento
Antes de engravidar, o ideal é que toda
mulher consulte um médico para avaliar
suas condições de saúde.

O PROCESSO DE UMA GRAVIDEZ É SIMPLES, tendo início a partir do

momento em que o casal deseja ter um filho. Certo? Errado. Nem sempre a
notícia da chegada de um bebê é planejada, e grande parte dos casais é surpre-
endida com um atraso na menstruação e com um “positivo” escrito no resultado
do exame de sangue.
Contudo, o ideal seria que, antes de engravidar, a mulher visitasse seu mé-
dico e interrompesse o uso de métodos contraceptivos, para que a gestação se
desenvolva sem riscos de saúde para a mãe ou para o bebê.
Normalmente, a mulher que não faz uso de nenhum método de contra-
cepção pode levar até 12 meses para engravidar – vale lembrar que esse tempo
varia muito de uma pessoa para a outra. Para aquelas que utilizam anticoncepcio-
nais orais, a gravidez pode ocorrer assim que o uso das pílulas for interrompido.
Se a mulher previne-se com anticoncepcionais injetáveis de aplicação mensal ou
trimestral, é importante ressaltar que eles podem ter efeito cumulativo e os ciclos
tendem a se regularizar em um período de três a seis meses. Portanto, cada caso
deve ser avaliado isoladamente pelo médico, daí a importância de quando o de-
sejo de ter um bebê estiver latente, consultar seu ginecologista para, se for o caso,
interromper o uso dos contraceptivos e iniciar a bateria de exames.
“Exames laboratoriais, físico, vacinas (quando necessário) e estudos clínico
e sangüíneo do pai e da mãe são providências simples que podem proporcionar
7

maior segurança durante os nove me-
Normalmente, ses de gestação”, alerta o dr. Rogério
a mulher que Moreno, ginecologista e obstetra do
não faz uso de Hospital e Maternidade São Luiz, em
São Paulo.
nenhum método Segundo o especialista, a mulher
de contracepção deve passar por exames clínicos e de
sangue capazes de perceber possíveis
pode levar até problemas, como diabetes, hiperten-
12 meses para são ou doenças hereditárias. Caso se-
jam detectados, o acompanhamento
engravidar. médico deverá ser ainda mais rigoro-
so. Já o teste sorológico previne doen­
ças como sífilis, rubéola, toxoplasmo-
se e HIV, além de citomegavírus e
hepatites C e B.
Além disso, atualmente, todas as
futuras mamães são orientadas a iniciar
o uso de ácido fólico, mesmo antes
da concepção. Essa substância é uma
vitamina do complexo B encontrada
nos vegetais verde-escuros, nas frutas
cítricas e nos cereais. A suplementa-
ção dessa vitamina, três meses antes
e nos primeiros 90 dias da gestação,
reduz em até 95% os problemas de
má formação do feto. O ácido fólico,
geralmente, é indicado em forma de
compridos e pode ser encontrado gra-
tuitamente em postos de saúde.
Enfim, todas as medidas para a
preparação da gravidez são de extrema
importância, inclusive na prevenção de
doenças congênitas, na qual o histórico
familiar da mãe e do pai será analisado.
Pré-natal: fundamental para a
saúde da mamãe e do bebê
Com o exame positivo em mãos,
o pré-natal deve ser iniciado o mais rá-
pido possível. Principalmente no caso
de uma gravidez não planejada, em
que os cuidados pré-concepção não
fomam feitos.
O médico poderá tomar todas
as precauções possíveis para eliminar
eventuais riscos, além de orientar des-
de já a grávida sobre a alimentação, o
peso ideal, as restrições, atividades físi-
cas e demais informações fundamentais
para que os nove meses transcorram o
mais tranqüilamente possível.
O pré-natal deve ser feito men-
salmente até a 34ª semana. A partir
dessa data, passa a ser quinzenal até
a 36ª, quando se torna semanal. Em
situações especiais ou patológicas, o
intervalo das consultas vai depender da
situação em questão.
Os exames
essenciais
Conheça os que poderão ser solicitados pelo médico.

Teste sorológico semana, o obstetra pode pedir para

Este exame deve ser feito antes ou
nas primeiras semanas de gestação. A
sorologia detecta se a gestante tem
ou teve toxoplasmose, rubéola, he-
patites B e C, citomegalovírus e doen­
ças sexualmente transmissíveis.
Hemograma
O exame de sangue serve para de-
tectar anemias ou infecções e, ainda,
se o fator Rh – os tipos sangüí­neos
da mãe e do bebê – são compatíveis.
Em alguns casos (como se a mãe ti-
ver fator Rh negativo e o pai, positivo
e o teste de coombs indireto tiver
dado negativo), a mulher deverá to-
mar uma vacina de imunoglobubina
com 28 semanas de gestação e após
o nascimento do bebê, se o fator Rh
dele for positivo. Por volta da 29ª
repetir o hemograma.
Urina
Realizado logo no início da gravidez,
aponta supostas infecções urinárias, que
podem ocorrer durante os nove meses.
Caso o resultado seja positivo, o médico
iniciará prontamente o tratamento para
prevenir partos prematuros.
Fezes
Indicado no início da gravidez, juntamen-
te com o exame de urina e o hemogra-
ma. Acusa a presença de verminoses e
avalia o estado geral do seu intestino.
Glicemia
Realizado no começo da gestação, esse
exame mede a quantidade de açúcar
no sangue materno.

Como calcular a data do parto

O período da gestação é de 40 semanas, ou nove meses, contados a partir do dia da última mens-
truação. No entanto, para se ter um cálculo mais preciso sobre a data provável do parto, o ciclo
deve ser regular, isso é, de 28 a 30 dias.
Se esse é o seu caso, faça o seguinte: some 7 ao dia da sua última menstruação e 9 ao mês. Assim,
se a última menstruação foi dia 11 de julho de 2004, a data provável do parto será 18 (11+7) de
abril (7+9) de 2005.

Atenção: o cálculo é feito a partir da última menstruação e não do dia da concepção. A data cal-
culada pode variar até duas semanas antes ou depois. Nos casos em que a mulher não se lembra
da data da última menstruação ou que não tem um ciclo regulado, o ultra-som poderá informar a
data mais próxima.

9
 concepção
O início de uma
nova vida
Entenda como se dá a formação de um
feto a partir do momento da fecundação.
A PARTIR DA MENSTRUAÇÃO, pela ação de hor-
mônios produzidos pela glândula hipófise, milhares de folí-
culos começam a amadurecer no ovário. Por volta do 14°
dia do início de um ciclo menstrual normal - de 28 dias -,
apenas um óvulo maduro é liberado de um dos ovários,
pronto para ser fecundado.
Ele é, então, captado pela trompa de Falópio e, den-
tro dela, sobreviverá, em média, 24 horas. A partir daí, o
óvulo pode ter dois destinos: se degenera, sendo liberado
pelo ovário, caso não ocorra a fecundação; ou, com a aju-
da de milhões de cílios contidos na trompa de Falópio, ser
impulsionado para que se encontre com o espermatozóide,
resultando na fecundação.
A fecundação
Enquanto isso, no organismo do homem, durante a
ejaculação são expelidos, aproximadamente, de 200 a 500
milhões de espermatozóides, que correm em direção ao
óvulo. Uma corrida cheia de dificuldades, em que apenas
um vai conseguir penetrar no núcleo do óvulo.
A maior parte dos espermatozóides se perde ou tor-
na-se imóvel pelo caminho. Caso não haja um óvulo libera-
do pelo organismo da mulher, eles sobrevivem cerca de 48
horas, podendo chegar até 72 horas.
Durante essa jornada, os espermatozóides vão per-
correr um longo caminho: cerca de 20 centímetros (essa
é a distância entre o canal vaginal e a trompa). Alguns se
perdem, enquanto os mais velozes agitam suas caldas em
direção ao seu objetivo.
Os sobreviventes iniciam, então, mais uma etapa: a
penetração. Eles tentam se infiltrar através de uma forte
membrana protetora do óvulo. Finalmente, vencem a bar-
reira de proteção e apenas um deles se infiltra no óvulo,
que se fecha, impossibilitando a entrada de outros. Essa é
uma misteriosa reação do organismo, que faz com que ape-
nas um espermatozóide seja selecionado.
A cabeça do espermatozóide penetra no óvulo que,
em seguida, perde sua cauda. Enfim, óvulo e espermatozói-
de se unem e começam a formar uma nova vida.
Toda essa aventura microscópica é responsável pela
formação de um novo ser, que levará consigo as caracte-
rísticas genéticas do pai e da mãe, desde os momentos ini-
ciais da concepção. Cerca de vinte horas após a junção do
óvulo com o espermatozóide, acontece a primeira divisão
das células.
A implantação ou nidação
A partir daí, dá-se início às 38 semanas de transfor-
mações e do desenvolvimento fetal. É o milagre da vida, da
criação de um novo ser humano.
Para entender melhor, a mulher concebe o bebê no
momento em que ela ovula, o que acontece, em média,
no décimo quarto dia do ciclo menstrual. Ao contrário do
que muitos pensam, a concepção acontece fora do útero,
na região localizada na ponta da Trompa, local onde o óvulo
se funde ao espermatozóide.
A partir daí, o ovo vai viajar até chegar dentro da cavi-
dade do útero. Essa jornada leva por volta de uma semana,
quando, então, ele se implanta no útero.
Espermatozóides circundando o óvulo no memento da fecundação.

11
o desenvolvimento do bebê

Evolução semana a
semana
Veja como se dá o
desenvolvimento do bebê
e quais as reações que
você vai sentir.
TUDO PARECE MÁGICO. Assim que a gravidez é
constatada, através dos exames, um filho começa a fazer
parte da sua realidade. E a cada dia, aquele serzinho tão pe-
quenino e frágil cresce e se desenvolve “dentro de você”.
Desde a primeira divisão das células, o milagre da natureza
se inicia. Você pode estar se perguntando: “Nossa, eu estou
grávida, mesmo? Puxa, daqui a nove meses um bebê estará
totalmente formado e pronto para que eu possa amá-lo?
Um misto de felicidade, por ora insegurança, medo e até
mesmo negação. Afinal, nem sempre a gravidez foi deseja-
da. Mas não importa! Esses sentimentos são pertinentes e
naturais. Basta saber que este bebê precisa de amor, cari-
nho e cuidados. E, ao contrário do que se pensava no pas-
sado, ele tem capacidades incríveis mesmo estando dentro
do útero. Ele sente, dorme, acorda, chupa o dedinho e até
dá cambalhotas. Sobre o mistério da criação, cada um pos-
sui suas convicções pessoais, mas uma coisa é certa: esse
bebê que está a caminho será a coisa mais importante da
sua vida, e o vínculo entre vocês deve começar desde já.
Através de informações e fotos incríveis, acompanhe passo
a passo e saiba tudo o que acontece com seu filho, antes
mesmo dele nascer.
Estágio precoce do desenvolvimento
embrionário, chamado de mórula.

13
 1ª a 4ª semana
Para
Nesta fase, as células estarão em constante multiplicação:
de uma única célula, o ovo se transforma em duas, depois em
quatro e assim por diante. No final da terceira semana, o feto é
saber
apenas uma bolinha, cheia de células, sem a presença de nenhum
membro. No entanto, as características genéticas e o sexo já fo- O feto sorri e chora!
ram definidos. Com a inovação tecnológi-
Uma bola oca, chamada de blastocisto, vai se transforman- ca, é possível visualizar, no ultra-som
do e, dentro dessa minúscula circunferência, começam a surgir 4D, imagens nunca antes vistas nos
os grupos de células. No começo, as células eram uma coisa só, tradicionais exames em 2D.
todas iguais. Agora, cada uma começa a adquirir uma certa ordem Através dessa inovação, pesquisa-
para dar origem às diferentes estruturas do corpo humano. dores britânicos descobriram que
Por volta da quarta semana de gestação, inicia-se um pro- os bebês sorriem, choram e piscam
cesso conhecido como “organogênese”, que nada mais é do que dentro da barriga da mãe, antes mes-
a formação dos órgãos internos. Esse processo se dá quando apa- mo de nascerem. Até então, acre-
rece o primeiro órgão do embrião (que mede cerca de 3 mm): o ditava-se que os bebês aprendiam a
sistema nervoso central e o tubo neural. Depois, uma parte das sorrir depois do nascimento, imitan-
células do ovo começa a dar origem à placenta, ao saco gestacio- do suas mães.
nal, à vesícula vitelínica, ao cordão umbilical e aos vasos sangüíne-
os, enquanto a outra parte forma o embrião propriamente dito.

5ª a 8ª semana
Nesta fase, a placenta está em formação e ainda é um envoltório. No final da quinta semana de ges-
tação, o coraçãozinho do bebê já funciona, começando a bater por volta do 26º dia de vida. O embrião é
extremamente pequeno, com cerca de 2 a 3 milímetros. Durante esse período, os órgãos vão crescer e
se desenvolver, num processo chamado de embriogênese. Essa é uma fase muito importante, pois o bebê
está em formação, sendo, portanto, bastante vulnerável. Por isso, a necessidade da mãe tomar os cuidados
necessários para evitar supostos riscos.
Todo aquele agrupamento de células do início da concepção, que dará origem às estruturas do organismo
humano, também se desenvolve juntamente com o coração. Os outros órgãos estão sendo constituídos, assim,
apenas a parte central do organismo – o tronco – fica em destaque.
O embrião apresenta apenas uma microscópica ponta, que vai dar origem à cabeça. Ao final da sexta sema-
na, observando através de um microscópio, dá para perceber algumas características humanas, como as orelhas,
os olhos e o nariz em formação. No começo da sétima semana, o bebê chega a medir quase 1,5 centímetro.
No ultra-som, ele é apenas um grão de arroz com um pontinho no meio, que nada mais é que seu minúsculo
coraçãozinho. Ao final da oitava semana, os membros, como pernas e braços surgem, mas ainda sem os dedos,
sendo grudados uns nos outros, como uma espécie de pata. O bebê já é capaz de se movimentar graças ao seu
sistema muscular primitivo, embora você ainda não possa senti-lo. Tais movimentações só podem ser observadas
no ultra-som.
Com aproximadamente 11 ou 12 semanas, no interior da cavidade amniótica.

15
Rede vascular da placenta no final do primeiro trimestre da gestação.
9ª a 12ª semana Para
O grande destaque que marca esse período é o apa-
recimento dos membros e o fato de o coração começar a
saber
pulsar tão rápido e forte, podendo chegar a 200 batimentos
por minuto. Na verdade, parece uma “locomotiva”. Sentindo o bebê
O feto já mede cerca de 8 cm e pesa, aproximadamen-
te, 15 gramas. A formação óssea se inicia e os depósitos de Sentir o bebê mexendo
cálcio no pequeno organismo já podem ser observados. dentro do ventre é uma das sensações
A partir da décima semana, os dedos surgem, mas sem mais esperadas durante os nove meses.
articulação e muita definição. Com 11 semanas, o osso que Não existe um período certo para que
reveste a cabeça já se encontra formado. A pele também está isso ocorra, mas, em média, a futura
constituída, assim como todas as estruturas dos órgãos. Unhas mamãe percebe os primeiros movi-
delicadas e minúsculos pêlos também surgem por volta da mentos por volta da 23a semana. No
11ª semana. O bebê está muito ativo, mexendo-se bastante, começo, eles são vagarosos e quase
mostrando uma vitalidade incrível. Com 12 semanas de vida, imperceptíveis. Depois, os movimentos
o feto apresenta um dos seus primeiros reflexos: o da degluti- serão vigorosos e, às vezes, vistos por
ção. Assim, o bebê produz urina e a elimina no líquido da bol- fora da barriga. Quando o bebê se mo-
sa amniótica. Possui orelhas bem desenvolvidas com lóbulos e vimenta para um lado, o ventre mater-
pálpebras fechadas sobre os olhos. no vai tomando formas diferentes. De
repente, dá para sentir um cotovelo ou
um joelho abaixo das costelas.

13ª a 16ª semana

O processo de crescimento desde a concepção é bem linear. Desde a sétima semana, o feto
passa a crescer um centímetro por semana. Em termos de estrutura, os órgãos genitais se definem.
Pelo ultra-som, pode ser possível visualizar se o bebê será uma menina ou um menino, e ele já mede
uns 14 centímetros e pesa quase 90 gramas.
Entre a 11ª e 13ª semana de gestação, será realizado um exame muito importante para o pré-
natal, que mede a translucência nucal. O bebê possui vários líquidos atrás do pescoço através dos quais
os médicos podem identificar possíveis doenças genéticas, como a síndrome de Down.
O bebê já se mexe à vontade, ao contrário do início da gestação, quando ele ainda não possuía
o controle das mãos e dos pés. Por volta da 15ª semana, o feto realiza movimentos bem específicos,
como abrir e fechar as mãos, esticar os braços e dobrar as perninhas. Além disso, ele movimenta-se
muito e, daqui a duas ou três semanas, esses movimentos poderão ser sentidos por você.
Ao final desse período, ele já tem sobrancelhas, cílios e uma fina lanugem na face e no corpo.
O médico, geralmente, consegue ouvir os batimentos cardíacos através de um aparelho sonoro
chamado de “sonar”.

17
17ª a 20ª semana Para
Na 18ª semana, o feto começa a perceber os sons
e a desenvolver sua capacidade de audição. Uma carac-
saber
terística importante, em termos clínicos, é que o bebê,
com 20 semanas, atinge o tamanho de 20 cm e pesa 300
Estudos a favor do feto
gramas, a condição perfeita para ser examinado minucio-
Antigamente, a vida intra-
samente através do ultra-som morfológico.
uterina era um verdadeiro mistério.
Como existe muito espaço ao redor do bebê, o
Nos últimos 20 anos, muito se
médico consegue realizar um estudo detalhado sobre
descobriu a respeito desses peque-
suas estruturas. Não é à toa que existe o tempo certo
nos pacientes. A partir da década de
para a realização desse exame, pois, passadas as 20 se-
80, os estudos e conhecimentos a
manas, torna-se um pouco mais difícil a visualização da
respeito do desenvolvimento fetal
morfologia fetal. Uma curiosidade: o bebê tem soluço
tiveram um grande avanço. Hoje, a
nessa fase! E não se assuste, pois a cabecinha é grande
medicina fetal é uma especialidade a
em relação ao restante do corpo.
serviço de uma pequena vida, ainda
A pele começa a ter uma espécie de gordura, um
em formação. Assim, a realização
revestimento externo, além de descamar. O bebê já é
de intervenções cirúrgicas nos fetos
capaz de distinguir e de reconhecer a voz materna. Por
é uma realidade. A transfusão de
isso, converse e entre em contato com ele. Outro dado
sangue, por exemplo, é considerada
é que ele chupa vigorosamente o polegar, preparando o
um procedimento bem dominado,
reflexo de sucção para a amamentação.
com riscos aceitáveis e mínimos.

21ª a 24ª semana

Com 20 semanas, você está na metade da gestação. Ao final da
24ª semana, o bebê deve ter engordado, chegando a pesar cerca de
600 gramas e a medir 26 cm. Ainda parece magro e seus olhos salientes
não se abrem. No entanto, ele ouve perfeitamente
A cada dia, o bebê ganha mais peso e depósitos de gordura. Sua
pele está se espessando, mas ainda é possível visualizar os vasos sanguí-
neos, fininhos e delicados sob a derme translúcida e enrugada.
Ocorrem períodos de sono, intercalados com intensa movimenta-
ção, que, às vezes, é reacional aos estímulos externos recebidos.
Em um dos primeiros reflexos, o da sucção, o bebê aparece chupando o dedo.

19
 Para
saber
A movimentação do bebê
Cada bebê tem seus
movimentos e ritmos próprios.
Ele se mexe bastante, podendo
ter momentos de inatividade
e repouso, no qual, prova-
velmente, esteja dormindo.
O uso de álcool, assim como
a nicotina, interfere no sono
fetal, pois reduz os movimentos
respiratórios do bebê. Segundo
pesquisas, bebês prematuros
que tiveram redução de oxigê-
nio no útero tendem a ter um
sono mais agitado.
25ª a 28ª semana
Na 27ª semana, acontece um fato importante: o final do
desenvolvimento físico do pulmão, muito embora esse órgão,
por enquanto, não funcione. Além dele, outro órgão que passa
por grandes mudanças nesse período é o cérebro.
Desde a 26ª semana, o bebê sente dor. “Nos casos
de possíveis intervenções cirúrgicas realizadas nesse período,
como ao introduzir uma agulha, os bebês apresentam rea-
ções de dor”, assegura o médico dr. Adolfo Liao, coordena-
dor do serviço de Medicina Fetal do Hospital e Maternidade
São Luiz, em São Paulo.
Com 28 semanas, o peso do bebê dá um salto e chega
a 1 quilo. Ele abre e fecha os olhos, além de bocejar. “As
papilas gustativas estão se formando; o bebê já tem paladar
e identifica os sabores doces, ácidos e amargos”, explica a
ginecologista dra. Renata M. Bellizia Scarabichi de Faria. Os
movimentos ou mesmo partes do nenê, como pés ou ná-
degas, poderão ser sentidos por você quando colocar a mão
sobre a barriga.

29ª a 32ª semana

“Esse é um momento importante, de viabilidade. Ou seja, se o bebê nascer a
partir da 28ª semana e tiver uma boa assistência de um berçário equipado e um ser-
viço de neonatologia eficiente, as chances de sobrevivência são muito boas”, explica o
médico dr. Adolfo Liao. A maturidade pulmonar está em pleno desenvolvimento com
a produção de uma substância chamada “surfactante”, necessária para a respiração
normal após o nascimento.
Com 30 semanas, a maior parte das crianças já se posicionou de cabeça para
baixo, mas existem bebês que permanecem sentados. O limite máximo para ele se
acomodar na posição para o parto é até a 36ª semana, pois, depois disso, a movi-
mentação fica muito mais difícil.
Ao final da 32ª semana, o bebê cresceu e engordou, passando a pesar, em mé-
dia, 1,8 Kg e a medir uns 40 cm. “A gordura acumulada é a que será consumida como
fonte de energia nos primeiros dias de vida após o parto, até que a mãe tenha leite
suficiente para nutri-lo adequadamente”, diz a dra. Renata. Seu filho reage aos sons,
podendo, inclusive, assustar-se ao ouvir uma buzina próxima ao ventre materno.
No final da gestação, ele já possui reflexos e sentidos bastante desenvolvidos.

21
33ª a 36ª semana Para
O bebê já se encontra totalmente formado.
Agora, só precisa ganhar peso. Os movimentos respi-
saber
ratórios começam a aparecer. Com 36 semanas, ele
chega a 2,7 Kg e 45 cm de comprimento. A partir daí,
Será uma menina ou
ele terá um acréscimo de 200 gramas por semana.
um menino?
Você sabia que o pai, através do
Os movimentos são bem discretos, pois o ambiente
espermatozóide, é quem determina o
está apertado e limitado. Assim, você vai sentir mais
sexo do bebê?
chutes e socos. A pele do bebê está rosada e mais
Para entender melhor, o óvulo
resistente, a audição intensifica-se, os cabelos es-
sempre contém um cromossomo X,
tão grandes - com cerca de 5 cm de comprimento,
enquanto o espermatozóide possui
respeitando as características genéticas de cada um.
um cromossomo X ou Y. Portanto, se
Além disso, o corpo é coberto por lanugo, uma es-
o óvulo for fecundado por um esper-
pécie de penugem fina e macia, que desaparece antes
matozóide Y, o bebê será um menino.
do parto.
Caso contrário, se o espermatozóide
for X, será uma princesinha.

37ª a 40ª semana

Com 37 semanas, o bebê é considerado maduro, isso é, de acordo com os es-
pecialistas, a partir dessa idade gestacional, a criança nasce perfeitamente bem. Pesa,
em média, 3 Kg e mede 48 cm. As unhas estão compridas, podendo arranhar. Sur-
gem as primeiras contrações, que são sentidas também pelo bebê, já que ocorre uma
pequena diminuição de oxigênio. Vale ressaltar que tudo isso é normal para ele.
Nessa fase, o bebê pratica movimentos de respiração, engole, suga e elimina
enzimas. Por volta da 38ª semana, a quantidade de líquido amniótico é maior em
relação aos demais estágios da gravidez. A pele está coberta pelo vérnix caseoso,
que dá o aspecto de grumos brancos no líquido amniótico, determinando o grau de
maturidade fetal.
A qualquer momento seu bebê vai nascer e respirar pela primeira vez. Tudo
será muito novo tanto para você como para ele. Conhecer o seu rostinho, acariciar
suas mãozinhas, ouvir o primeiro choro, a primeira respiração, a primeira mamada, o
primeiro toque. Tudo será maravilhoso. Assim, o cordão umbilical será cortado, mas
o vínculo entre ambos continua...
 EVOLUÇÃO DA GESTAÇÃO
GRAVIDEZ FORMAÇÃO DO FETO TAMANHO E PESO
4ª semana Tubo neural: início da formação do sistema nervoso central 3 mm
5ª semana Proeminência ventral: início da formação do coração, do 6mm/ 0,5 g
desenvolvimento dos membros e do intestino
8ª semana Formação das pálpebras, da ponta do nariz e do ouvido. 2-2,5 cm/ 2 g
Movimentos fetais visíveis no ultra-som
12ª semana Unhas, produção de urina, movimento do intestino e 8cm/ 14 g
movimentação dos olhos
16ª semana Cordão umbilical, movimentos respiratórios, ossificação 12 a 14 cm/ 150g
dos esqueleto, suga os dedos da mão, sexo visível
20ª semana Visualização completa de todas as estruturas fetais, início do 20 cm/ 300 g
depósito de gorduras, sistema nervoso central, deglutição
24ª semana Surgem cabelos e sobrancelhas, pele enrugada, ouve os 25 cm/ 600 g
batimentos cardíacos, funcionamento do fígado e pâncreas
28ª semana Pele fina e avermelhada coberta de vémix, audição dos sons, 30-35 cm/ 1.000 g
abre e fecha os olhos, começa a enxergar
32ª semana Inicia a maturidade pulmonar, aumento da camada gordurosa 40 cm/ 1.800 g
e muscular, aumento da movimentação e da flexibilidade
36ª semana Passa a se orientar em relação à luz, a audição para sons 47 cm/ 2.700 g
intensifica-se, aumento dos movimentos respiratórios
37ª semana Sistema nervoso, pulmonar e digestório amadurecidos, 48-52 cm/ 3.000 g
pele mais resistente.
Fonte: Gravidez e Nascimento. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2002
Livro “Gravidez Dia a Dia”, Sheila Kitzinger e Vicky Bailey. Quadro
apresentado no livro “Gravidez Saudável – Guia Prático da Gestação ao
Bebê”, dra. Renata M. Bellizia Scarabichi, Editora Lemos.

Consultorias:
Dr. Adolfo Liao, médico-coordenador do Serviço de Medicina
Fetal do Hospital e Maternidade São Luiz, médico-assistente da
Clínica Obstétrica do Hospital das Clínicas da USP e especialista em
Medicina Fetal pela FEBRASGO (Federação Brasileira de Ginecologia
e Obstetrícia) e “Fetal Medicine Foundation” (Londres).
Dra. Renata M Bellizia Scarabichi de Faria, ginecologista e
obstetra, médica do Hospital Pélora Byington, em São Paulo (Hos-
pital da Mulher), do setor de Reprodução Humana e Esterilidade
Conjugal, e autora do Livro “Gravidez Saudável – Guia Prático da
Gestação ao Bebê”, Editora Lemos.
 anexos da gravidez

Cordão umbilical, placenta e

líquido amniótico
Conheça as estruturas que vão manter a
gravidez e o desenvolvimento do seu bebê.

Mesmo antes de você se dar conta de que um nenê está a caminho, seu
organismo já estará providenciando a formação do ambiente em que o feto irá
se desenvolver.
Desde o momento da concepção, quando o óvulo é fecundado pelo es-
permatozóide, é gerado um ovo que vai se desenvolver durante os nove meses.
Esse ovo, também chamado de zigoto, vai se dividir em duas partes: uma para
formar o embrião e outra, os anexos da gravidez, isso é, a placenta, o cordão
umbilical e as membranas.

Cordão umbilical
O cordão umbilical é responsável por levar os nutrientes e o oxigênio da
placenta para o feto. Ele começa a ser formado na quinta semana de gravidez,
medindo milímetros e é feito por um tecido gelatinoso e flexível. O cordão é
composto por duas artérias e uma veia, sendo que essa é a responsável pelo
transporte dos nutrientes e do oxigênio. Tudo é muito perfeito. O bebê utiliza
as substâncias e, depois, devolve-as para a placenta, através das duas artérias,
eliminando as toxinas e o gás carbônico. Se, no início da gravidez, ele mede milí-
metros, ao final, pode chegar a 50 centímetros de comprimento.
Uma preocupação freqüente por parte das mães é que o cordão entrelace
o pescoço do bebê. Apesar de ser um fato raro, ele acontece com mais facilida-
de em gestações múltiplas (de gêmeos). Outra dúvida comum aparece quando
o médico corta o cordão umbilical. Quanto a isso, fique tranqüila, o bebê não
sente absolutamente nada, afinal, esse anexo da gravidez não possui terminações
nervosas, portanto, não provoca dor. Após o corte, o médico deixa um coto de
cerca de dois centímetros que, com assepsia local, costuma cair em uma semana.
O que resta é a cicatriz umbilical, que nada mais é do que o umbigo.
Placenta
A placenta é a grande responsável por proteger
e alimentar o bebê. Além disso, produz hormônios vi-
tais para a gravidez. Ela desenvolve-se juntamente com
o embrião, a partir da camada externa do núcleo celular
fecundado. Por volta do quarto mês de gestação, estará
totalmente formada e, ao final dos nove meses, chega a
medir de 17,5 a 20 cm de diâmetro, 2 centímetros de
espessura e a pesar cerca de 500 gramas, aproximada-
mente um sexto do peso do bebê.
A placenta é composta de células que ficam grudadas
na parede do útero e se localiza na parte superior deste,
de onde se descola logo após o nascimento do bebê. Atra-
vés dela, a mãe envia para o filho tudo o que ele necessita
para se desenvolver, além de filtrar os excrementos do feto.
Infelizmente, sua barreira não combate a penetração de
substâncias maléficas, como o álcool, a nicotina, os medica-
mentos, as drogas, nem de doenças virais, como a Aids, a
rubéola, a sífilis, entre outras. Portanto, um alerta: evite se
expor a situações de riscos.
Da placenta saem membranas que formam a bolsa
ou o saco amniótico, cuja função é auxiliar na proteção
do bebê, que fica cercado de água. Além de defender o
pequeno contra choques acidentais, o líquido amniótico
contém glicose e sais minerais, importantes para o desen-
volvimento do feto.
A terceira função da placenta é a produção dos hor-
mônios responsáveis por manter a gravidez. Um deles é a
gonadotrofina coriônica (HCG), que é detectada no exame
de sangue ou de urina, confirmando a gravidez: é o famoso
Beta HCG. O segundo é a progesterona, hormônio impor-
tantíssimo para a gestação. “A progesterona é considerada o
mais importante hormônio, pois é responsável pela manu-
tenção inicial da gravidez, evita o aborto e, de acordo com
experiências e observações, parece estar correlacionada ao
trabalho de parto prematuro”, explica o obstetra e gineco-
logista dr. Rogério Moreno.
Líquido amniótico
Consiste em um líquido transparente que fica dentro
da bolsa e é o primeiro alimento que o feto vai experimen-
tar. Um mundo de sensações começa a surgir no universo
do bebê. Ao contrário do que se pensava antigamente, o
feto tem seus sentidos aguçados e percebe as sensações
ligadas ao paladar. Ele é capaz de sentir e diferenciar os gos-
tos, o amargo do doce, por exemplo.
O líquido amniótico mantém o feto limpo e na tem-
peratura ideal, renovando-se completamente a cada seis
horas. É um hábitat perfeito para o bebê, onde ele flutua,
mexe-se, gira e dá até cambalhotas. Além disso, o feto o
deglute e faz xixi nele, que nada mais é do que o seu próprio
líquido amniótico.
Produzido e reabsorvido pelo cordão, pelo feto e
também pelas membranas, o líquido tem função de pro-
teção fetal contra traumas da mãe, evita malformações de
compressão, infecções e expande o pulmão fetal durante
sua formação. No final da gestação, o seu aspecto (quando
puncionado) pode indicar maturidade pulmonar fetal. Com
a evolução da medicina fetal, o líquido poderá também indi-
car, através da cariotipagem das células fetais descamadas (a
amniocentese), cromossomopatias, isso é, possíveis altera-
ções e síndromes genéticas.
25
mãe e filho

Uma sintonia
perfeita!
Não se acanhe. Conversar e
sentir o bebê desde os primeiros
meses da gestação vai ajudar -
e muito - a criar um vínculo de
amor entre vocês.

ESTAR GRÁVIDA É COMO RENASCER. Afinal, uma nova vida está cres-
cendo dentro do seu ventre. E nesse momento tão mágico e sublime, entrar em
contato com seu filho pode ser um exercício de amor e dedicação.
Ao contrário do que se pensava no passado, o feto é capaz de perceber
os sentimentos dos pais e reagir aos estímulos propostos por eles. E, segundo
pesquisadores, não são as menores preocupações ou as incertezas do cotidiano
materno que se repercutem no bebê, mas sim os esquemas efetivos mais pro-
fundos e duradouros.
A australiana Eva Marnie, autora do livro “O início da vida”, Editora Best
Seller, sugere que, a cada dia da gravidez, a mãe e o pai mantenham uma relação
com seu filho, seja por meio de conversas, histórias ou carícias. O importante é
seguir a intuição e deixar os sentimentos fluírem.
“Em minhas aulas de preparação para o parto, recebo informações dos pais
sobre suas vivências de contato com o bebê. Mulheres recentemente grávidas já
os sentem e ficam alegres com suas manifestações. Outras passam até a aceitar
melhor a gravidez inesperada quando entram em sintonia com o feto”, relata
Lívia Penna Firmo Rodrigues, de Brasília, que, há mais de vinte anos, trabalha na
orientação de gestantes.
Consciente da importância desse afeto estreito entre mamãe e bebê, co-
nheça um exercício, proposto por Lívia Penna Firmo Rodrigues no seu livro “Dar
à luz...renascer - Gravidez e Parto”, da Editora Ágora, que vai lhe ajudar a entrar
em contato com seu filho.
27
Exercícios para se sintonizar
com o bebê
Primeiramente, escolha uma música suave, da qual você goste. Pode ser
com sons da natureza (de rio, de ondas ou de canto de pássaros). Se possível,
procure seguir uma rotina de horários. Por exemplo, logo após os exercícios
físicos e respiratórios do entardecer. É importante que haja tempo suficiente
e que não seja muito tarde da noite, para que você não adormeça no meio
da vivência.
Coloque-se na posição de relaxamento, deitada de lado, com almofadas
sob sua cabeça e entre as pernas, apoiando-as. Sinta todo o peso do seu corpo
no chão. Respire profundamente. Ao inspirar, imagine que saúde, tranqüilidade,
energia renovada estão entrando em todo o seu corpo. Ao expirar, deixe que
as dúvidas, as ansiedades, as preocupações e os medos saiam de você, voltando
para a terra. Repita esse procedimento três vezes.
Devagar, vá sentindo cada parte do seu corpo. Visualize e relaxe os pés, as
pernas, os joelhos, as coxas, os quadris, a coluna, vértebra por vértebra, as costas,
o pescoço, os ombros, a cabeça e até o couro cabeludo. Se surgirem pensamen-
tos, deixem que passem, sem se identificar com eles. É como se você estivesse
na calçada observando os carros passarem: você olha, mas deixa que eles se vão.
Relaxe o rosto, a boca, os olhos, os maxilares. Mantenha a boca entreaberta, com
a língua solta no assoalho dela. Relaxe os peitos, os braços, as mãos e os dedos. E,
depois, relaxe todos os órgãos internos, visualizando-os. Sinta seu corpo pesado.
Perceba se há, ainda, algum ponto tenso, desfazendo-o com a respiração.
Agora, volte sua atenção para o útero. Procure sentir, nesse momento, qual
o espaço que o bebê ocupa dentro dele. Visualize o bebê que você quer ter. Qual
o formato de sua cabecinha, a cor de seus olhos, dos cabelos, a textura? Perceba
seu coraçãozinho batendo e fique ouvindo. Respire profundamente. Deixe que a
energia do amor entre pelo coração dele. Transmita-lhe tudo o que você deseja
e converse com ele.
Quando considerar que o contato está completo, despeça-se do bebê ima-
ginando que está colocando seu pequeno para dormir. Assim, a ligação entre
vocês começará desde o início da gestação e seguirá até a hora do parto. O con-
tato com o bebê é um relacionamento íntimo e, aos poucos, mãe e filho vão se
conhecendo. Assim, quando ele nascer, não será um ilustre desconhecido e sim
aquele ser com quem você manteve tantas conversas e que já tem a impressão
de conhecer um pouco mais.
zen
Grávida

A meditação é uma ferramenta importantíssima, capaz de proporcio-

nar momento de muita tranqüilidade. Sem falar que reduz o estresse e traz
equilíbrio à futura mamãe, além de estabelecer uma relação mais intensa
entre mãe e filho.
A meditação faz com que a mulher perceba melhor cada movi-
mento de seu filho, potencializando cada nova sensação. “As grávidas que
praticam meditação conseguem uma integração maior com seu bebê
e, conseqüentemente, tornam-se mais tranqüilas”, explica Isabel Giusti,
professora de ioga.
Os benefícios são vistos na prática. “Na primeira gravidez, eu ti-
nha muito medo do parto, sentia-me ansiosa com a espera”, conta Silvia
Martins, de 33 anos, que, na segunda gravidez, conheceu os milagres da
meditação. “Comecei a meditar quando esperava meu segundo filho e a
diferença foi enorme, parece que até os enjôos diminuíram”, conta a mãe
de Natália e Guilherme.

Consultorias:
Lívia Penna Firmo Rodrigues, nutricionista pela
faculdade de Saúde Pública da USP, professora de edu-
cação nutricional da Universidade Católica de Brasília,
trabalha, há mais de 20 anos, na orientação a gestan-
tes, autora do livro “Dar à luz...renascer - Gravidez e
Parto”, da Editora Agora.
Isabel Giusti, professora e orientadora
de ioga para gestantes.
.

Foto Manoel Carvalho

29
ultra-sonografia

Exames
fundamentais
Conheça todos os tipos de ultra-
sons e quais as suas indicações.

ANTIGAMENTE, A GRAVIDEZ ERA UM MISTÉRIO. A vida intra-uterina

era pouco conhecida e os especialistas contavam apenas com os exames clínicos,
importantes e indispensáveis até hoje, mas menos precisos.
Em compensação, as mães do novo milênio contam com os mais avança-
dos exames, capazes de apontar anomalias e problemas que podem ser tratados
antes mesmo do nascimento. Sem falar na possibilidade de acompanhar todo o
desenvolvimento do bebê, através de ultra-sonografias cada vez mais nítidas.
O ultra-som é fundamental para que o médico possa avaliar o bebê, a pla-
centa, o líquido amniótico e todas as estruturas da gestação. Sem dúvida, a me-
dicina fetal é capaz de proporcionar ao feto maior segurança e, em alguns casos,
melhor qualidade de vida. Na prática, ela ganhou força a partir da década de 80,
época em que o médico francês Fernand Daffos descobriu, durante uma ultra-
sonografia, que é possível guiar uma agulha através da barriga da mãe para chegar
até o feto e coletar sangue do cordão umbilical. Uma verdadeira revolução. A
partir daí, o feto passou a ser encarado como um paciente.
Até mesmo a relação dos pais com o bebê mudou com o passar dos anos.
Agora, eles têm a oportunidade de conhecer mais sobre o filho que estão es-
perando e, assim, fortalecer os vínculos desde a gravidez. Afinal, poder ouvir o
coração do nenê bater, ver seus braços e suas mãozinhas se mexerem são sensa-
ções indescritíveis! Sem falar na tranqüilidade de contar com exames sofisticados
capazes de detectar exatamente como está a saúde do pequenino e de saber que
algumas doenças podem ser tratadas ainda dentro do útero e outras, logo após
o nascimento.

USG Obstétrico de Gestação Inicial

Pode ser realizado a partir de 6 semanas de gestação (duas semanas após o
atraso menstrual) e, por vezes, precisa ser realizado pela via transvaginal para ava-
liação adequada. Esse exame confirma se a gestação está localizada corretamente
no interior do útero e não na trompa (gravidez ectópica). Permite confirmar o nú-
mero de bebês (para diferenciar gestação única de gemelar, trigemelar ou mais). A
partir de 7 semanas, já se identifica o batimento cardíaco, diferenciando gestações
evolutivas dos abortos retidos. Também permite estabelecer a idade gestacional
dos bebês e estimar a data prevista do parto com erro de 3 a 4 dias para mais ou
para menos.

31
 1 2
1. Imagem 3D da face de
um feto de, aproximada-
mente, 29-30 semanas.
2. Imagem de gestação ge-
melar, de 8 semanas, com
dois sacos gestacionais e
dois embriões de, aproxi-
madamente, 1 cm cada.
3. Imagem ampliada do tó-
rax fetal, demonstrando as
quatro câmaras cardíacas e
os pulmões.
4. Perfil da face de um feto
com 20 semanas. Nessa
fase, ele tem peso estimado
entre 300 e 400 gramas.
Exames
especiais
Em alguns casos, dependendo do histórico familiar do casal, da idade
da gestante ou, ainda, de suspeitas de doenças relatadas nos exames citados
acima, o obstetra pode solicitar outros mais detalhados. No entanto, a
maioria deles é invasiva e representa riscos de aborto, com porcentagem
que vai de 0,5% a 1%. Converse com seu médico, pois só ele poderá
recomendar a melhor medida a ser tomada. Vale lembrar que não é porque
seu obstetra solicitou alguns desses exames, que existe alguma alteração
grave com a sua gestação.
Biópsia do vilocorial
Uma agulha finíssima é introduzida pela barriga da mãe e para retirar
uma amostra do tecido que reveste a placenta. O material é analisado e,
através dele, é possível descobrir se existe alguma alteração genética.
Amniocentese
Esse exame é feito através da coleta do líquido amniótico por meio de
uma agulha fina. Tem como objetivo descobrir doenças ou más-formações
fetais. Geralmente, é realizado a partir da 15ª semana.
Cordocentese
Realizado a partir da 18ª semana, a cordocentese é capaz de desco-
brir doenças hereditárias, infecções e dosagem de hemoglobina nos bebês
com Rh incompatível com o da mãe.
3 4

Medida da Translucência Nucal (TN)

Exame que deve ser realizado entre 11 e 13 semanas e 6 dias para medir a
espessura da pele situada atrás da nuca dos bebês.
Atualmente, essa medida é o melhor parâmetro ultra-sonográfico para
identificar as gestações com risco de síndrome de Down.

USG Morfológico de primeiro trimestre

Realizado na mesma época do exame de TN, identifica adequadamente a
presença da calota craniana (osso que protege o cérebro), a divisão do cérebro
em duas metades, a presença do estômago e da bexiga urinária, além das extre-
midades e seus diferentes segmentos (coxas, pernas, pés, braços, antebraços e
mãos). Permite o diagnóstico precoce de algumas más-formações fetais, como a
anencefalia (ausência de cérebro grave e letal) e a onfalocele (hérnia da parede
abdominal fetal no local de inserção do cordão umbilical), megabexiga (obstrução
ao esvaziamento da bexiga urinária).
Sem dúvida, a
USG Morfológico de segundo trimestre medicina fetal
Realizado geralmente entre 18 e 24 semanas, já que essa é a época ideal para
avaliar detalhadamente as estruturas fetais com o objetivo de identificar más-forma- é capaz de
ções. O exame identifica, aproximadamente, 80% a 90% dos defeitos estruturais. proporcionar
Ecocardiografia Fetal ao bebê maior
É um exame detalhado do coração, realizado por especialista e indicado segurança e,
em pacientes de alto risco para defeitos cardíacos, como casais que apresen-
tam antecedentes familiares ou história de filho anterior com mal-formação
em alguns
cardíaca. Também indicado em pacientes que fazem uso de medicação anti- casos, melhor
convulsivante e mães diabéticas. O diagnóstico de medida aumentada da es-
qualidade
pessura da TN ou qualquer má-formação fetal no exame morfológico também
são indicações de ecocardiografia. de vida.

33
 1 2

1. Avaliação do fluxo san- USG Obstétrico

güíneo de artéria do cor-
dão umbilical.
2 a 4. Imagens da circunfe-
rência cefálica, abdominal e
fêmur de um feto de, apro-
ximadamente, 28 semanas.
Essas medidas permitem
estabelecer um peso esti-
mado: pouco mais de 1 Kg.
Avalia o adequado crescimento do feto ao longo de toda a gestação, além
de permitir a estimativa do peso fetal com erro de 10% para mais ou para menos.
Baseia-se nas medidas da cabeça, do abdômen e do comprimento de alguns os-
sos, como o fêmur e o úmero. São examinados, ainda, o grau de amadurecimen-
to da placenta e o volume do líquido amniótico que envolve e protege o bebê.
Ultra-sonografia tridimensional
Pode ser realizada a partir da 11ª semana. O computador junta as imagens
do ultra-som convencional, elaborando uma visão tridimensional. Os pais podem
visualizar com grande nitidez o rostinho do bebê, seus membros e seus movi-
mentos. Verifica todas as estruturas do feto. Apesar disso, a utilidade quanto ao
diagnóstico não traz grande surpresa em relação ao morfológico.

Dopplerfluxometria colorida
Exame de USG que permite avaliar o fluxo sangüíneo na artéria do cordão
umbilical (que nutre o bebê) e na principal artéria que irriga o cérebro fetal (arté-

Quantas ultra-sonografias são

necessárias?
De acordo com o obstetra da maternidade São Luiz, em São Paulo, dr. Rogério Moreno, em uma gravidez
com condições normais, três ultra-sons são suficientes para analisar a evolução do feto.
Ele explica que, no primeiro trimestre, é importante realizar esse exame para verificar a data prevista para o
parto. No segundo trimestre, entre a 20ª e a 22ª semanas de gestação, é indicada a realização do ultra-som morfo-
lógico. No oitavo mês, o obstetra pode recomendar, também, o uso do doppler que permite o acompanhamento
do fluxo sangüíneo do feto.
3 4
ria cerebral média). Importante para avaliar se não está ocorrendo
prejuízo do fornecimento ao feto na fase em que este apresenta
maior velocidade de crescimento (a partir de 28 semanas). Antes
disso, a avaliação do fluxo sangüíneo pelas artérias uterinas (vasos da
mãe que trazem sangue ao útero) permite analisar se a placenta está
se desenvolvendo adequadamente. É um exame fundamental para
acompanhamento dos casos em que o bebê não está crescendo
adequadamente ou em que a mãe apresenta complicações como
hipertensão.
Perfil biofísico fetal
Realizado, geralmente, a partir de 28-30 semanas. Tem por
objetivo atestar o bem-estar do feto através da avaliação da quan-
tidade de líquido amniótico, exame da movimentação corpórea e
respiratória fetal. Além de registrar a freqüência cardíaca fetal e suas
oscilações, através de monitoração contínua.
Consultoria: Dr Adolfo Liao, médico-coordenador do Serviço
de Medicina Fetal, do Hospital e Maternidade São Luiz, especia-
lista em Medicina Fetal pela FEBRASGO (Federação Brasileira de
Ginecologia e Obstetrícia) e pela FMF (Fetal Medicine Foundation
– Londres), médico-assistente da Clínica Obstétrica do Hospital
das Clínicas da USP (Universidade de São Paulo).
Agradecimento: ao departamento de medicina fetal do
Hospital e Maternidade São Luiz, São Paulo, pelas imagens
gentilmente cedidas.
NOVIDADE
Exame de sangue detecta o
sexo do bebê.
Para as mamães curiosas, que não
agüentam esperar o ultra-som para saber o
sexo do bebê, uma boa notícia!
O exame chamado sexagem fetal é
realizado através de uma técnica de biologia
molecular e tem como princípio detectar
o cromossomo Y no sangue da gestante.
Sabe-se que a mulher apresenta cromosso-
mos XX nas suas células, então, quando são
encontrados fragmentos do cromossomo Y,
conclui-se que provêm do feto, no caso, do
sexo masculino.
Segundo Cristiane Di Giorno, mes-
tre em ciências básicas pela Escola Paulista
de Medicina, nesse exame são pesquisadas
regiões específicas do cromossomo Y e con-
segue-se detectar o sexo do bebê a partir da
8ª semana de gravidez com cerca de 99% de
acerto para meninos. Para meninas, a proba-
bilidade é dependente da idade gestacional.
Esse exame já está sendo realizado
em algumas das principais maternidades
do País.
35
 reprodução assistida

À espera de
um bebê
A reprodução assistida pode ser
o caminho mais curto para quem
apresenta dificuldades para engravidar.

Micromanipulação de gametas para fecundação por injeção intracitoplasmática de espermatozóide.

 De cada 100/ 150
bebês nascidos
no Ocidente, 1
é por técnica de
fertilização in vitro.
E a demanda ainda
é muito reprimida,
principalmente
MEDO, DÚVIDA, ANGÚSTIA E INCERTEZA. Esses são alguns dos sen-
nos países em
timentos que assolam a vida de um casal que é atingido pela impossibilidade de desenvolvimento.
ter uma criança. Muitas podem ser as causas e os motivos, como também várias “No Brasil, não
são as soluções e os meios para diagnosticar os obstáculos, desde que cada caso
seja tratado de acordo com a sua especificidade. Assim, antes de qualquer coisa, é tratamos nem
preciso ter muita calma e não ser radical em esgotar as alternativas e os métodos 1% dos casos
disponíveis para gerar um bebê.
Em todo o mundo, milhões de casais são atingidos pela infertilidade. Apre-
existentes”.
sentar dificuldades para gerar um bebê pode, muitas vezes, afetar até mesmo a
relação de uma união. Mas quando, realmente, um casal é considerado infértil?
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), isso acontece somente após o
período de um ano de tentativas, sem o uso de qualquer anticoncepcional. Toda-
via, isso não é regra e pode sofrer variações. Estima-se que 20% dos casais, em
idade reprodutiva, apresentam algum problema de fertilidade, ou seja, 80 milhões
de pessoas em todo o mundo.
Ainda tão nova, a reprodução assistida já tem muita história para contar.
Corresponde a uma forma de intervenção dos médicos, que vai desde uma sim-
ples indução ovulatória até a fertilização in vitro, com o intuito de aumentar a
capacidade de gerar uma criança sem a relação sexual.
Bem difundida no mundo afora, no Brasil, a reprodução assistida já deixou
de engatinhar há alguns anos. Desde a década de 50, várias técnicas de insemina-
ção artificial começaram a se consolidar no país. Hoje, os números são surpreen-
dentes. Segundo a Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH), cerca
de seis mil mulheres brasileiras recorrem, anualmente, à reprodução assistida.
É a intervenção médica fazendo a diferença. Desde o sucesso, ainda no
século XIX, em 1891, para a reprodução artificial em animais de pré-embrião de
uma ovelha para o útero de outra espécie, muita coisa mudou. Em 1978, nascia,
na Inglaterra, o primeiro bebê de fertilização in vitro: Louise Brown. Assim, o que
estava antes restrito a experiências em animais, hoje já é considerado um excep-
cional avanço científico para a reprodução humana. E os números surpreendem.
Cerca de 1 milhão de bebês, em todo o mundo, nasceram através da técnica de
fertilização in vitro.

37
 Para se ter uma idéia, de cada 100/ 150 bebês nasci-
dos no Ocidente, 1 é por técnica de fertilização in vitro. E a
demanda ainda é muito reprimida, principalmente nos países
em desenvolvimento. “No Brasil, não tratamos nem 1% dos
casos existentes. Isso se deve aos altos custos do procedi-
mento, à não cobertura pelos planos de Saúde e pelo SUS,
sem falar na falta de centros especializados”, explica o dr.
Emerson Barchi Cordts, obstetra do Hospital e Maternidade
São Luiz e especialista em reprodução humana.
Ultimamente, a incidência da infertilidade tem aumen-
tado no mundo todo e um dos principais motivos é que
a mulher moderna deixa para engravidar mais tarde, após
estabilização profissional. A mulher nasce com todos os óvu-
los no ovário e, com o tempo, eles envelhecem e perdem
a qualidade e o potencial de fertilização. Mesmo que uma
mulher de 40 anos continue ovulando normalmente, a qua-
lidade dessa ovulação não é mais a mesma e sua capacidade
reprodutiva é de apenas 8% do que foi no início dos seus
30 anos. Esse é o grande binômio da mulher atual: careira
profissional x família. O relógio biológico é cruel com o sexo
feminino, e a idade é um fator importantíssimo, já que mes-
mo para se obter resultado com fertilização in vitro também
é necessário que os óvulos tenham boa qualidade.
Um mito a ser superado
Ao contrário do que comumente se pensa, o processo
de reprodução humana é pouco eficiente. Em apenas um ci-
clo menstrual, 16% é o índice estimado para casais aparente-
mente normais, expostos à gravidez, em fecundar um óvulo.
Para se ter uma idéia, o índice de fecundidade para mulheres
abaixo dos 30 anos de idade é de apenas 20%, diminuindo
progressivamente com o aumento da idade. Assim, com 40
anos, a possibilidade de fertilizar um óvulo é de apenas 8%;
com 43 anos, restringe-se a 1%.
Os nú meros apresentam dados que causam espan-
to. Há pesquisas que identificam as principais causas da in-
fertilidade: 30% masculina, 30% feminina, 30% de ambos
e apenas 10% de causas indeterminadas. Não se trata de
verificar de quem é a culpa, mas sim de identificar os obs-
táculos a serem superados através da reprodução assistida.
Tais números vão se modificando ao redor do mundo, na
verdade, o que ocorre é uma distinta variação nas causas
e nos motivos da infertilidade. No Brasil, por exemplo, há
maior incidência de obstrução das tubas uterinas devido às
doenças sexualmente transmissíveis (DST).
Dentre as causas da infertilidade masculina, podem
estar relacionada ausência de produção, a diminuição ou
pouca mobilidade do número de espermatozóides, a va-
sectomia, dificuldades na relação sexual ou espermato-
zóides anormais. Já a mulher pode apresentar distúrbios
hormonais que impeçam ou dificultem o crescimento e a li-
beração do óvulo, ligadura de trompas, presença do muco
cervical que impeça a passagem dos espermatozóides, en-
dometriose (presença do endométrio, camada interna re-
novada a cada menstruação, fora do útero), fator imunoló-
gico, como também problemas provocados por infecções,
cirurgias nas trompas, causas imunológicas e genéticas.
A intervenção médica fazendo a diferença
Quando, sem sucesso, depois de um ano de tenta-
tivas frustradas o casal decidir procurar um especialista em
reprodução assistida, vários exames serão solicitados para
verificar as eventuais causas. Inicialmente, são realizados
exames rotineiros, como ultra-sonografia, dosagem hor-
monal, histerossalpingografia, para verificar as trompas e,
para os homens, espermograma, uma análise do sêmen.
Posteriormente, caso seja necessário, serão pedidos exa-
mes específicos.
Assim, após ter levantado todos os dados e realiza-
do os exames e os prognósticos, recorre-se aos métodos
difundidos pela reprodução assistida.
Fique por dentro de seus direitos!
Mesmo concebidos por reprodução assistida, os
filhos têm direitos semelhantes aos de uma criança gera-
da de forma natural. Segundo o novo código civil, filhos
nascidos através da inseminação artificial têm direitos ga-
rantidos quanto à paternidade, mesmo com o término do
casamento ou o falecimento.
Consultoria e orientação:
Dr. Emerson Barchi Cordts, obstetra do Hospital e
Maternidade São Luiz, especialista em reprodução humana,
membro da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana
(SBRH) e membro da Sociedade Americana de Medicina
Reprodutiva (ASRM).
Indução à ovulação através do uso de medicamentos
Inseminação artificial: selecionados os esper-
matozóides, eles são colocados por intervenção médica na
vagina para fecundação. Recomendado em casos de existên-
cia de anticorpos antiespermatozóides no muco cervical da
mulher, quando o número de espermatozóides saudáveis é
muito baixo ou quando apresenta outras causas que impe-
çam a fertilização por alterações dos espermatozóides.
Após a fase da menstruação, com os medicamentos
hormonais para induzir à ovulação, a paciente recebe acom-
panhamento através da ultra-sonografia por 10 dias, em mé-
dia. Dessa maneira, durante o período de ovulação, deve
ser recolhido o sêmen do parceiro da paciente e transferido
para a vagina cerca de 1 hora após a coletagem. Depois de
14 dias, o teste de gravidez é realizado. Cada tentativa ofe-
rece 30% de chance e, após três tentativas, o índice eleva-se
para 35%.
Fertilização in vitro (FIV): Conhecido como
bebê de proveta, os óvulos são retirados da mãe e coloca-
dos junto aos espermatozóides, realizando a fertilização in
vitro, ou seja, a fertilização ocorre em laboratório. O proces-
so é divido em 4 fases: estimulação ovárica, monitorização e
desencadeamento da ovulação; recuperação do óvulo; ferti-
lização e, finalmente, a transferência do embrião.
Recomendado quando há presença de oclusão das
Tubas de Falópio e endometriose, como também alterações
nos espermatozóides e, em alguns casos, de infertilidade
sem diagnóstico. A chance de resultado bem sucedido dessa
técnica é de 40% por tentativa com pacientes de até 35 anos
de idade. Até os 40 anos, o índice gira em torno de 30%.
Isso prova a eficiência desse método.
Injeção intracitoplasmática de espermato-
zóides (ICSI): a partir de óvulos obtidos da estimulação
da ovulação, semelhante ao FIV, é uma técnica de microma-
nipulação realizada através de uma aplicação de um único
espermatozóide no interior de um óvulo não-fertilizado.
Indicado para o tratamento de contagem ou qualidade
baixa de espermatozóides, a ICSI apresenta até 90% de
chance de fertilização em laboratório.
Há também alguns tratamentos cirúrgicos que po-
dem auxiliar a solucionar as dificuldades de fertilidade de
um casal. Não é raro realizar uma intervenção cirúrgica
para resgatar ou corrigir o desvio de fertilidade. São eles:
Correção da Varicocele: o aumento da tem-
peratura nas veias do escroto, causado pelo acúmulo de
sangue nos testículo, pode comprometer a produção de
espermatozóides. Após a cirurgia, os resultados podem
ser percebidos a partir do terceiro mês até dois anos. Pelo
menos 60% dos homens intensificam a produção de es-
permatozóides depois da cirurgia.
Reversão de vasectomia: com menos de
três horas de duração, a reversão da vasectomia, conhe-
cida como vasostomia, é freqüentemente bem sucedida.
Ela repara uma secção removida dos vasos do canal es-
permático. A recuperação é rápida e, em poucos dias, é
possível voltar ao trabalho.
Extração de espermatozóides: quando
existe uma obstrução no aparelho genital masculino, os
espermatozóides podem ser extraídos com intervenção
cirúrgica.
Superar as amarras do preconceito, transpor me-
dos e receios que estão postos em nossa sociedade são
os grandes desafios. Com o avanço da medicina, para
muitos casais, hoje já é possível sonhar e, muitas vezes,
viver o próprio sonho da gestação de uma criança. Muitos
são os obstáculos a serem superados mas, certamente, o
primeiro passo a ser dado é procurar assistência médica.
39
 partos e anestesias

Está chegando
a hora...
Não se acanhe, é preciso sanar
todas as dúvidas e estar confiante
para o momento mais esperado: o
nascimento do bebê.
PRIMEIRO A NOTÍCIA: O EXAME DEU POSITIVO. “Será possível? Já
existe mesmo um pequeno ser crescendo dentro de mim?” Daí, então, tudo
começa a se tornar real, no sentido literal da palavra. Os enjôos podem aparecer
e a barriga começa a crescer. Passam os dias, os meses e as horas do parto se
aproximam. E, quando você percebe, já está na sala de parto. O tempo voa du-
rante a gravidez. Em um piscar de olhos, os nove meses já se foram e, logo logo,
você estará segurando seu filho nos braços.
Por isso, é importante, desde cedo, pensar, refletir e buscar a melhor ma-
neira de ter seu bebê. O momento deve ser de tranqüilidade, serenidade e,
acima de tudo, de muita confiança em seu médico obstetra. Não há regras claras
ou receitas prontas, o melhor a fazer é encontar aquele que mais combina com
você e que a deixa mais segura.
Coragem, força e garra. Aprecie o momento, o seu nenê, a sua famí-
lia. Há muitas histórias, mas o que importa mesmo é a sua, que está sendo
construída nesse exato momento. O medo e a insegurança são sentimentos
pertinentes à sua realidade, mas é preciso concentrar-se em seu bebê, em
seu corpo, em você.
As perguntas surgem e devem ser sanadas. Qual o melhor tipo de parto?
Como trazer o bebê à vida com segurança e tranqüilidade? Como evitar a dor e
o sofrimento para a futura mamãe e o bebê? Como proceder? Como escolher o
melhor caminho? Que tipo de anestesia adapta-se melhor ao tipo de parto que
vou ter? São tantas perguntas... Contudo, não se desespere!
Traremos, aqui, algumas respostas que poderão tirar suas dúvidas e até
diminuir sua ansiedade. Mas lembre-se: o melhor a fazer é conversar com seu
médico obstetra. Pergunte o quanto quiser ou o quanto precisar para sentir-se
cada vez mais segura, principalmente, quando chegar a hora “H”.
 A hora “H” deve ser de
tranqüilidade, serenidade
e, acima de tudo, é pre-
ciso ter muita confiança
em seu médico obstetra.

Parto normal
Sinteticamente, o parto normal é aquele que não
apresenta qualquer intervenção cirúrgica, a não ser quando
existe a indicação de uma episiotomia, que poderá ser reali-
zada ou não a critério médico. A episiotomia é um pequeno
corte feito para facilitar a passagem do bebê. Todavia, conta
com a assistência do médico obstetra e de sua equipe du-
rante todo o processo.
Praticado há muitos anos, o parto normal ainda é o
mais recomendado pelos obstetras, desde que não haja ne-
nhuma contra-indicação suspeita ou alguma alteração com
a futura mamãe.

Cesárea
Em certas situações, a escolha por um parto cesá-
rea é a melhor decisão a ser tomada, como, por exem-
plo, quando a futura mamãe sofre de diabetes, os bebês
são demasiadamente grandes, há hipertensão, sofrimento
fetal ou câncer genital, ou quando, de alguma forma, o bebê
está em sofrimento, com batimento irregular do coração,
sentado ou, até, se passar da data provável do nascimento.
Essas razões e outros motivos particulares à sua gravidez
podem conduzir seu médico obstetra a orientá-la em optar
pela cesárea. Daí, então, esse tipo de parto será a melhor
coisa a se fazer.
Contudo, fique atenta! No Brasil, as estatísticas assus-

41
tam. Nos últimos 12 anos, segundo dados do Minis-
tério da Saúde, o número de cesáreas praticamente
dobrou. E isso tem um motivo: o falso mito de que
a cesárea não dói. Vale ressaltar que a recuperação
desse tipo de parto é mais demorada e apresenta
maior risco de infecção. Assim com a intervenção ci-
rúrgica, um corte é realizado horizontalmente acima
dos pêlos pubianos. Depois do nascimento do bebê,
retira-se a placenta e é realizada a sutura.
O parto cesárea pode ocorrer com hora
ou sem hora marcada. É importante estar
sempre aberta a mudanças e disposta a supe-
rar os desafios para receber o seu bebê. Em
muitos casos, principalmente após o primeiro
filho que foi recebido através de uma cesá-
rea, é provável que a cena se repita. Todavia,
isso não é uma regra. Você pode deixar para
a hora do parto a opção por uma cesárea se
não houver outra alternativa.

Fórceps
Há momentos em que o bebê precisa de
uma ajuda extra. E é nesses casos, quando ele
não consegue passar o canal de parto, que o fór-
ceps entra em ação. O nome pode causar uma
certa rejeição, mas fórceps nada mais é do que
um instrumento para ajudar a trazer o seu bebê
para fora.
Há dois tipos de fórceps: um para auxiliá-lo
quando há pouco espaço entre os ossos da bacia
da mãe, conhecido como fórceps de alívio; e o
outro, de rotação, ajuda a colocar a cabeça do
bebê na posição correta.

Leboyer
Consiste no parto realizado em uma sala
com temperatura por volta de 27º C e com lu-
zes amenas ou apagadas. Com calma, tranqüili-
dade, em um ambiente silencioso ou com uma
música ambiente, esse método é muito raro no
Brasil. Já em certos países da Europa, o Leboyer
é amplamente praticado. Depois do nascimento,
 Por dentro das anestesias Veja os tipos existentes:
Assim como escolher e informar-se so-
bre os tipos de partos, é também importante Local
saber optar pelo tipo de anestesia que se ade- Não há efeito colateral comprovado e sua aplicação
qua melhor tipo de parto escolhido por você é rápida e eficiente. Indicada apenas para partos normais, a
ou patologia associada à gestação, com o que duração é de aproximadamente uma hora. Todavia, se hou-
você deseja e com o seu momento na hora ver algum imprevisto ou situação de urgência no momento
“H”. Converse com seu obstetra e, para se do parto, a anestesia geral pode ser aplicada.
sentir mais segura, peça orientação ao próprio
anestesista. Afinal, os especialistas poderão in- Peridural
dicar qual a melhor opção para o seu caso. Recorde entre as cesáreas e os parto normais, essa
anestesia é aplicada na região lombar da coluna. Para cada
tipo de parto, ela é administrada de maneira diferente. No
o bebê é entregue à mamãe, que o massageia.
parto normal, essa anestesia é aplicada aos poucos; na cesá-
Só então o cordão umbilical é cortado.
rea, aplica-se de uma só vez. Além de poder prolongar-se
até seis horas, a peridural também apresenta certos efeitos
Parto na água
colaterais, como retenção urinária, coceira no nariz, nas
Polêmico, o parto na água divide opiniões.
pernas e nos braço.
Para alguns médicos, quando realizado de forma
errada, pode ocasionar riscos de afogamento e
infecção. Todavia, seu efeito terapêutico é de-
Raquianestesia
Recomendada quando o bebê precisa ser retirado
fendido por outros, que consideram o alívio das
com urgência ou se a futura mamãe está no fim do trabalho
contrações, as dores do parto e o choque do
de parto, a raquianestesia foi, durante muitos anos, usada
bebê ao nascer relevantes para essa prática. As-
para cesariana como opção depois da anestesia geral. Foi
sim, com segurança e bem empregado, o parto
substituída, nos anos 60 e 70, pela peridural. Atualmente,
na água pode ser uma excelente opção.
essa anestesia evoluiu e passou a ocupar novamente exce-
lente espaço no parto cesárea, já que sua agulha é mais fina
Parto de cócoras
e seus efeitos colaterais diminuíram.
É preciso preparar-se para a prática desse
parto, principalmente a musculatura da pelve,
com exercícios específicos durante o período
Anestesias conjugadas
A anestesia conjugada é utilizada por alguns aneste-
de gestação. Auxiliado pela força da gravidade,
sistas quando a paciente está em trabalho de parto e com
o parto de cócoras facilita que o bebê desça pela
dilatação aproximada de 6 cm. Pode ser realizada anestesia
vagina da mamãe. Você pode apoiar-se em uma
raqui, em baixa dose para não cortar as contrações, associa-
cadeira apropriada, para facilitar a posição. Mas
da à peridural com cateter.
lembre-se de se manter firmemente apoiada nos
Esse tipo de anestesia tem a vantagem de tirar a dor
pés e nas mãos, para evitar tombos.
mais rapidamente e favorecer a dilatação uterina por relaxa-
mento dos músculos pélvicos.
Parto natural
Sem o auxílio de anestesias, o parto natural
Vale ressaltar que existe uma anestesia natural produzida
não é recomendado pela maioria dos médicos, já
pelo corpo da futura mamãe que é, muitas vezes, esquecida
que não recebe nenhuma ajuda ou auxílio, nem
nos momentos do parto. O corpo, de muitas maneiras, prepa-
mesmo das parteiras, para realizá-lo. É somente
ra-se para receber o neném e a produção da endorfina é um
a mãe que auxilia seu bebê a nascer.
anestésico natural que colabora para diminuir a dor do parto.

43
corpo e mente

As principais mudanças que

vão acontecer ao longo dos
nove meses
Conhecer todas as alterações
psicológicas e físicas que vão ocorrer
com você ajuda a ter uma gestação
mais tranqüila.
 Agora que você já sabe tudo o que ocorre com o bebê desde o momento da concepção, vale a pena ficar
ciente das mudanças pelas quais seu corpo e sua mente vão passar nessa fase. Dessa forma, você certamente
ficará mais segura para passar os nove meses sem traumas.

Primeiro
MÊS
Peso: por volta de meio quilo a mais.
As mulheres que têm enjôos constantes
podem chegar a perder peso.
Mudanças físicas: cansaço, náuseas
e aumento do apetite. Aproveite o início
da gestação para repensar sua alimenta-
ção, caso ela não seja adequada. Prefira
os alimentos nutritivos e pouco calóricos,
optando pelos frescos e naturais. Você pode
sentir uma maior sensibilidade nos seios.
Mudanças psicológicas: você pode
ficar mais frágil e ter sentimentos ambí-
guos em relação à maternidade. Uma
certa insegurança é comum nessa fase,
afinal, tudo ainda é muito novo.
Dica: aproveite e informe-se sobre a
gravidez, leia livros e revistas especializa-
dos, que podem ajudá-la a se familiarizar
com essa nova realidade.
MÊS
Segundo
Peso: um acréscimo de mais meio quilo.
Mudanças físicas: as náuseas continuam em algumas mulheres.
O intestino tende a ficar mais preguiçoso, portanto, use e abuse de
alimentos ricos em fibras. Uma pressão no baixo ventre pode ser co-
mum, mas, caso ocorra, relate ao seu médico. Você pode sentir mais
sono a partir de agora. Uma dica: durma uma hora mais cedo do que
a de costume. Assim, ficará mais disposta na manhã seguinte. O apetite
tende a aumentar nessa fase.
Mudanças psicológicas: surge um clima de expectativa e de insta-
bilidade emocional. Assim, aproveite para perguntar tudo o que desejar
ao seu médico durante a consulta. Informação é o melhor remédio para
suas inseguranças. Não esqueça de levar seu companheiro a tiracolo.
Dica: o pré-natal é importantíssimo para que a gestação seja tranqüila.
Que tal fazer um diário, com os dados do pré-natal e todos os detalhes
referentes à sua gravidez?

Terceiro
MÊS
Peso: acréscimo de mais um quilo.
Mudanças físicas: o volume do seu útero estará um pouco
maior. Assim, com o tamanho elevado, ele pressiona a bexiga,
fazendo com que a vontade de urinar se intensifique. Os seios
devem começar a aumentar um pouco mais nessa fase.
Mudanças psicológicas: você pode perder o interesse pelo
sexo, afinal, o sono, o cansaço e as possíveis náuseas acabam causan-
do um mal-estar geral. Converse com seu companheiro.
Dica: sexo não é só o ato em si. Namore bastante, peça e dê
carinho. A cumplicidade do casal deve ser mantida.

45
 MÊS
Quarto
Peso: nessa fase, você deve ter 3 quilos a mais, contados do início da gestação.
Mudanças físicas: as náuseas tendem a diminuir. O coração estará mais acelerado, já que precisa bom-
bear mais sangue para manter a gravidez. Sua digestão pode ficar mais lenta, portanto, fuja de alimentos
gordurosos, condimentados e pesados. A linha nigra, uma linha escura, começa a surgir no seu ventre. O
início do segundo trimestre é o ideal para retomar ou iniciar exercícios físicos seguros e monitorados. Con-
verse com seu médico a respeito.
Mudanças psicológicas: as preocupações em relação à saúde do bebê e às alterações de humor são co-
muns. Tente manter atitudes positivas e o alto-astral.
Dica: se estiver disposta, mantenha em dia seu círculo de amizades. Aproveite para fazer uma viagem a dois,
pois, daqui há pouco, os momentos a sós serão mais raros.

MÊS
Quinto
MÊS
Sexto
Peso: acréscimo de mais um quilo.
Peso: o ideal seria que você estivesse com,
Mudanças físicas: a ação dos hormônios deixará seus
no máximo, 7 quilos a mais, contados do iní-
seios ainda maiores e os mamilos vão começar a escurecer.
cio da gravidez.
Nessa fase, a atividade hormonal provoca um excesso de
Mudanças físicas: sua respiração pode-
pigmentação na pele. Muito cuidado com as manchas gra-
rá ficar mais ofegante, a temperatura do seu
vídicas. Use protetor solar potente todos os dias e, quando
corpo também tende a se elevar, causando
for à praia, à piscina ou mesmo nos dias mais quentes, lance
calor e aumentando a sudorese. Com o
mão de bonés e sombreiros para garantir a proteção neces-
aumento do peso, suas pernas podem ficar
sária. Se, por acaso, sua pele manchar, os tratamentos para
mais doloridas. Portanto, coloque-as sempre
a remoção das manchas, além de demorados, só poderão
um pouco acima do nível do corpo.
ser realizados depois que o bebê nascer. Seus vasos san-
Mudanças psicológicas: faltam apenas
guíneos ficam mais evidentes, sem falar na possibilidade das
3 meses para o grande dia chegar. Nessa
incômodas câimbras.
fase, com a barriga mais saliente e os mo-
Mudanças psicológicas: essa é uma fase de maior tran-
vimentos do bebê, a gravidez torna-se mais
qüilidade, pois os riscos de aborto são bem menores, livrando
“real”. Agora, dá para sentir o bebê e até para
você das preocupações quanto à sua saúde e à do bebê.
interagir com ele. Esse é um bom momento
Dica: agora é um bom momento para iniciar o enxoval,
para entrar em sintonia com seu filho. Assim,
pois, caso você tenha optado, o sexo do bebê já deve ter
converse bastante com ele, pois ele já é ca-
sido confirmado.
paz de reconhecer sua voz.
Dica: começar um curso de preparação
para o parto pode ajudar a tirar suas dúvidas
e a deixá-la mais segura quanto aos cuidados
com o bebê.
 Peso:
MÊS
Sétimo
até 9 quilos a mais.
Mudanças físicas: com o aumento do volume
da barriga, podem surgir estrias, que devem ser evi-
tadas com uma boa hidratação pela manhã e antes
de deitar-se. Consulte um dermatologista para que
ele indique produtos eficientes e de alto poder de hi-
dratação. Você pode sentir uma certa queimação no
estômago: é a chamada azia. Prefira alimentos leves,
principalmente no jantar. Um incômodo na região
lombar pode aparecer. Fique de olho na postura.
Mudanças psicológicas: a ansiedade é notó-
ria. Tente controlar seus impulsos e procure manter-
se tranqüila, descansando sempre que possível.
Dica: Informe-se, através de cursos ou com seu
obstetra, sobre os tipos de parto, as anestesia e a

OitavoMÊS
amamentação.

Peso: até 11 quilos a mais.

Mudanças físicas: seu coração bate ainda mais
forte e, por causa da pressão nos vasos sangüíneos, as
veias de seu corpo estarão mais aparentes. Fique de
olho no aparecimento de varizes e hemorróidas. Para
o cansaço nas pernas e as varizes, o uso de meias elás-
ticas é fundamental. Você pode perceber, ao longo do
dia, um certo endurecimento da barriga. Fique tranqüi-
la, são as primeiras contrações, chamadas de Braxton
Hicks. Elas são indolores, mas, geralmente, quando se
trata da primeira gestação, a mulher pode confundi-las
com as contrações do trabalho de parto. Na dúvida,
avise seu médico.
Mudanças psicológicas: você não vê a hora de
olhar o rostinho do seu bebê, não é? Está quase chegando
o momento. É muito comum, nessa fase, a futura mamãe
ficar com a sensibilidade mais aflorada. Não estranhe se
você começar a chorar sem motivo. No fundo, essa ex-
pectativa acaba mexendo com as emoções.
Dica: confira tudo a respeito do parto, documenta-
ção, plano de saúde. Providencie a mala do bebê e
a sua, afinal, a qualquer momento você poderá ter
uma surpresa.
MÊS
Novo
Peso: entre 9 e 13 quilos a mais.
Mudanças físicas: a retenção de líquidos pro-
picia um certo inchaço nas mãos e nos tornozelos.
Em algumas mulheres, até o rosto fica mais cheinho
e o nariz, mais arredondado. A insônia também pode
atacar, pois o aumento do volume da barriga a deixa
sem posição para dormir. Experimente deitar-se de
lado com um travesseiro na cabeça e outro entre
as pernas. Que tal tomar um chazinho de camomila
antes de ir para a cama? Massagens com óleos essen-
ciais também podem ajudar, já que, além de aliviar os
edemas, a deixa mais relaxada.
Mudanças psicológicas: uma certa impaciência
e irritação podem tomar conta de você. A contagem
regressiva começa. Você estará cansada, porque o
peso da barriga sobrecarrega seus músculos e sua
coluna. Tente acalmar-se e descansar bastante.
Dica: diminua o ritmo de suas atividades e tente re-
laxar e dormir bastante.

47
seios
Existem outros métodos
capazes de ajudar na formação
do bico:
• faça um orifício no bojo
do sutiã, deixando o mamilo
exposto e roçando na roupa;
• exponha os seios ao sol
(antes das 10h e após às 16h);
• não utilize sabonete nos
seios durante o último trimestre
da gravidez.
Eles merecem cuidados
especiais
Preparar os mamilos e os seios
desde o início da gestação
garante um amamentar muito
mais tranqüilo e sem dor.
AS MAMAS SÃO UM CAPÍTULO À PARTE DURANTE A GRAVI-
DEZ. Isso porque através delas o bebê será alimentado da forma mais efi-
caz possível. Afinal, o leite materno é um líquido perfeito, capaz de alimen-
tar e garantir o desenvolvimento do bebê, sem falar no vínculo afetivo entre
mãe e filho. Por isso, para garantir uma amamentação eficiente e tranqüila,
o preparo dos seios já a partir do início da gestação é fundamental.
Assim que a gravidez é constatada, um dos primeiros sintomas é o au-
mento dos seios, que se tornam mais volumosos e sensíveis. Portanto, três
medidas são essenciais: o uso de sutiãs com boa sustentação, a hidratação
das mamas e a preparação dos mamilos.
Escolher os sutiãs certos pode fazer uma diferença incrível. Eles de-
vem proporcionar uma boa sustentação, não podem apertar e nem difi-
cultar a circulação. O tecido mais indicado é o algodão, pois proporciona
conforto ao transpirar. Além disso, os melhores modelos são aqueles que
mantêm os mamilos voltados para cima. Evite os que comprimem dema-
siadamente os seios. Faixas largas, alças reforçadas e fechos com possibilida-
des de ajustes são os ideais, podendo acompanhar o aumento do volume
durante os nove meses.
Sempre ouvimos falar de mulheres que sofreram ao amamentar, por
causa de fissuras nos mamilos. Em casos mais graves, as mamães são obri-
gadas a interromper a amamentação. “Algumas mulheres, antes mesmo de
engravidar, já possuem uma sensibilidade excessiva nos mamilos. Portanto,
precisam prepará-los para evitar possíveis transtornos durante a amamen-
tação”, alerta a médica Carla Góes Sallet, autora do livro “Grávida e Bela”,
Editora Senac.
Amamentar é uma experiência única, tanto para a mãe como para
o bebê. Mas para passar essa fase maravilhosa longe de complicações,
os mamilos devem ser “calejados” para a sucção. Não parece, mas os
pequenos têm uma força incrível ao sugar o peito da mãe e se ele não
estiver preparado, aquela boquinha linda e minúscula pode provocar um
verdadeiro estrago.
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 Hidratação das mamas
Para evitar as indesejáveis estrias, a hidrata-
ção é o melhor remédio. No banho, utilize óle-
os de amêndoas ou de semente de uva, com o
cuidado de não passá-los nos mamilos. Aproveite
para massagear os seios, dessa forma, você esta-
rá fazendo uma drenagem linfática, que auxilia na
melhora do inchaço local.
Peça a orientação de um especialista quanto
ao uso de hidratantes, que devem ser aplicados
de 2 a 3 vezes por dia. Muitas vezes, os encon-
trados nas prateleiras de farmácias e hipermer-
cados não possuem um poder de hidratação tão
potente e essencial para essa fase. Vale lembrar,
também, que o uso de óleos isoladamente não
é eficiente. A dobradinha óleo e hidratante sim,
poderá evitar o aparecimento de estrias.

Preparando os mamilos
Ao contrário dos seios, os mamilos pre-
cisam ser “calejados”, isso é, tornar-se fortes e
rígidos para suportar a sucção. Lembre-se: a
cada três horas, eles estarão disponíveis para
as mamadas, portanto, serão cerca de oito ma-
madas por dia!
O mamilo precisa ser esfregado com um
certo vigor com uma bucha vegetal, esponja na-
tural ou, ainda, toalha grossa. No começo, você
pode sentir um certo desconforto, mas, depois
de um tempo, você vai perceber a melhora na
resistência da pele. Contudo, cuidado, pois você
não deve sentir dor nem machucar o local. Caso
tenha dúvidas, uma enfermeira obstetriz ou o
próprio obstetra poderão orientá-la.
Além disso, existe um exercício chamado
manobra de Hoffman, extremamente eficaz para
ajudar na formação do bico. Algumas gestantes
podem ter o bico retraído, nesses casos, os exer-
cícios de estiramento ou a esteriorização são fun-
damentais. Para isso, coloque um dedo de cada
lado do mamilo e pressione a parte da aréola para
trás, até o ponto que comece incomodar.
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