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MANUAL DE
VENTILAÇÃO Editores
VENTILAÇÃO
mais variados aspectos da ventilação mecânica, bem como fornecer
informações concisas e atualizadas para o melhor manejo da ven-
tilação mecânica, garantindo assim uma maior segurança para os
pacientes ventilados mecanicamente.
Manual de Ventilação Mecânica foi escrito por uma vasta lista
MECÂNICA
de profissionais de reconhecida competência, que relataram suas
Autores
ISBN: 978-65-86098-43-3
Este livro foi criteriosamente selecionado e aprovado por um Editor científico da área em que se inclui. A
Editora dos Editores assume o compromisso de delegar a decisão da publicação de seus livros a professores
e formadores de opinião com notório saber em suas respectivas áreas de atuação profissional e acadêmica,
sem a interferência de seus controladores e gestores, cujo objetivo é lhe entregar o melhor conteúdo para
sua formação e atualização profissional.
Desejamos-lhe uma boa leitura!
Vá r i o s c o l a b o r a d o r e s .
ISBN 978-65-86098-43-3
21-67907 CDD-610.736
NLM-WY 161
Caroline Bublitz
Doutora em Ciências da Saúde pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Especialista em Fisioterapia Cardiorrespiratória pelo Instituto do Coração do Hospital das
Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP). Servidora
Técnica Administrativa em Educação (Fisioterapeuta) do Hospital Universitário da UNIFESP.
Tutora e Preceptora do Programa de Residência Multiprofissional em Cardiologia da
UNIFESP. Docente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário São Camilo - SP.
Cíntia Johnston
Fisioterapeuta Especialista em Terapia Intensiva em Neonatologia/Pediatria, Associação
Brasileira de Fisioterapia Cardiorrespiratória e Fisioterapia em Terapia Intensiva/Conselho
Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (ASSOBRAFIR/COFFITO). Mestre em Clínica
Médica/Neurocirurgia pelo Departamento de Neurociências da Faculdade de Medicina
da Pontificia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (FAMED-PUC/RS). Doutora em
Saúde da Criança/Adolescente pelo Departamento de Pediatria da FAMED-PUC/RS.
Pós-doutora em Saúde da Criança/Terapia Intensiva pelo Departamento de Pediatria
da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Pós-doutora em
Pneumologia pelo Departamento de Pnuemologia da Universidade Federal de São
Paulo (Unifesp). Profa. Assistente de Pesquisa Clínica em Terapia Intensiva/Neonatologia
e Pediatria pelo Departamento de Pediatria da FMUSP. Presidente do Departamento de
Fisioterapia da Sociedade Latino-americana de Terapia Intensiva Pediátrica (SLACIP).
Delegada do Conselho Regional de Fisioterapia Terapia Ocupacional - CREFITO-3.
Coordenadora Geral dos Programas de Pós-graduação Multiprofissionais da Associação
Brasileira de Medicina Intensiva (AMIB).
Cynthia Coutinho
Pós-graduada em Fisioterapia na Urgência e Emergência pela Universidade Federal
de São Paulo (Unifesp). Graduada em Fisioterapia pela Universidade do Vale do
Paraíba (UniVap).
Daniel Garros
University of Alberta, Clinical Professor of Pediatrics. Stollery Children’s Hospital Pediatric
Intensive Care Unit staff; Data-base and Quality & Initiatives lead. Edmonton, AB Canada.
David Ferez
Graduação em Medicina pela Escola Paulista de Medicina (Unifesp-EPM). Título
de Especialista em Anestesiologia. Título de Especialista em Terapia Intensiva.
Docente na Disciplina de Anestesiologia, Dor e Medicina Intensiva da Unifesp-EPM.
Doutor em Medicina – Area de Cirurgia Cardiovascular. Presidente da Sociedade
de Anestesiologia do Estado de São Paulo. Corresponsável pelo Centro Ensino e
Treinamento da Sociedade Brasileira de Anestesiologia na Escola Paulista de Medicina
Universidade Federal de São Paulo (Unifesp-EPM) - Hospital São Paulo. Responsável
pelo Centro de Ensino e Treinamento da Beneficência Portuguesa de 2010 a 2021.
Chefe da Disciplina de Anestesiologia, Dor e Medicina Intensiva. Coordenador do
curso modalidade Princípios do Atendimento do Médico de Urgência. Coordenador
do curso de Anestesiologia Básica 4º ano de Medicina da Unifesp-EPM.
Isadora Rocco
Graduada como Fisioterapeuta pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Pós-
graduada em Cardiologia modalidade Residência na Universidade Federal do Estado de
São Paulo (Unifesp). Mestre em Ciências da Saúde pela Unifesp. Atualmente Fisioterapeuta
da UTI Adulto do Hospital Samaritano e Doutoranda em Cardiologia pela Unifesp.
Leonardo Gasperini
Graduado em Fisioterapia pela Universidade Luterana do Brasil. Especialista em
Cinesioterapia Avançada pela PUC-RS. Fisioterapeuta do Hospital Nossa Senhora
da Conceição (HNSC) no Setor de Emergência. Professor Convidado do Curso de
Especialização em Enfermagem em Emergência da Universidade São Camilo (Região
Sul). Professor de Especialização Pós-técnica em Enfermagem em Emergência e
Terapia Intensiva do Hospital Moinhos de Vento – PROADI/SUS.
Leticia Sandre Vendrame
Médica Coordenadora da UTI de Clínica Médica do Hospital São Paulo da Universidade
Federal de São Paulo (Unifesp). Médica Assistente da Disciplina de Clínica Médica
da Unifesp – Escola Paulista de Medicina (EPM). Vice-supervisora do Programa de
Residência Médica de Clínica Médica da EPM-Unifesp. Médica Coordenadora da UTI
Adulto do Hospital Estadual Diadema / SPDM.
Luciana Chiavegato
Fisioterapeuta, Doutora em Ciências pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp),
Docente do Programa de Mestrado e Doutorado da Universidade Cidade de São
Paulo (UNICID), Vice-coordenadora do Programa de Residência Multiprofissional -
Distúrbios respiratórios da Unifesp e Tutora do Programa de Residência Multiprofissional
- Transplante e Captação de Orgãos da UNIFESP. Vice-diretora do Departamento de
Fisioterapia da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia (SPPT).
Monique Buttignol
Fisioterapeuta Especialista em Fisioterapia em Terapia Intensiva e Mestre em Ciências pelo
Programa de Fisiopatologia Experimental da Faculdade de Medicina da Universidade
de São Paulo (USP). Atualmente é Fisioterapeuta do Hospital Israelita Albert Einstein.
Nilcéa Freire
Especialista em UTI Pediátrica pela AMIB, Especialista em Neurointensivismo pelo
Hospital Sírio-Libanês. Coordenação Médica da UTI Pediátrica do Hospital Regional
São José dos Campos-SP.
Renata Pereira
Fisioterapeuta pela Universidade de Santo Amaro. Pós-graduada em Fisioterapia
Respiratória pela Universidade de Santo Amaro. Atuante desde a Formação no Setor
de Terapia Intensiva Adulto, exercida atualmente no Hospital Israelita Albert Einstein.
Roberto Navarro
Graduado em Fisioterapia pela UNIBAN. Mestrado pelo Departamento de Engenharia
Biomédica da OMEC. Especialista em Fisiologia do Esforço pela Universidade de São
Paulo - ICB/USP. Especialista em Gestão Hospitalar com ênfase em Atenção Básica
pela Universidade Ítalo-Brasileira. Docente da Faculdade das Américas (FAM).
Atualmente é Coordenador dos Cursos de Saúde Fisioterapia e CST em Radiologia
pela Universidade Brasil e Supervisor da Equipe Multidisciplinar do Hospital Municipal
da Brasilândia - Adib Jatene.
A Deus sobre todas as coisas, aos meus familiares e aos amigos que, de
forma direta ou indireta, orientaram-me e contribuíram para que eu concluísse este
trabalho.
A todos os colegas que, generosamente, compartilharam o conhecimento
e as experiências que possibilitaram a realização deste livro e, assim, contribuíram
para a concretização de um sonho.
Alguns nomes eu preciso exteriorizar, dada a importância na minha vida:
minha mãe, Dona Teresa, uma guerreira responsável pela formação do meu caráter;
Alessandra, minha parceira maravilhosa e noiva; meu mestre George Sarmento,
que foi e continua sendo muito importante na minha formação e na minha carreira;
meu grande amigo Dr. Hélio, exemplo de profissional, muito obrigado!
Dedico esta obra aos meus pais, Marcos Cesar e Teresa, e à minha noiva,
Alessandra.
Em especial para os amigos Dr. Hélio e Alexandre Massa, que acreditaram e
me apoiaram para a realização deste livro, e contribuíram para a concretização
de um sonho.
Boa Leitura
Marcos Mello
Hélio Penna
Sumário
E
m dezembro de 2019, o Coronavírus (COVID-19) propagou uma pandemia a
nível mundial, causando grandes dificuldades e problemas de saúde pública
no mundo. Sendo mais de um milhão de casos ao redor do planeta, elevando
a síndrome do desconforto respiratório coronavírus 2 (SARS-COV-2), entidade pato-
lógica confirmada em maio de 2020.1
Os sintomas iniciais cursam com febre, tosse, mialgia, fadiga ou dispneia. Este
último tem um caráter importante de evolução até atingir grau de insuficiência
respiratória levando a SAR-COV-2.2
Sete tipos de coronavírus (COV) de origens zoonóticas que cruzou a barreira
das espécies até agora, podem causar infecções em humanos, e três deles cau-
saram uma infecção mortal nas últimas duas décadas, incluindo o Coronavírus da
Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS-COV), Síndrome Respiratória Aguda
do Coronavírus (SARS-COV), e SARS-CoV-2.3 Na Figura 47.1 encontra se a classifica-
ção dos vírus.4
Entre estes, SARS-COV originários de morcegos surgiram em Guangdong,
China, em 2002, e resultou no surto de 2003 com cerca de 10% taxa de letalida-
de, enquanto a origem do MERS-COV dos camelos dromedários foi relatado pela
primeira vez na Arábia Saudita Arábia em junho de 2012 e, posteriormente, em 27
países, infectando um total de 2.494.5,6
A recente pandemia de SARS-COV-2 é pensado para ser originado de um
reservatório animal, oriundos da cidade de Wuhan na China.7
A transmissão de humano para humano de SARS-COV-2 de pacientes ou
portadores assintomáticos ocorre via diretamente por meio de contato próximo
com uma pessoa infectada (<2 metros) onde respiratório as secreções podem en-
trar na boca, nos olhos, no nariz ou nas vias respiratórias. A segunda rota é indireta,
por meio do toque de um objeto, superfície ou mão de uma pessoa infectada con-
576
576 MANUAL DE VENTILAÇÃO MECÂNICA
Orthomavirae
Pisuviricota
Pisoniviricetes
Nidovirales
Coronaviridae
Orthocoronavirinae
Coronavírus humano Coronavírus aves (morcego)
Fisiopatologia pulmonar
As alterações no tecido pulmonar incluem: edema pulmonar, lesão alveolar
difusa, com formação de membrana hyalina, a presença de hiperplasia reativa a
pneumocitos do tipo II, agregados proteicos, exsudato, fibrose, monócitos e macró-
fagos dentro dos espaços alveolares e infiltração inflamatória de células mononu-
cleares intersticiais.10,11
Achado interesse, onde em exame de microscopia eletrônica foi revelado a
presença de SARS-COV-2 nos brônquios e células alveolares do tipo II, mas não em
outros órgãos.12,13
O excessivo de liberação local de citocinas é considerado o determinante
de alterações patológicas e a manifestação clínica da SARS-COV-2. As alterações
VENTILAÇÃO MECÂNICA NA SÍNDROME DO DESCONFORTO
RESPIRATÓRIO AGUDO POR SARS-COV-2
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patológicas no tecido pulmonar são alterações do tipo citopático viral, infiltração
577
Figura 47.2 |
Tomografias na imagem A, mostrando uma grande área dependente de colapso
pulmonar (pontas de setas), que é acompanhada por vasos pulmonares dilatados
próximos e dentro das áreas de colapso pulmonar (setas) em um paciente com
SARS-COV-2. Na imagem B, no mesmo paciente, houve um grande aumento no
fluxo sanguíneo (hiperperfusão) para dentro e ao redor das áreas do pulmão
colapsado [setas, laranja escuro].20
Figura 47.3 | Modelo de computador com esquematização dos eventos vasculares nas regiões
pulmonares.
VHP = vasoconstrição hipóxica pulmonar.
Fonte: Extraído e adaptado Lang et. al.20
VENTILAÇÃO MECÂNICA NA SÍNDROME DO DESCONFORTO
RESPIRATÓRIO AGUDO POR SARS-COV-2
579 579
Figura 47.4 |
Imagem A curva fluxo-tempo, presença de auto-peep (círculos pretos) com FR
alta 35 rpm. Na imagem B, com redução da FR para 30 nota-se curva fluxo-
tempo correção auto-PEEP.
Fonte: Imagem extraída do simular plataforma x-lung.
preditor da LPIVM. No estudo conduzido por Amato et. al. ela foi usada para ade-
quar o VC e a complacência pulmonar (CP) como se estivéssemos encontrando o
“tamanho do pulmão funcional”, fornecendo assim melhores resultados de mecâ-
nica ventilatória do que o VC isoladamente.34
Então teríamos:
DP = VC / CP
Se o VC está associado a lesão pulmão direta (volutrauma), a redução do
VC associado ao aumento da Peep conduziria para uma menor DP levando assim
a menor impacto no sistema respiratório.34 Resumindo a DP representa a distensão
do volume dentro do sistema respiratório, quando este é entregue pelo aparelho
de ventilação mecânica.35
Mas onde se encaixaria a CP nesse contexto? Em pacientes com SDRA a
complacência esta diretamente relacionada ao “tamanho funcional do pulmão”,
ou seja, relacionado ao volume do pulmão aerado. Isso significa que esse pulmão
aerado não tem uma característica de dureza, mas sim de um pulmão menor.34
O valor da DP foi sugerido entre 13 à 15 cmH2O, porém a mortalidade au-
mento com valores acima de 10 cmH2O.36,37 Contudo, seriamos muitos simplistas
somente usando duas variáveis seja ela a DP ou PPlat para estimar o stress dinâmi-
co ou estático respectivamente. O estudo LUNG SAFE36 incorpora uma variável da
condição pulmonar adjacente, ou seja, a gravidade da lesão pulmonar. Portanto,
devemos nos guiar pelas três variáveis VC, DP e PPlat associado a relação PaO2/
FiO2, onde valores entre 120 a 150 são propostos como aumento da taxa de morta-
lidade associado as variáveis descritas.
Colocado isso em questão, podemos determinar então que a DP depende
então da CP, em outras palavras da gravidade da doença, assim como já elucida-
do do VC (grau de strain ou deformação que o volume causa dentro do sistema
respiratório).38
Como podemos interpretar a EL no SARS-COV2? Gattinoni et. al. baseado
em detalhes observacionais sugeriu a distinção da SARS-COV2 em dois grupos:39
PEEP
A PEEP é um elemento crucial na condução da ventilação mecânica frente
à SDRA. Os benefícios da PEEP incluem o recrutamento alveolar, redução do shunt
intrapulmonar e a melhora na oxigenação.
Porém quando ela é usada de modo aleatório, pode provocar efeitos como
aumento do volume expiratório final, aumentando o risco de volutrauma e levando
a LPIVM.41
O método de escolha da PEEP ainda não foi totalmente esclarecido, o
que já se sabe é que o ponto de corte para determinar PEEP alta ou baixa seria
de 12 cmH2O.42
Alguns estudos demonstram o que o uso de PEEP mais alta está associado
com melhores desfechos, ou seja, menor com menor taxa de mortalidade. Entre-
tanto o uso de PEEP alta poderia também levar a um maior stress estático, porém é
necessário para evitar a abertura e fechando alveolar cilico.43
O limiar que defini a PEEP ser alta ou baixa seria de 12 cmH2O.42 O que tam-
bém já se tem conhecimento é que valores > que 15 cmH2O forma associado com
aumento da mortalidade, principalmente em pacientes instabilidade hemodinâ-
mica.44
Baseado nesses conceitos não existe ainda uma definição de como deve ser
feito essa titulação da PEEP. Sua titulação baseada na pressão transpulmonar (PTP)
ou relação P/F.44
Um conceito que vem tornando bastante difundido é uso da DP, stress index
ou a própria PTP forma associados com titulação da PEEP. Isto é PEEP individualiza-
da buscando uma melhor complacência pulmonar para uma menor DP. Somente
baseado no aumento da complacência pulmonar o uso da PEEP poderia mostrar
um efeito maléfico.45,46
Isto devido ao fato de possivelmente provocar uma PPlat maior, levando a
um aumento do mechanical power (MP), ou em outras palavras um aumento da
potência mecânica com maior poder lesivo ao tecido pulmonar. Sendo que para
se atingir esse nível de exigência ventilatória seria necessário a redução do VC ob-
tendo assim menor DP culminando em menor MP.45,46
VENTILAÇÃO MECÂNICA NA SÍNDROME DO DESCONFORTO
RESPIRATÓRIO AGUDO POR SARS-COV-2
583
Com isso já é sabido que PEEP promove melhora da oxigenação, melhora
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essa que pode levar a menor taxa mortalidade. Por outro lado, ela também pode
levar a um aumento do stress estático, mas em contrapartida evita a abertura e fe-
chamento cíclico alveolar.47, 43 O estudo ART44 demonstrou que valores maiores que
15 cmH2O levam a um impacto hemodinâmico maior, com necessidade de maior
administração de fluidos o que levaria a uma maior taxa de mortalidade.
Por esses aspectos ainda não tão bem elucidados, o ideal é que o ajuste
da PEEP seja feito de maneira individualizada. Isso quer dizer que o ajuste da PEEP
“ótima” deve ser baseado no menor DP, stress index bem como na pressão trans-
pulmonar (PTP).
Com relação a taxa de oxigenação ou a saturação de pulso de oxigênio
(SpO2), recomenda-se manter entre 88-92% e a PaO2 entre 55 – 70 mmHg. Para oti-
mizar a oxigenação pode se melhor o nível de pH sanguíneo, e redução da PaCO2
o que levará um aumento da concentração de hemoglobina, débito cardíaco e
conteúdo arterial de oxigênio (CaO2).47,48
Todos esses conceitos demonstram que a expressão “PEEP alta” ou “PEEP
baixa” é inadequada, e devemos começarmos a sempre nos referir como PEEP
individualizada para caso.
Taxa de oxigenação
Antes de entramos nos aspectos que irão nos nortear em busca da individualiza-
ção da PEEP, ou “PEEP adequada”, precisamos entender o objetivo a ser alcançado.
Vimos anteriormente que a PEEP melhora a oxigenação e recruta alvéolos
colapsados. E que devemos sempre buscar a PEEP adequada com base em menor
pressão de distensão (DP) e menor pressão elástica (PPLAT) o que levará a melhor
CE, a consequência dessa busca será uma menor MP e menor lesão pulmonar.
Porém o resultado estará estratificado em parâmetros gasométricos, ou seja,
na melhora ou piora da PaO2, assim como da relação P/F.
Investigações previas avaliaram a SpO2 entre 88 -92% comparado com SpO2
≥ 96%, o primeiro grupo obteve boas respostas sem danos aparente.49
Com relação a PaO2 o estudo ARDS Network50 recomenda alvos entre 55 –
80mmHg.
Alguns pontos devem ser observados em períodos de até 28 dias não houve
diferenças entre grupos de PaO2 alvo 55 – 70 mmHg e PaO2 90 a 105 mmHg. Porém
em períodos superiores a 90 dias há uma tendencia a maior mortalidade no grupo
com menor taxa de oxigenação.47,51
A relação P/F conhecida como índice de Horowitz é utilizada para mensu-
ração do grau de hipoxemia, está ligada ao dano pulmonar assim como o grau
de shunt intrapulmonar no processo fisiopatológico.52 Guan et. al.53 não encontrou
diferenças significativas na relação P/F entre SARSCov 19 graves e não graves. Em
contra-partida outro estudo realizado por Auld et. al. encontrou maior mortalidade
em pacientes com relação P/F ≤ 113.54
584
584 MANUAL DE VENTILAÇÃO MECÂNICA
PaCO2 – PETCO2
VD/VC =
PaCO2
Onde PETCO2 é produto da extração parcial de gás carbônico exalado e
medido pela capnografia.
Um valor de normalidade seria em torno de 35%, ou seja, o espaço normal seria
de 35%, valores maiores são considerados aumento do espaço morto. Isso nos leva a
pensar que ao encontramos valores de VD/VC maiores que 35% possivelmente está
havendo sobredistensão alveolar com compressão de capilar pulmonar, aumento
da RVP e shunt intrapulmonar, com elevação da PaCO2. Do ponto de vista fisiopato-
lógico está havendo mais stress e strain (deformação) pulmonar, levando a LPIVM.61
Contudo muitos serviços não dispõem de ferramenta como a capnografia,
então como poderíamos associar possíveis erros ou superestimação do método
PEEP/FiO2? A resposta está em análise comparativa das gasometrias arteriais antes
e após ajuste da PEEP. Caso tenha ocorrido um aumento do PaCO2 sendo que o
volume minuto (Vmin) foi mantido possivelmente houve um amento do espaço
morto ou aumento do VD/VC.
Por último, você leitor pode estar pensando: se este método para determinar
a PEEP possui tantas críticas e tantos vieses, por que devemos escolher esse méto-
do? A resposta está no momento que estamos passamos, nessa pandemia onde
muitos profissionais não possuem tanta expertise para métodos mais elaborados
para titulação e interpretação tanto de mecânica ventilatória quanto de intera-
ção cardiopulmonar. E outro motivo seria que houve também um esgotamento de
aparelhagem, ou seja, foram utilizados muitos aparelhos de ventilação mecânica
onde não há recursos o suficiente como monitorização gráfica entre outras infor-
mações, o que torna também difícil a titulação de PEEP.
Uma vez que PPLAT e PEEP refletem a pressão alveolar no final de inspiração
e expiração, respectivamente, sua diferença (conhecido como “driving pressure”,
DP) permite o cálculo da distensão do sistema respiratório:38
PPLAT - PEEP = (VC /CE + PEEP) – PEEP = VC/CE
A complacência do sistema respiratório (CE) descreve a propriedade elásti-
ca do sistema respiratório, incluindo o pulmão e a parede torácica. CE é a relação
entre o volume inspirado e a mudança correspondente em pressão.38
CE = VC / PPLAT - PEEP = VC / DP
Agora com todos esses conceitos em mente podemos entender como a ti-
tulação da PEEP deste método ocorre. Quanto estamos buscando a “PEEP ótima”
para cada indivíduo, o que estamos o procurando será o impacto que a PEEP asso-
ciada ao VC que será fixo. O resultando da “PEEP ótima” será aquela que reflete a
melhora CE, ou seja, a melhor distensibilidade do sistema respiratório com a menor
DP associado a menor PPLAT. Isso corresponde respectivamente o menor stress di-
nâmico (DP) aliado ao menor stress estático (PPLAT). Veja abaixo a esquematiza-
ção dessas variáveis (Figura 47.5).62,43
Depois de entender como cada uma desta variável se comporta dentro do sis-
tema respiratório, vamos aplicar o método de titulação de PEEP pela melhor DP e CE.
FASE 1 - Determinar o a normatização do VC pela DP, ou seja, determinar o
tamanho do pulmão funcional “baby lung”.
FASE 2 - Em modalidade ventilatória a pressão controlada (PCV), com a pres-
são inspiratória ajustado em 15, aumentar a PEEP com início em 10, passando para
15 depois 20. Cada um deste steps deve ter a duração de 60 segundos.
VENTILAÇÃO MECÂNICA NA SÍNDROME DO DESCONFORTO
RESPIRATÓRIO AGUDO POR SARS-COV-2
(VCV) com o volume já ajustado pelo tamanho funcional, titular a PEEP de forma
decremental. Isso significa que a cada 2 minutos reduzir a PEEP em 2 cmH2O bus-
cando a menor DP associado a menor PPLAT com melhor CE. (lembrando que a
DP ≤ 14/15 e PPLAT ≤ 30.
FASE 4 - Após encontrado a “PEEP ótima” retornar para modalidade PCV e
aumentar a PEEP para 10, passando para 15 depois para 20. Nesta etapa cada
step tem a duração de 30 segundos.
FASE 5 - Retorno para modalidade VCV com o volume já ajustado pela ta-
manho funcional e PEEP ótima encontrada na fase 3.
(Extraído: WeVent – grupo internacional de ventilación mécanica - RESPIRA-
TORY MANAGEMENT PROTOCOL OF PATIENTS WITH SARS-COV-2 (COVID-19) - http://
www.wevent.website/)
A seguir temos a Tabela 47.3 para ajudar a seguir PEEP decremental (fase 3).
A titulação da PEEP deverá ser feita em casos em que a relação P/F < 150, as-
sociado a estabilidade hemodinâmica, após o ajuste da titulação uma gasometria
arterial e requerida com intervalo de 1 hora da titulação.
A pausa para avaliação da pressão PPLAT não deverá ser muito prolongada.
Longas pausas inspiratória fazem com que ocorra queda de pressões intrapulmo-
nares (em torno de 2 a 3 cmH20), devido a propagação do surfactante nos alvéolos
pulmonares, acomodação do pulmão, efeito pendelluft, entre unidades alveolares
ou pequeno recrutamento. Longas pausas entre 2 e 5 segundos podem subestimar
os picos de pressões alveolares. Esse pico de pressão alveolar subestimado está in-
trinsecamente ligado a LPIVM. Isso significa que o que está chegando nos alvéolos
pulmonares são pressões maiores que as pausas longas estão identificando, com
maior poder lesivo.64,65
Pausas muito prologadas ou fluxo inspiratórios baixos (< 20 litros/minutos) pro-
movem chamado stress relaxation, em outras palavras, adaptação pulmonar e
acomodação ao volume, gerando redução substancial da pressão de oclusão
final. Portanto curtas pausas ≤ 0,5 (0,2-0,3) segundo são suficiente para estimar esse
stress, assim medir a Pressão de Pico e PPLAT.66
Para uma melhor compreensão na manobra de titulação da PEEP decre-
mental, observe a Figura 47.7. Onde o para o aumento da PEEP leva o aumento
aeração do tecido pulmonar com recrutamento e redução da DP. Porém se o au-
mento da PEEP levou a estabilização da DP ou seu aumento, houve sobredistensão
pulmonar, ou seja, houve aumento da distensão pulmonar sem que haja recruta-
mento do tecido pulmonar.67
Figura 47.7 |
Mecanismo teórico para explicativo sobre alteração da DP em pacientes com
redução da complacência pulmonar antes e após o uso da titulação da PEEP.
Fonte: Extraído e adaptado de Silva.67
VENTILAÇÃO MECÂNICA NA SÍNDROME DO DESCONFORTO
RESPIRATÓRIO AGUDO POR SARS-COV-2
589 589
Modo ventilatório
Na fase aguda da doença SARS-COV2, devido ao aumento do trabalho mus-
cular o que irá refletir em aumento das pressões intrapulmonares, sobretudo da PTP
com maior dano ao tecido pulmonar (VILI + PSILI), é coerente manter o paciente
em ventilação mecânica controlada. O uso de modalidades espontâneas como a
ventilação pressão suporte (VPS), pode provocar aumento da inflação tecidual.68
Em comparação os modos ventilatórios controlada a pressão (VCP) e venti-
lação mecânica a volume (VMC), na literatura não há diferenças com relação a
respostas da relação P/F, PaCO2 ou pressão arterial média (PAM). Outras caracte-
rísticas como tempo de internação e mortalidade também não obtiveram diferen-
ças significativas entre um modo ou outro.69
Uma única característica observada neste estudo foi que a VCP teve uma
resposta melhora a redução do trabalho respiratório devido a taxa de fluxo melhor
se acomodar, visto que é fluxo por demanda e não fluxo fixo como em VCM, o que
talvez em teoria poderia promover mais sincronismo ventilatório.69
Sobre a VCM uma vantagem seria a manutenção de pequenas pausas (0,2
– 0,3 segundos) para melhor monitorizar a mecânica ventilatório, assim como já
explicado anteriormente.66,65
Outro recurso pouco difundido sobre a pausa inspiratória, é o fato de que o
prolongamento do tempo inspiratório aumenta a eliminação de CO2, reduzindo
assim a PaCO2 assim como do espaço morto fisiológico. Isso é fruto do aumento do
tempo para a difusão dos gases entre o volume corrente inspiratório e o gás alveo-
lar, facilitando a transferência dos alvéolos até as vias aéreas superiores.70
Devaquet et al.70 em seu estudo aumentou o tempo inspiratório de 0,7 ± 0,2
a 1,4 ± 0,3 seg, resultado de aumento da pausa inspiratória de 0 a 20% de o ciclo
respiratório total. A redução o espaço morto, ou seja, redução do diferencial Vd/
Vt, além de cerca de 10% na redução da PaCO2.71
Figura 47.8 |
Diferentes pontos de abertura alveolar em diferenças zonas pulmonares na
posição supina.
PII = ponto de inflexão inferior; PIS = ponto de inflexão superior.
Fonte: Extraído e adaptado https://pulmccm.org/ards-review/icu-physiology-in-1000-words-the-respiratory-sys-
tem-pressure-volume-curve/
Uma hora após a adoção da posição prono, uma gasometria arterial é re-
querida para avaliação a efetividade da intervenção.
Caso seja considerado como respondedor (aumento de 20 mmHg na rela-
ção PaO2/FiO2 ou de 10 mmHg na PaO2), o posicionamento deve ser mantido.
No trabalho expert consensus, a posição prona foi fortemente sugerida por
períodos de 16 à 24 horas por sessão.79
Para o correto posicionamento na posição prona devemos nos atentar al-
guns pontos de contraindicações e complicações.
Contraindicações para realização da posição prona:
Absolutas89
■ Arritmias graves agudas;
■ Fraturas pélvicas;
■ Pressão intracraniana não monitorada ou significativamente aumentada;
■ Fraturas vertebrais instáveis;
■ Esternotomia recente;
■ Peritoneostomia.
Relativas89
■ Difícil manejo das vias aéreas;
■ Cirurgia traqueal ou esternotomia nos últimos 15 dias;
■ Traqueostomia há menos de 24 horas;
■ Dreno torácico anterior com vazamento de ar;
■ Trauma ou ferimentos faciais graves ou cirurgia facial nos últimos 15 dias;
■ Cirurgia oftalmológica ou pressão intraocular aumentada;
■ Instabilidade hemodinâmica ou parada cardiorrespiratória recente;
■ Marcapasso cardíaco inserido nos últimos 2 dias;
■ Dispositivo de assistência ventricular;
■ Balão intra-aórtico;
■ Trombose venosa profunda tratada por menos de 2 dias;
■ Hemoptise maciça ou hemorragia pulmonar que requer um procedimento
cirúrgico ou intervencionista imediata;
■ Diálise contínua;
■ Lesões graves da parede torácica ou fraturas de costelas;
■
VENTILAÇÃO MECÂNICA NA SÍNDROME DO DESCONFORTO
RESPIRATÓRIO AGUDO POR SARS-COV-2
SDRA moderada/grave
• P/F ≤ 150
• pH < 7,2
• DP > 15
Coleta de gasometria
arterial
• RASS -5
• Sincrônico a VMI
• Cabeceira elevada 25-30⁰
• Considerar uso de BNM
• Pausar dieta 1 hora
antes da posição prono e Indicação de prona
Não
reiniciar uma hora após
Sim Manter posição supino
• Queda de SpO2 >
Intercorrência Sim
10% do basal ou Retornar a posição supino
manutenção da SpO2 < na manobra
90% após 10 minutos; Não Não
• Instabilidade
Manter prona por 1
hemodinâmica;
hora e nova coleta de Retornar a posição prona
• Deslocamento do
gasometria arterial
tubo endotraqueal.
Sim
• PF > 20 mmHg do basal Respondedor
• PaO2 > 10 mmHg basal Sim Não
Sim
Retornar a posição supino Manter prona por 16 a
20 horas e nova coleta
de gasometria arterial
Sim Relação P/F < 150
Não Acidose (pH < 7,2) mesmo
Complicações durante a Supinar e nova gasometria com parâmetros ajustados
posição prona após 4 horas (DP > 15 e FR > 35)
Figura 47.10 |
Fluxograma para tomada de decisão do posicionamento em prona.
PF = PaO2/FiO2; DP = driving pressure; SpO2 = saturação de pulso de oxigênio; VMI = ventilação mecânica invasiva;
BNM = bloqueio neuromuscular; RASS = Richmond Agitation Sedation Scale (escala de sedação).
Fonte: Extraído e adaptado de Oliveira et. al.88
Uma descoberta importante que comparou SDRA não COVID-19 com SAR-
S-COV-2, foi o potencial para recrutamento pulmonar mantido para a posição
prono. Esse potencial parece ser “pobre” no primeiro dia, mas vai aumentando a
medida que as posições prona e supina vão se alternando.90,91
categorizar o paciente. De acordo com essa conferência, existem três grupos que
são relacionados devido a sua dificuldade do desmame:92
Grupo 1 – Desmame simples – Inclui pacientes que passam no primeiro teste
de desmame sendo extubados sem dificuldade a dificuldade.
Grupo 2 – Desmame difícil – Inclui pacientes que falham na primeira tentati-
va de desmame e requer até três tentativas ou 7 dias para alcançar o desmame
bem-sucedido.
Grupo 3 – Desmame prolongado – Neste grupo inclui pacientes que reque-
rem mais do que 7 dias de desmame após a primeira tentativa de desmame.
De acordo com a literatura,93,94,95 aproximadamente 70% dos pacientes ven-
tilados mecanicamente caem no grupo de desmame simples.
Uma das variáveis preditoras mais utilizadas é o índice de respiração rápida
superficial (IRRS). Ele é definido como a uma razão entre a FR sobre o VC ou seja:
IRRS = FR / VC
O ponto de corte encontrado foi > 105 respirações/min/litro, sendo conside-
rado como preditor de falha de extubação. e < 105 respirações/min/litro, conside-
rado preditor de sucesso de extubação.96
O IRRS foi avaliado no trabalho de Leonov et. al.97 em pacientes com longa
permanência de VMI, ou seja, superior a 21 dias. Neste ele observou que valores
baixos de IRRS e alta razão de volume corrente / Peso corpóreo predito (VC/PCP)
foram fatores que levaram ao sucesso do desmame.
Os valores recomendados para VC/PCP no sucesso do desmame estão na
faixa entre 4 a 8 mL/kg.98
Outra variável também muito utilizada pela praticidade é a pressão inspirató-
ria máxima (Pimáx). Esta é uma variável que busca avaliar a fraqueza da muscula-
tura respiratória. Valores encontrados na literatura < -20 cmH2O a -30 cmH2O estão
relacionados a maior probabilidade de sucesso da extubação.99
Vale ressaltar a devido importância de uma avaliação individualizada, pois ne-
nhum desse índices isoladamente irão predizer sucesso ou falha. Por exemplo o Pimáx
avalia a capacidade de força muscular, porém não prediz o endurence, ou seja, a
resistência da musculatura a suportar o trabalho respiratório por período. Isso tendo em
vista a longa permanência do paciente que evolui com SARS-COV-2 em VMI.
A avaliação da proteção das vias aéreas também é de fundamental impor-
tância para pacientes eleitos para desmame ventilatório e possível extubação. A
proteção de vias aéreas está intimamente ligada à avaliação da capacidade de
tosse. Esta pode ser avaliada pelo pico de fluxo da tosse (PFT).100
Um valor de corte encontrado de PFT seria de 60 litros/min. porém esse dado
ainda carece de mais estudos para ser ratificado.101,102
Quantificar o PFT foi mostrado então como fator importante para extubação.
Mas é qualificar a tosse? Como poderíamos qualificar o quão forte pode ser?
596
596 MANUAL DE VENTILAÇÃO MECÂNICA
No estudo de Ibrahin et. al.103 foi proposto uma qualificação para a tosse (Ta-
bela 47.4) onde quanto maior a nota, maior será o sucesso da extubação, e vice-
-versa. Atrelado a isso também está o fato do paciente está muito secretivo ou não.
como:92
■ Agitação e ansiedade;
■ Depressão do estado mental;
■ Sudorese;
■ Cianose;
■ Evidência de aumento do esforço respiratório (aumento da atividade da
musculatura acessória, dispneia, sinais faciais de desconforto).
Após a realização do TRE podemos também elevar o nível de critério para
determinar se realmente progrediremos com a extubação ou não do paciente, ou
seja, determinação de medidas mais objetivas. Os achados abaixo se referem a
maior probabilidade de falha de extubação.92
■ PaO2 ≤ 50- 60 mmHg ou SpO2 ≤ 88% (FiO2 ≥ 0,5);
■ PaCO2 ≥ 50 mmHg ou aumento ≥ 10 mmHg PaCO2;
■ pH ≤ 7,32 ou queda de ≥ 0,07 do pH;
■ FR/VC > 105 r/m/L;
■ FR > 35 incursões por minuto (ipm) ou ≥ 50% de aumento da FR;
■ FC > 140 batimentos por minuto (bpm) ou ≥ 20% de aumento da FC;
■ Arritmias cardíacas;
■ PAS > 180 mmHg ou ≥ 20% de aumento da PAS;
■ PAS < 90 mmHg.
Especificamente no SARS-COV-2 o desmame tem um caráter especial, de-
vido a preocupação do risco de geração de aerossol e contaminação dos profis-
sionais da saúde. Essa geração de aerossol potencializa com a utilização do Tubo T
para o TRE. A recomendação então é o uso da PSV entre 30-120 minutos.79
Essa recomendação baseia-se pelo único fato da geração de aerossol e
não pelo fato de uma estratégia ser superior a outra (PSV vs Tubo T).
Baseado nisso uma recomendação prática para o desmame é realizar o TRE
com em PSV e um nível de PEEP entre 0 e 5 cmH2O seguido por extubação.107
Contudo, do ponto de determinação do trabalho ventilatório Capello et. al.
observou que para uma melhor avaliação do trabalho ventilatório o Tubo T apre-
senta maior esforço por parte do paciente, seguindo pela PSV sem uso da PEEP e
por último PSV com uso da PEEP. Pacientes falharam obtiveram mais falha no TRE
com tubo T em relação ao PSV.108
Baseado nisso poderíamos concluir que a melhor triagem de TRE seria Tubo T? A
resposta é não, não houve diferença com relação ao sucesso/falha de extubação.108
A utilização da PEEP reduz em torno de 30-40% a magnitude do esforço respi-
ratório. A PEEP também atua atenuando a PEEP intrínseca o que reduz também o
trabalho respiratório. E do ponto de vista hemodinâmico atua reduzindo a pressão
598
598 MANUAL DE VENTILAÇÃO MECÂNICA
Nesse exemplo de controle anotamos os dados como FR, FC, pressão arterial
(PA), desconforto respiratório (DR), Pimáx, P01 e IRSS. Esses dados nos momentos 05,
10, 20 e 30 minutos. Dessa forma conseguimos visualizar melhor como o paciente
reagiu durante o TRE. A Pimáx por conta de o método da manobra ser exigir muito
da musculatura poderá ser feita antes e aos 30 minutos.
Após essas considerações para melhor facilitar a compreensão dos pas-
sos a seguir do desmame, a seguir deixamos um fluxograma para desmame
(Figura 47.11).
Extubação
Figura 47.11 |
Fluxograma para o desmame extubação no SARS-COV-2.
TRE = teste de respiração espontânea; P/F = PaO2/FiO2; CPAP = pressão contínua nas vias aéreas; PSV = ventilação
pressão suporte; RX = radiografia, BH – balanço hídrico.
Extubação
Extubação é definida como incapacidade de manter a respiração espon-
tânea após a remoção das vias aéreas artificiais; e necessidade de reintubação
dentro de um período específico, normalmente entre 24 a 72 horas.110
VENTILAÇÃO MECÂNICA NA SÍNDROME DO DESCONFORTO
RESPIRATÓRIO AGUDO POR SARS-COV-2
599
A capacidade de um paciente de sustentar com sucesso a ventilação es-
599
Ventilatório
■ VM prolongada (> 7 dias);
■ Deterioração da função respiratória (atelectasia, edema pulmonar pós-extu-
bação, obstrução das vias aéreas superiores, hipercapnia, hipoxemia e / ou
diminuição da saturação de hemoglobina, aumento do trabalho respirató-
rio, incapacidade absoluta de mobilizar secreções).
Hemodinâmico
■ Distúrbios cardiovasculares (distúrbios do ritmo, alterações significativas na
pressão arterial, disfunção sistólica grave do ventrículo esquerdo);
Neurológico/psicológico
■ Distúrbios neurológicos (perda de consciência, má resposta da bomba ven-
tilatória devido à doença subjacente); e distúrbios psicológicos (medo de
ventilação espontânea, pânico incontrolável, delirium);
PaO2 ≤ 55 mmHg
FR ≥ 30 ipm
Glasglow > 8
Triagem em VNI
CPAP 10 cmH20
Bi-Level (IPAP 10 – EPAP 5) ΔP (6-10)
VC alvo (< 9 mL/kg)
Tempo: 1 hora
Continuar CPAP/Bi-Level
Piora do padrão respiratório
FR > 30 ipm
P/F < 150-175
Reavaliar em 1 hora
Figura 47.12 |
Fluxograma para utilização de ventilação não invasiva no Covid19.
PaO2 = pressão parcial de oxigênio; FR = frequência respiratória; VNI = ventilação não invasiva; CPAP = pressão
contínua nas vias aéreas; IPAP = pressão inspiratória positiva; EPAP = pressão expiratória positiva; VC = volume
corrente; P/F = relação pressão parcial de oxigênio/fração inspirada de oxigênio.
Fonte: Extraído e adaptado Windisch114
VENTILAÇÃO MECÂNICA NA SÍNDROME DO DESCONFORTO
RESPIRATÓRIO AGUDO POR SARS-COV-2
601 601
Considerações finais
Até a conclusão deste capítulo os números são impressionantes e dolorosos
de mortes no Brasil, que ultrapassam os 425 mil mortos com mais de 15 milhões de in-
fectados. Sendo no mundo mais de 3,2 milhões de mortos, com mais de 156 milhões
de infectados (Dados extraído do site: https://www.gov.br/saude/, visualizado em
12/05/2021).
Mesmo com o avanço da vacinação, os números entre mortos e infectados
não param de crescer.
O que temos de mais próximo do correto na atual circunstância e momento
é a ciência. Neste momento de pandemia não temos tempo para propor novas
teorias de ventilação mecânica e não é hora de fazermos experiências dentro de
unidade de terapia de intensiva.
Esse manual de ventilação mecânica no COVID-19 buscou ser um guia a
beira leito da ventilação mecânica. Trazendo uma vasta revisão de literatura e
buscando ser o passo-a-passa do suporte ventilatórios.
O SARS-COV-19 é uma doença de extrema dificuldade ventilatório, onde de-
vemos ter todo o cuidado com a ventilação mecânica a fim de não provocarmos
mais dano pulmonar. O SARS-COV-19 é uma doença que mata por 3 principais mo-
tivos: Pneumonia (evolução para SDRA primária), Distúrbios de coagulação e fibrose
pulmonar, e essa merece uma consideração especial: altas e prolongadas FiO2 asso-
ciadas ao retardo de intubação inevitável estão causando elevados casos de fibro-
se pulmonar. Protocolos de ventilação mecânica se fazem necessários para nortear
condutas e homogeneizá-las, principalmente diante da necessidade de aporte de
profissionais com pouca experiência para compor o corpo clínico das UTIs.
Devemos seguir as estratégias propostos a todo custo, sempre com base em
boas avaliações clínicas da equipe multidisciplinar.
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VENTILAÇÃO Editores
VENTILAÇÃO
mais variados aspectos da ventilação mecânica, bem como fornecer
informações concisas e atualizadas para o melhor manejo da ven-
tilação mecânica, garantindo assim uma maior segurança para os
pacientes ventilados mecanicamente.
Manual de Ventilação Mecânica foi escrito por uma vasta lista
MECÂNICA
de profissionais de reconhecida competência, que relataram suas