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Filosofia Medieval: Agostinho de Hipona

Patrística (do século I ao século VII)


Inicia-se com as Epístolas de São Paulo e o Evangelho de São João e termina no
século VIII, quando teve início a Filosofia medieval. A patrística resultou do esforço
feito pelos dois apóstolos intelectuais (Paulo e João) e pelos primeiros Padres da Igreja
para conciliar a nova religião – o Cristianismo – com o pensamento filosófico dos
gregos e romanos, pois somente com tal conciliação seria possível convencer os pagãos
da nova verdade e convertê-los a ela.
A Filosofia patrística liga-se, portanto, à tarefa religiosa da evangelização e à
defesa da religião cristã contra os ataques teóricos e morais que recebia dos antigos.
Divide-se em patrística grega (ligada à Igreja de Bizâncio) e patrística latina (ligada à
Igreja de Roma) e seus nomes mais importantes foram: Justino, Tertuliano, Atenágoras,
Orígenes, Clemente, Eusébio, Santo Ambrósio, São Gregório Nazianzo, São João
Crisóstomo, Isidoro de Sevilha, Santo Agostinho, Beda e Boécio.
A patrística foi obrigada a introduzir idéias desconhecidas para os filósofos
greco-romanos: a idéia de criação do mundo, de pecado original, de Deus como trindade
una, de encarnação e morte de Deus, de juízo final ou de fim dos tempos e ressurreição
dos mortos, etc. Precisou também explicar como o mal pode existir no mundo, já que
tudo foi criado por Deus, que é pura perfeição e bondade.
Introduziu, sobretudo com Santo Agostinho e Boécio, a idéia de “homem interior”,
isto é, da consciência moral e do livre arbítrio, pelo qual o homem se torna responsável
pela existência do mal no mundo. Para impor as idéias cristãs, os Padres da Igreja as
transformaram em verdades reveladas por Deus (através da Bíblia e dos santos) que, por
serem decretos divinos, seriam dogmas, isto é, irrefutáveis e inquestionáveis. Com isso,
surge uma distinção, desconhecida pelos antigos, entre verdades reveladas ou da fé e
verdades da razão ou humanas, isto é, entre verdades sobrenaturais e verdades
naturais, as primeiras introduzindo a noção de conhecimento recebido por uma graça
divina, superior ao simples conhecimento racional. Dessa forma, o grande tema de toda
a Filosofia patrística é o da possibilidade de conciliar razão e fé, e, a esse respeito, havia
três posições principais:

• Os que julgavam fé e razão irreconciliáveis e a fé superior à razão (diziam eles:


“Creio porque absurdo”).

• Os que julgavam fé e razão conciliáveis, mas subordinavam a razão à fé (diziam


eles: “Creio para compreender”).

• Os que julgavam razão e fé irreconciliáveis, mas afirmavam que cada uma delas
tem seu campo próprio de conhecimento e não devem misturar-se (a razão se
refere a tudo o que concerne à vida temporal dos homens no mundo; a fé, a tudo
o que se refere à salvação da alma e à vida eterna futura).

Agostinho de Hipona
Pessoalmente, Agostinho não enfrentou dúvidas quanto à utilidade da filosofia e
das artes para o cristianismo. Diversamente de muitos padres e pensadores e pensadores
cristão anteriores deu-lhes melhor acolhida.
Por entender que a filosofia cristã é a verdade plena e diante dela todas as
demais precisam se curvar atacou insistentemente as filosofias que considerava falsas.
Para ele, algumas filosofias poderiam ser consideradas boas enquanto auxiliassem o
homem na compreensão da filosofia cristã. Exemplificando, enfatizou a importância do
conhecimento do latim, do grego e do hebraico para a leitura de textos bíblicos.

Hierarquicamente, classificou o conhecimento humano da seguinte forma:

1º grau – Senso Comum


2º grau – As artes liberais
3º grau – Ciência (Conhecimento das coisas temporais)
4º grau – Sabedoria (Das coisas eternas)

Para explicar a existência do mal no mundo, Agostinho o classificou em dois


tipos: o Mal físico e o mal moral.

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