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O Brasil tem cerca de oito mil quilômetros de costa e mais de 40 mil quilômetros de vias

potencialmente navegáveis.

Mesmo assim, o transporte aquaviário de cargas corresponde a 13,6% de toda a carga que é

transportada no Brasil, segundo a Confederação Nacional do Transporte (CNT). Enquanto isso, as

cargas transportadas pelas estradas brasileiras chegam a 61,1% do total.

O transporte de cargas feito dentro do país pelo meio aquático, chamado de navegação de

cabotagem, é subutilizado no Brasil, na avaliação da superintendente de navegação marítima da

Agência Nacional de Transporte Aquaviário (Antaq), Ana Maria Canellas. "Hoje ainda se tem

conhecimento de caminhões saindo do sul para o norte do país, levando cargas, o que poderia ser

feito pela navegação de cabotagem", diz.

O custo mais baixo, a segurança e a integridade da carga são as principais vantagens da

navegação de cabotagem, na visão do diretor da Aliança Navegação e Logística, José Antônio

Balau. "O transporte marítimo em contêineres de aço, que são verdadeiros cofres de carga, é

sempre mais seguro do que o transporte rodoviário", afirma. Segundo a Secretaria Especial de

Portos, o custo do frete na navegação de cabotagem é cerca de 10% menor do que no transporte

rodoviário.

Balau lembra também que, em termos ambientais, o transporte marítimo é mais interessante para

o país do que o transporte rodoviário, pois tem menor consumo de combustível e menor poluição,

além do desafogamento das estradas e da diminuição da necessidade de investimentos na

conservação e na construção de novas rodovias. Segundo Balau, apesar das vantagens, as

empresas brasileiras ainda estruturaram a sua logística interna apoiadas, principalmente, nas

estradas. "A transferência do modal rodoviário para o modal marítimo é um processo de conquista

ano a ano", avalia.

Dados da Pesquisa Aquaviária da CNT, realizada em 2005, mostram que os principais produtos

transportados por cabotagem são alimentos (20,8%), produtos químicos e inflamáveis (17,7%),

celulose e papel (10,0%) e eletroeletrônicos (9,2%).

Outros produtos também transportados por cabotagem são materiais de construção, produtos de

higiene e limpeza, produtos metalúrgicos, veículos e autopartes, móveis e utensílios domésticos,

embalagens e vasilhames, rações, madeira e derivados, minérios, bebidas, calçados e confecções,

borracha e plásticos.

Portos são desafio


A ampliação da utilização da navegação de cabotagem no Brasil passa pela melhoria da infra-

estrutura portuária e pelo aumento da capacidade atual da frota de navios. Para a superintendente

de navegação marítima da Agência Nacional de Transporte Aquaviário (Antaq), Ana Maria

Canellas, também é preciso ampliar a divulgação dos benefícios desse tipo de transporte. A

cabotagem é o transporte marítimo realizado entre dois portos da costa de um mesmo país ou

entre um porto costeiro e um fluvial.

Ela também aponta como um dos empecilhos para o crescimento do setor o fato de o combustível

utilizado para a cabotagem ser mais caro do que o destinado ao chamado longo curso, ou seja,

utilizado em navios que fazem exportação de cargas. Segundo Canellas, a legislação do transporte

aquaviário diz que deve haver uma equiparação, com a não-incidência de impostos também sobre

o combustível da cabotagem, o que não acontece na prática. "A diferença é, em média, de 17% a

mais no combustível", afirma.

O diretor da Aliança Navegação e Logística, José Antônio Balau, também ressalta a necessidade do

crescimento da frota de navios. "Existe muito mais carga para ser transferida das rodovias para os

navios", afirma. Para ele, a melhoria da infra-estrutura portuária é fundamental para que o

transporte de cabotagem possa competir com o rodoviário.

Por Agência Brasil - Brasília

Fonte: INTELOG

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