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CONSUMIDOR E FORNECEDOR.
O presente trabalho tem por escopo dissertar sobre o direito de greve do servidor
público civil, que é um assunto polêmico no qual a doutrina pátria não chegou a um
consenso sobre a eficácia da atual norma constitucional que em seu artigo 37, VII veio a
inovar garantindo aos servidores o direito de greve.
Contudo, para alguns doutrinadores a aplicabilidade de tal direito carece da
criação de lei infraconstitucional que estabelecerá os limites / alcance do referido
direito. Há, entretanto, corrente divergente que entende que a aplicação de tal instituto é
imediata.
Em um momento inicial apresentaremos hipóteses sobre a origem da greve na
sociedade e sua evolução histórica, na legislação pátria.
Cabe esclarecer que nosso objetivo não é esgotar um tema tão controverso, mas
apenas apontar uma discussão que só se esgotará quando for suprida esta lacuna
legislativa no que tange ao direito de greve do servidor público
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO DE GREVE
A expressão greve surgiu por volta do final do século XVIII, precisamente numa
praça em Paris, chamada de Place de Grève, onde se reuniam tanto desempregados
quanto trabalhadores que, insatisfeitos geralmente com os baixos salários e com as
jornadas excessivas, paralisavam suas atividades laborativas e reivindicavam melhores
condições de trabalho. Na referida praça, acumulavam-se gravetos trazidos pelas
enchentes do rio Sena. Daí o termo grève, originário de graveto. Era também o local
para onde se dirigiam os empregadores quando necessitavam de mão de obra.
Embora o vocábulo seja relativamente recente, o fenômeno da greve remonta de
um período bem mais remoto, pois os movimentos de reivindicações sociais são
recorrentes na história, tendo em todos os tempos existido grupos de pressão com
interesses profissionais ou políticos. No Antigo Egito, no reinado de Ramsés III, no
século XII, os trabalhadores organizaram a greve “de pernas cruzadas” porque não
receberam o que lhes fora prometido. Roma também foi agitada por movimentos de
reivindicação no Baixo-Império, como em certa vez, que os músicos da cidade se
ausentaram em massa porque lhes fora proibida a celebração dos banquetes sagrados no
templo de Júpiter. Também Espártaco, no ano 74 antes de Cristo, dirigiu conflitos. São
apenas alguns dos exemplos mais remotos que podemos utilizar para demonstrar quão
antiga é a questão.
Com a Revolução Industrial as greves ganham intensidade e em Lyon, na
França, em 1831, surgiu a primeira grande greve contra os fabricantes que se recusavam
a atribuir ao salário uma força obrigatoriamente jurídica. Ainda neste país, surgiram as
greves de solidarité, pretestation contre un texte législatif e greves gerais , na maioria de
cunho político, influenciadas pela difusão das idéias socialistas.
A greve chegou, num determinado período da história, a ser exaltada, como nos
casos da Charte d´Amtens (proposição de ação direta dos trabalhadores), onde
sustentava-se que a greve educaria. As greves contribuíram para o nascimento do direito
do trabalho, pois os seus inconvenientes provocaram reações.
Na História Mundial, inicialmente a greve era considerada um delito, depois
passou a ser vista como uma liberdade do indivíduo e por fim como direito, pois tal qual
o direito do trabalho, considera-se também o direito de não trabalhar a fim de se
alcançar condições dignas.
A EVOLUÇÃO DA GREVE NO DIREITO BRASILEIRO
A Constituição de 1967, em seu artigo 158, XXI, combinado com o art. 157, §
7º, assegurou a greve aos trabalhadores do setor privado, proibindo-a, contudo, em
relação aos serviços públicos e às atividades essenciais.
1
Direito do trabalho, 6ª ed., São Paulo, Atlas, 1998, p. 695
Art. 158 - A Constituição assegura aos trabalhadores os
seguintes direitos, além de outros que, nos termos da lei, visem à
melhoria, de sua condição social:
(...)
XXI - greve, salvo o disposto no art. 157, § 7º.
Art 157 - A ordem econômica tem por fim realizar a justiça
social, com base nos seguintes princípios:
(...)
§ 7º - Não será permitida greve nos serviços públicos e
atividades essenciais, definidas em lei.
O DIREITO DE GREVE COM O ADVENTO DA CRFB/88.
A Emenda Constitucional nº 01, de 17.10.69, em seus artigos 165, XX, e 162
não trouxe alterações para os dispositivos supra elencados.
A Constituição atual, promulgada em 1988, inspirada nos fundamentos da
dignidade da pessoa humana e nos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa
inovou dando total liberdade aos trabalhadores da iniciativa privada a exercerem seu
direito de greve, limitado é claro pela supremacia do interesse público e devendo se
ressalvar de eventuais abusos.
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos
trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os
interesses que devam por meio dele defender.
§ 1º - A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e
disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da
comunidade.
§ 2º - Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas
da lei.
Contudo, devemos observar que no que tange aos servidores públicos militares
está defeso o a associação sindical e a prática de greve.
Art. 42 Os membros das Polícias Militares e Corpos de
Bombeiros Militares, instituições organizadas com base na
hierarquia e disciplina, são militares dos Estados, do Distrito Federal
e dos Territórios. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 18,
de 1998).
§ 1º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal
e dos Territórios, além do que vier a ser fixado em lei, as disposições
do art. 14, § 8º; do art. 40, § 9º; e do art. 142, §§ 2º e 3º, cabendo a
lei estadual específica dispor sobre as matérias do art. 142, § 3º,
inciso X, sendo as patentes dos oficiais conferidas pelos respectivos
governadores. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de
15/12/98).