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Gayeté
(Montaigne, Des livres)
Ex Libris
José M i n d l i n
JOÃO DO RIO
Da Academia Brasileira e jda Academia de Sciência de Lisboa
4
*
>
RAMO DE LOIRO
Obras de JOÃO DO %/Ôi
Crônica S o c i a l
RELIGIÕES NO RIO, 20.o milheiro.
ALMA ENCANTADORA DAS RUAS, 4.o milheiro.
VIDA VERTIGINOSA, 2.o milheiro.
CINEMATÓGRAFO.
OS DIAS PASSAM.
CRÔNICAS E FRASES D E G O D O F R E D O D E ALENCAR.
PALL-MALL RIO D E JOSÉ A N T Ô N I O JOSÉ.
NO TEMPO D E VENCESLAU.
Inquéritos
O MOMENTO LITERÁRIO.
NA C O N F E R Ê N C I A DA PAZ, l.o vol.: Do Armistício de Foch
à Paz de guerra; 2.o vol.: Aspectos de Alguns Países; 3.° vol.:
Algumas Figuras do Momento.
Contos
DENTRO DA NOITE, 10." milheiro'— editor Garnier.
A MULHER E OS ESPELHOS.
JUCA D E S. J O R G E E OUTROS TIPOS — a aparecer.
ROSÁRIO D E ILUSÕES.
Teatro
A BELA M.me VARGAS, peça em 3 actos — editores Briguiet & C.a
EVA, peça em 3 actos-editores Vilas-Boas & C.a.
HORROR, TRISTEZA E RISO, a aparecei, peças em 1 acto —
editores Vilas-Boas & C.a.
Conferências
PSICOLOGIA URBANA, 3.o milheiro.
SÉSAMO.
ADIANTE.
Viagens
FADOS E C A N Ç Õ E S D E PORTUGAL.. )
PORTUGAL D'AGORA j e d l t o r G a r n , e r
-
SENSAÇÕES D E VIAGENS — a aparecer.
Traduções
Obras de OSCAR WILDE :
SALOMÉ 1 já publicadas pela
INTENÇÕES j Livraria Garnier.
O RETRATO D E DORIAN GRAY )
TEATRO j a A
P A,ECER
-
Romances
DESEJO ) de próxima publi-
PROFISSÃO D E JACQUES P E D R E I R A ( cação.
A C O R R E S P O N D Ê N C I A D E UMA ESTAÇÃO D E CURA.
J O Ã O DO RIO
Da Academia Brasileira e da Academia de Sciências de Lisboa
— notícias e m l o u v o r —
Livrarias A I L L A U D e B E R T R A N D
PARIS-LISBOA
Alegria! Alegria!
Ó céu do meu País
Onde as nuvens até são quási luminosas;
Ó Sol de Maio a r i r nos canteiros de rosas,
Ó Sol alegre, ó Sol vibrante, ó Sol feliz
Para quem o Inverno é um momento apenas;
Sol d'ingénuas manhãs e de tardes serenas,
Ó Sol quente de Julho, ó Sol das romarias
Queimando e endoidecendo^s multidões sadias...
Sol candente do Algarve, ó Sol doce do Minho,
Florindo amendoais, ou a espumar no vinho;
Sol das searas d'oiro e dos vergéis d'Outono
Palpitantes de côr como um largo poente;
Sol que ao d o r m i r a terra o seu fecundo sono
Lhe dás sonhos de luz, voluptuosamente;
Sol das eiras de milho e da roupa a corar,
Sol dos verdes pinhais e das praias trigueiras,
Ó Sol moreno e forte a respknder no mar
Tisnando as carnações mais as velas ligeiras;
Ó Sol moreno, ó Sol alegre, ó Sol feliz
Sendo ainda clarão na agora da agonia,
— Canta a glória da luz, canta a glória do dia,
Em todo o meu País!
10 RAMO DE LOIRO
Hércules, sê bemvindo:
i T u que trazes nas mãos, como um pássaro abrindo
As asas frágeis ao ar livre e puro
T o d o o mistério do meu F u t u r o !
E Anteu responde:
Disse Baudelaire.
Como se perde o tempo! i Quantos minutos
passam, sem que dêles nos apercebamos!
Vivamos ! Viver é não esquecer a consciência
do tempo, é absorver, é projectar, é trabalhar.
Vivemos pensando, amando, realizando, so-
frendo. A dor é o laboratório da bondade.
Cada homem deve possuir totalmente o grande
Verbo regente.
A obra de João de Barros é uma confissão
de fogo. Ele resume o seu sentir no poema
da Ansiedade
A vida, sei-o bem, não é aquela presa
Que eu julgara alcançar num combate l i a i ,
A vida é fumo, é pó, é névoa — ou ideal -..
Mas de tal modo esquiva e f u g i d i a tanto,
Que forma alguma encerra e molda o seu encanto,
i Q u e forma alguma exprime a sua imensa dor !
Curvo sôbre ela, inquieto, o meu olhar, no a m o r
De quem, gesto insofrido,
UM GRANDE POETA 29
Discurso de recepção.
Sr. Luís Guimarães Filho.
/
48 RAMO D E L O I R O
Sr. Acadêmico.
O grande poeta escreveu: « O homem só
conhece o seu Valor pelo próprio reflexo nos
outros. A virtude que aos outros não aquece
AO ENTRAR UM POETA NA ACADEMIA 59
i
Suave Ascensão
de Gilberto Amado
[ ~ SPÍRITO de Beleza, fica ainda um pou-
co... ci Porque, de repente, a lembran-
ça lunar dos versos de W i l d e ?
H á Vário tempo — j tempo de combate e de
alegria! — eu lia a Chave de Salomão, obra
primeira do mais ilustre espírito — Gilberto
Amado. E desejava escrever períodos de
reconhecimento pelo que êle dava.
Mas, cada página rumorejava como uma
colmeia de ideas douradas. InsensiVelmente
eu ia do paradoxo que arrasta à imagem que
scintila, da frase indelével à visão de um so-
nho imenso. Já estava noutra página e outra
Vinha já desvendada e ainda cheia do segrêdo
cristalino das intenções formosas. Eu só amo
no mundo o prazer e o pensar — porque são
as dores irremediáveis do homem consciente.
A crítica possível seria a de criar o autor.
Mas êsse autor era intensamente pessoal para
tentar fazê-lo outro e intensamente contem-
porâneo para julgá-lo como uma lei.
— Escrevamos!
Por que não escrever ? A o deixar o volume,
64 RAMO DE LOIRO
De Pereira da Silva.
H Á vinte anos, pouco menos talvez, apre-
7
N OVALIS dizia só haver um templo no
•
— «Barbear», «Pentear»! Veja Você. Para
provar a decadência do Fialho basta êste tí-
tulo, escolhido por êle para um livro que es-
tava para sair há anos.
— Mas que afinal sai...
— Inferior, inferior, livros feitos de boca-
dos. E sai porque, morto êle e herdeiro o
Teixeira, o Teixeira não tem receios da crí-
tica e o próprio autor pode beneficiar com
essa posição do alêm-túmulo.
— Parece inclemente.
— Faço apenas o que o Fialho fazia com
tôda a gente. Fialho estava gá-gá mas um
gá-gá convulsivo esparrimando-se em diatri-
bes e falta de senso.
— Oh!
— Você ofende-se? Que quer? Foi o pró-
prio Fialho que escreveu a propósito do Eça
«Porque o respeito devido a nomes célebres
entendemos não deva simplesmente cifrar-se
no melindre piegas de se estranhar que a
crítica à obra dos mortos tenha a rudeza lú-
110 RAMO DE LOIRO
A p r i m e i r a tragédia
de Óscar W ü d e
*
D IFÍCIL compreender o artista. Princi-
m e n t o e x p l i c a t i v o do anarquismo de todos os
Artistas?
Êsse s e n t i m e n t o de liberdade, é muitíssimo
maior e m W i l d e do que o seu desejo de es-
telização de atitude e p o r conseqüência de fi-
xação simbólica, deixa entrever n o soneto.
U m dos seus mais belos poemas é de-certo
o Ave, Imperatriz, à Inglaterra.
Esse p o e m a é u m sermão genial, é uma
prédica rígida, é u m ataque de coragem quási
impossível n u m país c o m o aquele, é o me-
mento mais dramático que se g r i t o u aos ou-
vidos d e A l b i o n , memento que hoje, após a
guerra, e l a ouviria c o m alarma, tão grandes
verdades contêm. W i l d e diz n o final do Ave,
Imperatriz:
— <íE agora que ganhamos nós em pren-
der o globo terrestre em malhastfoiro,se
dentro do nosso coração encontramos esco
dido o cuidado que jamais envelhece?
d Para que nos serve cobrirem os nossos
barcos como florestas de pinheiros a ext
são dos mares? A ruína e o naufrágio la-
deiam-nos, guardas sombrios da Casa da
Dor.
£ Onde estão, os bravos, os fortes, os ráp
dos? Onde a cavalaria inglesa? Hervas
selvagens servem-lhe de sudário e o solu
das vagas é o seu fúnebre lamento.
A 1.» TRAGÉDIA DE ÓSCAR WILDE 147
Albert n u r t u r e d i n democracy,
And l i k i n g best that state republican
W h e r e every man is K i n g l i k e and no man
Is crowned above his fellows, yet I see,
Spite of this modern f r e t f o r L i b e r t y ,
Better the rule o f One, w h o m ali obey,
Than t o let clamorous demagogues betray
O u r freedom w i t h the kiss of anarchy.
Wherefore I love them n o t whose hands profane
Plant the r e d f l a g upon the piled-up street
For no r i g h t cause, beneath whose ignorant reign
Arts, Culture, Reverence, Honor, ali things fade,
Save Treason and the dagger of her trade,
And M u r d e r v i t h his silent bloody feet.
11
O Segundo Olavo Bilac
— Bilac morreu!
Uma grande dor alanceou-me. O outro con-
tinuava :
— Pela madrugada...
Era a bordo. O barco ia partir. T r ê s dias
antes ainda Vira o grande homem, na rua do
Ouvidor, em frente a certa montra de cartões
postais.
O meu informador continuava, dando por-
menores acêrca dos últimos instantes. O Poeta
passara bem, muito melhor. De repente en-
trara em agonia. «Dêem-me tinta! quero es-
crever!» E morrera assim.
iQixe outra dor podia haver maior para o
Brasil, para quantos possam amar o sol da
Inteligência?
Bilac, nos últimos tempos, como se con-
fessava em versos de uma profundez e de
uma beleza inatingidas pelos maiores poetas
do último meio século. Encostado à amurada
do barco, eu tornava a vê-lo, a face cansada
e amarga, magro, mas de pé, ainda elegante,
RAMO D E LOIRO
C o m p a n h i a d e J e s u s d a v a conta d a s nações
m o n s t r u o s a s que, diziam, h a v i a n o E s t a d o do
B r a s i l : — a d o s anões, a dos gofarís pequeni-
nos, a dos Mutuiús, a dos C u r i q u e a n s , a d a s
A m a z o n a s . E B i l a c e s c r e v e u Os Monstros.
Um grande Poeta 5
Ao Entrar um poeta na Academia 35-
«A Suave Ascensão» de Gilberto Amado 61
Carlos D. Fernandes na «Palma de Acantos».. 77
A Margem das «Solitudes» de Pereira da Silva 87
Celso Vieira, o Revelador de «Endimião» 97
A autoflagelação de um gênio patriota 107
Um grande actor por amor da juventude e da
beleza 125
A primeira tragédia de Óscar Wilde 157
O Segundo Olavo Bilac 163
LIVRARIAS A I L L A U D E BERTRAND
73, Rua Garrett, 75 — LISBOA
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Francisco Alves — R I O D E J A N E I R O
Aillaud e Bertrand — L I S B O A